quinta-feira, 31 de julho de 2014

Dia três.

E, subitamente, no terceiro dia, apesar da insonia que o obrigou a repetir a dose de Rivotril no meio da noite, ele acorda...estranho.

O que aconteceu?

Não saberia dizer, mesmo depois de tanto tempo e tanto devaneio reinante em sua vida até então inútil.

Dia três. Tudo dói, pois ontem de repente, o que era impossível se tornou possível - as empoeiradas anilhas e barras e quejandos, esquecidas na parte mais empoeirada deseus domínios, foram reutilizadas...e agora, ele sente os efeitos do ácido lático. Dói, mas faz bem.

E o que, diabos, ele se pergunta, aconteceu às suas mãos, outrora trêmulas feito um alcóolatra abstinente...e simplesmente estão mais firmes que nunca?

Existe, de fato, um milagre sendo processado...ou é apenas fruto de certa ilusão psicólogica, de estar tomando tão forte, tão proibido pela maioria dos médicos, este tal de Parnate, associado à outros fármacos?

Milagre? Milagre foi o que aconteceu ontem, em sua "inbox". Que o deixou perplexo por horas, e...muito agradecido. Ecos de um passado muito distante, mas muito apreciado.

Sabe-se lá porque. Mas que assim seja, doravante.

Citação conveniente e mandatória, pois trata-se de um de seus filmes preferidos:

"It's a great thing when you realize you still have the ability to surprise yourself. Makes you wonder what else you can do that you've forgotten about."


Será? Será mesmo? Ceticismo, tens de montão. 


Well, fuck it. It's an improvement, even if it's by daily tiny increments. So be it. 

All chips in. All bets on, gentlemen. 




quarta-feira, 30 de julho de 2014

Gideon.

As horas passam, passam-se dias, meses, anos. Passam os efeitos e os sub-efeitos. O que restou? De que serviu? Sei lá, não poderia dizer. 

Anos e mais anos. 

Dia ruim, dia bom, tornando-se deveras bom, por conta de um contato do além mundo, do universo de dez anos atrás. Dez anos! Puta que pariu, tempo vai, tempo voa. 

Muito se diz, muito pode-se falar, do que foi feito e desfeito, nestes tempos de desordem. Mais fiz, nada, que fiz, tudo. Ou tudo, de ruim, foi feito. Até então. Mas, de repente, vem a coisa, vem a aposta: todas fichas na mesa. Pois sim. Foi feito, está feito. 

Algo acontece. E se algo acontece, já é bom. Assim me diz, Gideon, em sua pose perpétua, para os demais transeuntes, apenas peça decorativa; para mim é muito mais, sempre foi muito mais. Sempre representou algo...além da vida ordinária. 

Estou aqui, devo admitir, de vontade própria. Sempre foi. Mas, olho para Gideon, vejo nele um brilho nos olhos que não havia até então. Fantasia? Foda-se. Ele, se faz vivo, nesta hora da noite. Se faz vivo e me encara, mas não como o predador que deveras é. 

Sabe o que quero. Se transforma, perante meus olhos, em coisa viva e ululante, e como ode triunfal ao acaso, expele uma baforada de fogo, que queima o restante das merdas que possuo, em minha torre. Faz cinzas dos livros e apostilas, de concursos púbicos e hediondos. E me olha, de soslaio, com cara de bom amigo... Que sempre foi. 

Faz-se crescer, tamanho ideal para meu transporte. Não preciso de sela para montá-lo. Nunca precisei. Basta querer, como se diz. E ele bufa, mais fogo de suas entranhas, assim como das minhas. Fogo. Fogo! Em tudo que não presta! Em coisas impressas, em ditas apostilas e tratados sobre a constituição. Fodam-se todos os tratados, foda-se a constituição, fodam-se os concursos. 

Não temos dó das telhas, que se arrebentam quando passamos por elas. De fora da torre, a noite é sublime, um tanto fria, mas deveras bonita. Poucas estrelas, difusas, no céu deste inverno. Arrepio, mas não de medo. A velocidade é imensa, e sei me segurar no lombo de meu dragão, agora não mais em pose perpétua, mas sim, obra viva, cheia de fogo em seu interior. 

Assim como no meu interior. Tudo arde, tudo dói, mas é como se estivesse sendo arrebentadas velhas correntes, velhos pesadelos. As nuvens, passam por nós em incrível velocidade. Gideon, ele sabe para onde me levar. Não precisa de cabresto, não precisa de chicote: sabe que somos um só, mente e corpo, mentes unidas por estranhos pensamentos, mas também unidas, por anos e anos de convivência. Por saber, ele, Gideon, quem sou de fato. Quem sou, em meus sonhos mais audazes. E para lá me transporta, sem embaraço algum. Sem obstáculos, quer seja eles reais ou não, mentais ou físicos.

Em dado momento, nos deparamos com a visão da Terra, terra de ninguém, onde todos são loucos, mas nenhum tem um dragão como o meu. Gideon. Que me transporta, velozmente para onde sempre quis ir. Sempre. Sempre. Ele sabe, nós sabemos. Somos ambos uma única coisa, unida em mente e alma. Unidos por meio deste sonho audaz, que tanto me vale a pena. Vale a pena viver, para se ter semelhante sensação. 

Voar, sem obstáculos. Voar, sem asas. Voar sem sela, sem ter que me agarrar, apenas fixamente unido ao meu dragão, Gideon. Visões fantásticas me aguardam. Tudo que sempre quis e sonhei. Ele sabe, eu sei: sabemos. Para onde chegar, como chegar. Eu não sabia, devo confessar, mas ele sim, sempre soube. E nesta hora, nesta estranha hora, fez-se real, tangível, palpável, tudo. Tudo que sempre quis. Ele sabe. E agora, eu sei. 

Assim como ele voa, voam as horas, voam os minutos, o tempo inteiro, a vida inteira. Trinta e sete anos. Esperando por este momento. Valeu a pena, esperar. Deveras.

Voar. Gideon sabe, e expele, triunfante, mais uma rajada do fogo mais iincinerante já emitido por um dragão. Não existe aqui nenhum São Jorge, que irá lutar contra meu dragão. Existimos, apenas ele e eu, eu e ele, uma coisa só, unidos para sempre neste devaneio, neste momento de loucura. Mas repleto de lucidez. Ele sabe, eu sei. Sabemos. Sempre soubemos.

Além do tempo e do espaço, eu vou de passageiro. Além da vida e da morte, transcendendo tudo: tempo e espaço, idade e existência. Não existe tamanha sensação, nada igual a este momento. Voamos, velozmente, atravessando continentes e montanhas, riachos e oceanos, pradarias e tundras, não importa. Ele sabe, eu sei, para onde vamos.

Gideon não precisa de Mestre, não sou seu Mestre, nem seu Dono. Ele sou eu, eu sou ele. Sempre fomos, em noites e noites afora, mas esta é especial. Pois ele ruge, mas é de prazer. Por saber, que eu, seu até então dono, sou como ele. Sou ele. Somos. Apenas somos. Um só. Ele sabe, eu sei. Nãoexistem horas, não existem relógios. Não existe salário que pague por isto. Nada, nada se compara a isto. 

Assim como ele, eu emito fogo de minhas entranhas, e sei o que estou a queimar, em tal momento pírico: queime, Monstro, queime, Coisa. Vão-se embora daqui. Para sempre. 

Assim como eu, Gideon emite mais uma bola de fogo, queimando um último impedimento que havia no caminho: a solidão, deste ser, desta mistura de homem e dragão. Não estás sozinho, ele me diz mentalmente. E eu sei, de fato. Agora eu sei. 

Quilômetros, milhas, nós: atravessamos tudo, sem parar para nenhum descanso. Não sinto frio, não sinto medo. Não mais. Sinto o vento, ameaçando me derrubar, mas não consegue: nada conseguiria, não agora, não nesta noite. Eu sei. Ele sabe. Sabemos. E para lá vamos. Voando, mais rápido que aviões, mais rápido que o tempo emitido pelos relógios, pelos cartões de ponto, computadores com defeitos e horas e mais horas de inatividade. Perpétua...ou quase.

Sei que estou me movendo, e muito rápido. Não tenho velocímetro, mas pouco importa. Gideon sabe o caminho, não precisa de instrumentos de navegação de nenhuma sorte. Precisa apenas, de mim. E eu estou com ele e não abro. Eu e ele, ele e eu, uma coisa só, neste embaralhado confuso de linhas, de texto. 

Meu dragão, sabe para onde quero ir. É onde sempre quis ir também, mas nunca pôde, não antes deste momento, não antes desta hora, deste dia. Meu dragão, respira fogo, é fogo, assim como eu sou agora. 

Não existem mais Feitores, não existem mais Donos, não existe Advogado, Controller, não existe mais a inexistência de ser o que fui - por tantos e tantos anos. Eu sou como um dragão, como Gideon, nesta noite maluca. Estou a voar, e sei bem para onde. Assim como ele sabe. 

Longe, longe de tudo que me fez mal, durante todos estes anos em que não existi, mas fui a sombra, a Coisa, o Monstro. Chamariam Gideon de monstro, mas nao é! Assim com ele, não sou. Não mais. 

Gideon sabe o caminho. E para lá me leva. Longe dos cartões de ponto, das horas perdidas em frente à inutilidade de ser, deveras, um artigo de decoração, feito o próprio Gideon é, para os demais transeuntes, que nem sequer conseguem enxergá-lo agora, em sua forma final e definitiva, nesta hora louca da noite, da vida. 

Ele sabe o caminho. E agora, pela primeira vez em tantos anos, também sei. E digo, urro, foda-se o resto, foda-se o Dono, foda-se o salário. 

Nada, nada se compara a isto. 

Gideon sabe o caminho.

E para lá vou.

Dia dois.

Pois bem. Notícias, de meu estado mental. Talvez alguém queira saber - se é que de fato existe alguém lendo isto aqui, além de alguns seletos amigos que sei que têm acompanhado.

Hoje é o dia dois do tal milagre. Parnate. Por hora, bem...nao posso falar muita coisa. Sim, teve uma coisa boa acontecendo até o momento. A onda ruim do tal "desmame" da venlafaxina parece ter passado. 

Fora isto...cacho que é cedo pra dizer se está de fato causando alguma outra mudança, digamos miraculosa na minha cabeça. Mas, ficar sem a onda ruim de ficar zerado de antidepressivos, seja mesmo a tal venlafaxina, que tomei por quatro anos e só serviu, de fato pra uma coisa, um efeito deveras notável - prisão de ventre, de seis ou sete dias. Fora isto, mentalmente falando, era como ingerir um placebo. Mesmo em doses altas, nao serviu pra nada, além de me atrapalhar no sistema endogastrointestinal. 

Bem...Como disse, ainda não cheguei À nenhuma conclusão definitiva. Mas só de tirar a onda erradíssima que estava(quem leu os posts anteriores pôde perceber como eu estava no buraco, por causa de tal "desmame") - agora é esperar. Pois como se diz, estas coisa começam de fato a mostrar efeitos notáveis depois de, pelo que ouvi falar, de duas semanas a um mês. 

(Porra, como eu detesto este teclado. Se eu tivesse um outro, este aqui seria convertido em destroços. Depois terei que comprar um outro digno, e não continuar usando esta porcaria.)

Então, voltando, eu estou, mais ou menos de boa, ao menos desprovido da onda ruim da abstinência da tal venlafaxina. Podemos chamar a isto de um incremento, ainda que não seja deveras significativo, em termo de "milagre". Ainda estou meio apático, sem muita vontade de fazer nada, sem me sentir eufórico(o que acho que não acontecerá, meramente por ingestão de tal Parnate associado ao Pamelor). Mas, de resto, ainda reina em mim a apaia, ainda mais neste frio que estamos experimentando subitamente em nossa região. 

Estou de licença, por alguns dias, de meu trabalho, por ordens do Advogado e de meu Dono. O que agradeço e aprecio, pois sou agora, deveras, um "rato de laborátorio", experimentando esta combinação de drogas. 

Mas, como eu disse, é cedo pra dizer. Entretanto, ficar sem a tal onda ruim anterior já é um imenso progresso, eu diria. De fato, eu passei por maus bocados no processo de troca da "pilula de açúcar" por este tal Parnate. Mais o Pamelor. Não desejo a ninguém experimentar o que experimentei, nem sequer ter que ter sido obrigado, no final de semana que passei no pólo Sul - o Retiro das Pedras, na casa de meu irmão ex-ofício. Ali, eu tive que me apegar a duas coisa, para não dar o biziu que toda hora meaçava aparecer. A três maços de cigarros(já trocados, agora que de lá saí, e não preciso mais "atuar sanidade", por adesivos de nicotina, devidamente comprados graças a um empréstimo com meu irmão - o irmão, Rafael, não o outro, dito "de verdade", sanguineamente, geneticamente falando, que não me entendo direito - coisas de família, deixemos para lá) - a ao poder de me transformar em um "ator", fazer como disse a Rafael, uma "performance" de sanidade.

Quando tudo que eu queria era fazer o que fiz chegando aqui, na segunda. Endoidar. Gritar, atirar-me ao chão, machucar-me no processo, e fazer uma mistura de tudo, rolar pelo empoeirado chão, gritar, berrar e chorar feito um autêntico maluco. Era isto que ameaçava acontecer, de tempos em tempos, na casa de Rafael. Mas, fui bom "ator", e acho que os cigarros, consumidos em excesso, admito, ajudaram a segurar a onda. Ainda bem.

Agora, o que fazer? Esperar. É o que me resta. Além o tempo pra coisa, o tal "milagre" ser deveras incorporado às funções neurológicas defeituosas do SNC deste que vos escreve, e ainda não estou tomando, a dose inteira que deverei de fato tomar, a partir do dia 3 de agosto. 30mg. Então, é cedo para dizer, se tal milagre, deveras, acontecerá.

Enquanto isto....espero. Espero, tento fazer bom uso de meus dedos, de meus calos, embora ainda me sinta um lixo guitarristicamente falando. Mas, continuar. E ver se incorporo, como sugeriu ontem minha psicologa, alguma coisa física em minha rotina. Tudo menos correr ou caminhar, que sinceramente detesto. Veremos.

Ah, e outra coisa: a tal "dieta" já me rendeu boa briga com minha progenitora, que faz da cozinha seu palco para os mais lamentáveis dramas gregos, tragédias, de fato. Ontem, ao recusar-me a consumir uma cebola do pré-cambriano que ela queria usar na comida(que segundo eu lhe disse, pode muito bem conter a tal tiramina, dada sua "idade"), ela fez um dramlhão dos infernos. É o preço a pagar, doravante, por tal fármaco nas minhas veias. Ou então, já sabem. Um súbito AVC(e espero, se vier acontecer, que me mate, de fato - prefiro morrer a sobreviver cheio de sequelas, oriundas de tais acidentes vasculares cerebrais). Eu disse isto com todas as letras para a performática artista das panelas e pratos, mas ela fez questão de brigar seriaente comigo. Então, isto estragou um pouco o dia, por assim dizer. E me fez ver, que doravante, será, de fato, um custo alimentar-me sem medo. Se minha mãe, que deveria - deveria, veja bem - se preocupar com um alimento potencialmente fatal a este que vos escreve, não se importou e ainda brigou ridiculamente comigo, o que isto me diz acerca de donos de restaurantes pela cidade afora? 

This is Major Tom to Ground Control.

Assim sendo, encerro o relato do dia. Nada criativo, de fato. A criatividade ainda está meio que morta. Ao menos, a saudável. Prefiro escrever tal relato, que escrever merdas feito as que escrevi, no auge da minha abstinência da tal venlafaxina.

"This is Major Tom to Ground Control
I'm stepping through the door
And I'm floating in a most peculiar way
And the stars look very different today
For here
Am I sitting in a tin can
Far above the world
Planet Earth is blue
And there's nothing I can do"

Quem diria. Cheryl Melhoff estava certa. 

Major Tom, to Ground Control. I'm out.

Laters. Good luck, goodbye.

terça-feira, 29 de julho de 2014

Dawn's end, part II

I can't fucking sleep tonight.

I just can't.

Because I've seen the dark, dark person I had become -

Throughout all these so-called years,

And I thought it was the end, I really did.

Well, maybe it is.

The end. Of the Monster.

The end, of what I've called "a life wasted."

An end, to all this shit that has been rummaging through my head,

All these years,

All these dreadful years.

And yes, I've said and written down here, the most awful things.

I can't sleep.

Because I fear....

change.

I fear that I've been an asshole, a fucking idiot,

For taking for granted that there is no hope.

For giving it up.

I fear tomorrow's morning, I know why now.

That's what's keeping me awake,

even though I've taken my meds, my knock-outs,

I fear...the best thing that may happen to this Thing,

The so-called, by yours truly, Monster.

I still feel it living inside of me,

Thriving on my despair, on my dread of ever

getting any better.

I am awake, because I'm afraid.

I've always been afraid.

Of the remote possibility...of the so-called "miracle" ever happening.

All these years, all I've seen, was the worst part of me.

All these nights, I lie awake, in fear, I can no longer deny,

Of deliverance. Of letting the miracle happen.

I fear the unknown, like everyone else does, at least, from time to time,

the fear of change.

A change, that may turn this middle-aged faggot into something else:

A Phoenix.

Reborn, from its ashes.

I see Gideon, half-hidden by the light of this lamp,

He finally agrees with me.

I find it hypocritical and even lame - to say here things,

That fully contradict what I've said before.

But that is me. That has always been, me.

In this Monster's skin, the Thing's brains.

I've got the willpower of a fucking moron, of a halfwit coward,

And i guess that's why, I am awake,

at this time,

at the end of this particular dreadful day, to me.

Because today, something may die, and i truly hope it does, indeed so,

I hope the fucking Monster dies.

I can't sleep, not only because of all that,

I am gripped by sudden fear,

of embracing the change,

letting it turn me into a fucking Phoenix,

I really hope so.

A funeral, to the fucking Monster! To the Thing,

that was me...throughout fucking thirty seven fucking years.

I lie awake, because I fear, not only the possibility

of - fortunately - been so wrong, on so many levels,

And I fear, the unknown,

that will take place, tomorrow morning,

due date of my "final bet".

All chips in.

All...or nothing.

Ten minutes to midnight.

Place your bets, gentlemen.

I've placed mine.

It lies in a still sealed yellow box,

along with a similar, sealed blue box.

Parnate...and Pamelor.

Will they be the so-called miracle I've been waiting all these years,

of this wasted life?

I don't know.

I truly don't.

All I know, is that I'm really tired.

Tired, of this so-called "life" I had,

In darkness and seclusion.

In eternal, and dreadful fear.

I'm sick of it. I'm fucking tired of it.

I made my Will, and that I'll maintain,

because this so-called hope, this so-called "miracle" comes with a price.

No, I don't mind having to give up on lasagna, cheese, salami, beer(fuck beer; I've always hated it)

No.

I don't mind giving up on certain foods.

But it doesn't take away the fear that I will constantly get,

whenever I eat even something that is not forbidden, from now on, to me.

But I'll always have to fear for the fucking tyramine,

that can appear on any kind of food, that's not exactly fresh.

That will be my shadow, my eternal doubt, my ever-lasting fear,

that is the price I have to pay...for a miracle.

So be it.

All chips are down, on the table of Life-or-Death bets.

I'm gonna bet them all,

Because it's all I got left.

Because I need it.

The yellow and blue boxes are waiting for tomorrow's morning.

The date that may mark the fucking funeral of this dreadful feeling,

of being - forever and ever -

a fucking Monster,

a fucking Thing.

Thanks to a simple phone call I've got today,

I see things differently now.

I am full of fear. I've always been.

But I'm sick and tired of this very fear,

and will gladly exchange this for something else,

a different fear.

Of change.

Of hope.

And, of course, the price tag on this so-called "miracle"

that lies in those boxes, yet sealed,

waiting for the morning,

to be opened,

and consumed.

May it be the fucking funeral of the fucking Monster.

May he rots forever and ever in the past,

in Hell,

wherever it may go to, but fucking far away from me.

Well, it's past midnight now.

It is today. July the 29th.

Today.

In a few more hours, no matter if I can sleep or not,

I'll be placing my final bet,

betting it all at once,

for the death. Not of me, myself,

but to this Thing I've became, throughout so many years in the dark,

seeing in the dark, knowing only fucking darkness,

and getting used to it.

Like the coward I was.

Was?

Is it possible, that I "was", and won't ever be, once again.

Gideon, half-hidden in the dark, tells me so,

that it may come to pass,

all the hell I've been calling "life", it may suddenly come to an end.

Phoenix.

Reborn, from its ashes.

The ashes of the Monster, of the Thing,

I called myself for so many years,

saw them reflected on all the mirrors I gazed,

But...they might be about to die.

All I know, is that nothing's really for sure.

Call me a fucking sceptical.

I still find it fucking hard to believe in miracles,

Because i got so used to live in darkness and seclusion,

that I was about to give it all up,

throw it all away,

in an "early" grave.

It is past midnight, and here it lies, the Great Unknown,

that gives me fear, I'm not shy to admit it.

I've always feared change.

Because I always thought it would for even worse,

that it already was.

I'm tired.  I really am.

Of this so-called "life" I had, for so many years.

And I fear...a fucking miracle,

ironical that it may sound,

to the ears, and eyes of "normal" people,

who hasn't struggled with himself,

berated at a fucking reflected, twisted reflection of this Thing,

I've turned out to be.

For being a fucking coward.

A. Fucking. Coward.

For thirty fucking seven fucking years,

that I wish to leave behind.

So yes, let the "miracle" begin,

Yes, let the change come,

I am afraid, I can't deny it,

I've always feared change like death itself,

because I did not believe in it.

I am still a resilient Monster, as for now,

at this dead hour,

I am.

But I'm hoping that the so-called "miracle" boxes will do their job,

they will kill someone.

They will kill...whatever I thought I was when I saw myself at mirrors,

These sunken eyes.

This eternal frown.

Kill it! With fire!

Kill it, I beg of you, "miracle boxes".

Let it die. Let them die.

Give me a new dawn, still hours away,

Give me a new chance.

Give me hope.

I'm willing to pay the price,

to eternally live in fear of mere food,

that may contain the dreadful tyramine,

that may kill me.

This is my last hope,

and I am aware, the price's high.

But I will do it.

First thing today.

When I awake, if I can actually manage to sleep,

I'll open the boxes,

take them pills,

and hope for the worst,

for the fucking Monster, the fucking Thing.

I raise my glass of water,

to this death, of both of 'em.

May they rot in fucking hell.

Well, that's it.

All chips are in.

All bets are set,

my final bet,

so be it.

Here's to the rise of the Phoenix,

Like the one I've got tattooed on my left arm.

Let me rise from the ashes,

of these dreadful things I've came to be.

What now?

What happens next?

Will it work?

Is there a chance left for me?

These are the questions, keeping me awake.

That, and all the fear I've still got inside of me.

That uncertainty.

The eternal doubt.

That I am, somehow, worth a chance like this.

Am I really?

Are you sure?

I ask Gideon, he only replies me with his perpetual stare,

I ask myself, I don't fucking know.

All I got is a last chance.

A last bet,

All chips in,

All that's left.

Well, I don't fucking know,

Because, for now yet, I am still a Monster.

Full of fear and doubt, and self-loathing.

Let these boxes be a fucking requiem, to both of them.

The Monster.

The Thing.

May they fucking die, when I take the dreadful pills,

that may yet kill me,

(hence the Will still stands)

suddenly, after a rather innocent looking meal,

at a restaurant.

Tyramine. My Kryptonite.

That's the price I gotta pay,

to slay these bastards down.

So be it.

Let it be.

Let the bastards die,

as the day dawns.

Meanwhile, back to bed.

Maybe I'll sleep, maybe not.

Anxiety for the worst has always kept me awake.

I guess it won't be different tonight.

Fuck it, I say.

Let the hours slowly pass by,

the final hours of these awful things,

I've always considered to be "me".

All chips in.

Place your bets.

There they lie, in yet sealed boxes.

All chips in.

May the Monster, the Thing die.

Die, motherfuckers!

Fucking die!

I'm sick and tired of being you,

I'm sick and tired of being me,

at least like this,

entrapped by the Thing, the Monster,

I've always considered to be "me".

Die.

Die.

Die.

So long, motherfuckers.

I'm not gonna miss you.

All bets are set,

All chips are in,

So be it.

Until the morning comes.

Until the dawn breaks.

So be it.

Today, I'm gonna kill you both,

or die trying.

That's my fucking promise.

Let the dawn comes,

let the hours pass.

Let the both die,

And leave me be.

Waiting on a miracle.

Until the break of the day,

Until the new dawn...

All chips in, gentlemen,

Place your bets,

Set the marker to zero,

let the unknown come to be known,

by this desperate man,

willing to bet it all,

on something that my really change him,

but, alas, may yet kill him too.

Fuck it.

Here goes nothing.








segunda-feira, 28 de julho de 2014

Adendo ao Testamento.

Quem não acreditar, deveras nos riscos que corre o Monstro, tente ler isto aqui, onde tudo está registrado, confirmado cientificamente falando.

Agora, é esperar o milagre ou a morte- o que vier primeiro. Não necessariamente nesta ordem claro. Pois pode ocorrer tal milagre e ainda assim, subitamente o Monstro morrer, depois de inocente refeição em um restaurante qualquer.

Tiramina. Pode existir, em todos os alimentos.

Testamento.

Não foi publicado em nenhum jornal, digno de mênção, ou publicação de maior relevância. 

Um homen - ou quase isto - decide morrer. Que novidade há nisto? Isto vende jornais? Aliás, alguém ainda compra jornais, com o "Soma" do mundo moderno - a internet - disponível em quase tudo que se move pela face deste planeta, desta cidade, desta roça asfaltada denominada Belo Horizonte?

Belo Horizonte. Local onde tal Monstro, agora devidamente denominado - não é um homem, é uma coisa - nasceu...e irá morrer, antes que o ano de "Nosso Senhor", 2014, termine.

Tal Monstro - decidiu, quebrar uma promessa feita a várias pessoas, que se dizem...amigos, parentes, irmãs e irmão desta Coisa. 

Uma Coisa, não tem parentes. Não tem amigos. Não tem que se importar. É uma Coisa, um Monstro. Sentimentos, sim, de montão...todos os mais negativos possíveis. 

Então, a promessa está quebrada. Ele deixará, conforme planejado neste derradeiro final de semana, todos e tudo para trás. Aliás, como sempre o fez. Abandonou tudo e todos.

Foi também abandonado, por quase todos. Lembra-se vagamente de algumas outras pessoas, que eram seus amigos, e hoje em dia são Estranhos - Daniel, o Pinheiro Lima. Eduardo, o Damasceno. Pessoas às quais se prendeu, de forma dita saudável, por assim dizer, por alguns anos...mas que o tempo e as escolhas de tal Coisa fizeram-os estranhos. 

A Coisa se contorce, se lamenta, por suas escolhas, suas renúncias...por influência de si mesmo, por influência do espelho, que reflete a realidade de ser uma Coisa, um Monstro, e...não se quebrou, mesmo depois da tentativa patética, em um momento de surto de mais puro ódio contra si mesmo, a Coisa desferiu um golpe contra o espelho. Não se quebrou, apesar de quase ter quebrado a mão da Coisa. 

"Ha ha ha," ele parecia poder escutar, em seu delirio, em seu frenesi de ódio - "Não consegues quebrar o que és. Jamais conseguirá se livrar do reflexo de si mesmo, Monstro. Mesmo que você, já que sua patética força que ainda possui nos braços atrofiados, não consegue me fazer em pedaços, e ainda assim se decida a fazê-lo por outros meios, quiçá um martelo, muito mais forte - e funcional - que você, Coisa Lamentável e Desprezível, me faça em pedaços usando de tal artifício, existirão, mundo afora, uma infinidade de espelhos, que lhe darão o mesmo reflexo - Seu Monstro. Monstro. Monstro."

Foi-lhe concedida, mais uma vez, licença de seu emprego, onde A Coisa é o tida como refêrencia - o pior empregado aqui já empregado. Serve-nos de exemplo. Exemplo que Coisas assim, não merecem sequer aqui estar "empregadas" - merecem estar longe de todos os demais seres funcionais, empregados de verdade do Império. Não possui qualificações para nada de fato útil ao Império - não é contador, não é advogado, não é nada, enfim. Apenas foi - um dia, muito distante - "amigo" de uma certa pessoa, que de fato possui um Império em suas mãos e um problema latente em outra - ter um empregado inútil em sua folha de pagamento. Um encargo. Um desperdício de dinheiro e oportunidade para outrem, que faria muito mais bem ao Império que uma Coisa. Que um Monstro.

Vá para sua Torre, Monstro. Assim foi-lhe dito, assim escutou. Vá e tente, obter o milagre de deixar de ser o que, deveras, é. Vá. 

Espere pelo milagre, que lhe foi concedido. Espere que o que foi-lhe concedido seja, de fato, um milagre.

Pois bem. Lá se foi a Coisa, o Monstro, de volta à sua solitária, sua Torre de Marfim, ironicamente chamada pelo agora estranho - para ele, mas não para o mundo do sucesso que o Monstro nunca obteve - disse-lhe certa feita Eduardo, o Damasceno. 

Pessoa que poderia muito lhe ensinar, pois compartilha de certos impedimentos alimentares, que o tal "milagre" proporcionará ao Monstro. Queijos, lasanhas, molhos de soja, licores, cerveja(foda-se a cerveja, ora bolas), entre tantos outros itens potencialmente letais ao corpo - corpo - do Monstro, a partir da data de amanhã, dia 29 de Julho de 2014. 

Data em que entrará em sua corrente sanguínea, inicialmente, 10 mg de tal "milagre" para ele prescrito - o sulfato de tranilcipromina, AKA Parnate - a vã promessa do milagre, que ele sempre esperou. O de deixar de ser uma Coisa, um Monstro. 10 mg, a partir de amanhã. 10 mg, por cinco dias, para depois passar para a dose final de 30 mg por dia, até a data de retorno ao Doutor Milagres, que lhe ofereceu - ou melhor, impôs - tal promessa, a única ainda ainda não experimentada, no laboratório que se tornou o Monstro nas mãos de tantos outros doutores. Imposição. "Ou você se trata com isto, ou nem vale a pena se tratar comigo." 

Ao que lhe foi acrescentado, por outra pessoa, muito importante, seu Dono, ao ter breve conversa telefônica no mesmo dia que tal milagre lhe foi imposto pelo ilustre Doutor - "Você já estava suicida. Então porque temer isto?"

De fato. Porque, ora bolas, deve um Monstro já suicida, temer pela própria "vida"?

"Se você tiver outra crise em meu Império, serei obrigado a demiti-lo."

"Ou você tenta tal "milagre" - ou assume de vez o que é - um Monstro, anti-social e IMPRODUTIVO."

"Se você não aceitar tal tratamento, poderá perder a boa vontade de seu Dono."

Pois bem. Assim foi-lhe dito, por muitas pessoas. Assim foi-lhe imposto, tal tentativa, de obtenção de um milagre. Parnate. Pamelor. Carbonato de Lítio. Rivotril. 

Coquetel, que segundo dizem, irá operar um milagre.

Milagre.

Mas...o Monstro não crê mais em milagres. Aliás, desde 1977, nunca acreditou neles. 

Pois, por trinta e sete anos - e contando - esperou por um milagre. Que nunca lhe foi concedido. Esperou, que algum dia deixasse de ser o que vê no espelho, e não gosta, nada, do que lhe é refletido.

Um MONSTRO. A. Fucking. Monster.

Improdutivo. Anti-social. Uma aberração, ao ponto de vista sexual proposto pela biologia, curso que cursou, para nada, ou apenas para aprender tal lição - homem com homem...não gera descendentes, não faz a função prevista pelo código genético e pela ordem imperativa dos seres vivos: propagação do material genético, por meio de futuros descendentes.

Mesmo que fosse o que não é - um homem, por assim dizer, tal Monstro já havia se determinado, que não deixaria descendentes. Agora, que sabe o que de fato é - esta aberração, aos olhos da natureza, da sociedade, das leis dos homens, propriamente HOMENS, fica-lhe ainda mais fácil, manter, ao menos esta - promessa. De não querer descendentes. De não querer contribuir para a super-população deste hospício globular, já habitado por sete bilhões - e contando - de pessoas. De não quere transmitir a um ser, um descendente, sua maldição. Sua condição. De ser o que é - um Monstro, uma Coisa.

Isto, ele sabe, sempre soube, nunca desejou. Como disse Machado, o Assis, 

“Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria.”


No caso, SUA miséria. Pois o Monstro, nunca teve nenhum relacionamento em sua vida, além dos tais amigos e parentes. Que irá deixá-los, alguns se lamentando, outros o desprezando - por ser um covarde, e procurar a dita "saída mais fácil" de sua miséria.

FODA-SE, ele acaba de proclamar aos céus. Que hoje parou de emitir as lágrimas que tanto jorraram pelo final de semana glacial que experimentou na casa de um de seus últimos amigos de fato - e que tantas vezes, foi-lhe um irmão, muito mais que seu irmão de verdade. Conforme dito e visto, por sua miserável inexistência, por trinta e sete anos.

Os céus, o ignoram, claro. Pois o "milagre" está nas caixas, ainda lacradas do tal sulfato de blahblahblah, o tal Parnate. Acrescentado ao Pamelor, que não sabe sequer porque o Doutor Milagres o receitou, uma vez que já consumiu tal fármaco - "To no. Fucking. AVAIL."

Transmitiu tal decisão de terminar-se antes que o ano termine, para seu outro "irmão" ex-oficio, Gabriel, o nazista, o Anjo Caído, último amigo que, por muito tempo foi permitido acesso à tal Torre de Marfim. Que, em resposta, recebeu um apelo emocionado de compreensão e dor, por ter tal Monstro, tomado tal decisão. Súbita decisão. Fatal decisão. 

Leu o apelo, com uma réstia de emoção, pois hoje mesmo, ele não sente quase nada, tal Monstro, só desprezo por si mesmo. Leu, e concordou com um dos rogos de seu amigo, o de tentar, ao menos por uns meses, o tal "milagre" prescrito pelo Doutor, financiado por seu Dono, apoiado pelo Advogado, e a ele, forçado, ainda que indiretamente. Indiretamente? Diretamente. "Ou você assume que é o que é - este MONSTRO anti social e IMPRODUTIVO, ou tenta tal "milagre", caso contrário, perderá minha "boa vontade", e fatalmente, perderá seu emprego, que nem sei bem porque diabos ainda o concedo."

Assim interpretado pelo MONSTRO, as tais palavras de seu Dono. "Perderás a boa vontade de vosso Dono", conforme disse o Advogado. 

Outro de seus "amigos", um Ogro, que tanto bate no peito sê-lo, muito discutiu com o Monstro, semana passada, a respeito de suas opiniões acerca deseu Dono. Dicussão, que para o Monstro quase significou o término de tal amizade - mas que, conforme assegurado por tal Psicopata Ogro, "não foi uma discussão, mas uma argumentação." E afirmou que não perdera a amizade. 

Pois bem. Tal Monstro, não mais se importa com isto. Aprecia, o fato que existem PESSOAS reais, de fato reais, que com ele se importam, mas tem a decisão já tomada. A última decisão.

Esta é, por muitos ângulos, a última oportunidade de acontecer tal milagre que o Monstro esperou, sentado, acomodado, dopado, legal e ilegalmente, por trinta e sete anos. Em sua "crise de meia idade," se assim quiserem chamar, tomou a decisão. 

Se tal derradeiro "milagre" falhar, não verá o final deste ano, que foi, conforme disse a outro Anjo Caído em sua vida, de nome Rafael, "O pior ano de minha vida."

Tentará, aceder ao tempo. Tempo ao tempo. Já que esperou, idiotamente, por um milagre, por umavida que não lhe serviu para nada, apenas para ocupar espaço no hospício globular, aumentar as estatísticas dos números de pessoas que habitam este hospício, esperará, por um tempo a mais. 

Esperará pelo tal "milagre."

Mas não acredita, de fato, nele. 

Não tem a menor fé, nele.

Não tem a menor fé, em si. Basta ler o que escreveu, hoje e ontem, e desde 2009, escreveu, neste espaço do Soma moderno - Aldous huxley teria acertado se tivesse denominado, ao invés de "Soma", o nome da droga em seu distópico livro, teria acertado na mosca se tivesse-lh dado a alcunha de "Internet". 

Internet. Facebook. Instagram. Twitter. E tantos outros "Somas" modernos. Quem estava certo, Aldous Huxley ou George Orwell? 

Na opinião do Monstro, Huxley acertou em cheio. Ou quase. Pois hoje em dia, para os "homens" normais, contrários a este "homem" AKA Monstro, as mulheres não devem ser "pneumáticas", mas sim anoréxicas.

Ha Ha Ha.

Esqueletos, são os modelos de beleza para o mundo fashion. E para muitos homens. Para o Monstro, além de serem, completamente desprezíveis a nível sexual, são ainda ridículas e aparentemente doentes. Sacos de ossos, cabides de roupas. E quase só servem para serem cabides mesmo de chapéus, pois não têm sequer estrutura esquelética suficiente para sustentar as roupas da passarela do mundo fashion. Dior. Yves Saint Laurent(sic) e outros nomes desta indústria que gera, por sua vez, cada vez mais esqueletos.

Ha ha ha.

Parnate. 

Será ele o último fio que segurará, por alguns meses, o Monstro ao mundo dos seres vivos. E será ele também, o instrumento cabal para decisão tomada de súbito neste final de semana glacial e chuvoso que a Coisa vivenciou e sentiu. 

Será ele o que o matará. Pois, a partir de amanhã, o Monstro, não precisará de armas de fogo. Não precisará de forcas. Não precisará de lâminas de barbear. 

Precisará simplesmente, de...comida.

Restritas pelo seu "milagre" encerrado nas caixas ainda lacradas do sulfato de blah blah blah. Parnate. 

Bem, isto dito, isto escrito, deixará aqui registrado, para todos que quiserem ler, ou não, seu Testamento, ainda que não legalizado por nenhum advogado. Fodam-se os advogados. "Grandes merdas ser adevogado."

Ha Ha Ha.

Deixará, as guitarras, o violão de seis cordas e o de doze, suas outrora "formas de salvação," para o jovem Yam, filho da Lora, namorada de seu amigo, o Psico Ogro. Deixará, seu computador e quejandos, para sua irmã mais nova, depois, de, evidentemente, processar a "limpeza" de certas coisa existentes nele - seus fetiches sexuais e transtornos afins. Tal limpeza será feita, antes que o consumo de certos alimentos, a partir de amanhã proibidos para o Monstro, à espera de um "milagre". Deixará, a quem interessar possa - algum de seus agora "Estranhos", outrora "amigos" de sua fase de desenho, outro "milagre" quebrantado pelo Monstro, seus materiais de arte, que ali estão, empoeirando, num armário da tal Torre de Marfim. First come, first serve - então, Damascenos da vida, sejam eles Leandro ou Eduardo, ou mesmo Daniel, o Pinheiro Lima(Se é que do Monstro ainda se recorda), aqui estarão disponíveis tais petrechos, e sei que muitos deles serão muito apreciados por vocês.

Que mais Possui o Monstro? Dinheiro? Eu devo 50 Reais a Rafael. Pagarei, antes de morrer. Fique tranquilo. Que mais possui tal Monstro? Gideon? Não, este, será enterrado juntamente com o corpo. Chame a isto de última vontade. Todos os dragões que possui o Monstro, ele os deseja como "companhia" em sua última morada. 

Que mais? Roupas? Queimem todas, se quiserem, pois sei que tal morte incitará o ódio, a revolta nos corações de algumas pessoas, especialmente as que suportaram-no, por tantos e tantos anos, fazendo tantas e tantas merdas, e ao mesmo tempo...fazendo NADA que prestasse, deveras, queimem tudo. Queimem os papéis por ele rabiscados, os cadernos de esboços, e outros frutos de seu mais profundo desapontamento em sua inexistência: a de ter falhado, por completo, neste "sonho" que almejou ser, algum dia, seu ganha pão...mas que se tornou, deveras, mais uma pilha de cacos na pilha de cacos que são seus sonhos despedaçados. Queimem tudo. 

Que mais tem por posses materiais a Coisa, o Monstro? Alguém se interessará por um "celular" de 70 reais? Quem interessar, pegue. Ou o destrua, se assim for a vontade. 

Que mais? 

Que mais possui, de bens materiais, um viado - sim leiam, em letras garrafais, se ainda não sabem, deixo aqui pulbicamente escrito - VIADO, no sentido mais depreciativo e literal da palavra, alcunha depreciativa de gay, se assim quiserem saber. se ainda não o sabiam, saibam agora - sim, sou. Desde 1997, sabe o Monstro que é deveras, um monstro, para católicos e afins, para homofóbicos e afins, para os homens que foram seus amigos por tantos anos e não o sabiam - ou no mínimo, desconfiavam. E nada diziam. Apesar de que, acho que o Monstro soube muito bem interpretar a fraude de ser hetero. Fraude, fraude, fraude, aberração, degenerado, chamem a ISTO o que quiserem. Pouco importa ao Monstro. Pois estará morto. E morrerá virgem, se querem saber. 

Nunca amou ninguém, de fato. Nunca amará ninguém. Pois, para ele, "amor" é outra espécie de "milagre" que jamis foi-lhe concedido, e que parou de crer, desde...bem, desde sei lá quando. Talvez desde sempre.

Bem sabe o Monstro, que receberá, ainda que talvez não por escrito, mas mentalmente, uma série de repreensões por sua "covardia". 

Como dito, não acontecerá, ainda tão cedo, tal episódio mortal, última refeição letal que ingerirá. Tentará, aceder ao rogo de todos que ainda enxergam neste TRASTE alguma esperança, mas que ele mesmo não consegue, não consegue deveras, ver.

Tentará obter o "milagre farmacêutico" - por alguns meses. Caso falhe, como assim espera, bem...aqui estará registrado, publicamente a quem quiser ler, o Testamento. 

Que Yam faça bom uso dos equipamentos. Que o resto, todos os demais, que algum dia se importaram com este Monstro enclausurado, o perdoem, se conseguirem. O que pode ele dizer é que deixará de ser o que sempre sentiu ser, para a família, para os amigos, os presentes e os ausentes, "estranhos", deixará de ser...

UM FARDO.

Uma chatice, um ser que tudo teve, tudo quis, e em tudo falhou. 

E saibam ainda, que A Coisa publica tal texto, pois é importante deixar este testamento, mesmo que o tal milagre que tanto esperou, de fato aconteça. Se acontecer, ótimo. Talvez seja a última chance que ele jamais teve a coragem de pedir, mas que lhe foi ofertada, um tanto forçadamente, por seu Dono, por seu médico atual, por sua psicóloga, por sua família, por todos que já se importaram com este viadinho - o milagre.

Milagre.

Ele não crê em milagres, já foi dito. Mas tentará. 

Mesmo assim, bem sabe ele, que tal milagre, caso aconteça, tem um preço - a dieta restritiva de certos alimentos, ou melhor ainda, de certa molécula - tiramina - que, caso seja ingerida, acidentalmente ou não, em quantidades superiores a 6mg, poderá subitamente matar o Monstro, causando aumento súbito de sua pressão arterial, a níveis perigosos e potencialmente fatais. No mínimo, pode causar um AVC, e sinceramente, o Monstro prefere morrer que sobreviver a tal coisa, sabidas suas sequelas a seus eventuais sobreviventes. 

"Prefiro morrer que ficar atado à uma cadeira de rodas, babando, completamente dependente de cuidados especiais pelo resto desta "sobrevida" caso sobreviva a um AVC. Tornando-me um FARDO ainda mais pesado para minha família." - Ele diz. 

Damasceno, onde quer que você esteja, tenha ao menos este consolo. Sua dieta é restritiva, mas não pode, subitamente matar-lhe. Ao contrário do preço do "milagre" prescrito ao seu antigo amigo - o Monstro.

Aí está. Esta é a minha "kryptonita", por assim dizer. E mesmo que o Monstro encontre o milagre, volte a ser algo menos "anti-social e IMPRODUTIVO", ele pode subitamente morrer, se por acidente ingerir excesso de tal tiramina. Que pode-lhe muito bem acontecer, todas as vezes que comer, pois tal "criptonita" pode estar presente em QUALQUER alimento, se estiver um pouco passado, um pouco envelhecido, pois ela aparece, fatalmente, pelo processo de degradação dos alimentos por micro organismos. Eles, ao "envelhecerem" os alimentos, produzem este veneno para alguém que esteja tentando obter um "milagre" ingerindo o sulfato de blah blah blah, Parnate, no caso específico do viadinho aqui.

Então é isto. Publicado está, o Testamento. E agora, o Monstro está, como sempre esteve, à espera de um milagre.

Mas não tem a menor fé que vá, deveras, acontecer. Pois não tem a menor fé, em si mesmo. Não mais. Não depois de ficar THIRTY FUCKING SEVEN FUCKING YEARS à espera de um milagre, não fazendo nada para que ele pudesse, de fato acontecer.

Fraude!

Como diriam os extintos Farrapos. Onde estão, ele se pergunta. 

Vivendo suas vidas.

Enquanto o Monstro, planeja sua morte.

E publica, aqui neste mural de lamentações, caso o pior aconteça - ou melhor, dependendo do ponto de vista - seu Testamento. 

Que assim seja.

Amém.

domingo, 27 de julho de 2014

Sky's tears.

Well...dawn came and went, the sky's still weeping. I feel like I'm seeing the future. 

Tears. 

I see tears in my future. 

What I came to realize, is that I'm waiting for a fucking miracle. I am, and feel sad to admit it. Because I don't believe in such things. No miracles. Ever. 

No. Fucking. Miracles.

They don't exist. Not to this thing, this being, that was born a man, but it's gonna die like a monster that he became. A pile of fucking regrets. A pile of rubbish.

I've been promised, well, not "promised", but rather offered - a miracle, in terms of biochemical drugs, a miracle. Something that will change me. Something that will limit me, in terms of diet and food consumption. A single steak, unbeknownst to me, in a restaurant, may have been prepared with something that may trigger an onset of sudden death.

I feared for such thing, at first. I did, and was put back on my place bluntly: you're already suicidal. What's the fucking difference?

Really. What's the fucking difference. The sky's weeping, and I know these are the only truthfully sad tears I'm going to get, when the time comes, and I'll set sail from this living hell of a life I've made to me - I know, it's all on me. My fault. Me. The runaway. The middle-aged eternal loser.

Middle age. It's a funny thing. At least to men. My old man, when it hit him, threw it all away, burned cash like 50 bucks bills were meant to be burned. Spent it all, drove the entire family he built throughout his life to madness, including me.

Me? I'm just like him. Even worse, I suppose. Because in my middle age, I've come to realize I haven't really achieved even HALF of what he achieved in his life.

I'm an extended version of my father. And I'm even worse than he ever was. 

All chances I've been given, I turned down. All the years of study on universities and schools proved to be meaningless, in the long run. I've amounted close to nothing. I've got less than a hundred bucks on my account, while he had millions. He had kids, a wife, a family, even if it wasn't indeed, the "dream family" of each and everyone who'd commit to that. 

All I've got are piles of unfinished sketches, callused fingers that will never be as good as a youngster I've met this very weekend. And it made me envious. It made me realize, even if I spend twelve hours playing, I've got no real idea of what I'm doing, because I got no musical background, not a real one, at least.

And that is another thing that I should've let die amongst the pile of broken dreams stored in the recesses of this...brain. Of this malfunctional thing. 

I've been offered a miracle, yes. Do I believe in it? No.

What is this thing called life?

70-80% of people find life, in their lives. I've found a desire to end it. Because, to me, it ain't a life. It is. A. Fucking. Hell. On. Earth.

I've tried everything in the pharmaceutical department, except for this so-called "miracle". Call me faithless, ungrateful, spoiled, lazy, whatever you want - you won't be far off from the fucking truth.

I am tired. Of me. I am tired, of this endless struggle, me vs. me. I've come to middle age, always struggling, and I've always lost. Why will it be different from now on?

I. Am. Tired.

And I know I've made a promise - but let another truth be told - "promises are made to be broken." 

I woke up restless as ever. But I appear calm. Docile. I've decided to accept my fate. Too late for miracles, at least at this very point of my so-called life. 

I'm fucking old. And as the saying goes, the older you get, the grumpier you'll get. Never heard of it? It's one of my personal sayings, so to speak. As is, "the older I get, dimmer gets the future."

I am tired. I'm sad, and lonely, even if surrounded by a million people, I just can't avoid the feeling that I'm not really there with them - I'm locked inside, a solitaire cell I've built for myself. A place where no one can reach me, do no harm, nor good. A place I'm feeling, as the years fly by, even more and more stuck to- permanently locked.

And I'm sick of it. And since there are no miracles, nothing will break these walls around me. 

I'm sick of it. I'm sick of this planet, these people - even the ones who try to help me, they come across this unbreakable thing - and eventually, they give up. 

Like I'm doing. I'm giving up. 

I am to old for this shit. Too tired, of being this Monster I've become.

"Then change! Change your way, change you thoughts! Change your life!"

How can you change a life of a thing that's already dead? That's been dead, for at least 17 years? That was dead for 10 years prior to a pension which I'd have to work for more twenty fucking years to get it for granted?

I am dead. I will be actually dead, in a matter of months, so I reckon. 

Because there are no miracles. And the sky's weeping, because someone up there already knows it. Already knows my future.

The sky weeps.

For a dead man that's standing still, reeking of nicotine, trying in vain to feel whatever he had to let go, the only medicine, even though illegal, that brought peace to his mind, in all this wasted years of this middle aged, unloved, unburnt, "unharmed" thing that reflects to me as a fucking Monster in every mirror I look upon.

I am dead. I will be dead. Sooner than later. There is no promises, not anymore. There are no guarantees, as ever. I am dead. 

I will be dead before the year expires. I am quite convinced of that.

So be it.

sábado, 26 de julho de 2014

Rainy day.

"God is in the rain."
So it's been said.
Well, today, it is
such a rainy day.
And I went outside,
and I looked for...
well, I tried to look for
him, Him, however
you're obliged to say
according to you creed,
your belief.
Your...faith.

Faith.
I had it, once.
Had it. Lost it.
Fought with
the man upstairs,
whatever's concealed
in the rain...in the fog...
on this earth.

So it rains, today.
And it rains, outside.
But it also rains
inside
of me.

Me? What am I?
An ant fighting
the boar,
A single speck,
of dust,
in the universe,
to the universe,
to me.

God is in the rain.
I felt like water's
in the rain.
So does that make
water god, or God
whatever your
creeds are,
your beliefs are,
your life itself,
is.

I see the rain,
see the fog,
feel the cold,
feel the weight
of so many souls,
inside of One,
inside this mess,
that turned out
to be,
me.

I'm yet in this mess,
feeling like hell
on earth,
while I move
my head,
feel my heart...
my heavy,
oh so heavy,
heart.

They say it's a
search for life
itself, for meanings
and bearings,
whereabouts
of your
very own
self.

I searched,
believe me,
I did.
But, alas,
I can only
see the rain,
feel the fog,
feel the cold,
that's still
inside
my very
own
heart.

My very
own
soul.

If I still have one.

I don't know.
not anymore.
I saw the rain,
saw no god,
saw only tears
from the sky...
whom do they
weep to?

Maybe it's for me.
the one who's still
cold, and still -
I still -
feel
like this.

A speck of dust,
lost in the universe,
watching the rain
falls, and expecting
for a sign...anything...
that would make me
feel like ME again.

Not this.
Never this.
No, I don't
want it-
I don't need it,
I never did.

But I feel, uncertain
of precisely what
I feel altogether,
I feel, this thing,
calling to me,
saying my name,
trying to reach me.

Is it god? Who is
in the rain?
Is it someone else,
is it the devil himself,
the thing most
dread the most,
yet answers to
its call...from time
to time,
a lot of times.
Too much,
for me.

I see the rain.
Felt its wetness,
felt its coldness,
but saw no gain.
No voices,
calling to
me.

Just the rain.
Just tears from
the sky.

Sometimes I feel
like they weep for
me, the so-called
"lost lamb" in the
universe of Catholics,
In my universe,
I'm still lost.
I'm still looking
at the rain...
and thinking
about nothing
else than a
movie quote.






sexta-feira, 25 de julho de 2014

Breve resumo acerca de minha "ausência".

"I've got blisters on my fingers!"

De fato, sinto-me hoje como Sir Paul McCartney afirma jocosamente no término de "Helter Skelter"- que aliás, ironicamnete, eflete também o meu astual estado e'espírito, por assim dizer. Ontem, as tais "demoiselles" foram-me exploradas mais a fundo que no dia anterior, tendo inclusive a boa companhia do jovem Yam, filho da famosa Lora, namorada do famoso Ogro, também por nós, seus amigos desde 1997 - início da era da Biologia em minha vida - é-nos conhecido meramente por Psico. 

Por razões que até hoje ignoro, de fato, assim o alcunharam na data. Ele fora o primeiro lugar geral do quadro de aprovados para o curso...e conforme o tempo passou, se provou ser - da fato - tão ou mais inteligente que mera aprovação num vestibular, coisa que para mim não prova cabalmente muita coisa, a não ser que você bem decorou sua lição, mal ensinada, pelos colégios brasileiros. O que posso garantir também, acerca dos tais "dream jobs" dos brasileiros, em sua grande maioria, os tais concursos públicos. Fi-lo uma vez - para parender minha amarga lição. Quem passa naquilo NÃO sao os mais inteigentes, que de fato deveriam ter  sua vaga garantida em algum cargo importante a nível governamental. Não. Quem passa são os "ratos" de cursinho, ou já denominados "concurseiros", uma espécie "transviada" de profissão no hospício globular que residimos, mais especificamente no país que residimos.

Mas divago. Não estou aqui para falar do óbvio - para mim - que concurso não prova se você é, deveras, apto, inteligente, ou capaz. Eu falava de Psico, amigo meu desde 1997 - e que teve esta alcunha celebrada, e por ele ironicamente aceita, desde os anais do curso. Meu curso, meu período no curso em questão. Diziam, às suas costas, evidentemente, que ele tinha cara de psicopata. Até hoje, olho pra meu amigo bonachão, e me pergunto onde é que esta o psicopata estampado em sua face. Pessoas. Como sempre. Com disse certa feita, Gabriel, que alcunhei de "nazista" por motivos  óbvios para mim na ocasião - onde tem gente, tem merda. 

Mas existem, de fato, os amigos. Isto eu aprendi durante estes meus ditos e repisados em textos outrora mais depressivos, oriundos de uma mente que está em processo de tratamento severo, do nível bioquímico da questão, um "fucking faggot", uma escória humana, que outro dia, mal conseguiu ver seu próprio reflexo num espelho sem ter dado-se por vencindo nas engrenagens de uma raiva doentia e, creio, oriunda de minha doença mental - e ter aplicado ao espelho um soco, almejando pôr em pedaços o objeto reflexivo. 

Mas que não mente.

De nada adiantou tal manifestação de súbito ódio - o espelho persistiu, a imagem refletida continuou a me encara, me dizendo, mentalmente "verdades" que parece que somente eu entendo. Minha mão, entretanto, ficou inchada, doendo. Virei o espelho, para que não continuasse vendo tal reflexão da obsessão, da doença que me consome, por dentro e por fora.

Me chamo de Monstro - ainda que, deveras seja, apenas uma pessoa, mais um rosto na multidão. Apesar de chamar um pouco a atenção, quando vou às ruas, seja por meu jeito já dito jocosamente "adultescente" de me vestir, trinta e sete anos, sem terno, sem gravata, sem a camisa para dentro das calças, sem desconfortáveis sapatos de couro, duros feito o próprio chão que pisamos. Eu acho tudo rísivel, ridículo. Mas é o "uniforme" dos que estão num patamar acima do meu - os que têm, algum emprego que lhes assegure algo mais que um mero "adolescente terminal" ganharia, por mês. 

Sim, bem sei, que tal fato também é criticamente analisável. Existem porteiros, que se vestem assim, por obrigação - de minha opinião, patéticas - em seus empregos...que asseguramente ganham ainda menos que o "adultescente aqui. Mas, de novo, digresso - estava eu a falar decomo chamo a atenção, por ser eu uma figura assaz irregular na multidão, excluindo-se meu modo, para laguns ainda excêntrico de ser,  de me vestir - eu carrego comigo o "estigma" de ser natural de um país que não é o meu. Carrego na pele ausência quase completa de melanina, o que me faz, segundo alguns engraçadinhos -ser cara-pálida. Tenho os olhos mais claros que a maioria. Tenho jeito de estrangeiro, afinal.

Durante o "Pão e Circo 2014", episódio que, felizmente estava eu, graças a meus faniquitos, ditos por alguns, ataques de raiva auto-inflingida, e afins, estive de "licença" médica e profissional, por um grande período de tempo e quase não vi o resultado lamentável da Copa em nosso país, mais especificamente, em nossa metrópole - roça grande e asfaltada, que é Belo Horizonte, com seus problemas eternos de ônibus horríveis, "metrô" risível, trânsito cada vez mais atrapalhado e gentes...tantas gentes, às ruas. Não vi de perto o pesadelo, não vivenciei o que era ser "brasileiro gringo" no meu próprio país, em minha própria cidade. 

Mas, por quarenta e cinco dias, estive encerrado em minha "torre", assim chamada por alguns, mas que não entendem seu significado, quiçá espiritual, para este que vos escreve. 

Todos têm seus refúgios da vida moderna. Todos Têm suas fugas - chame-as de futebol, (olhe bem o que causou tal Pão e Circo em nosso país), chame-as de cerveja, de novelas, de fofocas entre os bairros mais distantes do centro, que muito se assemelham a cidadezinhas do interior - onde todos sabem da vida de todos. Chame-as de comida em excesso, praticada por alguns, em doces e carnes suculentas, excesso de alimentação(eu mesmo já fui vítima deste escapismo), chame-as de cigarros, enfim - tantas e tantas maneira temos ao nosso redor, para tentar, de certa forma, escapar. Do quê? De nossas vidas...de nossa realidade...de nossos trabalhos, que muitas vezes odiamos mas somos forçados a acordar cedo, trajar o uniforme, botar o "slave collar" que denomino crachá dependurado ao pescoço, e...viver. Lutar pelo sustento. Pelo vil metal, que a tudo nos assegura, num universo em que o capitalismo foi vencedor. 

Eu não sou diferente, ao menos assim tão diferente, da maioria das pessoas. Tenho um trabalho que não me satisfaz, não do nível "esóterico" se preferirem dizer, de me realizar na Alma. Mas trabalho, tenho uniforme, tenho meu "slave collar", tenho que trabalhar. Pelo vil metal. Para quê? Para sobreviver, no mundo capitalista em que me vejo prisioneiro. Sou, de fato, um "gringo" na terra brasileira. Obtive, graças à genética, aos milhares de interações entre óvulo e esperma, entre as mitoses e quejandos, oriundos de meu desenvolvimento fetal, tornei-me o que sou, para o mundo, para o espelho, se de fato quiser enxergar, ali, um mero reflexo e não o somatório de anos de...doença mental. Sou um gringo no meio da multidão. 

Disseram-me, pessoas que viajaram à terra de meus avôs maternos, donos da maior parte de meu fenótipo gringo, que passaria despercebido em uma cidade como Praga. Que seria um tcheco a mais entre os tchecos. Acredito, pois já tiva esta opinião confirmada por gente tcheca de fato - imigrantes amigos de minha família, que para cá fugiram, à luz da Segunda Guerra, e depois permaneceram, diante da Sombra que assolou por tantos anos o lado oriental da Europa - o comunismo de Stalin, este desconhecido para a maior parte das pessoas que viveram neste nosso mundinho chamado Brasil. E por alguns ainda celebrados, alguns ditos "intelectuais" de esquerda. Não cabe a mim julgá-los. Basta dizer-lhes que eles nunca viveram sob tal regime, que causa arrepios nos tchecos mais vividos, os mais velhos. Muitos dos imigrantes que de lá fugiram inicialmente por medo de Hitler, cá permaneceram por medo de Stalin. 

Duvidam de mim? Leiam "A Insustentável Leveza do Ser", "A Brincadeira", e outros licros de Milan Kundera - escritor tcheco que se refugiou, salvo engano, à França, no período das sombras do comunismo em seu país natal. 

Sim, tal texto está deveras desconexo. Peço-lhes perdão, pois assim como o texto, assim está minha mente, neste processo que estou sendo submetido durante estes dias - eu procurei, alguns chamam jocosamente de mais um "escapismo" - auxílio médico em psiquiatras, para tentar fazer de meu inferno(minha vida) um local mais tolerável, ao menos para meu transtornado cérebro...e estou pagando o preço de tal auxílio. Estive, durante quatro anos, submetido a um certo fármaco prescrito por tais doutores da mente - Venlafaxina, que afirmam ser, com o nome esperançoso, para lguns, assim como foi para mim - um antidepressivo. Tomei tal droga por quatro anos. Em doses variáveis, mas que chegaram ao extremo de 225 mg por dia - sem o menor efeito nesta mente conturbada. Não conseguia produzir, não coseguia sair de minha inércia, não conseguia...não conseguia. E tomei, durante quase o mesmo tempo, outro fármaco prescrito por uma imbecil da famosa rede UNIMED, chamado Risperidona. Que funcionou, em parte. Me ausentou da raiva, dos ataques de ódio que tanto me consumiam, na época. Mas, até hoje me pergunto, porquê deveras foi-me prescrito tal droga. "Não leiam a bula", advertem os médicos da área. Eu li, fiz este delito. O fármaco é indicado para tratamento de...esquizofrenia. Delírios. Vozes na cabeça. personagens imaginários mas, vivos, aos olhos do doente. Por três ou quatro meses, tomei tal coisa, que me transformou, palavras de minha própria familia - em um "autômato", com movimentos robóticos, duros. De fato, funcionou por um lado - deixei de ter surtos de ódio inexplicável. Mas...me privou de TODOS os outros sentimentos. Me privou do prazer em tocar minhas moças de seis cordas, do prazer de tentar riscar algo ao papel...me privou do "frisson" causado por certas músicas que para mim são-me portais para minha alma - se é que ela de fato ainda existe - me fez ser um cordeiro. Dócil. Aceitei meu destino. 

De ser o que fui, durante trinta e sete anos - um ser medíocre.

Isto, foi o tratamento proposto pela médica da rede UNIMED, que NÃO recomendo para ninguém que desconfie que tem problemas mentais feito os meus se submeterem. Bem sabemos, as redes privadas de saúde pagam um quase nada aos médicos, eles mal atendem o paciente no ponto de vista psicólogico. Mal conversam, se adentram em suas mente, tentam entender o problema que pode sim, muitas vezes, não ser bioquímico e sim meramente psicológico. Pois bem, a providência me fez ter como figura de chefe e ainda(sou brigado a admitir) - amigo - o dono da empresa em que atualmente trabalho, que, acreditem em mi, eu estava lá - teve um pesadelo ainda maior que o meu com sua mente, com seu SNC, a ponto de chegar a ficar, semanas a fio deitado em sua cama, sem a menor vontade de se levantar, por muitos desdenhados por mera frescura...mas que eu, na condição rara de também padecer deste "mal do século" chamado DEPRESSÃO, entendi muito bem o que se passava com ele. Ausência total de motivação, sequer para tomar um banho, alimentar-se, levantar-se da cama, enfim. Isto por semanas. Mas seu pesadelo não terminou ali- em dado momento, não me lembro direito do ano agora, ele teve um surto muito parecido com os que tenho, ainda lutado contra - e foi internado, às forças no Hospital Santa Maria - chamdo por alguns, ironicamente, de "Pinel" da Contorno. Eu, novamente, fui testemunha ocular, vi meu amigo atado à cam por tiras de couro, feito os tempos medievais. Conversei, ou tentei conversar com ele enquanto estava dopado de algo que suponho ser Thorazine, ou algo do gênero - ele não conseguia falar coisa com coisa, sequer conseguia articular deveras as palavras, não conseguia andar sem sem auxiliado por outrem, e babava. Eu vi isto, nos outros "residentes" deste Hospital - que vagavam pelos corredores, babando, gritando, dizendo incongruências. Seu médico, que era bem diferente dos da rede médica a que me referi - chegaram ao fundo do poço com ele. Tentaram o famoso e arcaico eletrochoque, terapia das mais pesadas e medievais que já vi. Sem o menor aval, pois ele não melhorava. Eu vi, tudo isto de perto. Sei que seu caso foi bem mais pesado que o meu. Mas acredito, ser esta a tênue linha que ainda nos aproxima enquanto amigos, por assim dizer.

Então, ele mudou de médica. Passou a frequentar o consultório de uma tal Sofia Bauer, famosa no meio psiquiátrico, e acho que até em páginas do Facebook - por ser uma verdadeira operadora de milagres em casos semelhantes ao de meu amigo. Munida de medicamentos e mais outra coisa - hipnoterapia - ela conseguiu, de fato, quase ausentar da mente transtornada dele, seus fantasmas. E asim foi, por certo tempo. Ele se viu novamente, membro da vida, uma pessoa quase normal. Digo QUASE, pois sabia, deveras, que ainda não estava de fato curado. Não questionei-lhe porquê, tenho em minha mente meras suposições, do tipo, ter continuado a ficar sem ter uma meta em sua vida, mesmo estando diante da herança de um Império que tem montantes da ordem de mais de seis dígitos, monetariamente falando. 

Então, foi ter à outro profissional da área, mas esta, um tanto parecido, metodologicamente, com os "médiquinhos" de merda da UNIMED, não trata a parte psicológica da pessoa, mas sim, vai a fundo na parte bioqímica. É um Psiquiatra, por diploma, mas é um FARMACÓLOGO, que trat diretamente da química defeituosa que pessoas - assim com eu e meu amigo - têm, ou são, digamos vítimas dela. 

Não queiram saber o que é isto. Ser fudido da cabeça, a este npivel. Por anos, eu achei que meus fantasmas eram meramente psicológicos. Hoje em dia, tenho certeza que SIM, tenho fantasmas psicólogicos, que me fizeram fugir de muitas coisas - de quem, de fato sou, como ser sexual, de que, de fato sempre quis praticar em minha vida dita "profissional" e outras coisas. Mas existe algo de errado, SIM, nas sinapses...nos neurotransmissores, no SNC deste que, tenta, escrever, novamente neste blog que abandonei por tanto tempo, algo que não seja deveras desconexo. 

Pois bem, voltemos ao meu caso. Fiquei na "mediquinha" UNIMED por três ou quatro meses - até que meu chefe/amigo me ofertou, em sua benevolência, tratamento com sua "fada" que lhe tirou do mediavalismo do eletrochoque para a hipnoterapia e outros fármacos. Que lhe salvou, da pior parte do inferno, por assim dizer. Lá fui, e como era de se esperar, de uma médica co seu renome(e seu preço, muito além do salário do "adultescente aqui), foi de fato diferente. As conversas eram muito mais amplas e profundas, ao menos assim foi, inicialmente. Não escondi nada dela, ao contrário do que fiz com a UNIMED-shit so-called "doctor". Mas...

Mas...

Eu não obtive nenhum milagre ali. Ao contrário de meu chefe/amigo. Não fui salvo. Ao contrário, ela sequer perguntou, coisa que me questiono até hoje, porque estava sendo tratado com Risperidona - talvez por julgar, conforme a outra médica, que os "efeitos colaterais" de um remédio para esquizofrênicos me fariam mais bem que mal. Chegou a umentar a dose do treco. O que me tornou, ainda mais apático. Ah, e sim, devo confessar - escondi dela um fato que NÃO deveria ter escondido - meu vício por tal erva, que sabemos, nos meios biólogicos, ser chamada de Cannabis Sativa, que eu era - e sou, admito, mesmo estando sem há quatro meses - adicto. Eu então escondi isto dela, por vergonha, por achar que não fazia diferença - "é só mais um calmante" - e, devo ter me estrepado por conta disto. Além do quem devo confessar aqui - a hipnoterapia NÃO me afetou. Era assim: conversávamos, e se ela achava que eu estava tenso demais, ela me punha na tal hipnoterapia. Já assistiram "Gênio Indomável"? Eu revi estes dias, existe uma cena que o personagem de Matt Damon tenta se submeter a tal coisa, parece estar em transe, orientado pelo médico, mas que de repente, jocosamente, se levanta e começa a cantar, gozando da cara de tal médico. 

Era masi ou menos assim que me sentia, nestas hipnoterapias da Dra. Sofia. Eu me deitava, fechava os olhos, ela punha uma musiquinha "new age" de fundo e começava a recitar coisas tipo "mantras"..."Você está relaxado..." - "Esquecerá, por um momento, de seus problemas, de suas angústias..." e coisas do gênero. Eu ficava ali, deitado, com os olhos fechados, ouvindo a terrível música "new age", ouvindo sua ladainha, e...não snetindo nada. Nenhum transe. às vezes, creio que mais por sugestão mental ou algo assim, sentia um torpor nas costas - mas não passava disto. Transe? Eu ficava, às vezes, com vontade de rir, de tão ridículo achava a situação. Outras vezes, eu estava lá, cheio de tensão, ouvindo de olhos bem fechados o somatório da música com a ladainha - e sentia meu nariz, ou outra parte de meu corpo coçar, e me perguntava, "Será que eu posso me coçar?" Para não parecer que não estava em transe...

Tentei, por três anos tal tratamento, onde, bioquimicamente falando, poucas coisa mudaram. Foi-me acrescentado à "dieta" farmacológica Carbolitium - que dizem ser bom para quem tem transtorno bipolar - mas não fez a menor diferença para minha cabeça, que ia, mais e mais se deteriorando, conforme continuava sob tal tratamento. Cheguei a começar a ter insônia - Quetiapina me foi prescrita. Ajudou, de fato, por uns doid meses, depois parou de ter efeito. Aumentar a dose? Porque não - e isto, eu fiz, devo admitir, sem o conhecimento da médica. 50 mg por noite. Ajudou, mas, de novo, por um curto período de tempo. Continuava, com a Rosperidona, que ela tentou diminuir para 1 mg, mas que teve efeito negativo - basta ver os destroços de meu iPhone, destroçado na época que estava medicado com esta dosagem. Por quê? Por que eu não contive minha raiva. Atirei-o ao chão sem dó, diversas vezes, até se tornar o que é hoje em dia - um CCE, Caixa de Componentes Estragados. Ha ha ha.

Voltou a subir a dose, voltei a ficar domado, por este ponto de vista. Mas continuava a trilhar o caminho da podridão, de alma, que sentia cada vez mais atado definitivamente nele. Chamando-o de "destino", por assim estar me sentindo, fatalmente preso a este estigma - ser medíocre e covarde, fugir de tudo e todos, que poderiam significar algo, ou alguma mudança para este Monstro. 

Certa feita, a médica me disse que não poderia cortar a Risperidona, pois eu voltaria a ter "delírios" - ao que perguntei-lhe, "Do que você está falando? Eu não tenho DELÍRIOS." Ela não sabia. Achava que tinha. Talvez tenha sido por falha de comunicação, logo no início do tratamento - ela assumiu meu caso, me fez as tais peguntas, onde não escondi sequer meus estranhos fetiches (não convém saber agora), mas não me perguntou NADA sobre minha medicação, manteve a mesmíssima receita que tomara com a Shit-doctor, creio que achava mesmo que eu era um esquizofrênico. Coisa que chego a questionar sobre a integridade de tal Doutora - com todos seus méritos e metodologias, que funcionaram tão bem para meu chefe/amigo. 

Em meados do tratamento, fiz uma das piores escolhas de minha vida, em minha opinião - cedi à tentação, quiçá por influência externa de opinião de meus amigos, feito o Ogro, vulgo Psico, vulgo Eduardo, e...tentei me ingressar à rede e "encostados públicos" - o tal "dream job" de tantos brasileiros. 

Eu perdi tudo na empreitada. Perdi 2600 Reais num cursinho, que me consumiu noites e sábados, por três longos meses de suplício com leis, direito, português e afins. Perdi o contato até então saudável que mantinha com um de meus melhores amigos, que para mim faz parte da família, nem que seja como "sobrinho" de aluguel - Gabriel, o nazista. Assim por mim alcunhado por, quando comecei a ter contato com ele - tinha dez anos, o garoto. Isto em 2004 - ele era aluno de desenho de um outro conhecido meu, que precisou se mudar da Roça Asfaltada para a Selva de Pedra, inferno para mim, denominado São Paulo. Então me propôs assumi-lo como aluno. Na época, eu estava desempregado, tinha momentariamente me desconectado do Império, para tentar, "bravamente" me aventurar no meu caminho - coisa que até hoje não sei ser verdade ou não - o desenho. Enfim, ele se tornou meu aluno, e chamei-o de nazista, justamente por insistir, em desenhar, antropomorfos em uniformes do nacional-socialismo, com sua suástica e tudo. Em vão, tentava divergi-lo de tal vontade latente de somente desenhar coisa do genêro, e falar sandices idolatrando a ideologia do Mein Kampf e quejandos. 

De novo, perco o fio da meada. Por quase dez anos, eu fui seu "professor", embora tais aulas tenham se tornado, ao passar dos anos, mais uma espécie de "desenhoterapia" que aulas, por assim dizer. Mas o tempo passou, ele cresceu, e muito mudou, de um garoto mimado e exibicioista de sua elevada posição social, para nos tornamos, de fato, amigos. Pois bem, em 2011, ano da tentação pelo tal consurso, eu fui obrigado a abandonar nossas reuniões até então "saudáveis" - falarei disto mais pra frente. E além disto, como tinha as noites tomadas pelo odioso cursinho, e mesmo os sábados, eu perdi meu único hábito saudá vel, de me exercitar diariamente, em improvisada "academia" em minha torre, na sua parte mais reclusa de todas - o sótão propriamente dito, com suas caixas d'água e canos, e boilers e...poeira, muita poeira.

Pois bem, fiz o caminho das pedras de tal empreitada- a de obter, por acaso, um desses "dream jobs" da grande maioria dos brasileiros. Não é preciso nem dizer o que me sucedeu - eu perdi. 

Novamente citando uma de minhas películas favoritas(High Fidelity, 2000):

"Then, I just lost it. I lost it. I lost it all- faith, dignity... about 15 pounds."

Eu perdi. Tudo. 2600 Reais. Uns dez quilos, de músculo, que não consigo recuperar, pois estou com estes trinta e sete anos, e todas as vezes que tento me aventurar a reiniciar, por conta própria, meus esforços musculares, eu demoro de três a quatro dias para me restabelecer das dores. Perdi toda minha resistência, eu que fazia barras com 15 quilos atados à cintura, hoje não consigo fazer nem quatro delas, sem nenhum peso a mais. E por inércia, preguiça, dê a isot o nome que quiser - não consegui restabelecer. Perdi, definitivamente a vontade, de sequer me aproximar novamente de qualquer texto de direito - hoje mesmo joguei no lixo tudo que ainda me restava sobre o tal cursinho, apostilas e afins. Eu perdi, tudo que apostei nesta empresa falida de se obter oque acreditava ser "minha salvação" na época - e que se tornou isto: um PESADELO, algo que lamentarei pro resto de minha vida.

Eu perdi tudo que apostei. Todas minhas fichas, que tinha, na época.

Sei de um fato, que alguns consideram ser meramente obsessivo dado meu excessivo perfeccionismo: JAMAIS me aproximarei de algo ligado a tais "dream jobs" dos acéfalos brasileiros. Nunca mais, prometi a mim mesmo, e confirmo na data de hoje, que atirei ao lixo reciclável todos ospapéis remanescentes do malfadado cursinho. Talvez ali, tenham alguma serventia. Não para mim. Nunca mais. 

Enfim, voltando à "via crucis" de que falava - meu tratamento para este cérebro defeituoso - eu continuei a frequentar as sessões da "médica das fadas," que assim como eu tenho certa obsessão por dragões, ela tem com fadas, é cheia delas em seu consultório, e diz que vários pacientes, em sua gratidão por terem de fato se curado com ela, lhe oferecem como prendas de agradecimento mais e mais fadas.

Eu tenho Gideon, em sua pose perpétua defronte a mim. Tenho tatuagens de dragões, uma estragada pelo imbecil do tutuador dito fodão, que se drogou antes de retocá-la e quase a destruiu por completo, ao menos reduziu sua beleza estética. 

Mas, de todas as tatuagens que tenho, a que me faz mais sentido é a menos visível de todas, estampade em minhas costas: a Ouroboros.

Ouroboros. Sou eu. A cobra que se devora eternamente, em um círculo vicioso e eterno. 

Pois continuei, na médica e suas fadas, sua hipnoterapia que me fazia querer rir, e seus medicamentos, que segundo ela, domariam minha "vozes" na cabeça - que mal sabia ela, não existiam. Nunca existiram. Questiono sim, seu valor terápico, em sequer me perguntar acerca de meus medicamentos, antes de começar a terapia. Pois bem, nisto se passaram três anos - e tudo continuava na mesma. Vivia, atrelado ao passado, não viva o presente e enxergava o futuro com um buraco negro. 

Tudo que almejara como "sonho," como "vocação" havia me deixado em ruínas. E isto se refletia, embora de forma contida, em minha mente. A Risperidona me impedia de sentir, com efeito, todo meu negativismo. Quiçá ser por isto que me mantiveram nela, por tanto tempo. Pois parecia melhor a todos - que eu ficasse dócil, aceitasse meu destino medíocre, o que havia me tornado em trinta e sete anos de inexistência. 

Mas, eu tinha meus repentes de mais franco desespero, por vezes, embora me segurasse, acho que por meio dos fármacos legais e ilegais que consumia, diariamente, ou quase, no caso dos ilegais. 

Certa feita, não me lembro bem o dia, eu fui forçado, "peer pressure" de meu chefe/amigo a fazer uma página no tal livro faceiro, vilgo Facebook. Quase não o usava - pois ainda estava, com as palavras vindas do alto escalão, um ser "anti-social e improdutivo." E não via graça ali. Havia perdido o contato com meus antigos amigos da época em que tive o sonho - agora despedaçado - de ser desenhista, e, sinceramente, tenho mesmo vergonha de sequer travar contato com eles. Imagino uma conversa: "E aí, desenhando muito?" e eu: "...."

Então, aquilo para nada servia. Mas, certo dia, estava tão desorientado, tão deseperado, que, por impulso, postei a singela mensagem em minha página ainda existente ali: "Socorro"

Nem sei direito o que esperava. Talvez, um milagre. Sei, que na mesma hora, um de meus amigos, o Fernando, me ligou. Eu não atendi, de vergonha. Pois sabia que apesar de ter postado tal coisa, eu me arrependi instantaneamente de tê-lo feito. Sei que houveram outros que se preocuparam - inclusive meu irmão, o de sangue, com o qual, lamento dizer, não me dou muito bem. 

Mas Fernando, voltou a me contactar. Achou que eu deveria voltar a desenhar, fazer as tiras de meu famoso e desconhecido personagem: o Sr. Bode. Pois bem, eu tentei, enferrujadissimamente, a fazê-lo. Não deu. Além da inércia, do perfeccionismo latente, e de certa preguiça, eu não consegui fazer nada. 

Relatei o caso à médica das fadas. Falando da preguiça que me gerava tal esforço. "Pode ser por causa da Risperidona. Que tal a gente experimentar, você ficar um tempo sem ela?"

De 2 mg por noit, passei ao ZERO absoluto. 

Hoje, escrevo estas linhas de minha torre, por estar passando por um momento similar ao que passei quando cortei esta tal de Risperidona. Desmame, eles chamam. 

De 2 mg para zero. O resultado foi quase instantâneo - foi como se, uma barragem dentro de mim se arrebentasse. Uma barragem de sentimentos, emoções...que ficaram represados pela tal droga. Tudo voltou à tona, subitamente, o bom e o ruim. Especialmente o ruim. Negativismo, pensamentos suicidas, agressividade constante, mau humor constante, ódio. Do lado bom...eu voltei a apreciar música. Voltei a ter frissons ao ouvir as ditas músicas que, para mim, são portais para minha alma - se é que ela, deveras, ainda existe.

E nesse interim, houve outro desastre, que não tentarei esconder: eu me tornei, cada vez mais, ADICTO da tal maria-joana, 4:20, e tantos outros nomes dados à "erva de Jah" - por meio de, agora, as reuniões que alcunho de "malevólas" com meu então ex-aluno porém ainda amigo, o Gabriel, o nazista, o anjo caído, por nome e por existência terrena. Com ele, comprávamos quantidades exarcebadas de tal "fármaco" proscrito por lei. E se tinha, eu fumava. Era a filosofia. 

Isto tudo, ainda enquanto me tratava com Sofia Bauer. Mas, depois do rompimento da barragem chamada Risperidona, meu lado ruim imperou. E me fez, ir ao fundo do poço. Quem viu, viu, quem não viu, jamais tornará a ver - o que escrevi, por repente malévolo, em minha  página do Facebook - agora deletada, para sempre. Ali estava o somatório de tudo que estava sentindo. O desejo latente, que por duas vezes, no mesmo dia, me fez ir ao terraço do prédio onde trabalho e almejar tentar alçar voo, dali. O desejo de me xingar, me fazer em pedaços, odiar espelhos, odiar minha cara, odiar a mim mesmo, por ter sido, conforme disse Fernando, o Pessoa, em seu poema que mais me identifico. 

Falhei em tudo. 

E como sou, um idiota influenciável que tem por filme predileto, "Fight Club", eu me puni por ter covardia em levar a cabo a tentativa de voar. Já o havia feito, alguns dias antes, de encerrar meu tratamento definitivamente, com a médica das fadas. Fui questionado por meu "finaciador" do tratamento, meu chefe/amigo. Disse a ele, "não está funcionando pra mim, tentarei outra coisa..." Falei a ele, que, sinceramente, ela às vezes parecia não me levar a sério; nos dias que chegava mais irritado, logo encerrava a conversa e me punha naquela fraude de hipnoterapia. Desculpem, a todos que deste tipo de tratamento se beneficiaram: para mim era uma piada perversa. Disse a ele, "que talvez precisasse da alguém mais linha dura, para me forçar a melhorar," ao que ele replicou, em seu jeito Antonio de ser: "Está enganado. NINGuèm vai te forçar a nada, tem que vir de VOCÊ tal mudança."

O que questionei mentalmente. Ora, se é assim, porque você precisou dela, para se livrar dos eletrochoques e tratamentos medievais, e internações à força no Hospital dos Doidos? Mas nada disse, só pensei.

Na mesma semana, fui, com auxílio financeiro de minha irmã mais velha, em outro psiquiatra, de nome Dr Paulo nao sei o quê(não me lembro do sobrenome, nem quero lembrar) - e ele foi, o exato OPOSTO da médica das fadas. 

Em nossa última sessão, no mesmo dia que tive as duas ânsias de aprender a voar e ter postado a lamentável coisa no livro faceiro, ele...simplesmente me fez em pedaços. Foi me encurralando, cada vez mais, com suas palavras, seu ardil psicótico, eu diria, de tentar, talvez, "destruir para reconstruir". 

Me destruiu. Tanto, que não consegui segurar a onda de súbito choro, ao que ele continuava a falar, "você vive num mundo de fantasia...estas coisas, música, desenho, são pra você ilusões que você mantém na sua cabeça, como fuga da realidade: isto não dá dinheiro, você precisa de dinheiro, não está satisfeito com o que você ganha, mas corre de tudo que poderia lhe pagar melhor." - ao que, eu ri, amargamente, no meio das lágrimas, e fiz com mão direita o símbolo universal de uma arma de fogo disparando contra a própria cabeça. "Se eu vivo neste mundo cão que você me ilustra, tão bem, se sou a formiga tentando lutar com o javali, eu prefiro a morte." 

"É. Eu já perdi paciente pra isto sim, lamentavelmente." (o que, sinceramente, não me espanta.)

Não conseguia parar de chorar, e sabia, mesmo antes da derradeira consulta, que minha irmã estava ciente do que havia relatado, em meu delírio, no Facebook, por meio do Antonio(chefe/amigo), que havia lido as coisas terríveis que tinha escrito, e que havia ligado pro meu irmão de sangue, que por sua vez havia ligado para minha irmã mais velha, finaciadora do tal Dr Evil, conforme alcunhei-o depois desta última consulta. El, por sua vez, foi contactado, ao término de nossa sessão de tortura, por esta mesma irmã - e havia recomendado, tendo em vista meu estado de espírito após ter sido literalmente feito em pedaços por ele, que alguém viesse me buscar, "para eu não fazer nenhuma besteira." Minha mãe, pobre mãe, ficou de vir. Ele me falou, "Aguarde por ela no saguão, tenho outra paciente(coitada dela) pra atender."

Fui pro saguão, que à esta altura, estava vazio, pois já eram sete da noite. E ali, de novo, me veio o pecado capital, a IRA. Eu queria, arrebentar a cara daquele doutor. Mas, seja lá por que, achei que a culpa de ter-me deixado destruir era EXCLUSIVAMENTE minha, eu havia caído em seu ardil de palavras, sua armadilha psicológica...ou psicótica.

Ira.

Fui ao banheiro do consultório. Deserto, felizmente. Olhei para o Monstro no espelho. 

"Então é isto que sou né? Um fantasioso, que tem nas coisas que mais gosta - ou gostava de fazer - ilusões, meras ilusões de uma vida menos miserável??"

Perdi a conta de quantos socos me dei. Perdi conta de quantas vezes tentei quebrar meu nariz, quebrar alguma costela. Eu precisava sentir algo, que não fosse a ruína mental que tal "médico" havia me reduzido. Foi meu pior episódio de auto agressão que já tive. Isto posso garantir. A certa altura, caí no chão, já sem lágrimas, mas ainda repleto de ira. Segurei o berro que queria emitir, do fundo do que havia restado de humano em mim, naquela noite. Seguirei, pois sabia que poderia atrair algum curioso.

Não sei quanto tempo fiquei sentado, derrotado, plenamente derrotado, arfando de ódio e amargura, de dor, DOR, na alma, no que havia restado dela, ao menos. Fiquei ali um tempo, me levantei, olhei novamente pro Monstro refletido - agora já todo escangalhado, com a cara toda inchada. E com hematomas tambpém nas costelas, mas estes devidamente escondidos. 

Retornei, ao saguão, que continuava vazio. Imediatamente, pus meus óculos escuros, para que minha progenitora não visse o que tinha acontecido no descontrole do banheiro. Ela chegou, trocou breves palavras com Dr Evil, e fomos embora.

No dia seguint, olhei de novo pro Monstro, em meu espelho. Era como se estivesse saído, de fato, de uma sessão do "clube da luta." Dei graças aos céus que era muito cedo - cinco da manhã - e, como de costume, me preparei para mais um dia de trabalho, sem muito me preocupar com o efeito que tal ruína causaria ao chegar no escritório. 

O Controller, ao me ver, ficou perplexo - "O que aconteceu??" e eu, ironicamente, só disse - "clube da luta". E ele se pôs a me perguntar porque estava ainda tão frustrado, eu lhedisse tudo, que cabia a mim dizer, o trabalho, que nas palavras charmosas de alguém, "qualquer imbecil faz," a certeza de que jamais poderia crescer ali, e sabia que havia muito mais dentro de mim a ser dito, mas que sabiamente me calei - o fato de ter perdido 14 anos pras drogas, de ter ficad "no ármario" por 17 anos, de ser ainda um virgem, de saber, por meios do tal doutor, que tudo que de fato amo e me faz sentido - ou fazia, pois desenho, pra mim é algo que pra mim está ainda morto dentro de mim - música e arte, serem meras ilusões, "hobbies", coisas que não dão dinheiro. 

Dinheiro. Esta coisa, este "vil metal," que rege nossas vidas.

Nisto, fui chamado por outro velho amigo que se tornou ascendente no Império, o Hugo, o Advogado. Ele viu minha ruína, pouco comentou. Só me disse, que, por ordem do proprio Antonio, eu estava de licança por trinta dias, "para me cuidar", acrescentando, "Buriol, você está DOENTE. Sabemos disso. E sabemos que enqaunto você estiver assim ,escrevendo coisas feito o que você escreveu ontem, tendo estas vontades suicidas, e tudo mais, você não pode trabalhar, não apropriadamente." Eu até cheguei a resistir, pois temia que o isolamento na "Torre" pudesse me fazer mal. E falei da consulta fatal com o Dr Evil, que havia me dito aquilo sobre as coisas queeu de fato AMO(ou AMAVA, feito o desenho) - de serem meros hobbies, que não deveria me dedicar a elas e sim pensar no dinheiro. Ao que o Hugo me retrucou, "E este tal médico não tem hobbies?" Eu disse, "Acho que gosta de escrever." - "E lhe rende algum dinheiro a mais que a psiquiatria?" - "Não, segundo ele."

"Então mande este cara PRA PUTA QUE O PARIU. Que ele entende das coisas que gostamos, de fato, em nossas almas?" E me repetiu - "É ordem superiora. O Sr. Ronaldo(Diretor) já está sabendo, o Antonio autorizou, vá pra casa, tente voltar a tocar, a desenhar, se trate com outro médico, se CUIDE."

Bem. Sabia que estava no fundo do poço. Ou mais fundo ainda, pois aqui acrescento um adendo, que esqueci de mencionar, coisa que ocorreu semanas antes da destruição causada pelo Dr Evil - eu e Gabriel, o nazista, o anjo caído, última figura quase toda hora presente em minha Torre, para termos as tais "reuniões do mal", regadas ao consumo exacerbado de Cannabis e apatia, diante do Netflix - eu e ele, já tínhamos a CERTEZA, agora de fato nítida, que tínhamos sim, problemas com drogas. Foi a única coisa de útil que o tal Dr Evil me disse, em nossa primeira sessão, esta antes da destruição total deste que vos escreve - "Você está se medicando com maconha. E sabe o que acontece com adictos sérios de tal droga? A tal Síndrome Amotivacional - onde você não faz NADA. Não tem vontade de fazer NADA."

Imagine isto, somado à Risperidona. Era assim que eu estava. Não é à toa, que minhas guitarras, muitas delas, quando de fato me reencontrei com elas, nestes dias pra mim tão estranhos, estavam desreguladas, com as cordas enferrujadas, empoeiradas.

Sim, estava no auge de meu vício. E sabia que estava me fazendo mal, muito mal. E além disso, a mesma coisa acontecia com o Gabriel, o qual eu ainda peço desculpas, muitas desculpas, por tê-lo influenciado tão negativamente. Era na MINHA CASA que ele fumava maconha. Era com MEU DINHEIRO que tínhamos acesso à erva. E, neste ano diabólico de 2014, subitamente, ao ver um de meus amigos que não via há tanto tempo - o Tiagão, que sempre fumou os "palhosos", eu me vi tentado a voltar pra nicotina também. E, dias após ter-me estabelecido como fumante dos ditos "caretas", quem começa, também a fumá-los? Gabriel. Eu me acho, no mínimo, um pouco responsável por miha má influência em seus hábitos. Sei que tenho, ainda que ele me afirme o contrário, minha parcela de culpa em seus vícios. 

Pois bem, eu falava do fundo do poço. Semanas antes de ter percebido que ele é tão fundo quanto se deseja - basta ver oque aconteceu comigo depois do Dr Evil - Gabriel, estava se envolvendo com coisa pior que mera Cannabis - o vulgo pó. Usou, continuamente por uns três dias, e foi nesta data que eu disse a ele - "Ambos temos SIM problemas com drogas. Vamos organizar uma "despedida" delas, neste fim de semana. Não está-nos levando à nada, e sim pro buraco."

Ele concordou, nos propusemos ncontrar-nos no sábado, comprar, na boa de fumo mesmo, dois "pinos" e mais oito "dolinhas" - ao todo, cem reais, de meu bolso, como sempre. E ele também havia, por mero acaso, fatal que seja, se deparado com mais dois tabs de LSD. Pois bem, estávamos bem munidos pra tal "despedida"...

Que foi muito mais real que eu imaginava. 

Junto conosco, tivemos a companhia de Agenor, amigo de Gabriel, que falou logo de cara, "Eu nao quero saber de pó!" Mas, eu, na burrice, na curiosidade, chame a isto de que quiser - experimentei, enquanto já estava lesado de ácido, de maconha. 

Vi meu mundo desmoronar, aquela noite, pois tudo que conseguimos, foi nosso término, de fato, de tais malévolas reunios. Pois a mãe de Gabriel, o veio buscar duas horas antes do previsto, e ele estava trincando de cocaína. E eu, estava já virando do avesso, vomitando o que não tinha comido, seja por efeito do LSD, ou pela coca - Ela veio buscá-lo, eu me abracei forte à ele na despedida, já prevendo o que significava tal despedida.

Não consegui mentir para sua mãe, quando ela me ligou, dez minutos depois que ele se fora - e daí ela foi clara: Foi a ÚLTIMA vez que el foi em sua casa. Você está sendo um "facilitador" de drogas para ele, e outras coisa que nao me lembro, mas que, chorando, concordei. E assim foi. Nos despedimos, de fato, para sempre.

Passei a PIOR noite de minha vida, pois decidi mandar tudo pro espaço, inclusive o restante do pó que ainda havia. Vi o infenro na terra, quebrei o espelhinho que usamos como base pras vulgas "carreiras", e vi nos cacos, minha vida, minha alma, tudo ali, estilhaçado. Achei que fosse, deveras, morrer.

Foi depois deste final de semana, queme decidi parar de me tentar me tratar com a tal médica das fadas, pois não estava, de fato, levando al ugar algum. Mas, como disse, ainda não tinha enxergado, de fato, o fundo do poço, pois foi logo depois disso - que o Dr Evil me fez ver que ele é ainda mais fundo.

Pois bem. Voltando ao lance da licença, que muitos entenderam como "pre-demissão", eu fiquei uns vinte dias catatonico, tendo ido em outro médico, Dr Guliherme, que era mais humano que o anterior, mas, que porém, também não me fez quase nada. Subiu em muito a dosagem de Venlafaxina, para 225 mg por dia, subiu a dosagem de quetiapina, para 100 mg por noite, manteve o Rivotril. Entao eu dormia, e como um bebê, embalado por tantos fármacos. Dormia, das sete da noite até umas quatro da manhã. Encerrava o dia cedo, pois não via o menor sentido em continuar acordado. E como disse ao meu Anjo do Sul, A Jackeline, que me conhece desde 2009, data de início deste blog, "Eu só conheço paz quando estou dormindo."

Não. Não tenho delírios, feito acharam a merda da médica da UNIMED e a médica das fadas. Mas tenho uma cabeça avariada. Pensamentos negativos, quase o tempo todo, e muito piorados, neste ano em que estou fazendo - e fiz - tantas experiências com meu cérebro, legalmente ou não. 

Meu irmão ex-oficio - Rafael, quem em presenteou com Gideon, que tanto amo, e que tanto me foi significativo, na ocasião de súbito presente, foi uma das pessoas que desapontei recentemente, com minha inércia e meu desânimo - me propôs um trabalho ilustrativo, que rejeitei sem dizer que nem porquê. Achei simplesmente, em minha cabeça, "Ha ha ha. Você nao dá conta nem mais de fazer um círculo usando um compasso." Ele viu de perto o resultado de minha última sessão com o Dr Evil. Ele sabe de um dos meus maiores "segredos", mas que não estou nem muito mais aí para que saibam. E me aceitou, como muitos de meus amigos também o fizeram. Mas que até hoje me atormenta. Por ter eu este medo latente, de me aproximar, afetivamante de quem quer que seja. Por ter alma romântica, grande besteira, bem sei, mas que não consigo me livrar, de querer...nem vou dizer o que quero. Acho que dá pra inferir.

Não tenho delírios. Tenho uma espécie de voz, que sempre fala -"Vai dar errado. Pra que tentar?" 

Talvez tenha sido por isso que me mantiveram na Risperidona, por três anos. Não sinto falta dela, pois aprecio novamente sentir coisas, ao invés de ser mero observador de minha ruína, ao longo do anos. Mas, no final dava na mesma - nao ouvia tal voz, mas não tinha vontade de fazer nada.

Bem, consegui acrescentar, aos trinta dias de licença Diretorial, mais quinze de um atestado emitido pelo tal Dr Guilherme. Comecei a me tratar com uma psicóloga, que me deu como exercício inicial, enumerar, meus pontos negativos e positivos. Negativos: oito páginas, frente e verso. Positivos: uma página, só a frente. E depois, me pediu pra fazer "breve biografia" de minha vida, tentando resgatar a infância....A infância foi o que menos abordei, nas 54 páginas que escrevi - de fato, uma biografia - mas tal exercício só me fez nutrir por mim mesmo ainda mais escérnio, desprezo, "self-loathing". 

O que fiz de minha vida? Nada. Foi o resumo final da biografia.

Fugi, de tudo, de todos, dos sentimentos, das obrigações, dos "desafios" necessários à construção da "vida ideal" que tenho nítida em minha cabeça, mesmo depois de tantas avarias. Me enconstei, nas dorgas prescritas e proscritas, me escondi, fugi. 

Aprendi, amargamente, que amizades, e/ou família e negócios não combinam. 

Por isto também, desapontei meu dito "irmão" retirense, ao me afastar de sua empreitada no mundo da programação(naõ quis dar este dissabor nem a ele nem ao André, que me fizeram tal proposta, anos atrás). Tá, houveram impedimentos físicos também: Eu sou péssimo com matemática, sempre fui. E o que é programção, senão uma forma, quiçá "poética" de matemática? Linhas e linhas de código, em sempre que as vejo na tela de meu amigo, me lembro da imagem de um poema. Incongruente, bem sei. Mas visualmente parecidos, no mínimo.

E, no momento, eu tive que retornar ao meu trabalho, que tão mal falei publicamente naquela merda agora deletada para todo o sempre. Chamei-o de "Shitty job", e bem sei, que meu próprio benfeitor leu tais palavras. 

E agora proclamo, a quem queira escutar, "It's not the job itself that's shitty. It is me, who is actually SHITTY."

Anos e anos, jogados fora, encostado, sem ter nem qê nem porquê. Este é o Monstro, que vejo refletido no espelho, que em vão tentei quebrar com um soco, quase quebrando minha mão, e lá permanecendo, a verdade refletida. O Monstro.

Meu benfeitor, chefe/amigo, me deu mais uma oportunidade de tentar sair de meu inferno - o tratamento com seu atual médico, Dr Fábio, que ele mesmo diz que foi, de fato que conseguiu tirá-lo do buraco. E bem sei que é verdade, dada a mudança súbita nele: do nada, assumiu o Império, assumiu sua vida, trabalha, participa de reuniões, se desgasta, mas FUCNIONA, como pessoa. Ao menos como - acho eu - sempre quis funcionar.

Sendo eu o rei do negativismo, fui ao tal Doutor, mas sem grandes esperanças, pois ainda estou, como diz o Ogro, "atado à minha cruz" - fui. Recebido pelo sério doutor, ele me perguntou, secamente, o que o havia trazido ali. Comecei a discorrer sobre meus infortúnios, mentais ou não, ele me interrompeu - nada de sentimentos aqui. A parte psicológica é com a sua psicológa. Eu estou aqui para tratar de seu cérebro. Do que possa estar avariado nele, ou em tudo que à ele é relacionado. Me fez o questionário que o Antonio havia me dito que faria - perguntas, com apenas quatro(cinco? não me lembro direito) opções de resposta- Ausente, fraco, forte, muito forte. Acho que são de fato quatro. Perguntas, como - "Voce tem baixa auto-estima:  muito forte" e assim foi.

Diagnóstico: Depressão Crônica, Fiobia social Crônica.

Me fez uma lista de quatro medicamentos, todos antidepressivos, indo do mais leve ao mais forte. A Venlafaxina, que eu tomava até então, era o segundo mais fraco. E todos os outros - menos o mais forte - eu já havia experimentado, em anos e anos de consultas com diversos médicos da cabeça. Pois a fraude da UNIMED não foi a primeira, houveram, antes dela, muitos outros. Todos, com o mesmo resultado: nenhum.

ELe apontou para o mais forte e falou que, no meu caso, deveria ser ele. Eu, logo de cara, disse sim, mas, ele me interrompeu e me disse a real sobre tal medicamento - Parnate - é uma droga que exige uma série de cuidados, especialmente do ponto de vista alimentar. Falou, "Antes que você me responda um SIM definitivo, lhe enviarei, por email, um artigo sobre a droga em si, que voce deve ler."

E por último, me deu o ultimato - "Caso você não aceite se tratar com ele, não vale a pena se tratar comigo, continue no seu outro psiquiatra."

Tudo ou nada.

Na mesma noite, li o artigo - de fato, o treco é sério, conforme os textos que aqui escrevi dantes deste - se eu consumir mais que 6mg de tiramina, mólecula presente me muitos queijos, cerveja, molho de soja, ou alimentos que não sejam necessariamente frescos - a tiramina aparece neles pela degradação dos mesmos - eu posso ter um aumento súbito da pressão arterial, chegando, em níveis extremos, a mais de 120 mmHg. 

Derrame cerebral....ou mesmo morte.

Eu fiquei desanimado, pois, apesar de ter pensamentos suicidas, eu sou cagão - não sei o que há na morte, de fato, e a temo. Antonio me ligou, eu expliquei tudo a ele. "Dr Fábio te fudeu hein, ou tudo ou nada." e mais: "você já estava suicida, então porque temer este tratamento?" Mais ainda - "se você voltar a ter um surto feito o que teve antes da licença que te concedemos, eu serei obrigado a te mandar embora."

O que poderia eu fazer? "Perder a boa vontade do Antonio", segundo o Hugo me disse em telefonema posterior? "Assumir que sou anti-social e improdutivo?"

Dia seguinte, aceitei o tal tratamento. Dr Fábio me escreveu uma rotina de "desmame" da venlafaxina e da quetiapina, mas manteve o carbolitium e o rivotril - que sou grato, pois um dos efeitos colaterais seguros do tal Parnate é - insonia. E vocês sabem:

"With insomnia, nothing's real. Everything's a copy of a copy of a copy...."

Então, comecei o tal tratamento, iniciando o tal desmame da quetiapina - que me deu insonia, pois regulava meu sono, junto com o rivotril. E o desmame da Venlafaxina, bem...este está sendo um inferno. Uma droga, que consumi por quatro anos, sem me dar conta de nenhum efeito positivo, ao ser cortada, deu tudo de negativo que poderia vir, e li a respeito: "extreme mood swings, agressivity, INSOMNIA." Sensação de "cabeça oca", ou que está tudo solto lá dentro, o cérebro e seus anexos, tonteiras, tendência ao suícidio(que novidade!) e mais um tanto de efeitos físicos que não consigo bem descrever. 

Cheguei em casa, outro dia, ao saltar do ônibus, comecei a sentir-me mal. Comecei a berrar feito doido. Ao chegar em minha rua, novo ataque, berros e tentativas de arrancar os cabelos. Precisamente neste momento, me para um mini-cooper que bem conheço. Antonio. Me oferecendo a "imensa carona até minha casa, coisa de quatro quarteirões" - mas ele viu, mesmo que eu não dissesse, preferisse me manter calado, que estava passando mal. Ele perguntou sobre o tratamento, falei que ainda estava em processo de "desmame" dos remédios. "Nó, foda. Eu sei como é." E me deixou em casa, sem me falar mais nada. 

Na mesma noite, eu cheguei à minha Torre, caí imediatamente de cara no chão. E dali, não sei de onde veio, a crise de choro. Que não passava. Minha mãe, secamente, só me disse, "Era esperado, não era?" E depois veio me perguntar de meu recente retorno ao trabalho. E começou, como de costume, a falar merdas sobre o que não conhece. ME acusou de ser orgulhoso. É engraçado, os tais "extreme mood swings" - do choroa à IRA, em menos de dois segundos. Continuou a despejar merdas em meus ouvidos - tudo que eu não precisava ouvir, naquele estado mental - "Voce, tudo que você fez, voc~e não levou adiante porquê não QUIS. Biologia, fez, e não quis. DESENHO, fez e não quis --"

IRA. Interrompi-a bruscamente, e deisse. "Não quis. Aqui pra você ó" e lhe fiz, em sua cara, "the middle finger salute" - que a deixou irada, "sou sua mãe, você TEM que me respeitar!" E eu, "Você é minha mãe, mas não deixa de ser GENTE, e o que você falou foi extremamente ESCROTO." E repeti, o gesto. 

Vai. Pra. Puta. Que. O. PARIU.

Deixei-a falando sozinha, como sempre faz, em momentos que se irrita, e fui tomar meu banho, sentindo tudo estranho dentro de mim. Tudo parece solto. Coisas similares à labirintite. Dia seguinte, era data de mais uma consulta com minha psicóloga. No meio do caminho, não resisti, comprei um maço de "coffin nails" e fumei, três em seguida, enquanto sentia minha cabeça gira, acompanhada de mais uma crise incontrolável de choro. Sufoquei com a fumaça, fui pra sala de espera, lembrei-me dos rivotril sublinguais queo Dr Guilherme havia me dado, tomei quatro, enquanto soluçava sem motivos reais. Dra. Joana, ao abrir a porta do consultório se deparou com isto: um Monstro, de trinta e sete falidos anos, chorando feito um idiota. Me confortou, ao contrário de minha seca mãe, e me atendeu. Foi boa a consulta, pois já estabeleci que de fato preciso continuar a me tratar com ela, pois, segundo o Dr Milagres, "parte psicológica não é comigo". Ela me garantiu que ajustará o preço, para que eu, com meu escasso salário, possa continuar a pagá-la por conta própria, pois minha irmã mais velha, minha principal benfeitora nesta família falida, não poderá continuar a financiar, pois, ao contrário de seu irmão, tem filha e muito mais contas a pagar que eu.

Bem, voltei ao escritório, segurado apenas pelo efeito do rivotril, e lá fiquei, à espera de algo a fazer, como sempre. Ao meio dia, Hugo me liga - conversara com o Antonio, que tinha, de fato, percebido que estivera passando mal na noite anterior, quando entrei em seu carro - e eles me sugeriram mais uns dias de licença até que o processo malfadado do desmame e o início do tratamento como Parnate fizesse efeito. 

Inicialmente, achei que poderia ser abuso de minha parte aceitar, mas conforme as horas foram passando, e meu estado mental se degradando, mais e mais, enquanto eu me segurava para não ter nenhuma crise - severeamente advertido pelas consequências que traria nova crise daquele naipe no escritório - eu liguei novamente ao Hugo e aceitei a proposta. Fui ao departamento pessoal, esclareci tudo À encarregada, que acedeu de imediato, e fui pra casa, ainda me sentindo atordoado pelo que se está passando em minha cabeça, no momento deste tal desmame.

Isolei-me na Torre. Olhei em volta, vi Gideon, que me deu a resposta - "Elas estão te esperando, em seus estojos." 

Gastei, de fato, os dedos. Até as dez da noite. Consegui, por meio delas, controlar a crise. Abençoadas sejam elas, minhas meninas de seis cordas. E ontem, primeiro dia da tal licença. e oficialmente o primeiro dia com ZERO de venlafaxina - momento que dizem ser dos mais críticos - eu me perdi novamente nelas, aprendi músicas novas, consegui aplacar o mal-estar, sempre presente, quando paro, quando sequer viro a cabeça. Tudo gira, em meu interior. Toquei, e ignorei, ao máximo os sintomas. E mais tarde, fui agraciado pela visita do Ogro, mais a Lora, mais seu rebento, o jovem Yam - que tem aspirações guitarrísticas, assim como eu tinha em sua idade. 

Vou ser sincero - a tal visita, que era muito mais voltada à discussão quase fatal que tive com Psico, o Ogro, por emails atravessados desde meu retorno ao Império - foi ignorada por completo, pois ficamos, eu e Yam, nos entretendo com minhas guitarras. Perdão, psico e Lora- se os fiz perder tempo.

Mas foi bom, pois ajudou a segurar minha onda, que não está nada boa, da privação desta droga. Que está uma droga, com o perdão do trocadilho infame. 

Bem...acho que isto resume, ou em parte explica tudo ou quase tudo que se sucedeu, que está se sucedendo, durante tanto tempo de silêncio obstinado. 

E hoje, já fui agraciado com ataques de idiotice de minha mãe, e ainda estou me sentindo feito uma coisa avariada. Meus dedos doem, devido ao abuso das seis cordas, mas acho que procurarei nelas, ainda que doa o que doer, refúgio das loucuras que ainda estou sendo submetido, pelo tratamento, por minha mãe, pelo mundo que tanto temo. 

Aqui da Torre, vai o apelo do Noiado no Sótão. Se existe alguém lendo, tente entender...

Eu mesmo ainda não entendo. Mas estou tentando, ainda que o custo seja elevado. Conforme escrevi, conforme sinto, em meu corpo, em meu cérebro, me minha mente, em minha alma - se é que ela deveras ainda existe, agraciada ou não por algum ser superior que não entendo os designíos.

Bem. escrevi e escrevi. Cumpri minha missão de estar, nesta manhã, segundo dia sem Venlafaxina, sem quetiapina, sem dormir, sem paciência, sem sentido - cumpri o que havia-me proposto.

Escrevi. E agora, procurarei por alguma forma de suportar os efeitos estranhos de tal abstinência - que perduram. Quiçá nas guitarras, quiçá em filmes, músicas...sei lá.

O que sei é que lamento, se fiquei resignado ao silêncio por tantos anos. Tentarei, ainda que meio sem propósito claro, voltar a escrever aqui. Esperemos pelo melhor - ao contrário deste ser que se condenou ao pessimismo eterno como seu "destino", sua "sina". A tal cruz que dizem-me atado.

Adeus a todos que porventura tenham lido tal relato - saibam que é verdadeiro. Ao menos isto.