quarta-feira, 31 de março de 2010

Damasco fica na Síria? Ou em BH?

Promessa é dívida, então cá estou eu.

Falo isto logo de cara pois ontem me deparei por acaso com uma "twitada"(que coisa mais ridícula, este neologismo internetal de última hora) de um amigo meu em que o pulha citava seu até então por mim desconhecido blog. Como sou este ser que escreve e escreve e escreve e está sempre tendo que arrumar assunto para ter o que escrever nesta coluna quase diária, resolvi me usar deste acaso para no dia de hoje ter como assunto este meu amigo em questão. Fica como um exercício mental sobre a criatividade de se ter que elaborar um texto sobre o que quer que seja que me apareça como assunto e também como uma forma meio fraudulenta de se presentear este cara, que muito prezo mas que teimo em esquecer-me de seu aniversário entra ano sai ano. Enfim, vamos ver no que dá.

O cara em questão chama-se Eduardo, mas todos nós mais conhecemo-no como simplesmente Damasceno, que é seu sobrenome. É mais um desses sujeitos que tive a sorte de conhecer numa época conturbada de minha vida, que estava atendendo as aulas de desenho naquela escola simplesmente denominada Casa dos Quadrinhos daqui de Belzonte. Lembro-me que um outro amigo, que na época também era meu professor de desenho animado ali, ter citado seu nome como um cara que desenhava muito - mas que ainda não sabia - e que era muito conhecedor daqueles desenhos típicos importados daquela terra de loucos que é o Japão. Vale a pena aqui dar uma bizoiada nos demais vídeos WTF Japan deste canal do YouTuba pra se ter noção do que estou falando em termos de absurdos.

Engraçado que agora faço este exercício mental de reviver esta experiência de travar contacto com Damasceno, mas não me lembro ao certo qual foi nossa conversa inicial, muito menos me lembro da data em que travamos contacto pela primeira vez. Me recordo que naquele primeiro momento o próprio Daniel tinha se referido a ele como "muito tímido, nas aulas sobre mangá que ele está prestando assistência ele apenas existe, é quase uma presença espiritual na sala."

Muita coisa mudou, muito tempo se passou desde então. Perdemos muito de nosso contato de tempos para cá, bem sei que por minha única e exclusiva culpa, por ter me tornado o mais célebre eremita do bairro Mangabolhas, e disto me lamento, mas voltarei a este tópico mais tarde. O que me causou pesar foi ter lido seus textos de seu blog, por sinal muito bem escritos e elaborados, e constatar que as viagens erradas ainda abundam na mente de meu amigo, tombado no dever de ter se entregado a certas paixões que não lhe fizeram nada bem. Embora tais experiências sejam necessárias na vida de uma pessoa, mesmo que sejam ruins, elas são necessárias, ou pelo menos assim o creio nos dias de hoje. Como diria Manuel, o Bandeira no poema Gesso: "Só é verdadeiramente vivo o que já sofreu."

Ainda que tal experiência tenha servido de matéria prima para sua produção artística, fico impressionado de ver que até hoje a coisa lhe importuna e lhe faz ter más lembranças ecoando na cachola e atordoando a alma.

Ou não. Sempre existe a figura inemovível do "Ou não." Talvez esteja ele falando de novas inquietudes do coração e da mente, e não daquela experiência a qual cito aqui, que me foi a única que tive notícia até então. Sim, sim, grande amigo este que se ausenta em irredutíveis redutos, que se enclausura em sotanescos sótãos e lá fica, Noiado, escrevendo merdas as quais não tem nem ao menos certeza de sua veracidade. Muito bem, Buriol.

Mesmo sendo eu este ser que ultimamente tem cada vez mais se descoberto autista de humanidades e quejandos, eu me preocupo com aqueles que para mim têm alguma importância.
E me preocupo mais ainda quando um companheiro em comum informou-me jocosamente, meses atrás, que "Damasceno está ficando parecido com você, morando num sótão e se isolando do mundo."

Não, não, não. Não é este o caminho. Por Mitra. Não. Não desejo a outrem minhas viagens erradas. Escrevo sobre elas, sim, mas com o simples intuito de talvez servir de mau exemplo. Nisso eu sou craque, o mau exemplo nato. Já escrevi impropérios sobre minha má reação acerca de estar perto de pessoas as quais admiro, e Damasceno foi um destes contemplados nas infame crônica de meses atrás. Mas aqui reitero meu aviso: Não, não façam como eu, dá tudo errado. Palavra de honra.

Eduardo Damasceno é ainda para mim um paradigma, não somente como desenhista(fedaputa dos infernos!!! Eheheheh) mas como pessoa, que, acredito eu ao menos, ser bem mais maduro e ser possuidor de reações mais adequadas perante certas picuinhas da vida que é ser um destes caras que curte fazer aquelas práticas nada valiosas para este mundo capitalista de hoje em dia. Lamento muito ter escolhido mau e ter me tornado um Noiado no Sótão, privando-me quase por completo da presença e influência deste cara(e de tantas outras pessoas que realmente valem a pena). Estou tentando agir com pessicologia reversa estes dias e me sanar da loucura auto-infligida, mas é algo que tomará mais tempo até que tenha resultados concretos. Se chegar a 10% da produtividade deste psicopata, estarei feito, creio eu.

Enquanto isto, manifesto aqui meu apreço por este cara e agradeço o que de positivo levei de nossa convivência. Espero um dia conseguir levar a cabo o projeto de crescer e me tornar um pupilo de Damasco, o Eduardo, especialmente no quesito produtividade artística, emblema este que deve ser exibido com toda a pompa por pessoas a ele semelhantes. Se assim me for possível, evidentemente. Pois dizem que à sombra de grandes carvalhos, nada cresce. Ehehehehhe.

Mas falo isso de brincadeira. O importante é que seu cargo de paradigma ainda impera, caro Damasco. Você é daquelas pessoas que encontrei na vida e falei para mim mesmo, "quero ser parecido com este cara!" logo de cara, assim na cara mesmo. Urra. Se for pela infeliz combinação de pavras parecidas numa mesma frase, cá estou, bem realizado. Sei que tivemos - e temos - nossos desentendimentos e nossas divergências, especialmente em quesitos artísticos: eu com meu chororô e você com sua espontaneidade. Típicas conversas da época da Môco velha, quando ela ainda existia e era ali sediada. E fodam-se os quesitos artísticos, para falar a verdade. O importante é que este é um cara que posso denominar amigo de fato, um daqueles caras que podemos confiar neste manicômio arredondado que é este planeta.

É muito bom encontrar um não-frango no meio desse galinheiro. É algo que está se tornando cada vez mais díficil de ser feito nos dias de hoje.

Bem, este "presente" se tornou bem mais meia-boca que eu gostaria que tivesse saído, mas assim é a sina de quem geralmente se vale do improviso todas as manhãs na hora de redigir estas mal-traçadas linhas diárias. Triste e esfarrapada desculpa esta, bem sei; assim como são tristes e esfarrapadas quaisquer tipos de desculpas semelhantes. Como as por mim utilizadas para não estar produzindo graficamente como gostaria. Como Damasceno faria. Eheheheheh.

Presente meia boca por presente meia boca, fica aqui registrada esta coluna do dia, que ela sirva de oferenda aniversarial a Damasco, este ser que faz aniversário em uma data que não me lembro, mas que me parece ser algo em torno de maio, dia vinte se não me engano. Algo que o faz taurino nessa bobajada que é o "horósco". Hábito que alinhás adquiri recentemente, ao ver as postagens deste cara no twitter. Diariamente tenho lido aquele shuffle de frases e palavras que é o twittascope, somente pelas risadas. Pior que aquilo, só o horósco dos busão's dotados de TVs que estão por aí circulando...

Taí, meu amigo. Espero que lhe seja de seu agrado, e espero não ter falado merda demais...E me desculpe se ainda não tenho dinheiro para comprar aos meus amigos presentes de verdade. Um dia terei, e me retratarei de semelhantes infâmias. E peço perdão pelas minhas eventuais falhas, pois bem sei que um dos opróbrios mais infames que já fiz está narrado em algum arquivo deste blog. E tinha a ver com o senhor e um de meus outros paradigmas vitalícios, aquele ser que desenha peixes e vermes. Ou peixes e plantas com vermes. Tipo.

É o revés de ter como amigo um Noiado no Sótão, meu caro. E reitero aqui minha síplica: NÃO se torne um. Não vale a pena.

"Por uma boa vida", como dira você mesmo, meu caro.

Por uma vida menos ordinária, como diria Marcos, o Burian.