quarta-feira, 31 de março de 2010

Damasco fica na Síria? Ou em BH?

Promessa é dívida, então cá estou eu.

Falo isto logo de cara pois ontem me deparei por acaso com uma "twitada"(que coisa mais ridícula, este neologismo internetal de última hora) de um amigo meu em que o pulha citava seu até então por mim desconhecido blog. Como sou este ser que escreve e escreve e escreve e está sempre tendo que arrumar assunto para ter o que escrever nesta coluna quase diária, resolvi me usar deste acaso para no dia de hoje ter como assunto este meu amigo em questão. Fica como um exercício mental sobre a criatividade de se ter que elaborar um texto sobre o que quer que seja que me apareça como assunto e também como uma forma meio fraudulenta de se presentear este cara, que muito prezo mas que teimo em esquecer-me de seu aniversário entra ano sai ano. Enfim, vamos ver no que dá.

O cara em questão chama-se Eduardo, mas todos nós mais conhecemo-no como simplesmente Damasceno, que é seu sobrenome. É mais um desses sujeitos que tive a sorte de conhecer numa época conturbada de minha vida, que estava atendendo as aulas de desenho naquela escola simplesmente denominada Casa dos Quadrinhos daqui de Belzonte. Lembro-me que um outro amigo, que na época também era meu professor de desenho animado ali, ter citado seu nome como um cara que desenhava muito - mas que ainda não sabia - e que era muito conhecedor daqueles desenhos típicos importados daquela terra de loucos que é o Japão. Vale a pena aqui dar uma bizoiada nos demais vídeos WTF Japan deste canal do YouTuba pra se ter noção do que estou falando em termos de absurdos.

Engraçado que agora faço este exercício mental de reviver esta experiência de travar contacto com Damasceno, mas não me lembro ao certo qual foi nossa conversa inicial, muito menos me lembro da data em que travamos contacto pela primeira vez. Me recordo que naquele primeiro momento o próprio Daniel tinha se referido a ele como "muito tímido, nas aulas sobre mangá que ele está prestando assistência ele apenas existe, é quase uma presença espiritual na sala."

Muita coisa mudou, muito tempo se passou desde então. Perdemos muito de nosso contato de tempos para cá, bem sei que por minha única e exclusiva culpa, por ter me tornado o mais célebre eremita do bairro Mangabolhas, e disto me lamento, mas voltarei a este tópico mais tarde. O que me causou pesar foi ter lido seus textos de seu blog, por sinal muito bem escritos e elaborados, e constatar que as viagens erradas ainda abundam na mente de meu amigo, tombado no dever de ter se entregado a certas paixões que não lhe fizeram nada bem. Embora tais experiências sejam necessárias na vida de uma pessoa, mesmo que sejam ruins, elas são necessárias, ou pelo menos assim o creio nos dias de hoje. Como diria Manuel, o Bandeira no poema Gesso: "Só é verdadeiramente vivo o que já sofreu."

Ainda que tal experiência tenha servido de matéria prima para sua produção artística, fico impressionado de ver que até hoje a coisa lhe importuna e lhe faz ter más lembranças ecoando na cachola e atordoando a alma.

Ou não. Sempre existe a figura inemovível do "Ou não." Talvez esteja ele falando de novas inquietudes do coração e da mente, e não daquela experiência a qual cito aqui, que me foi a única que tive notícia até então. Sim, sim, grande amigo este que se ausenta em irredutíveis redutos, que se enclausura em sotanescos sótãos e lá fica, Noiado, escrevendo merdas as quais não tem nem ao menos certeza de sua veracidade. Muito bem, Buriol.

Mesmo sendo eu este ser que ultimamente tem cada vez mais se descoberto autista de humanidades e quejandos, eu me preocupo com aqueles que para mim têm alguma importância.
E me preocupo mais ainda quando um companheiro em comum informou-me jocosamente, meses atrás, que "Damasceno está ficando parecido com você, morando num sótão e se isolando do mundo."

Não, não, não. Não é este o caminho. Por Mitra. Não. Não desejo a outrem minhas viagens erradas. Escrevo sobre elas, sim, mas com o simples intuito de talvez servir de mau exemplo. Nisso eu sou craque, o mau exemplo nato. Já escrevi impropérios sobre minha má reação acerca de estar perto de pessoas as quais admiro, e Damasceno foi um destes contemplados nas infame crônica de meses atrás. Mas aqui reitero meu aviso: Não, não façam como eu, dá tudo errado. Palavra de honra.

Eduardo Damasceno é ainda para mim um paradigma, não somente como desenhista(fedaputa dos infernos!!! Eheheheh) mas como pessoa, que, acredito eu ao menos, ser bem mais maduro e ser possuidor de reações mais adequadas perante certas picuinhas da vida que é ser um destes caras que curte fazer aquelas práticas nada valiosas para este mundo capitalista de hoje em dia. Lamento muito ter escolhido mau e ter me tornado um Noiado no Sótão, privando-me quase por completo da presença e influência deste cara(e de tantas outras pessoas que realmente valem a pena). Estou tentando agir com pessicologia reversa estes dias e me sanar da loucura auto-infligida, mas é algo que tomará mais tempo até que tenha resultados concretos. Se chegar a 10% da produtividade deste psicopata, estarei feito, creio eu.

Enquanto isto, manifesto aqui meu apreço por este cara e agradeço o que de positivo levei de nossa convivência. Espero um dia conseguir levar a cabo o projeto de crescer e me tornar um pupilo de Damasco, o Eduardo, especialmente no quesito produtividade artística, emblema este que deve ser exibido com toda a pompa por pessoas a ele semelhantes. Se assim me for possível, evidentemente. Pois dizem que à sombra de grandes carvalhos, nada cresce. Ehehehehhe.

Mas falo isso de brincadeira. O importante é que seu cargo de paradigma ainda impera, caro Damasco. Você é daquelas pessoas que encontrei na vida e falei para mim mesmo, "quero ser parecido com este cara!" logo de cara, assim na cara mesmo. Urra. Se for pela infeliz combinação de pavras parecidas numa mesma frase, cá estou, bem realizado. Sei que tivemos - e temos - nossos desentendimentos e nossas divergências, especialmente em quesitos artísticos: eu com meu chororô e você com sua espontaneidade. Típicas conversas da época da Môco velha, quando ela ainda existia e era ali sediada. E fodam-se os quesitos artísticos, para falar a verdade. O importante é que este é um cara que posso denominar amigo de fato, um daqueles caras que podemos confiar neste manicômio arredondado que é este planeta.

É muito bom encontrar um não-frango no meio desse galinheiro. É algo que está se tornando cada vez mais díficil de ser feito nos dias de hoje.

Bem, este "presente" se tornou bem mais meia-boca que eu gostaria que tivesse saído, mas assim é a sina de quem geralmente se vale do improviso todas as manhãs na hora de redigir estas mal-traçadas linhas diárias. Triste e esfarrapada desculpa esta, bem sei; assim como são tristes e esfarrapadas quaisquer tipos de desculpas semelhantes. Como as por mim utilizadas para não estar produzindo graficamente como gostaria. Como Damasceno faria. Eheheheheh.

Presente meia boca por presente meia boca, fica aqui registrada esta coluna do dia, que ela sirva de oferenda aniversarial a Damasco, este ser que faz aniversário em uma data que não me lembro, mas que me parece ser algo em torno de maio, dia vinte se não me engano. Algo que o faz taurino nessa bobajada que é o "horósco". Hábito que alinhás adquiri recentemente, ao ver as postagens deste cara no twitter. Diariamente tenho lido aquele shuffle de frases e palavras que é o twittascope, somente pelas risadas. Pior que aquilo, só o horósco dos busão's dotados de TVs que estão por aí circulando...

Taí, meu amigo. Espero que lhe seja de seu agrado, e espero não ter falado merda demais...E me desculpe se ainda não tenho dinheiro para comprar aos meus amigos presentes de verdade. Um dia terei, e me retratarei de semelhantes infâmias. E peço perdão pelas minhas eventuais falhas, pois bem sei que um dos opróbrios mais infames que já fiz está narrado em algum arquivo deste blog. E tinha a ver com o senhor e um de meus outros paradigmas vitalícios, aquele ser que desenha peixes e vermes. Ou peixes e plantas com vermes. Tipo.

É o revés de ter como amigo um Noiado no Sótão, meu caro. E reitero aqui minha síplica: NÃO se torne um. Não vale a pena.

"Por uma boa vida", como dira você mesmo, meu caro.

Por uma vida menos ordinária, como diria Marcos, o Burian.

terça-feira, 30 de março de 2010

Saúde!

Ah. Terça feira gorda. Não tão letal quanto a segunda porém nem de longe tão legal quanto uma quinta feira. Inda mais a desta semana em particular - há que se honrar os feriados e sua santitude, seja lá por que for o feriado. Sempre é um dia abençoado pela ausência de certas paredes, certas pessoas e certos cartões biométricos de ponto.

Hoje sim, hoje estou um pouco menos destruído que ontem, e assim espero que o seja pelo dia afora. Ontem, além do fato já bastante hediondo de ser uma segunda nauseabunda, fui acometido de uma onda de indigestão que durou toda a tarde e se extendeu até altas horas da noite. Nada de insuportável, nada muito sério, presumo eu. Mas a coisa ve mdurando mais dias que deveria durar, estes desconfortos de merda - literalmente falando.

Como a grande maioria dos homens o é, não tenho grandes simpatias por médicos. Não por ojeriza pelo profissional em si, mas pela prática de saúde que nos impõem. Mais apropriadamente falando, exigem de nós certas práticas que não são nada práticas. Deixar de fazer coisas, mudar hábitos já regularizados e enraizados. Mas o que sempre me irrita em se ter a médicos hoje em dia é que a ramificação de tal profissão atingiu níveis insuportáveis para um cidadão ordinário como eu.

Explico. Inicialmente, vamos a um clínico geral examinar as condições gerais. Ele olha, olha, examina, faz-nos tossir, ausculta-nos, mede a pressão arterial e...nos manda fazer uma série infindável de exames, em laborátórios muitas vezes - sempre - distantes do consultório de origem, coisas que tomam muito tempo: marcar exames, comparecer aos labotátorios, enfrentar filas e senhas, aturar atendentes mau-aventurados e mau-humorados, etc. Depois, de posse dos resultados, marcamos mais uma consulta com o tal clínico geral.

Ele olha os resultados e nos encaminha para outros profissionais da área: "isto pode ser um problema de pulmão, conheço um bom pneumologista..." ou "marque uma consulta com este dermatologista..." e por aí vai.

E o que acontece quando marcamos com tais médicos e lá comparecemos?

Eles nos examinam, fazem praticamente as mesmas perguntas que o outro médico fez, e pede mais uma bateria de exames. Pra merda. Hoje em dia, me parece que estar com saúde é se dispor de muito, mas muito tempo livre para ser gasto em consultas e exames, laboratórios e equipamentos.

Reluto muito em ter que ceder e comparecer a um consultório, muito pela preguiça que me gera ter que sempre sair de lá cheio de incertezas e ainda ter que marcar mais exames em outros dias outros locais, coisas que sempre atrapalham o dia a dia de um moderno escravo como eu. Sempre temos que implorar pela justificativa impressa - e muitas vezes regulada pelos médicos.

Mas existem sempre outros motivos para tal relutância em se deixar examinar. Médicos e seus exames, por vezes descobrem coisas que não queremos descobrir. Por vezes, tais descobertas podem salvar sua vida, como achar algo mais sério em estado inicial de desenvolvimento em nosso corpo. Mas muitas vezes as descobertas são apenas detalhes que não precisávamos saber, coisas que só servirão de mais uma aporrinhação em nossas vidas. Coisas que poderíamos passar bem sem descobrirmos.

Já não estou mais em uma idade que posso simplesmente desprezar os médicos e me virar por conta porópria, pois depois do famigerado 3.0, é chegada a fase da decadência. E como já disse um ilustre anônimo dos ditados, ela só tem início. Nesta idade é que descobrimos as coisas sérias mas em estado inicial. Por isso, tais picuinhas de saúde me incomodam, pois se quiser saber o que são e são coisas que podem vir a ser sérias, terei eu que enfrentar a epopéia médica de consultas, requisição de exames, mais consultas, mais exames, muito tempo perdido.

E outro ditado que vale a pena ser dito aqui: "saudável é aquela pessoa que não foi suficientemente examinada."

Enfim, o que fazer. Se quisermos de fato extendermos nossa longevidade, à tal "máfia branca"- como alcunharam jocosamente tal "catiguria" profissional - temos que recorrer. Eu não desejo viver tanto assim, mas não anseio viver cheio de problemas de saúde também. Como diria um outro autor, não sei como não inventaram ainda uma coisa menos chata que nosso corpo, esta merda que tem que ser por nós alimentada, exercitada, limpa e asseada. Parece mesmo um grande bebê que temos que tomar conta.

Grande comparação, porém inútil. Quero ver alguém viver sem este bebê.

Enfim, chega de paltitudes por hoje; as notas de tomate aqui abundam e há capítulos excitantíssimos nos livros de Rwindows Server e Redes de Computadores a serem lidos ainda.

Hu-há, e avante.

segunda-feira, 29 de março de 2010

404.

NOT FOUND -

Arquivo não encontrado ou lógica inexistente pelas segundas à manhã.


Que beleza. Escrevia eu muita coisa, tudo sem menor sentido nem consistência, não sei bem por que motivo, de repente tudo foi selecionado e apagado. Algum atalho de teclado por mim pressionado inadvertidamente, eu suponho.


Bem, pra merda. Perdi tudo, mas não perdi nada que prestasse de fato. É mais uma segunda e ainda estou atordoado.


Fica assim declarada a revolta do 404. Deu errado, estava ruim, e não irei sequer tentar refazer. Melhor ver o que a semana nos reserva.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Arte!

Naquele final de tarde, o Noiado saía de seu emprego de merda ainda mais noiado que o costume. Não que tivesse ingerido drogas em nenhum momento do dia, ao contrário do que imbecis viciados em gírias pudessem pensar; não, ele apenas tivera de aturar as drogas que ali trabalhavam em conjunto consigo, se é que era possível chamar aquilo de trabalhar. Como recém "promovido" ao cargo de TI da empresa(sem nenhum aumento salarial, evidentemente), o Noiado tivera um dia díficil ali: os frangos receberam mensagens de vírus por seus "messiênes" e TODOS clicaram nos links suspeitos. Resultado, ele tivera de formatar três máquinas, tivera que instalar versões atualizadas de anti-vírus em todos os computadores, ouvir que estava demorando demais e uma das frangas inclusive reclamou da demora por que tinha um "encontro marcado" no MSN com um cara qualquer. Torcera para que tal encontro gerasse frutos...que o cara fosse um psicopata que engalobasse tal cretina e que ela despertasse esquartejada em um lote vago qualquer do bairro Gorduras. Bem apropriado à massa corporal daquela baleia inútil.

Mais adiante, pediram-lhe que instalasse o orkut em uma máquina.

Enfim, tibera um dia de cão. Saiu dali esbravejando mentalmente a tudo e todos que encontrava em seu caminho, e teve mesmo que se segurar para não empurrar aquela gente retardada que andava a dois passos por hora e ocupava toda a calçada, nem atirar ao trânsito os idiotas que cuspiam no chão ou que encorajavam seus hediondos rebentos(céus, eles se reproduziam num ritmo alarmante) a jogar os papéis de bala pela janela do coletivo, sendo que a lixeira interna do ônibus estava bem defronte tais seres abjetos.

Rilhando os dentes, ele desceu perto de uma galeria de arte, onde uma Doidinha que ele conhecera por acaso num local qualquer meses atrás e que lhe parecera ser uma pessoa sensata havia marcado de se encontrar com ele. Haveria uma exposição de "múltiplas artes" ali naquela noite, e apesar de nunca o Noiado ter paciência com tais artes e partes, resolvera atender. Talvez fosse apenas preconceito de sua parte. A Doidinha havia lhe afirmado que seria "uma noite memorável", pois haveriam muitas perfomances, inclusive musicais.

Inicialmente, ele já azedou por ali avistar uma certa pessoa, que meses atrás havia lhe criticado indignada um de seus desenhos. A Tal Pessoa era música, ou assim afirmava ser, e havia notado que as representações de notas musicais em um dos desenhos do Noiado estava incorreta, pois o ângulo de difração da nota em harmonia com a sétima casa de Plutão(que nem era mais um planeta), estava incorreto. Isto, quando tudo que o Noiado havia querido representar era uma nota desafinada de um balão de um quadrinho de humor. A Tal Pessoa havia lhe sequestrado quase todo o humor naquele dia, e ele teve ímpetos de defenestrar Tal Pessoa, mas não o fez, pois ela na época estava namorando um de seus melhores amigos. Virou o rosto e procurou ao máximo fingir que nem conhecia Tal Pessoa.

Felizmente, a hipocrisia na sociedade geralmente é mútua.

As performances começaram, inicialmente com um cara portando violão, que se sentou em um banquinho e começou a fazer estranhos ruídos estranhos, descompassados e desafinados em seu violão - que evidentemente estava muito mas MUITO desafinado - enquanto emitia sons guturais igualmente desafinados e descompassados. Palmas e mais plamas ecoaram, até "bravos" soaram da atônita platéia, enquanto o Noiado estava atônito era de ter presenciado tal porcaria e ainda ter que escutar a ovação imbecil da platéia.

Olhando ao redor, haviam telas com rabiscos inúteis espalhados pelas paredes, e nos cantos, haviam depósitos de lixo, ou assim ao menos lhe pareceram aquelas instalações que ali estavam expostas. Instalações? O Noiado já havia visto instalações sanitárias que faziam muito mais sentido, artisticamente falando, do que aquelas...coisas ali expostas. Sem falar que aquelas instalações sanitárias eram DEFINITIVAMENTE mais limpas e funcionais que aquela merda toda.

Enquanto olhava incrédulo para todo aquele espetáculo de estupidez ao seu redor, a Doidinha puxava papo com ele, e quando descobriu que o Noiado era do signo de Virgem, demonstrou nítido desapontamento, uma vez que era entusiasta destas bobagens astrônomicas ou astológicas, e sendo ela do signo de Gêmeos, era incontestavelmente incompatível com o Noiado. Ao que o Noiado pensou, "Já vai tarde", pois ele havia notado que a Doidinha apreciava de fato toda aquela idiotice divulgada naquele antro de imbecis.

Um pouco mais adiante, havia um mau cheiro insuportável no ar. Alguns membros da alta roda da sociedade contemplavam quadros de merda - literalmente. O Artista responsável havia cagado em telas e ali elas estavam expostas, para a sensação de toda aquela gente que representava o PIB da sociedade.

Ou seja, a População Incrivelmente Burra.

Mais adiante, um cara se cortava, recolhia o sangue em potinhos e os punha numa espécia de arma, enquanto discursava babaquices acerca de idiotices sobre a arte de ser vida e tudo que o sangue carregava em seu interior; o sangue era um arma. Ao passo que o Noiado só desejava ter uma arma de verdade com ele naquele momento.

Em outro canto, eram exibidas milhares de fotografias gigantescas de....cus. Cu também é arte, dizia o chamado.

Mais além, havia um cachorro encerrado numa redoma de vidro, que o Artista estava lentamente matando de fome e de sede, enquanto discursava sobre....coisas.

Naquele momento algo aconteceu com o Noiado: seus olhos se tornaram rubros, suas mãos tremeram e ele avançou até uma parede, onde removeu um extintor de incêndio que ali havia. Carregou-o até a redoma de vidro onde o pobre animal agonizava e imediatamente partiu aquilo em milhões de pedaços, enquanto o Artista protestava veementemente contra tal bárbarie. Não por muito tempo. O Noiado usou o extintor para extinguir tal Artista, fazendo com que a cara de tal ser ficasse côncava em seu crânio, e o Artista tombou morto ao chão. O cão moribundo começou a devorar vorazmente o Artista, fazendo com que o Noiado risse melevolamente de tal cena. Vingança é um prato que se come frio, mas neste caso, um cadáver ainda quentinho vai bem para um pobre animal que seria sacrificado em nome de uma arte que de arte só tem o nome.

Depois, O noiado avançou até o outro Artista que ainda estava na sua ladainha com o violão e seus grunhidos. Tomou-lhe gentilmente das mãos seu instrumento e o enfiou goela abaixo, enquanto os olhos de Tal artista pulavam para fora de suas órbitas. O corpo do Artista lá ficou jogado àquele canto.

Depois, o Noiado apanhou pelo colarinho o autor da arte esmerdeada e esfregou raivosamente sua cabeça nas telas de merda - literalmente - que havia produzido, ate que a vida deixasse aquele ser idiota. Logo em seguida o Noiado fez com que o outro Artista engolisse - sem dobrar nem amassar nem nada - as imensas fotografias dos cus ali expostos, até que este também tombasse sem vida ao chão.

Arfando, bufando, com o coração a mil por hora, o Noiado de repente escutou palmas. Estavam lhe ovacionando! Um dos represenatantes do PIB veio apertar-lhe a mão, pois nunca havia presenciado uma performance com tanta energia e veemência: Nunca ahviam visto uma pessoa representar de maneira tão concisa e eficaz a luta da Arte contra as Partes, a luta do predomínio da vercaidade da incontingência e inevitabilidade do anacronismo presente por toda a sociedade irrisória e arquétipa, sendo evidentemente esta descentralizada e dotada de paroxismos inevitáveis. Nunca, mas nunca alguém com tanta bipolaridade austera conseguira encenar de forma tão definitiva a luta pela originalidade, contra os arcadismos e os pluralismos de uma sociedade não mais rural, mas voltada para a inevitabilidade escusa das partes, que se voltavam contra as artes e nelas se exprimiam, de tal maneira que levaram muitos dos presentes a se debulharem em lágrimas e soluços sinceros. A panacéia da morosidade do desenvolvimento sustentável estava definitivamente provada; de maneira mais cartesiana impossível. A Doidinha dele se aproximou e tomou-o pelo braço, olhando apaixonadamente para ele, enquanto os demais presentes continuavam a aplaudi-lo de pé.

Naquele momento, a cabeça do Noiado explodiu.

No dia seguinte, os jornais de todo o mundo lamentaram efusivamente a perda de semelhante artista. Era uma perda inexorável e incomensurável para o mundo da arte.

De fato.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Nothing, nowhere, anthing.

...and there are these mornings, when you suddenly realize that no matter what you do, you'll end up making an ass of yourself. Mornings in which you just know that no matter what you propose yourself to do, things to change and so on, no matter what you want to do, you just have that omniscient feeling of impending doom at the end.

I'm having one of such mornings today. The feeling of helplessness is strong, and it appeared due to such trivial thoughts to the normal part of mankind, such as the old realization that people are jerks, and will always be, no matter what you do. When you realize that even your family act like demeaning assholes, you know you're in for even worse surprises down the road, dealing with other assholes worldwide. Jerks who think you'll get better if they yell at you, pricks that think that you will react just like they do whenever criticized, dicks that think you'll spin into action if they just berate at you.

Mornings like these, it just makes me wish that suddenly everyone just blew the fuck away, no matter how gruesome this might sound.

Then again, I'm rational enough to realize that I'm a jerk just like they are. I just get mad at them because I just can't understand their modus operandii, their way to deal with life's adversities and the most palpable kind of hell ever invented - other people.

Sometimes, I imagine myself being analyzed by other folks at times, and whenever I do, I just know this for a fact: I'm an asshole just like they are. Because I do have a lot of wonderful skills but no guts to try and make them work out for me; because I do have a lot in my hands and I just contemplate it with no idea whatsoever on what I should do. Because I'm not married at my age; because I'm no good at flirting, blah blah blah, and so on.

And this realization, this notion of everyone's asshole-ism should propel me to act, to try to do something about it, but then again, why bother?

Everyone will remain just selfish bastards forever. Me included. Everyone will prevail, because each one of us are just like this: my opinion is the best, my religion is the righteous one, my team is better than yours, my car is bigger and better and faster.

And they ask me why the hell I think people are solitary. Doomed to die alone. Live alone.

We do. We are alone, because we're the kings of the world, each and everyone of us. And fuck those who don't think like we do. They're wrong, they're dicks. Assholes. Asshats. Jerks. Even if we're attached to someone, we're just trying to prove that we're better than them. It's a race, a race to prove that our opinion is better, that our car is faster, that my brand is more fashionable that his, that her house is bigger than his, and so on.

We're all wrong. Just like that. And if there is a deity looking over us somewhere, anywhere, anytime, whatever, it might be just laughing at us. Maybe not out of sarcasm or despite, but it must be laughing at us and all our wrongful notions and beliefs.

Ah, what the fuck. Who will ever know the truth?

Onward, my fellow assholes. We're all in the same boat, in the same planet. And we're all just dicks.

quarta-feira, 24 de março de 2010

A cama.

Dias e dias. Manhãs e noites, horas e horas.

Momentos que se passaram, mas que ele nem viu. Estava lá mas não saberia dizer o que havia se sucedido. Havia uma festa, ele parecia se lembrar disto, uma festa, em algum lugar. Se lembrava que tinha ido encontrar alguns de seus parcos amigos que ainda restavam naquela vida, e dali tinham ido para a casa de alguém, que tinha um "esquema muito bom" e que "estaria cheio de mulher", vagas promessas que ele já havia escutado antes.

Pouco importava. O que ele queria de fato é ter acesso a algum lugar diferente, com novas possibilidades, novas...mercadorias em potencial. Naquela manhã em particular, ele se lembrava disto: que haviam ido para tal festa, e todas as pessoas existentes lá tinham cara de peixe. As paredes eram feitas de alguma gosma indefinida, de cor de flicts. O que era essa cor, flicts? E como esta estranha palavra havia aparecido em sua cabeça?

A cabeça, esta doía, e muito. O que havia acontecido ali, ele não se lembrava de todo. A pessoa que era dona do pedaço, que tinha cara de truta e fala mansa porém autoritária, havia oferecido aos conhecidos e amigos dos conhecidos o tal esquema, que de fato era muito bom, muito, muito bom mesmo.

Tão bom que havia deletado de sua memória o que havia se sucedido logo em seguida. Ele se lembrava de ter passado a coisa adiante, saído de fininho para ir ao banheiro, e invadido alguma espécie de quarto de dormir da casa, onde tentou em vão ser discreto para adquirir "novas mercadorias." Lembrava-se de berros e censuras e mesmo agressões.

Dali, as coisas se embolavam em sua cabeça. Haviam imagens confusas de peixes gritando, cadeiras voando e punhos cerrados acertando em cheio sua cara.

O que havia acontecido?

Foi aí que se deu conta. Ele não estava em casa. O teto que seus olhos fitavam era muito limpo para ser de seu quarto. Quis se levantar, mas sua cabeça pareceu estar pesada demais. Não pôde fazer nada, mas ouviu passos confusos em sua direção. Figuras vestidas de branco e uma com um estranho chapéu lhe olharam de soslaio, exibindo um certo asco em seus rostos também.

Ele se desesperou, pois sabia o que aquilo significava. Precisava sair dali, precisava fugir. Jurara a si mesmo que não mais voltaria para aquele lugar, nem que precisasse se matar. Um dos membros da "máfia branca", como eram jocosamente denominados percebeu seu estado de agitação e mordeu a tampa de uma seringa. "Este cara está muito agitado."

Virou o rosto, pois detestava a imagem de agulhas, mas não sentiu nada lhe picando. Mesmo assim, imediatamente após ter visto a seringa se afastando de si, sentiu a cabeça girar e as coisas ficaram mais e mais lentas. "Não se importe, ele não vai a lugar nenhum de qualquer maneira." Risadas. "Eu sei, mas quero evitar a fadiga" Ha Ha Ha.

As imagens novamente se distorceram e sua cabeça ficou ainda mais pesada. "....atiraram nele às três da matina, disseram que...", "....os raios X não mentem. A paralisia...."

As coisas ficaram mais e mais distantes. Precisava sair dali. Precisava fugir.

Precisava dormir. Precisava de mais uma dose, apenas mais uma dose. "Cale a boca, de agora em diante a sua dose vai ser diária de fato...." Enfermeiros e enfermeiras, fardados e agentes, tudo se passava diante de seus olhos mas parecia que nada havia de real ali.

Não lhe deixavam pensar, não lhe deixavam nem sequer se levantar.

"...não quero ficar tomando conta de um idiota viciado e paralisado, porra!...."

Precisava sair dali. Sentia que estavam falando algo a seu respeito mas nem conseguia entender mais nada. A realidade eram dias e dias de bizarros sonhos, de medonhos retornos a um passado já distante, longe de tudo aquilo que havia se tornado sua vida, sua razão de existir. Sua necessidade diária.

Precisava fugir. Precisava.

A infinidade era um teto branco, que sempre olhava fixamente até tentar dali sair e logo em seguida ter sua mente calada por alguma espécie de agente paralisante que lhe injetavam assim que escutavam seus resmungos frustrados ao tentar dali sair.

"......parece mesmo que ele nem sabe o que está acontecendo...."

E não sabia. Não poderia saber. Nada mais fazia sentido.

Um dia, não acordou mais. E dali o levaram, muito aliviados, para uma repartição alheia qualquer. Algum lugar além da imensidão branca de seus últimos momentos.

terça-feira, 23 de março de 2010

Ê lugar assombrado!

Terça-feira gorda, magra, ou seja lá o que for. Estou meio falho em minhas narrativas acerca de coisas nenhumas, mas que tenham mais sentido que palavras randômicas espalhadas aleatoriamente por uma página deste aparato moderno de escrita que é a internet e seus petrechos diversos. Perdão; as coisas estão meio que estranhas por estes dias, e no momento creio eu que esteja padecendo de incipiente enxaqueca. Nada que dois comprimidos azuis de ormigrein não resolvam.

As coisas não estão indo mal por estes dias, mas mesmo assim não tenho me sentido muito bem, creio que sequelas da malfadada semana que se passou ainda estão a me atormentar, mas eu só desejo que tais coisas se dissipem e que eu consiga fazer o que devo fazer. Pensava eu a respeito destas mazelas da vida moderna ontem à noite, enquanto me preparava para me retirar deste estado de consciência ou semi-consciência ou algo que o valha, e de repente me assustei com ruídos estranhos vindo de algum lugar do sótão.

Quem não está acostumando com aquele lugar geralmente passa aperto ali. Não sei se vocês se lembram do que escrevi a respeito daquele famoso filme de baixo orçamento que comentei aqui em alguma altura do ano passado, denominado Atividade Paranormal. Acredito que se aquele filme tivesse sido rodado em meus dominíos sotãonescos, o efeito aterrador teria sido ainda mais eficaz. Pois ali, as coisas as vezes se mexem sozinhas, como uma noite em que acordei meio que insone e fui ter ao meu computador, onde fui jogar um pouquinho de Fear, um jogo jpa antigo de computador onde abundam elementos sobrenaturais e assustadores. Estava eu lá, muito tranquilo a me entreter quando de repente várias portas dos armários defronte ao PC resolvem abrir do nada.

Estaria mentindo se dissesse que não fiquei com medo. Mas mesmo assim levantei-me e fechei todas as portas cuidadosamente, para depois voltar ao meu computador, para ao menos desligar a coisa antes de tentar voltar para debaixo das cobertas - me parece que a crença infantil de que seu cobertor é algo impenetrável ainda persiste neste adulto ou semi-adulto. Enquanto tentava desligar a coisa, as portas se abriram novamente, desta vez seguidas de alguma espécie de som indefinido. Nem quis saber, deixei-as abertas e me enterrei nos cobertores.

Me perguntam como consigo dormir ali. Eu já acostumei, mas sei que deve ser algo meio que assustador para pessoas desavisadas. Inda mais quando coisas deste gênero acontecem. Lembro-me também que em meados de 2005, num final de semana em que havia sido apresentado tardiamente ao espetáculo do terror que é o filme O Iluminado, eu havia me perguntado se conseguiria dormir ali tranquilamente. Alguma sorte de providência se apressou em me responder e me desafiar em uma noite qualquer por aquele tempo. Lembro-me que era uma noite excepcionalmente fria, e eu havia acordado com aquela vontade chata de ir ao banheiro, mas antes que eu pudesse me levantar, algo me pareceu estranho ali.

Existe ali uma porta na parede, por mais estranho que possa parecer isto, e que dá acesso ao sótão em si, com suas caixas d'água e quejandos. Esta porta sempre fica fechada e a luz interna desligada. Naquela noite, eu vi uma luz. A luz do sótão, estava acesa. A porta escancarada, e o ar estava completamente parado. Na mesma hora esperei ouvir "RedRum" na minha cabeceira. Novamente, fiz o que deveria ser feito: me escondi dentro do casulo de minhas cobertas e ali permaneci até que o cansaço me vencesse o pavor e a vontade de ir ao banheiro. Preferi ignorar tal necessidade mui veementemente; não me pareceu tão urgente ir tirar água do joelho naquele momento.

Somente quando a manhã rebentou é que fui lá desligar a maldita luz e fechar a porta. Felizmente não estava ventando, pois quando ali venta, se não calçar a porta, sou assustado pela sua bateção no batente, por mais infame que tal justaposição de palavras possa soar.

Algumas pessoas ainda me perguntam como é que consigo ficar ali, como consigo dormir ali. Afirmo-lhes que apesar destes pesares, é ainda meu lugar preferido da casa. Não é fisicamente tão bacana quanto o Quarto mais Legal do Mundo, mas mesmo assim, é meu paraíso na terra. O único lugar em que sou o rei, que tudo ali me pertence ou me diz respeito. Certo, por vezes até chego a sentir uma presença estranha ali, mas isto não se resume apenas ao meu quarto naquela casa. Eu e minha irmã já sentimos estas presenças indefinidas em outros locais da casa, em especial quando alio estamos sozinhos. É impressionante como o silêncio e a solidão causam uma apuração excessiva e nem sempre correta de nossos sentidos.

Mesmo assim, já escutamos passos na casa vazia, e diz minha irmã que até já escutou alguém batendo nas teclas da velha máquina de escrever de meu avô, que na época estava no andar de baixo da casa e hoje em dia se encontra em meu sótão. Nunca ouvi nenhum ruído proveniente deste aparato ali, felizmente.

Não sou exatamente crente do sobrenatural, mas por vezes acredito firmemente que existe algo a nos observar, a nos avaliar. Algo que não necessariamente está no mesmo plano que o nosso; por isso filmes como Atividade Paranormal e O iluminado me causam estranhas sensações.

Por vezes me parece mesmo que existe alguma coisa ali no sótão. Mas em geral, a sensação não dura muito ou a coisa de mim já se apoderou e está me moldando para realizar seus malévolos planos. BWAHHAHAAHA!!

Não, em verdade não. Acho que é somente o vento brincando com as sensações de um cara Noiado, que está num Sótão. Apenas isto.

E este cara noiado tem que ali comparecer, existem vírus virtuais a importunar um frango, sendo que deve ter sido o próprio que ali os depositou, em seu computador. E como sou o cara do TI daqui, inda mais quando o TI oficial está a viajar, devo deste assunto cuidar.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Soam ressoam soantes sonoros soações soadas.

Quem foi o sádico que inventou as segundas feiras?

Caminho por entre os detritos restantes de todas as batalhas decorridas no breve intervalo da vida moderna para o descanso dos homens modernos e alforriados, ainda que atados aos mais diversos grilhões, sejam eles de ferro ou de papel, todos nos atrelam à vida, este pequeno tijolo que nos é confiado assim que aqui passamos a existir.

O que tens feito com seu tijolo? Saiba que esta pequena peça de alvenaria que carregas convosco pode significar muito não somente para você, detentor da peça em si, mas para a vida de outrem ao vosso redor. Somos todos peças de uma estranha construção, e por vezes parece que a construção está demorando mais do que deveria, ou que seu tijolo em si não encaixa em lugar algum...que a peça está defeituosa.

Assim pensei eu a caminho para meus grilhões modernos, escravos todos que somos da vida. E assim como os demais, carrego eu meu pedaço de construção, sem nem ao menos ainda saber para que o tenho em mãos ainda, e onde diabos tal peça irá encaixar.

Mas pensemos em outras coisas. Como existem divesidades em coisas a se pensar. Afastemos as indagações inúteis de gênero A, e pensemos em platitudes B, que são um tanto mais amenas. Há quanto tempo aquele vasilhame de iogurte ali está encaixado àquela árvore? Quem o pôs ali, e há quanto tempo ali está? Quanto tempo ali ficará?

Ao redor, as briófitas resplandecem e lembro-me que nada é mais óbvio, dado o volume mais inusitado de pluviométircas precipitações que ainda estão a ocorrer com frequência ainda cada vez mais frequente neste mês de Março, onde já avistamos Abril e não mais pensamos em Fevereiro. Chuvas, água, todos precisamos da água para a reprodução, de certa forma é ainda a constante de toda a vida. Toda a vida, de certa forma. Água.

e o que nos diferencia enquanto vida em si de tais verdes plantinhas inúteis, tão dependentes de água como o são os musgos? O que nos aproxima é o que nos afasta? Por que dizes assim, quem quis que fosse assim?

Quem entende tudo que se passa? Quem quer entender? E por que certas pessoas têm que ser eternas insatisfeitas, com tudo e todos, de tal forma tão agressiva, tão paralisante, tão....idiota? Inútil? Enervante?

Hoje sabes oque sabem todos e que nem sempre acreditam, ainda assim. E ainda assim queres saber mais e mais. E me pergunto por que queres tais coisas, o que queres saber agindo assim. Quem quer saber?

É segunda. Estou aqui, mas em verdade estou ali, a dormir muito e muito. E lá está também meu cérebro, cansado órgão pensante e ululante passante que tanto se põe a perguntar e digitar inúteis têxteis por mim tecidos neste tear digital que é este teclado e suas tantas infêmias aqui já ditas e escritas e descritas e....

A hora. Bate e soa, ressona e ressoa, e o tempo, tique e taque, é hora de daqui me mandar, para de fato ali existir a fazer coisas com que justifiquem meu pagamento existencial de aqui estar.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Ao bar.

Ir ao bar, ao bar. Homem ao bar! Por assim dizer, muito já se foram, sem nem saber por quê. Mas não importa, o bar fioca ali, logo ali, e temos muito que beber, muito que fazer, noite afora, noite adentro. Preferir o bar ao lar, por vezes acontece, como não? Existem momentos na vida de alguém em que tem-se que tomar uma decisão, uma atitude. No caso, tomemos todos uma rodade de providência: a dose custa somente um renais, módico preço este por algo que tanto se busca nas noites em claro por todo o Brasil - o líquido esquecimento.

Mas não estaremos aqui para nos embebedarmos, ao menos não como único intuito da bebedeira em si; as mágoas aparentemente não se afogam e/ou são excelentes nadadoras. Então, para quê se preocupar? A noite é jovem ainda e há muito o que se conversar, muito o que dizer. Já que não se pode fazer, falemos a respeito, falemos muito. O que fazer quando não se pode fazer, quando não se sabe fazer? Blah blah blah.

Olhe ao redor, quem você vê? Quase ninguém ali, ainda que o local esteja quase completamente abarrotado de ilustres anônimos da noite, pessoas que se encontraram em dado momento da vida, pessoas que cá estão com as mais diversas razões, as mais comuns intenções, as mais triviais motivações; o que há de incomum em mais uma noite de bar, neste bar em especial, sendo que nada de particularmente especial ali se encontra...ou ao menos assim vos parece, desatentos mortais que tanto se acotovelam por aqui, por ali, por todas as partes.

Caminhem na noite, sem nem ao menos sair de vossas mesas, pareçam lá estar sem nem ao menos saber por quê. Conectar-se, conectar-se. Há que se conectar com o mundo, mesmo que o mundo esteja lá fora do bar, lá fora deste bairro, deste local, desta cidade. Tantas e tantas brilhantes filosofias foram discutidas nestas mesas sem que ao menos se tornassem literatura obrigatória em faculdades, tantas verdades foram ditas porém sem nem ao menos conhecer a luz do dia ou a ela sobreviver. Tantos planos foram ali traçados, mas regados a álcool, raramente sobrevivem à inquisição da razão, da sobriedade.

Tantos olhares foram trocados, alguns geraram até filhos posteriormente, outros nem ao menos se voltaram para tentar entender a razão de tais olhadelas, de tais perscrutações furtivas. Se é que existe de fato algum motivo ulterior. Mera curiosidade que se torna esperança no coração de tristes desajustados. Para bom entendedor, apenas meia olhada basta, e dali sairão alguns felizardos dali a dançar a valsa dos bem-acompanhados.

Outros de nós apenas se contentam em ali estar, em boa companhia, a tratar dos mais diversos assuntos, do pão dormido à ausência de momentos como os anteriormente descritos e vivenciados, quantos e quantos anos se passaram já? Quem sabe, nem precisam saber. Blah blah blah. Como está, abunde-se, abanque-se chegue mais, cá estamos a conjeturar sobre isto e aquilo, sobre esta e aquela, que ali estão, tão próximas, tão longe, sem que nem ao menos disso se dêem conta.

Falemos, falemos todos sobre tudo e todos, como é possível que até hoje você não saiba que a terra é redonda, meu filho? Venha cá que irei lhe explicar tais coisinhas, se acenderem um fósforo, pegarei fogo, e muito riremos noite afora, horas adentro, alta madrugada. Garçom, mais uma. Mais fritas. Que caro estão estas batatas. Como está? Até mais. Turva noite, turva visão, é hora da água procurar, de se reidratar. A noite avança mas a idade permanece a mesma, e nem sempre as coisas se aprimoram com os anos, apenas os bons vinhos e as boas pessoas, que lá estão, em outro local que não este.

Rimos muito den ós mesmos e dos outros, quem se veste de tal maneira? Como falam alto e de maneira bem peculiar, o que estão a dizer, o que estão a fazer? Quem de nós saberia dizer? Talvez, pois sim, quem sabe. Houve uma vez em que....os peitos interromperam toda minha frase! Ha ha ha. Blah blah blah. Quem ficou com quem na noite anterior, quem esteve ali, você sabia que haverá um show beneficiente de...Agora, apresento-lhes a bunda e seus mistérios, e sua capacidade imediata de interrupção de tais brilhantes assuntos.

Noite afora, madrugada adentro. Estou cansado mas não quero ir-me, prefiro o bar a meu lar, conforme dito, conforme constatado. Quem está a me esperar ali, fora meus travesseiros, fora minhas cobertas, meu lar? Quem existe além daqui, além dali, quem esteve naquele lugar? Canse-se, cale-se. Não gostei do que você disse mas nada direi, somos amigos e bem sei o que quis dizer, o que quer dizer, o que queres saber. Olhe ali! Quem lá vem! Quanto tempo, quanto tempo, como vai, como foi, como irá?

Noite afora, noite adentro. Ao bar estivemos, ao bar voltaremos. Não hoje, talvez não amanhã, mas quando o chamado vier. Quando a vida nos ordenar.

Voltemos ao lar, por hora. Outro dia, outra noite, voltaremo ao bar.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Humor e saúde.

Ah, mais uma manhã. E cá estou sentado à minha mesa, com sanduíches de peito de peru defumado e uma bela coca-cola, quase trincando de tão gelada. Desde ontem à noite eu já havia resolvido que o café matinal seria mais criminoso, em um ato premeditado de auto-indulgência. Sim, ontem eu me propus fazer tal agrado devido ao meu estado deplorável de humor que de mim havia se apoderado durante boa parte desta semana.

Esta rabugentice, creio eu ter sido causada por uma série de fatores no decorrer desta semana, mas creio que minhas complicações de saúde surgidas nesta semana foram fatores chave para a instauração da personalidade de Austregésilo de Lousa em minha pessoa. (Quem? Não se preocupem, creio que eventualmente vocês irão conhecer mais este personagem.)

Mas acontece, ao menos comigo, de ficar extremamente irritadiço e resmungão quando estou com estas picuinhas de saúde aflorando, impedindo-me de realizar minhas tarefas mais básicas. Creio que a chuva reinante também contribuiu para o acúmulo de reumatismos imaginários nesta pessoa de 33 anos físicos e 1500 anos de pessicológicos anos em sua cabeça, mais dura que uma montanha de gnaisse.

Algumas vezes, acontece de sofrermos com a saúde devido ao nosso estado psicólogico, como naquelas semanas extremamente estressantes que nos conduzem a uma semana conseguite de gripe, ou outro tipo de mazela menor qualquer. Bem sei que tais coisas existem e já fui vítima de tais aconteceimentos, mas não foi o caso desta semana de má saúde, uma vez que, conforme pode ser lido em postagens anteriores, o final de semana passado foi muito legal e muito relaxante.

Ah, este Buriol, sempre teorizando sobre coisas que ninguém se importa. Ao menos, não tanto quanto eu, que não sei por que cargas d'água me importo com estas trivialidades. Mas sou assim, este investigador de coisinhas. Acho que eu sempre quis saber como as coisas acontecem, para melhor executá-las, para otimizar minha vida, por assim dizer. Eu me perguntava isto de manhã mesmo, ao arrumar minha cama. Não sei por que me pus a pensar em como para algumas pessoas o simples ato de cortejar uma mulher é a coisa mais natural do mundo, e para mim é esta eterna incógnita. Aí comecei a pensar se não haveria alguma metodologia oculta que eu pudesse aprender e pôr em prática para que finalmente eu pudesse fazer tal coisa, para mim tão inexequível.

Evidentemente, me pus a rir logo em seguida. Tá bom viu. Metodologia para tal coisa. Certo, certo, Buriol. É por aí mesmo.

Mas enfim, o café da manha auto-indulgente me fez bem, estou me sentindo melhor hoje e...aconteceu algo hoje pela manhã que me pôs a pensar se teria algum significado especial, algo que algum dia me lembrarei como se fosse um momento especial de minha vida. Não sei dizer, mas que muito me espantou, isso eu posso afirmar com certeza. Creio que no final de contas não será nada de mais, mas mesmo assim foi algo que me pareceu bem adequado à manhã de hoje, com tantos pensamentos inúteis sobre este aspecto misterioso da vida que é o cortejo humano. Ser um macho ômega me instruiu que deverei ser sempre um resmungão e não crer em milagres, mas o que aconteceu hoje pode ser visto como um milagre...se o macho envolvido na questão for um desses que é mesmo abaixo de ômega. Se é que isto é possível.

Estou fazendo algum sentido na crônica do dia? Não? Não se preocupem. Se me conhecem, podem me perguntar ao vivo em alguma ocasião qualquer aí. No momento, irei devorar mais um sanduíche e achar doido. Hoje começou bem o dia.

Senão vejamos o que vem a seguir.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Sonâmbulo.

Pé por pé, pé por si.

Assim como fora escrito muitos anos, esta era a descrição acurada para a maneira dele andar pelas ruas naquela manhã em particular. As pernas transportavam-no para os locais, mas era como se ele ali não estivesse, como se aquilo fosse tudo um sonho de um sonho de um sonho, uma cópia xerocada muitas vezes e deteriorada da realidade.

Nada parecia muito real. As pessoas por ele passavam, mas mesmo que nele esbarrassem, não iriam encontrar alguma forma sólida por debaixo daquelas roupas, daquela pele. Não havia muita realidade ali. Nada de formas nem cores nem nada. Somente alguém que estava ali...sem de fato estar.

Quem era aquela pessoa? Que queria ele? Para onde deveria ir? Todas estas indagações já haviam lhe ocorrido no decorrer de sua vida, mas mesmo assim, nenhuma resposta plausível haviam lhe ofertado, e ele mesmo não sabia para quem deveria perguntar. Deus? Cristo? Alguma entidade dita superior, inexistente neste plano e nesta vida, algo que lhe desse tal vaga certeza, por mais absurdo que a frase possa ser, a vaga certeza de que tudo iria acabar bem, de certa forma. Tudo iria se resolver.

Nunca fora bem assim. Ele sabia disso, ou achava que sabia. Pois atualmente ele já duvidava até de suas convicções mais ferrenhas; de todas suas certezas havia apenas uma que se sustentara e se sustentaria até o final de seus dias. Exatamanete esta. Ele tentava repeli-la sempre que lhe surgia à mente, entretanto. Pois sabia que de nada adiantaria ficar pensando nisto, enquanto o tempo passava e escasseava. Havia algo a ser feito, havia muito a ser feito.

O que deveria ser feito, como deveria ser feito? Sacudindo a cabeça, ele pôs-se a esperar sua vez na fila de transeuntes a esperar sua vez para do outro lado da rua chegar. Haviam dias em que seu corpo, de fato, estava à rua, andando por entre a turba, mas sua mente estava longe, em algum lugar indefinível por padrões humanos normais, por assim dizer. Eram os seus dias mais solitários: todas as pessoas do mundo se ali com ele estivessem, a ele de nada significaria. Não iria nem ao menos notar que havia alguém ao seu redor.

Afinal de contas, quem eram aquelas pessoas? Que sabia ele a respeito delas e vice-versa? Milhares de anônimos ao seu redor, era quase o mesmo que estar em um canavial: cada pessoa era um pé de cana, mais nada. Apenas canas, silentes e quase inexistentes. Dele nada sabiam, nada queriam saber. Apenas pés de cana. Presentes porém indiferentes.

Por vezes, era assim que ele se sentia semanas a fio. Era como se estivesse vivendo em um deserto, sem ninguém ao seu redor. Às vezes, ele procurava nos rostos alheios algum sinal de humanidade, qualquer coisa que lhe significasse algo, mas logo desviava os olhos ao notar a ausência de vida ao seu redor. Nada, nada.

Haviam momentos em sua vida que ele se sentia como um espectador de si mesmo, como se estivesse vendo sua vida em uma tela de cinema ou algo assim. Como se não estivesse dentro de si. E sempre parecia que as coisas iam na mesma direção, para o mesmo sentido - o de não haver nenhum sentido, nenhuma direção. Era apenas uma sombra errante num mundo alheiamente iluminado.

Poderia ele de repente sumir, desaparecer de repente, ser abduzido por forças externas àquela realidade de tudo e de todos, que ninguém nem perceberia. Ninguém daria conta. Nenhuma pessoa no meio de todas aquelas ruas iria notar que ele sumira. Ninguém iria perceber que ele deixara de existir. E se por vezes isto lhe trazia alguma espécie de conforto, estranho conforto, naquela manhã em especial, tal pensamento fazia com que se sentisse ainda mais pequeno, mais insignificante perante todo aquele universo de alheamento.

Pé por pé, pé por si.

Estar sem estar, existir sem existir. Pensar sem fazer. Fazer sem ser. Sem haver.

Nada como um dia após o outro, um passo de cada vez, uma pergunta a cada segundo, uma vaga certteza que no meio de toda aquela insignificância....havia alguém a gritar, alguém a pedir por socorro, de uma certa forma. Gritos que raramente eram ouvidos ou levados em consideração, pois mesmo ele sabia que nada significavam para aquele mundo de canas, de gnus que se dirigiam para algum lugar que lhes fora designado para estarem. Gritos que ele mesmo sufocava, pois sabia que nada adiantava pedir ajuda. Ela não viria. Ninguém sabia que ele estava ali. Ninguém quereria lhe ouvir.

Pé por pé, pé por si.

Seguir, existir, significar, haver. Coisas que nada faziam sentido para aquele que lá estava....sem lá estar. Mas que ele deveria suportar até a certeza final e definitiva. Aquela que não se pode iludir. Aquela que não admitia atalhos. Atalhos são imorais, ilegais. Atalhos são banidos.

Passo atrás de passo, siga adiante. Por mais um dia no deserto. Por mais um pé de cana no canavial do alheamento. Por mais um grão de areia na praia de inexistência humana.

Siga adiante.

terça-feira, 16 de março de 2010

O melhor quarto do mundo!

Bem, novamente cá estamos. Obrigado por assistir a mais um episódio da vida de Noiado no Sótão! Agora com muito mais vitaminas e....Tá certo, essa rotina de apresentador de "pograma" de auditório não tá com nada mesmo. Vamos ao que interessa de fato, então.

Aparentemente hoje estou um bocado mais restabelecido das complicações gastrointestinais, então creio que o dia será um pouco mais leve. Falemos sobre amenidades decorridas no final de semana afinal. Que repetição bizarra de palavras.

Bem, conforme dito, fui ter ao Retiro das Pedras no final de semana, local de excelente localização, cujas imediações frequento desde minha tenra idade de...er, não sei bem ao certo, creio que foi lá para meados de 1990 que comecei a ser 'morador honorário' daquele local. É muito tempo. Que diabos vou eu fazer lá? Encontrar com amigos e me divertir. Esta deveria ser a premissa principal para a vida de qualquer um.

Meu amigo que lá reside desde aquela época, o Rafael, tem uma das casas mais legais que já visitei na vida. Seu pai, que infelizmente nos abandonou desde 2000, era um dos caras mais legais que já conheci, daquelas raras pessoas que você vê e que gostaria que fosse seu pai, um cara muito legal mesmo. Ele tinha idéias fantásticas acerca da vida e tudo que nos circunda, e prezava a diversão, coisas que admiro muito. De seriedade e chatice a vida já está cheia.

Mas enfim, a casa tem vários aspectos interessantes por ele bolados, que até hoje me surpreendem. A sala de música é uma delas: ele fez ali um reduto que é dos mais fantásticos que já vi. A sala realmente foi projetada para otimizar a audição de músicas, presumo eu que mais focado para a execução - indireta, evidentemente - de músicas clássicas. Reentrâncias e circunvoluções no teto parecem que fazem com que a música soe mais cheia, aparentemente. Não sei ao certo. Mas sempre foi um de meus locais preferidos naquela casa, pois além da excelente acústica, possui amplo espaço e uma mesa pesada e solidamente construída, mesa esta que fiz alguns de meus melhores desenhos quando lá estava a visitar. É um ambiente muito propício para a criatividade, aparentemente. Tem uma boa energia.

Ali existem várias coisinhas, pequenos objetos e miscelânias pelo pai de meu amigo colecionadas, esculpidas e/ou construídas que decoram o ambiente todo, dando uma energia especial para aquela sala. Eu sempre me sinto bem ali.

Mas neste final de semana eu descobri uma coisa que não julgava ser possível: descobri um local que consegue ser mais legal que aquela sala. Trata-se de mais uma peripécia de Eugênio Viotti, que eu até sabia da existência, mas apenas por fora, sem ter vivenciado a coisa até então.

Vivenciado? Pois sim. Trata-se de uma experiência que tem que ser vivida, não apenas observada. Explico melhor: a casa possui uma espécie de torre, uma construção bem elevada que abriga, entre caixas d'água e encanamentos diversos, um quarto, que desde que o casório de meu amigo foi esquematizado e a casa devidamente modificada para abrigar o casal, foi convertido em quarto de hóspedes.

É o quarto mais legal do mundo. Eu presumo que se eu vivenciasse a experiência de ali ficar em meados de 1990, eu teria endoidado. Se com a minha idade já mais avançada de 33 anos eu já empolguei até mandar parar com o quartinho, imagino a algazarra que eu teria feito com 12, 13 anos de idade. O quarto em si não é dos maiores, mas ali tamanho não importa em absoluto, apenas a idéia em si.

Pois bem: é um quarto que emula....o interior de uma embarcação, como o interior de um veleiro ou algo assim. Meu conhecimento náutico é rídiculo, ao contrário do idealizador da idéia, que aparentemente era apaixonado por barcos. Exitem duas clarabóias que ficam localizadas bem por cima da cama. Imagine dormir ali em uma noite de claro céu. Você olha para cima e vê, ao invés de uma inócua escuridão ou apenas um teto infeliz...o céu com suas tantas estrelas.

Não sei bem ao certo se a idéia do quarto foi idealizada desde a elaboração do projeto da casa, ou se aconteceu de última hora, como foi com meu sótão, que só foi cincebido quando a construção já estava adiantada, causando muita ira no arquiteto responsável. Digo isto porque existe um pequeno defeito no quarto, que é sua altura em si. Eu só consigo ficar em pé ali na região das clarabóias. Mas nem me importo com isto. É um quarto que parece um barco! Existe clarabóias no teto! Bem em cima da cama! É um sonho de menino que foi concretizado. Uma idéia maluca que se concretizou e que é das coisas mais legais jamais constuídas em uma casa. Deu ainda mais personalidade e caráter àquela casa, que tanto acho um retiro para mim. Um retiro espiritual para mim.

O quarto possui um banheiro que é unique por si também: trata-se de um pequeno banheiro, dotado apenas de uma pia e uma privada, que não dá para se usar em pé, devido à inclinação do telhado que ali faz com que o teto fique ainda mais baixo. Mas quem se importa com isso! É um dos banheiros mais legais do universo também, pois está no quarto mais legal do mundo. A porta, ou melhor dizendo, a portinhola que fechava-o não mais existe, por motivos indeterminados, mas presumo que seria como a outra que existe na parece oposta àquela: uma portinha dotada de uma daquelas janelas náuticas, típicas daquelas pequenas embarcações.

Em anos mais jovens e mais impúberes eu ficaria satisfeito em apenas existir ali sem ninguém mas nesta minha idade em que começo a ficar pesaroso por estar sempre sozinho, imagino que com a companhia de uma pessoa legal, que não se importe com detalhes irrelevantes como a impossibiladade de se ficar em pé ali, a coisa deve ficar ainda mais legal. Sim, sou barango: todo rômantico é um barango nato, e sendo eu o último deles, sou também o mais barango de todos. Fazer o quê, é a idade e o fardo de ser reencarnação de um destes ilustres....gostaria de não empregar tal palavra, mas creio que por mais tosco que possa ser, é verdade: um destes ilustres punheteiros de épocas remotas.

Ah, a tosquice. Ao menos sou um romântico que preza muito a tosqueira. Pelo menos isto.

Enfim, eu voltei de minha visita me sentindo muito bem, renovado interiormente, devido a esta experiência e o convívio com meus companheiros de tantos anos que residen naquele reduto intocável. Naquele local que até hoje me serve de recarga contra as agruras da vida. E espero ali retornar em breve.

É o quarto mais legal do mundo, pombas!

Bem, vejo que é hora de sair de meu reduto romantizado e tornar-me ao realismo sórdido da vida muderna, esta desconhecida. Adiante, adiante. Amanhã tem mais.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Contratempos.

Sim, hoje as coisas estão atrasadas e não muito bem funcionais. Infelizmente, acontece. O final de semana foi muito bom, mas a segunda iniciou-se de maneira bem agressiva e desagradável. E desta vez não tem muito a ver com neuras, nóias e quejandos que tanto abundam na psiquê deste ser escrevinhador que aqui existe.

Lado outro, os problemas que hoje surgiram foram quase todos coisas não tão grotescas como mortes, desastres naturais e coisas do gênero. Façamos um pequeno relatório, entretanto. Inicialmente, estava eu residente temporariamente na casa de um de meus amigos pelo final de semana, e como é de praxe, rola uma carona de lá para meu trabalho. Estávamos à estrada, quase chegando nas imediações daquela cidade alternativa que se tornou a região do Belvedere aqui em BH, quando fomos pegos de surpresa por um acidente de trânsito, envolvendo o carro do Rafael e mais outros dois. Não entendi bem como aconteceu, mas me parece que o carro defronte ao de meu amigo teve que frear bruscamente devido à ação nefasta de um motoqueiro imprudente, e batemos na traseira dele, e logo em seguida recebemos outra chapuletada traseira, pois o carro detrás não percebeu que tínhamos batido até ser tarde demais.

Felizmente, ninguém se feriu fora os outros carros - o carro do Rafael me pareceu ser dotado de uma certa invulnerabilidade a outros objetos estacionários, pois quase não sofreu danos, apesar de ter amassado levemente a traseira do carro à frente e ter levado aquela cacetada por detrás. Aliás, este foi o mais danificado de todos os veículos envolvidos na josta do acidente.

Quem já passou por este tipo de acidente sabe o quão chato é ter que lidar com o seguro e a perícia, coisas que provavelmente tomaram a manhã inteira de meu amigo. É daqueles acidentes que só servem para encher o saco, e veio em uma hora muito inconveniente para ele, eu presumo, pois com um casamento à vista, as finanças escasseiam. Eu não vi o restante da coisa pois fui resgatado pela irmã da futura esposa dele, que passava na hora e se ofereceu para me completar a carona, que aceitei de bom grado.

Entretanto, chegando na praça da Bandeira, lembrei-me da advertência de minha irmã na sexta passada - que novamente haveria greve de ônibus. E como sou um senhor andante e passageiro de lotações, tive que apanhar um táxi lotação, descer lá nas imediações do Parque Municipal e vir andando o restante do caminho. Cheguei com uma hora de atraso, mas cheguei.

Depois, por algum motivo desconhecido, o roteador daqui da empresa resolveu falhar, atrasando o trabalho da manhã. Outras picuinhas ocorreram, todas em menor importância também, mas que serviram para azedar um pouco a manhã de segunda. A mais notável é que desde sexta feira ando dessaranjado. Meu sistema gastrointestinal está rebelde, por assim dizer, e nem sei dizer por que diabos, uma vez que não comi nada de incomum neste interim. Quase não comi agora ao almoço e sinto cólicas estranhas me importunando.

Presumo que seja daquelas coisas da vida: eu tencionava cá chegar hoje pontualmente devido à carona que deveria ter ocorrido sem maiores desventuras, escreveria sobre assuntos mais amenos e mais legais que ocorreram no final de semana - que foi muito bom, volto a dizer - e depois me arrumar com qualquer eventualidade devida à tal da greve.

Mas, como dizem, não é possível prever tais coisas. E merdas acontecem. Ao menos não foram das piores.

Infelizmente, minhas tripas estão me incomodando em demasia, e creio que é melhor interromper por aqui tal narrativa, pois é hora de tornar às lides capitalistas.

Espero não ter que realizar um evento de emergência nas instalações sanitárias daqui do escrotório....o que já tive que fazer na parte da manhã. E como dizem, "caganeira na empresa....só quem já passou por isso sabe como é chato!"

Amanhã vejo se narro as amenidades do final de semana. Até lá....

sexta-feira, 12 de março de 2010

Sexta feira 12.

A parede me olhou de soslaio e despertei de um sono irrequieto, onde as pessoas eram mais doentes que já costumam ser, onde as leis não tinham formas nem fôrmas, onde as paredes olhavam de sobressalto para os hediondos seres que se moviam à frente e atrás do pôr do sol, que já se extinguira seu fogo, sua vontade de viver e de acontecer. Naquela terra, todo cuidado era pouco. Se as paredes eram emo, imagine só as cortiças e os cortiços, estes feitos de rolhas empilhadas, estas porém, de plástico injetado e pré-fabricado.

Rubricando-se o certificado de aquisição de bens por perdas e danos, entretanto, era-se possível adquirir a preços módicos uma certa quantidade absurda de narcóticos; estes deveriam ser ofertados todas as noites ao deus da preguiça e incompreensão, que prontamente atendia a seus fiéis em necessidade, ofertando nóias gratuitas e divesificadas em toda sua extensão, estas em centímetros e não polegadas, assim como a estupidez de outros países costuma se fabricar em privadas instituições bancárias aquém das instalações latifundiárias feudais e quejandos.

Garantido o desenvolvimento sustentável, a panáceia se movimenta da esquerda para a outra esquerda, que foi correctamente renomeada eesquerda pelas facções vermelhas adiante, num posto policial abandonado no cumprimento do dever de casa, porra mãe eu só tenho nove meses e nove décadas, sou muito jovem para morrer, mas morrerei, assim que o trem bala vier me visitar no domo esférico que a tudo encerra, todos os mistérios, todos os segredos e artimanhas que me foram confiados assim que daqui saí ontem à noite, data em que os uns estavam excitados e presztes a se tornarem dois dois, e assim serem endereçados correctamente a seus pacotes de origem e de destino, porém não checadas necessariamente pelo CRC da vida; aqui e ali, existem quintas feiras ameaçadoras, sábados infernais e segundas nauseabundas, estas as mais vis de todas as unidades de mensuramento do tempo, este desconhecido.

Passam as horas, mas cá estou, depois de ter sido encarado por todas à rua, cá estou em mais um dia de trabalho, para onde ir, para onde ir, para onde vir, onde irei se aqui mesmo nunca estive, nunca compareci, nunca entenderei. Os olhos! de pedra me surpreendem ao se tornarem subitamente de água maciça, quase gelatinosa ao contato, quase borbulhante sem nem ao menos termos por perto um sabão, oh por Mitra, um pedaço de sabão, de barra, de coco, de causticismos e catequismos diversos, passam-me ele todos os dias, quase sempre à tardinha, tempo em que o despertar é mágico sem nem ao menos ser. Oh, um sabão.

Para mim olham, de mim esperam o que não sei se consigo fazer, uma vez que tenho em mim nada e tudo, o peso todo de um mundo imaginário às minhas costas, o peso de muitas e muitas coisas que poderiam ser mas não devem ser, algo que fiz sem nem ao menos começar, algo que comi com café e pães de queijo à noitinha, data esta em que a guerra acabou, mas começou novamente logo em seguida.

Ergo-me de supetão e saio daqui às mil léguas por segundo, dez mil braças de pantanosos terrenos me separam daqui para ali, e bem sei que terei que galgar meu caminho através da névoa do dia a dia neste local, nesta banca. Isto é uma banca?? Que apito toca nesta banca?

O apito de encerramento do turno, da semana, do conteúdo nada conteudal deste nonsense pelo Noiado, sempre Noiado porém não-drogado Noiado que aqui e ali reside, neste manicômio esférico em que se vive, ou se tenta viver, todos os dias, todos os segundos de uma meia-vida que nunca acontece nunca aconteceu nunca acontecerá se ao menos daqui o salário, ó, não aumentar de tamanho. Nunca.

E eis que ao fim porém ao fim e ao fim finalmente chego e encerro tudo aqui antes que

quinta-feira, 11 de março de 2010

Succubus United.

Ando meio preocupado por estes dias. Estou chegando àquela famosa idade de ter que me preocupar com certas coisas, certos aspectos da vida que são inexoráveis, não importa o que você faça ou deixe de fazer, irá passar por tais coisas. Goste ou não.

Não, a coisa em questão não é necessariamente algo trágico como a visita da dita iniludível ao leito de morte. Minha aflição, por assim dizer, é mais branda porém por vezes terrível. Lembro-me uma vez, há uns dez anos atrás marromenos, estava sentado à mesa de domingo de um amigo meu. Haviam alguns caras mais velhos presentes, amigos do pai de meu amigo, que discutiam entre si fatos da vida, e eu escutava pois a conversa estava extremamente divertida.

Um deles comentou que recentemente haviam sofrido uma baixa no grupo, pois um companheiro havia tombado morto em alguma paragem qualquer. Os outros sacudiram as cabeças tristemente e um deles comentou que era assim mesmo. "Vocês nunca repararam como as conversas giram à medida que vgamos ficando velhos? Primeiro é só 'fulano tá pegando siclana', anos mais tarde, 'fulano casou com siclana', mais pra frente, 'fulano teve filhos', mais adiante, 'fulano separou de siclana', e finalmente, 'fulano morreu.'"

Eu me lembro nitidamente do quão verdadeiras aquelas palavras me soaram na época; eu deveria ter em torno de 22 anos, porraí, naquela ocasião. E as conversas só giravam em torno da primeira premissa, "fulano está pegando siclana". Hoje em dia, já tenho exemplares de "fulano teve filhos" nas conversas com alguns de meus amigos ditos mais, er, vividos.

Mas a grande maioria das conversas ainda gira em torno de "fulano casou com siclana". E isto me perturba.

Mas porquê, perguntarão alguns. Bem, porque me parece que ultimamente as succubus andam à solta. E isto me assusta e até me enfurece, de certa forma. Pois eu prezo meus amigos e fico muito triste de vê-los literalmente definhar às custas de algo tão....devastador, eu diria. Lembro-me na época da primeira faculdade, alguns companheiros, daqueles que sempre estavam presentes às festas, enchendo a cara, fazendo algazarra, comendo e bebendo e rindo e se divertindo.

De repente, alguns deles desapareceram, juntamente com os "rolos" arrumados em festas anteriores.

E foi a última vez que os vimos.

Tá certo, não foi nada assim tão trágico, mas afirmo que a mudança na índole de tais caras foi muito notável. E sinceramente, ao menos um deles foi, definitivamente, vítima de uma autêntica súcuba. O cara praticamente morreu. Não tinha mais energia para nada, só ia às aulas, evitava as festas, quase não mais conversava direito nem fazia brincadeiras.

Alguns irão me acusar de estar sendo meramente um crianção ou algo do gênero, pois "isto é um fato da vida!" Não. Não necessariamente, ao menos. Pois muitos outros casais se formaram ao longo do curso, sem que os envolvidos não se anulassem como pessoas que sempre foram nem desaparecessem. E afirmo que escrevo isto sem a intenção de ser misógino, por Mitra. Sei bem que as leitoras - caso existam de fato - irão se lembrar de algum fato parecido que aocnteceu às suas amigas. Eu já vi acontecer com homens e mulheres, mas ultimamente, isto tem acontecido com maior frequência entre os conhecidos do que entre as conhecidas.

Dia a dia estou vendo acontecer com um de meus melhores amigos, e tenho me espantado com isto, como a coisa deixa uma pessoa outrora tão...humana....se tornar um autômato. Alguém que não é aquela pessoa que você conheceu antes. Certo, concedo que um casamento muda uma pessoa, e concedo que certas mudanças são de fato necessárias. Mas, por tudo que é de fato sagrado, deixar de existir não é uma opção que considero saudável a ninguém. E estas pessoas estão deixando de existir.

Havia um amigo que morava perto de minha casa, que foi meu companheiro infalível por anos, antes de entrar na biologia. Tínhamos aqueles grandes planos adolescentes de seter uma banda, custamos a arrumar instrumentos decentes, fizemos um mini-estúdio no porão da casa dele, convidávamos amigos para fazermos jam sessions extremamente desafinadas - éramos muito ruins como músicos na época - e nos divertíamos à beça.

Fomos perdendo o contato. Coisas da vida, acontece muito. Certo. Mas nada me surpreendeu tanto quanto a informação por mim recebida de seu irmão em um encontro fortuito no busão. O cara havia casado. Não me convidou....não me disse nada, nem a mim nem a meus irmãos, que também eram amigos do cara. Manifestei meu protesto de indignação para seu irmão. Não que eu faça questão de comparecer a casamentos; em verdade eu execro tais cerimônias, mas mesmo assim, eu achei que o cara fosse um amigo, e que me tivesse em alguma consideração. Um mínimo ao menos.

Alguns dias depois este meu amigo me surge em minha casa. A sombra dele surgiu à minha casa. Tudo que havia nele que nos era comum, como a afinidade musical e a nerdice de se jogar videogames e quejandos - tudo, absolutamente tudo, havia desaparecido. Foi algo triste de se ver.

Como disse, sei que as pessoas mudam ao longo da vida, e acho muito bom que isto aconteça, mas não desta forma. Não creio que você deva se anular para ter que ficar junto de alguém. Isto para mim é uma auto-agressão, uma injúria a si mesmo. E já vi casos em que a pessoa que tanto se transformou com o intuito de se adequar à tal realidade, anos mais tarde, em dado momento da vida, simplesmente enlouquecer ao perceber o que fez com sua vida.

E dá errado, muito errado. É algo realmente aterrador quando acontece.

Este ano sei que haverá um casório à vista, envolvendo um companheiro que considero um irmão, por vezes mais irmão que meu próprio irmão. Creio que não terei que escrever nada a respeito de drenagens da força vital de meu amigo, pois levo fé que este casamento não irá tomar esta errônea direção, mas mesmo assim fico um pouco apreensivo. O pessimista, este deveria se chamar Buriol. Ou algo assim.

Mas vão por mim. Não se anulem. Não vale a pena e só dá merda. Não façam isto com a vida de vocês, por Mitra. E no final, acaba com a vida dos dois envolvidos no desastre.

Enfim, adiante. A vida não pára, mesmo diante de meus veementes protestos. E não se pode descer deste ônibus caso queiramos ver o que vem a seguir. E por mais doentio que por vezes isto posssa parecer, eu ainda quero ver o que está por vir.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Já pro banho!

Está uma dificuldade tomar banho lá em casa nesta semana. Desde domingo, algo indefinido aconteceu e impôs certas dificuldades técnicas para a realização desta necessidade higiênica de todos nós, ou pelo menos de todos nós que temos noção das coisas e dos odores provocados pela não-lavação das coisas.

Pois, domingo de noitinha, ia preparar-me para dormir, e como é de praxe, preparei antes um bom banho. Não sei quanto à maioria das pessoas, mas para mim, um banho é algo que prezo muito em meu dia, não apenas pela sensação de limpeza e alívio causado pela remoção dos sebos em geral, mas simplesmente por que...eu gosto de tomar banho, especialmente se a temperatura da água estiver agradável o suficiente. Banho frio nunca. Jamais. Não consigo entrar e ficar nem dois segundos debaixo dum chuveiro frio. Mas quando a temperatura da água é certa, eu me demoro um tanto a mais do que deveria debaixo daquela chuva quente - a única por este ser apreciada. Alivia muito a tensão do dia a dia, de facto. Deveras. Enfim.

Bem sei que muitos ecochatos irão apedrejar verbalmente esta fraude de biólogo, que cursou todas aquelas disciplinas de ecologia e "desperdiça" água desta forma. Mau biólogo, mau biólogo. Bem sei disso, e poderia ficar aqui defendendo meui nefasto hábito hediondo de banhar-me mais demoradamente, mas não irei o fazer. Se teve uma coisa que aprendi naquele curso é que odeio ecochatos e não lhes dou atenção.

Bem, acontece que no domingo eu inocentemente abri a torneira da água quente, e deixei que a coisa esquentasse - sim, existe um exemplar de aquecedor solar em minha casa, e sim, ele funciona e é dubão, mas temos sempre que esperar um tanto ate que a água fique boa. Ecochatos, regozijei-vos com a economia de eletricidade, ao menos. Pois, eu entrei no box antes que a água esquentasse em sua plenitude e comecei a me lavar. Em breve a água se tornou insuportavelmente quente, e então vi que deveria "temperar" a coisa com água fria para que ficasse tudo no jeito.

Acontece que, quando fui torcer a torneira de água fria, levei um choque que me deixou desnorteado. Não um choque térmico, feito se a torneira estivesse gelada ou algo assim, mas de fato havia uma corrente elétrica indefinida e inexplicável passando por ali. O choque foi digno de se enfiar os dedos numa tomada: 110 volts, 60 hertz. Fiquei alguns minutos achando que era viagem minha, mas assim que encostei a mão novamente na coisa, bem no estilo Bart Simpson sendo testado por sua irmã para o projeto de ciências, eu tomei outra descarga. Pondo meus escassos conhecimentos de física quase tísica que ainda possuo, estendi meu braço para fora do box e apanhei uma toalha, para isolar minha mão da ultrajante e indevida corrente. Com custo, consegui regular a temperatura da água escaldante e terminar meu banho, não sem antes tomar mais um choque, uma vez que a toalha se umedeceu na torneira molhada e fechou o pequeno circuito entre mim, o chão e a torneira eletrificada. Ai! E enquanto me secava, estendi o braço para secar debaixo dele e encostei a mão no cano do chuveiro. Ai, de novo!

Engraçado é que nem chuveiro elétrico eu tenho ali. O que existe na ponta daquele cano é um chuveiro queimado que nem está ligado à rede elétrica, que aliás nem existe ali. Os eletricistas que fizeram aquela parte da casa aparentemente se esqueceram de ligar uma fiação adequada a um chuveiro ali. Algo desnecessário, penso eu. Se existe um ponto de energia reservado a um chuveiro ali, nada mais lógico que NÃO ligar uma fiação adequada para um chuveiro num local onde haverá um chuveiro um dia, pois não. A lógica destes sujeitos me surpreende, por vezes.

Mas enfim, desde então tenho tido que tomar banho de chinelos e ainda assim a coisa dá choque. Tenho que usar uma dupla dinâmica para controlar a água - uma toalha para secar as mãos e a torneira e um pano seco para torcer a dita. E até hoje não sei o que foi que aconteceu, muito menos como irei fazer para resolver tal coisa. Ontem descobri que minha mãe e minha irmã foram vítimas de seus chuveiros também, logo existe um problema indefinido qualquer na casa inteira, e não somente no meu hospício, digo, sótão. Terei que chamar um eletricista, aparentemente.

Engraçado, que este episódio novamente me transportou para aquela viagem à Prado na Bahia, em 1985, e em tantas outras localidades praieiras que costumam ter este tipo de problema, não sei bem por que. Já fiquei em pelo menos uns três locais como estes, beira-mar e dotados de chuveiros chocantes. Para se tomar banho ali, tínhamos sempre que trajar chinelos e meu pai na época chegou a improvisar umas tiras de borracha por cima das torneiras, que resolvia o problema parcialmente, pois uma vez encharcadas pelos respingos do banho em si, se tornavam novamente condutoras. Era sempre uma aventura tomar um banho ali, e era mais engraçado ainda escutar as mulheres do clã gritando devido às fagulhas de eletricidade que dali saíam.

E agora, tenho que ver o que faço com isso, pois eu suponho que um acontecimento deste não deva passar batido. Algo de indevido aconteceu, para estarmos todos tomando choques em nossos banheiros. Não tenho a menor idéia do que possa ter sido, entretanto, e reluto em chamar um eletricista por sempre desconfiar destes caras, que tanto exploram nossa ignorância a seu favor. Verei se eu mesmo acho algum impropério nas instalações elétricas antes de chamar um cara desses. Nao sei bem se um choque desses possa vir a ser algo fatal, como aqueles exemplos que tanto escutamos quando crianças, de que a pessoa "gruda" na fonte de eletricidade e lá fica fritando até a mais última e definitiva morte morrida. Uma experiência eletrizante! E a última também.

Enquanto isso, devo eu retornar ao estudo das redes, não as de dormir mas as de computadores. Ah, os pesares de se ter uma "promoção" à vista: tenho eu que aprender muitas coisas que ainda não sei nem se conseguirei aprender. Veremos.

Enquanto isso, recomendo a todos que tomem banho. Sem choques, entretanto. Faz bem.

E vamos nessa que o tempo ruge.

terça-feira, 9 de março de 2010

Açafrão.

O café. Parto em busca do café, pois somente ele pode me entender nesta abjeta manhã, em que as gentes se reunem em apertadas cozinhas, sentam-se à mesa para comer com os olhos a televisão, o mundinho que tudo acontece, em que tudo acontece, com toda sua corja de sorridentes mentirosos, pagos para atuar e bem representar, se manifestar em televisivas ondas, que correm pelos ares, para outros lares, para todos os bares, para todos, para todos.

Contudo e com todos, eu me deparo com esta cena, em que as gentes se acotovelam à mesa, para falar e falar e falar, e apenas os outros ficam a esperar, a sua vez de falar e falar, de tudo e de todos, mas de nada. Nada por nada, noves fora, zero. E assim como as coisa são, eu também o sou, daqui de minha nova sala, de minha nova ocupação, de minha nova preocupação. Andei sem andar, subi sem subi, nem sei se mereci, por isto e por aquilo, e por deixar de ser, deixar de cre, deixar de fazer, cá estou, sempre a me perguntar, o que foi, o que fora, o que poderia ser.

Dizem que faz parte, desta arte que é viver. Mas o que é isto, esta coisa, estas coisas que nos poem a fazer, o que deveríamos fazer, o que deveríamos fazer. Onde estão as coisas, aquelas coisas, que há tanto tempo para nós tanto significavam? Onde foram parar, onde foram ser vivenciadas? Eram para nós nossa vida, nossa estrela guia, nosso sentido, nosso objetivo. Onde forma, para onde foram. Tudo passou mas nada aconteceu, tudo sarou, mas a dora ainda existe, tudo está em ordem, mas assim não é. Não foi. Não poderia ser.

E se digo que sou nada, minto, pois bem sei, bem o sei o que sou, esta coisa à parte, esta coisa que não entende nada nem ao menos faz questão de entender tudo, mas ainda assim se depara com toda esta insanidade, esta necessidade de a tudo ser, a tudo conhecer, a tudo agradar, a todos agradar, enquanto o outro lado sabe que não é bem assim, não pode ser bem assim, não deve ser assim.

Nunca foi assim.

Quem é você, que tanto me conhece mas que não existe, quem é esta pessoa que tanto existe sem existir, sem fazer, sem acontecer? Quem, há algumas décadas anda sem sair do lugar, conhece sem conhecer, faz sem fazer, mas sonha por sonhar, por ter que sonhar, por ter que ser o que é sem nem ao menos quere assim o ser, sem nem saber por que, porquera.

Quem, quem foi esta pessoa? Quem dela se lembra, que dela algo conheceu, algo tirou, algo compartilhou? Existir sem haver, haver sem estar, sem ficar. Sem deixar marcar, sem deixar marcas, sem deixar nada por nada. E lá fora, o verde existe, o tempo passa e as coisas existem, sem que nenhum deles saiba, sem que nada se pergunte por que, indagação inútil e perigosa esta, que tanto nos leva a tudo sem nos levar a nada. As cores são porque o são, o carro é o que é, as pessoas...

O que são as pessoas?

Quem são elas, que se acotovelam em mesas para o repasto alheio?

Quem, fica lá sem nem ao menos lá estar?

Quem se importa? Quem se pergunta o que perguntar? Quem se importa em ao menos lá estar, sem nem ao menos saber para quê lá está? Quem sabe o que não sei? Quem sabe o que sei? Se ninguém sabe nada, então por que sabem o que não sei? Sabem o que não sei, não soube, não saberei fazer? Como sabem, como sabem?

Quem se importa?

O café. Busco o café. Bebo o café.

E chego ao fim.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Gizes pretos de desenhar.

Aqui estou, como de costume. Diante de mim uma lata suarenta de coca-cola, geladaça, e alguns pães de queijo. Não costume me indulgir de tal forma nos confézes da manhã, mas desde ontem a noite já vinha com este desejo. Sublime mistura esta, de pães de queijo e coca. Quase tão bom quanto Ruffles e coca. Bobagens sempre caem bem, inda mais segundas feiras pela manhã. E em momentos como este, em plena segunda de cinzas - todas as segundas salvo feriados são cinzas - é bom fazer um agrado a nós mesmos em ocasiões como esta.

É chegado também o momento de realizar o balanço do final de semana, como sempre. E felizmente tenho o prazer de informar que quase tudo teve bão neste par de dias em particular. De facto, teve muito bão. Sábado foi um dia de rock, deveras. E mesmo que eu estivesse um tanto quanto cansado devido à irregularidade do sono na semana passada, eu para o show me dirigi, acompanhado de minha irmã e companheiros e companheiras diversos, parando antes para tomarmos a fresca em um buteco qualquer da savaca.

Depois de consumir dois pasteis de azia e alguns refrigerecos, já estava turbinado o suficiente para o show, e para lá fomos, rachando todos um táxi e pagando ainda menos que um busão para as imediações do Santa Teresa, bão, bão. Entretanto, lá chegando, tive uma má impressão devido ao porte das pessoas na porta presentes. Creio eu que estou desatualizado com a cena local, ou simplesmente achando a cena local cada vez mais deprimente. As pessoas estao se vestindo e se comportando de maneira muito estranha e hedionda. Devo estar ficando velho, de fato.

Afinal, para lá eu tinha ido apenas para ver um bom show de rock, e não para ver bizarras pessoas com hábitos esquisitos. O evento em si foi um festival envolvendo quatro bandas, sendo que somente uma eu queria ver de fato era o Black Drawing Chalks, banda de rock muito boa, originária de Goiânia(!) e que definitivamente marcou a noite e fez valer o preço do ingresso. As outras bandas eu "se esqueci" dos nomes e não mais achei o link do festival. Mas foram tão, mas tão irrelevantes que nem vale a pena eu procurar muito tais referências. A primeira banda era um pop-rock meio ska, meio chatinho e felizmente de curta duração. A segunda....Bem, a segunda foi por nós escorraçada, retalhada, vaiada e execrada. Descobri que não sou o único de minha turma que não gosta de reggae. Todos nós passamos raiva com o segundo show, que não acabava nunca e era muito, mas muito chato.

No término da malfadada banda de reggae, eu já estava me perguntando se não teria sido melhor nem ter vindo naquele espetáculo, pois eu estava muito, mas muito quebrado, com dor nas costas (Meus ossos! Meus ossos! A terceira idade é cruel) e querendo fazer os guitarristas/vocalistas de reggae engolirem seus chapeuzinhos. E ainda achava que iria haver um outro show antes do que eu realmente estava interessado, mas felizmente estava errado, pois os goianos subiram no palco, com suas caras de Sabbath(o vocalista era muito mas muit Sabbath ao menos) e atitude mais rock'n'roll transparecendo mais facilmente que os prévios integrantes que ali estiveram.

Não me desapontei. O show deles foi do caralho, muito bom mesmo. Salvou a noite: o pessoal todo fez festa, mosh, stage diving, pessoas invadindo o palco e fuçando nas guitarras dos caras, e tudo de boa, sem rolar nenhuma sorte de confusão ou brigas. O som deles é muito bom, bem pesado, bem stoner. Do jeito que nós todos gostamos. Seu show também é como um bom espetáculo de rock deve ser, sem muitos fogos de artíficio, mas com guitarras altas e distorcidas, batidas estrondosas e muita diversão. Fui agraciado até com um inusitado par de peitos feminios que de repente surgiram no meio da multidão. Me parece que "tomara que caia" neste caso não é uma vestimenta adequada...

Depois do show deles, para mim a noite estava encerrada. Eu me arrastei para o fundo do bar, quase mesmo rastejando-me no chão, tamanha era minha dor nas costas. Quando de repente avistei uma cadeira vazia, foi como se avistasse um oásis após uma estadia num deserto. Acho que nunca me senti tão satisfeito em realizar um ato tão trivial quanto me sentar. Ainda demoramos a ir embora dali, entretanto, pois surpreendentemente mas sem muita surpresa, algumas de nossas companheiras do grupinho da noite se mostraram autênticas groupies e ficaram assediando os integrantes da banda. Eu, que não queria saber de mais nada, delas me despedi e para fora de lá me dirigi.

A noite foi encerrada com um acontecimento que me será memorável: saindo de lá, do céu estavam caindo gotas e mais gotas. Caminhei junto com Max e Alice até as imediações da Savaca, onde apanhei um táxi e voltei para casa. Se aquela cadeira no bar era como um oásis, avistar minha cama foi como avistar o paraíso em si.

Para finalizar o final de semana, eu e minha irmã estávamos definitivamente impelidos a nos dedicar a nossas tão faladas afinidades musicais. Depois de um show como aquele, tudo que nós queríamos era estar fazendo o mesmo, ao menos um pouquinho. Lembro-me de nossa última apresentção como "banda", uns cinco anos atrás, e o quanto aquilo nos fez bem - costumo sempre me lembrar daquela noite com um franco sorriso no rosto. Foi legal demais. Então, nós estamos levando adiante, devagar e sempre, a proposta quase óbvia de unirmos forças para fazermos algo de significativo com toda essa nossa dita afinidade pela música.

E ontem a coisa teve muito boa entre nós. Acho que foi a primeira vez que conseguimos tocar juntos e com certa cadência um par de músicas, ainda alheias mas é necessário treinar-mo-nos primeiramente. E sentir aquela famosa sensação, aqui por mim tanto descrita, de arrepiar-se durante tal processo, fez-me muito bem e me deixou mais animado.

Certo, estamos marcando passo de até hoje não fazermos o óbvio, mas é sempre tempo de começar. E tendo em vista que temos que começar de algum lugar, creio eu que este lugar não está tão mau-arrumado assim. Veremos como a coisa se desenvolve no decorrer dos acontecimentos; agora é tarde já e tenho que voltar à cinzitude desta segunda.

Vejamos o que vem a seguir, pois não.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Dulcíssimos doces.

Ontem foi-me um dia inicialmente estranho, que começou com um mau presságio, como se uma onda de chatices fosse tomar conta da totalidade do dia e tornar minha rotina de trabalho um inferno. Confesso que cedi para o mau-humor e comecei a crer que seria mais um daqueles dias infernais. Não sei bem em que momento resolvi debelar tal sensação, mas sei que certa forma funcionou, pois a partir do meio dia em diante as coisas melhoraram bastante. Aquela chuvinha mole e chata se foi, e a atmosfera reinante no trampo ficou mais leve.

Resolvi também, de última hora, comparecer num festival de música que irá acontecer no final de semana, com bandas que mal conheço, mas mesmo assim, estou disposto a ir mais em aglomerações como esta, pois sempre é bom ir num showzinho de rock, nem que seja para se reunir com os amigos e ficar lá xingando a banda. Eheheheh. Mas creio que não será bem o caso, pois uma das bandas que irá tocar neste semana-fim é das melhores que já escutei em terras nacionais brasileiras de nosso país e de nossa gente, redundantemente ou não.

Ao término do expediente, combinei com um de meus companheiros do rock de encontrarmo-nos para que eu fosse comprar os ingressos, eis que também financiei a ida de minha irmã ao evento. O engraçado é que lá nós fomos, batendo perna naquele labirinto chamado centro, com tanta e tanta gente, que teima em atravancar o caminho de um cidadão normal, isto é, não-lerdo. Andamos e andamos desviando de todas aquelas gentes bizarras que por ali se encontravam, e compramos a dupla de ingressos. A primeira etapa da missão foi cumprida. Agora é esperar até amanhã às 20h e verificar como vai ser a coisa em si.

Mas o engraçado, o fato que serviu de sustentáculo principal para que eu elaborasse agora o que estou a escrever neste exacto instante, foi o que aconteceu depois, e que agiu em conformidade com o restante da semana, ao menos em termos de transporte mental ao passado. Explico melhor: quando saímos da galeria da praça 7, meu companheiro se lembrou de passar em uma lojinha ali perto, estabelecimento este que nem sabíamos se estaria aberto. Enfrentamos por mais alguns minutos, algumas passadas, a turba errante que ali se concentra todos os dias e para a tal loja nos dirigimos.

Lá chegando, o júbilo tomou conta. Estava ainda aberta. E ainda existia do jeitinho que eu me lembrava. Sim, ali já havia estado antes, e há muito havia me esquecido daquele local, sendo transportado de volta para eras passadas apenas contemplando o estoque farto da lojinha.

Trata-se de uma daquelas lojinhas famosas do centro, onde se vende muito, mas muito...açúcar em sua forma mais tentadora. Doces. Balas. Chocolates.

Faziam ANOS que eu não entrava em uma loja como aquela, e confesso que gastei mais do que gostaria de gastar, mas fui transportado pelo entusiasmo do momento. Eu sempre fui muito fã de todas estas bobaginhas tão doces, tão saborosas, tão criminosas. Colorídissimas balas, sacos e sacos de mastigáveis cariáveis. Pirulitos, chocolates, toda aquela dulcíssima combinação de sabores azedos e doces, com cores "a la neon" por módicos preços. A mão coçou, a carteira se abriu e o dinheiro de lá saiu para pagar a baciada de balas e chocolates que dali levei. É fantástico. As balas são muito mais baratas do que aquelas compradas em qualquer outro local, e ainda por cima pode-se fazer um "pupurri"(sei lá como se escreve isso) de diversos tipos delas, pelo mesmo preço.

Eu, que sou um ex-gordo, conheci de perto o vício por tais coisas. Na época do colégio, eu juntava meu miserável dinheirinho e baixava em uma loja similar nas imediações de minha escola, e torrava tudo em drops, balas e quejandos. E passava a tarde inteira mastigando tudo aquilo, provavelmente sentado diante de um computador ou de um videogame. Não era de se estranahr que eu tinha aproximadamente de 20 a 25 quilos a mais de banhas espalhadas pelo corpo. Nerd, sedentário(estas palavras são quase sinônimos, creio eu) e com muito açúcar colorido nas mãos. O que mais pode dar errado?

Mas era muito bom, ficar ali se entretendo com alguma espécie de jogo eletrônico - o que mais poderia ser? - enquanto ficava ruminando incessantemente tanto açúcar colorido. Lembro-me de um final de semana que comprei um saco de 1 kg daquela famosa bala Soft - mais dura que uma pedra, apesar do nome - e ter ficado todo o final de semana jogando Ultima 7 e me "alimentando" do contúdo do saco. No término do final de sumana, o saco NÃO estava vazio, mas quase. Eis que sempre restam as balas de mau sabor, como menta, decorando o cadáver do recipiente. Inclusive um de meus amigos, sempre joselito, tinha um uso especial para tais inúteis confeitos, servindo de munição para se atirar em inocentes transeuntes à rua defronte à casa de outro amigo seu. Ri muito deste caso.

Ontem eu dormi até mais tarde porque tive que fazer o "test-drive" dos produtos ali adquiridos. Foram aprovados com louvor, e mesmo me assustaram, pois eu sentei-me defronte ao computador, e não resisti. Pus para rodar minha cópia ilegal do jogo Fallout 3, e me pus a jogar um tiquinho, enquanto saboreava o saco daquelas quase luminosas e radioativas balas de goma ultra-ácidas em forma de minhocas.

Eu não conseguia parar de comer as desgraçadas coisas. São muito, mas muito ácidas de fato, do jeito que eu gosto. Tive que me conter lá para a meia noite, pois ainda precisava dormir. Eu juro que misturam alguma espécie de crack naquela josta. Mas felizmente aquele ácido crack tem um efeito colateral que me impediu de continuar a glutonice: eu cortei minha boca toda, enchi de aftas a língua e a gengiva, e estas se levantaram quase de imediato, causando aquela excelente sensação ao se escovar os dentes e relar a escova nas raízes expostas dos dentes. Só quem já experimentou tal coisa sabe o quanto que é bããããooo. Sabe-se lá porque isto comigo acontece; presumo que seja um mecanismo de defesa contra a joselitice do controlador do corpo em questão.

"Pare de comer essa porra, miserável!"
"Pô! Tá tão gostoso! Só mais uma pontinha, digo, mais uma balinha! Deixa, deixa!"
"Vai doer na hora de escovar os dentes seu troncho!"
"Mas tá tão gostoso! Só mais uma . Ou sete."
"....Tá bom, vai lá."

De qualquer forma, lá estão a me esperar, todas aquelas coisas criminosas. O final de semana promete, creio eu. Ainda bem que não sou mais o gordo dantes, que conseguia dar cabo em tal quantidade imensa de doces químicos em questão de horas. Hoje em dia eu tenho que pensar não somente na aflição das gengivas levantadas, mas também nas cáries que possam vir a surgir de tal orgia açucarada. Creio que o inferno deve ter uma cadeira de dentista: não existe cadeira mais desconfortável e causadora de imediato tensionamento de TODOS os músculos de meu corpo.

Vamos ver. Amanhã tem rock, hoje tem doce. E guitarras e baixos e computadores e...

É, a vida de um nerd é quase sempre a mesma, eheheheh. Mas tá bão também.

E que venha o final de semana afinal. Segunda tem mais...Inté.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Teletransporte? Musitransporte.

Cá estou, em plena viagem para Prado, na Bahia, em 1985.

Não, não se trata de mais um devaneio sem sentido de minha parte. Certo, isto acontece todos os dias, mas não é disso que estou a falar, não hoje ao menos. É que hoje acabo de chegar aqui e fui subitamente transportado para a data em ocasião, uma vez que meu chefe de setor cá estava a escutar rádio via internet, mais uma destas maravilhas do universo moderno todo interligado por esta imensa rede. E na audição da rádio em questão, eis que surge uma música que ouvi em demasia na ocasião - a saber, Dire Straits com "So Far Away" - época em que alugamos uma casa nesta cidade e para lá fomos, em julho de 1985. Viagem frustrada, com muita chuva.

Mas divago. O que por vezes me surpreende é como eu faço certas associações mentais com músicas: existem certos momentos de minha vida que estão firmemente relacionados, - no ponto de vista da memória, ao menos - com a melodia sendo tocada na ocasião. Assim, quando escuto "Você Não Soube me Amar", da Blitz nacional, sou transportado para 1982, viagem à Cabo Frio, Rio das Ostras e imediações. Ali ouvi esta música até mandar parar. Na viagem de Prado outra música que imperou foi a versão de Joe Cocker de "Unchain my Heart", que sempre que escuto me faz viajar de volta para aqueles remotos dias.

Mas nem sempre as músicas trazem boas memórias, como se era de esperar. Por vezes, situações chatas também ficam para sempre associadas a certas músicas que estavam rolando na ocasião. Existe uma música que musicou (que frase horrível) certo espetáculo de teatro do Grupo Galpão, não sei bem nem o nome da peça muito menos da música em si, mas que sempre que escuto, sinto-me mal. Pois foi ela que me embalou durante certa noite de 2004, dia em que havia decidido terminar com um certo rolo da época, e foi muito chato. Sempre evito de escutar esta música. Felizmente, gravações do Grupo Galpão não fazem parte de minhas preferidas musicalidades. Existe uma banda - Dramarama - que gosto bastante, mas que possui uma música que até hoje me causa calafrios quando com ela me deparo no shuffle de meu iPod. Tal canção marcou uma noite horrenda, em que atuei como "agente preparatório para a pegação alheia", ou como diria um ausente amigo meu da época da biologia, fui o "vinagrão" - preparei a salada para que outros dela comessem. E foi uma de minhas piores visões da vida, você ver todo aquele seu "esforço" ir por água abaixo...

Por este motivo, existem certas músicas que fujo mais que tudo, que realmente me causam pavor, especialmente se estiverem associadas com maus momentos, maus hábitos, maus dias...Por mais que elas possam ser ótimas músicas, eu tenho que as evitar. E por vezes, isto pode significar a ruína de certas audições.

Existem outras sensações externas que igualmente nos transportam para certos redutos de nossa memória, como um passe de mágica, e acho que todos têm estas associações mentais encerradas dentro das cacholas, ao menos assim creio eu. Aquele cheiro daquele prato naquele almoço naquele dia, a visão de certo objeto inusitado, quer seja ele um carro, uma casa, uma paisagem familiar...não importa: você recebe o estímulo sensorial e todas aquelas conexões mentais, todas aquelas sinapses, toda aquela noradrenalina, acetilcolina e seja lá mais o que for entra em ação e ativa aquela zona da memória há tanto enterrada.

E dependendo de quem esta associação afeta, isto pode gerar uma sessão de nostalgia mental que pode perdurar por horas e até mesmo dias, em especial se o princiapal envolvido for uma pessoa com minha índole introspectiva. E viagens erradas existem e abundam.

Mas, enquanto existem tais desvantagens, por vezes escuto de propósito certas músicas, pois sei que elas irão me transportar para momentos legais. Aquele final de tarde em Itacaré. Aquela viagem de campo muito boa na biologia. Aquele final de semana em que finalmente subi num palco pela primeira vez, munido de guitarra e vergonha, mas que no final foi muito mas muito legal.

É bom ter estas referências. Relembrar é viver, enfim. Ou algo assim.

E agora, eis que a música que devo escutar é o lamento estridente da impressora matricial a despejar folhas e mais folhas de estranhos números, mas que tão importantes são para a sobrevivência deste império dos sentidos...sem sentido.

Assim, assado. Até a vista.