sexta-feira, 25 de julho de 2014

Breve resumo acerca de minha "ausência".

"I've got blisters on my fingers!"

De fato, sinto-me hoje como Sir Paul McCartney afirma jocosamente no término de "Helter Skelter"- que aliás, ironicamnete, eflete também o meu astual estado e'espírito, por assim dizer. Ontem, as tais "demoiselles" foram-me exploradas mais a fundo que no dia anterior, tendo inclusive a boa companhia do jovem Yam, filho da famosa Lora, namorada do famoso Ogro, também por nós, seus amigos desde 1997 - início da era da Biologia em minha vida - é-nos conhecido meramente por Psico. 

Por razões que até hoje ignoro, de fato, assim o alcunharam na data. Ele fora o primeiro lugar geral do quadro de aprovados para o curso...e conforme o tempo passou, se provou ser - da fato - tão ou mais inteligente que mera aprovação num vestibular, coisa que para mim não prova cabalmente muita coisa, a não ser que você bem decorou sua lição, mal ensinada, pelos colégios brasileiros. O que posso garantir também, acerca dos tais "dream jobs" dos brasileiros, em sua grande maioria, os tais concursos públicos. Fi-lo uma vez - para parender minha amarga lição. Quem passa naquilo NÃO sao os mais inteigentes, que de fato deveriam ter  sua vaga garantida em algum cargo importante a nível governamental. Não. Quem passa são os "ratos" de cursinho, ou já denominados "concurseiros", uma espécie "transviada" de profissão no hospício globular que residimos, mais especificamente no país que residimos.

Mas divago. Não estou aqui para falar do óbvio - para mim - que concurso não prova se você é, deveras, apto, inteligente, ou capaz. Eu falava de Psico, amigo meu desde 1997 - e que teve esta alcunha celebrada, e por ele ironicamente aceita, desde os anais do curso. Meu curso, meu período no curso em questão. Diziam, às suas costas, evidentemente, que ele tinha cara de psicopata. Até hoje, olho pra meu amigo bonachão, e me pergunto onde é que esta o psicopata estampado em sua face. Pessoas. Como sempre. Com disse certa feita, Gabriel, que alcunhei de "nazista" por motivos  óbvios para mim na ocasião - onde tem gente, tem merda. 

Mas existem, de fato, os amigos. Isto eu aprendi durante estes meus ditos e repisados em textos outrora mais depressivos, oriundos de uma mente que está em processo de tratamento severo, do nível bioquímico da questão, um "fucking faggot", uma escória humana, que outro dia, mal conseguiu ver seu próprio reflexo num espelho sem ter dado-se por vencindo nas engrenagens de uma raiva doentia e, creio, oriunda de minha doença mental - e ter aplicado ao espelho um soco, almejando pôr em pedaços o objeto reflexivo. 

Mas que não mente.

De nada adiantou tal manifestação de súbito ódio - o espelho persistiu, a imagem refletida continuou a me encara, me dizendo, mentalmente "verdades" que parece que somente eu entendo. Minha mão, entretanto, ficou inchada, doendo. Virei o espelho, para que não continuasse vendo tal reflexão da obsessão, da doença que me consome, por dentro e por fora.

Me chamo de Monstro - ainda que, deveras seja, apenas uma pessoa, mais um rosto na multidão. Apesar de chamar um pouco a atenção, quando vou às ruas, seja por meu jeito já dito jocosamente "adultescente" de me vestir, trinta e sete anos, sem terno, sem gravata, sem a camisa para dentro das calças, sem desconfortáveis sapatos de couro, duros feito o próprio chão que pisamos. Eu acho tudo rísivel, ridículo. Mas é o "uniforme" dos que estão num patamar acima do meu - os que têm, algum emprego que lhes assegure algo mais que um mero "adolescente terminal" ganharia, por mês. 

Sim, bem sei, que tal fato também é criticamente analisável. Existem porteiros, que se vestem assim, por obrigação - de minha opinião, patéticas - em seus empregos...que asseguramente ganham ainda menos que o "adultescente aqui. Mas, de novo, digresso - estava eu a falar decomo chamo a atenção, por ser eu uma figura assaz irregular na multidão, excluindo-se meu modo, para laguns ainda excêntrico de ser,  de me vestir - eu carrego comigo o "estigma" de ser natural de um país que não é o meu. Carrego na pele ausência quase completa de melanina, o que me faz, segundo alguns engraçadinhos -ser cara-pálida. Tenho os olhos mais claros que a maioria. Tenho jeito de estrangeiro, afinal.

Durante o "Pão e Circo 2014", episódio que, felizmente estava eu, graças a meus faniquitos, ditos por alguns, ataques de raiva auto-inflingida, e afins, estive de "licença" médica e profissional, por um grande período de tempo e quase não vi o resultado lamentável da Copa em nosso país, mais especificamente, em nossa metrópole - roça grande e asfaltada, que é Belo Horizonte, com seus problemas eternos de ônibus horríveis, "metrô" risível, trânsito cada vez mais atrapalhado e gentes...tantas gentes, às ruas. Não vi de perto o pesadelo, não vivenciei o que era ser "brasileiro gringo" no meu próprio país, em minha própria cidade. 

Mas, por quarenta e cinco dias, estive encerrado em minha "torre", assim chamada por alguns, mas que não entendem seu significado, quiçá espiritual, para este que vos escreve. 

Todos têm seus refúgios da vida moderna. Todos Têm suas fugas - chame-as de futebol, (olhe bem o que causou tal Pão e Circo em nosso país), chame-as de cerveja, de novelas, de fofocas entre os bairros mais distantes do centro, que muito se assemelham a cidadezinhas do interior - onde todos sabem da vida de todos. Chame-as de comida em excesso, praticada por alguns, em doces e carnes suculentas, excesso de alimentação(eu mesmo já fui vítima deste escapismo), chame-as de cigarros, enfim - tantas e tantas maneira temos ao nosso redor, para tentar, de certa forma, escapar. Do quê? De nossas vidas...de nossa realidade...de nossos trabalhos, que muitas vezes odiamos mas somos forçados a acordar cedo, trajar o uniforme, botar o "slave collar" que denomino crachá dependurado ao pescoço, e...viver. Lutar pelo sustento. Pelo vil metal, que a tudo nos assegura, num universo em que o capitalismo foi vencedor. 

Eu não sou diferente, ao menos assim tão diferente, da maioria das pessoas. Tenho um trabalho que não me satisfaz, não do nível "esóterico" se preferirem dizer, de me realizar na Alma. Mas trabalho, tenho uniforme, tenho meu "slave collar", tenho que trabalhar. Pelo vil metal. Para quê? Para sobreviver, no mundo capitalista em que me vejo prisioneiro. Sou, de fato, um "gringo" na terra brasileira. Obtive, graças à genética, aos milhares de interações entre óvulo e esperma, entre as mitoses e quejandos, oriundos de meu desenvolvimento fetal, tornei-me o que sou, para o mundo, para o espelho, se de fato quiser enxergar, ali, um mero reflexo e não o somatório de anos de...doença mental. Sou um gringo no meio da multidão. 

Disseram-me, pessoas que viajaram à terra de meus avôs maternos, donos da maior parte de meu fenótipo gringo, que passaria despercebido em uma cidade como Praga. Que seria um tcheco a mais entre os tchecos. Acredito, pois já tiva esta opinião confirmada por gente tcheca de fato - imigrantes amigos de minha família, que para cá fugiram, à luz da Segunda Guerra, e depois permaneceram, diante da Sombra que assolou por tantos anos o lado oriental da Europa - o comunismo de Stalin, este desconhecido para a maior parte das pessoas que viveram neste nosso mundinho chamado Brasil. E por alguns ainda celebrados, alguns ditos "intelectuais" de esquerda. Não cabe a mim julgá-los. Basta dizer-lhes que eles nunca viveram sob tal regime, que causa arrepios nos tchecos mais vividos, os mais velhos. Muitos dos imigrantes que de lá fugiram inicialmente por medo de Hitler, cá permaneceram por medo de Stalin. 

Duvidam de mim? Leiam "A Insustentável Leveza do Ser", "A Brincadeira", e outros licros de Milan Kundera - escritor tcheco que se refugiou, salvo engano, à França, no período das sombras do comunismo em seu país natal. 

Sim, tal texto está deveras desconexo. Peço-lhes perdão, pois assim como o texto, assim está minha mente, neste processo que estou sendo submetido durante estes dias - eu procurei, alguns chamam jocosamente de mais um "escapismo" - auxílio médico em psiquiatras, para tentar fazer de meu inferno(minha vida) um local mais tolerável, ao menos para meu transtornado cérebro...e estou pagando o preço de tal auxílio. Estive, durante quatro anos, submetido a um certo fármaco prescrito por tais doutores da mente - Venlafaxina, que afirmam ser, com o nome esperançoso, para lguns, assim como foi para mim - um antidepressivo. Tomei tal droga por quatro anos. Em doses variáveis, mas que chegaram ao extremo de 225 mg por dia - sem o menor efeito nesta mente conturbada. Não conseguia produzir, não coseguia sair de minha inércia, não conseguia...não conseguia. E tomei, durante quase o mesmo tempo, outro fármaco prescrito por uma imbecil da famosa rede UNIMED, chamado Risperidona. Que funcionou, em parte. Me ausentou da raiva, dos ataques de ódio que tanto me consumiam, na época. Mas, até hoje me pergunto, porquê deveras foi-me prescrito tal droga. "Não leiam a bula", advertem os médicos da área. Eu li, fiz este delito. O fármaco é indicado para tratamento de...esquizofrenia. Delírios. Vozes na cabeça. personagens imaginários mas, vivos, aos olhos do doente. Por três ou quatro meses, tomei tal coisa, que me transformou, palavras de minha própria familia - em um "autômato", com movimentos robóticos, duros. De fato, funcionou por um lado - deixei de ter surtos de ódio inexplicável. Mas...me privou de TODOS os outros sentimentos. Me privou do prazer em tocar minhas moças de seis cordas, do prazer de tentar riscar algo ao papel...me privou do "frisson" causado por certas músicas que para mim são-me portais para minha alma - se é que ela de fato ainda existe - me fez ser um cordeiro. Dócil. Aceitei meu destino. 

De ser o que fui, durante trinta e sete anos - um ser medíocre.

Isto, foi o tratamento proposto pela médica da rede UNIMED, que NÃO recomendo para ninguém que desconfie que tem problemas mentais feito os meus se submeterem. Bem sabemos, as redes privadas de saúde pagam um quase nada aos médicos, eles mal atendem o paciente no ponto de vista psicólogico. Mal conversam, se adentram em suas mente, tentam entender o problema que pode sim, muitas vezes, não ser bioquímico e sim meramente psicológico. Pois bem, a providência me fez ter como figura de chefe e ainda(sou brigado a admitir) - amigo - o dono da empresa em que atualmente trabalho, que, acreditem em mi, eu estava lá - teve um pesadelo ainda maior que o meu com sua mente, com seu SNC, a ponto de chegar a ficar, semanas a fio deitado em sua cama, sem a menor vontade de se levantar, por muitos desdenhados por mera frescura...mas que eu, na condição rara de também padecer deste "mal do século" chamado DEPRESSÃO, entendi muito bem o que se passava com ele. Ausência total de motivação, sequer para tomar um banho, alimentar-se, levantar-se da cama, enfim. Isto por semanas. Mas seu pesadelo não terminou ali- em dado momento, não me lembro direito do ano agora, ele teve um surto muito parecido com os que tenho, ainda lutado contra - e foi internado, às forças no Hospital Santa Maria - chamdo por alguns, ironicamente, de "Pinel" da Contorno. Eu, novamente, fui testemunha ocular, vi meu amigo atado à cam por tiras de couro, feito os tempos medievais. Conversei, ou tentei conversar com ele enquanto estava dopado de algo que suponho ser Thorazine, ou algo do gênero - ele não conseguia falar coisa com coisa, sequer conseguia articular deveras as palavras, não conseguia andar sem sem auxiliado por outrem, e babava. Eu vi isto, nos outros "residentes" deste Hospital - que vagavam pelos corredores, babando, gritando, dizendo incongruências. Seu médico, que era bem diferente dos da rede médica a que me referi - chegaram ao fundo do poço com ele. Tentaram o famoso e arcaico eletrochoque, terapia das mais pesadas e medievais que já vi. Sem o menor aval, pois ele não melhorava. Eu vi, tudo isto de perto. Sei que seu caso foi bem mais pesado que o meu. Mas acredito, ser esta a tênue linha que ainda nos aproxima enquanto amigos, por assim dizer.

Então, ele mudou de médica. Passou a frequentar o consultório de uma tal Sofia Bauer, famosa no meio psiquiátrico, e acho que até em páginas do Facebook - por ser uma verdadeira operadora de milagres em casos semelhantes ao de meu amigo. Munida de medicamentos e mais outra coisa - hipnoterapia - ela conseguiu, de fato, quase ausentar da mente transtornada dele, seus fantasmas. E asim foi, por certo tempo. Ele se viu novamente, membro da vida, uma pessoa quase normal. Digo QUASE, pois sabia, deveras, que ainda não estava de fato curado. Não questionei-lhe porquê, tenho em minha mente meras suposições, do tipo, ter continuado a ficar sem ter uma meta em sua vida, mesmo estando diante da herança de um Império que tem montantes da ordem de mais de seis dígitos, monetariamente falando. 

Então, foi ter à outro profissional da área, mas esta, um tanto parecido, metodologicamente, com os "médiquinhos" de merda da UNIMED, não trata a parte psicológica da pessoa, mas sim, vai a fundo na parte bioqímica. É um Psiquiatra, por diploma, mas é um FARMACÓLOGO, que trat diretamente da química defeituosa que pessoas - assim com eu e meu amigo - têm, ou são, digamos vítimas dela. 

Não queiram saber o que é isto. Ser fudido da cabeça, a este npivel. Por anos, eu achei que meus fantasmas eram meramente psicológicos. Hoje em dia, tenho certeza que SIM, tenho fantasmas psicólogicos, que me fizeram fugir de muitas coisas - de quem, de fato sou, como ser sexual, de que, de fato sempre quis praticar em minha vida dita "profissional" e outras coisas. Mas existe algo de errado, SIM, nas sinapses...nos neurotransmissores, no SNC deste que, tenta, escrever, novamente neste blog que abandonei por tanto tempo, algo que não seja deveras desconexo. 

Pois bem, voltemos ao meu caso. Fiquei na "mediquinha" UNIMED por três ou quatro meses - até que meu chefe/amigo me ofertou, em sua benevolência, tratamento com sua "fada" que lhe tirou do mediavalismo do eletrochoque para a hipnoterapia e outros fármacos. Que lhe salvou, da pior parte do inferno, por assim dizer. Lá fui, e como era de se esperar, de uma médica co seu renome(e seu preço, muito além do salário do "adultescente aqui), foi de fato diferente. As conversas eram muito mais amplas e profundas, ao menos assim foi, inicialmente. Não escondi nada dela, ao contrário do que fiz com a UNIMED-shit so-called "doctor". Mas...

Mas...

Eu não obtive nenhum milagre ali. Ao contrário de meu chefe/amigo. Não fui salvo. Ao contrário, ela sequer perguntou, coisa que me questiono até hoje, porque estava sendo tratado com Risperidona - talvez por julgar, conforme a outra médica, que os "efeitos colaterais" de um remédio para esquizofrênicos me fariam mais bem que mal. Chegou a umentar a dose do treco. O que me tornou, ainda mais apático. Ah, e sim, devo confessar - escondi dela um fato que NÃO deveria ter escondido - meu vício por tal erva, que sabemos, nos meios biólogicos, ser chamada de Cannabis Sativa, que eu era - e sou, admito, mesmo estando sem há quatro meses - adicto. Eu então escondi isto dela, por vergonha, por achar que não fazia diferença - "é só mais um calmante" - e, devo ter me estrepado por conta disto. Além do quem devo confessar aqui - a hipnoterapia NÃO me afetou. Era assim: conversávamos, e se ela achava que eu estava tenso demais, ela me punha na tal hipnoterapia. Já assistiram "Gênio Indomável"? Eu revi estes dias, existe uma cena que o personagem de Matt Damon tenta se submeter a tal coisa, parece estar em transe, orientado pelo médico, mas que de repente, jocosamente, se levanta e começa a cantar, gozando da cara de tal médico. 

Era masi ou menos assim que me sentia, nestas hipnoterapias da Dra. Sofia. Eu me deitava, fechava os olhos, ela punha uma musiquinha "new age" de fundo e começava a recitar coisas tipo "mantras"..."Você está relaxado..." - "Esquecerá, por um momento, de seus problemas, de suas angústias..." e coisas do gênero. Eu ficava ali, deitado, com os olhos fechados, ouvindo a terrível música "new age", ouvindo sua ladainha, e...não snetindo nada. Nenhum transe. às vezes, creio que mais por sugestão mental ou algo assim, sentia um torpor nas costas - mas não passava disto. Transe? Eu ficava, às vezes, com vontade de rir, de tão ridículo achava a situação. Outras vezes, eu estava lá, cheio de tensão, ouvindo de olhos bem fechados o somatório da música com a ladainha - e sentia meu nariz, ou outra parte de meu corpo coçar, e me perguntava, "Será que eu posso me coçar?" Para não parecer que não estava em transe...

Tentei, por três anos tal tratamento, onde, bioquimicamente falando, poucas coisa mudaram. Foi-me acrescentado à "dieta" farmacológica Carbolitium - que dizem ser bom para quem tem transtorno bipolar - mas não fez a menor diferença para minha cabeça, que ia, mais e mais se deteriorando, conforme continuava sob tal tratamento. Cheguei a começar a ter insônia - Quetiapina me foi prescrita. Ajudou, de fato, por uns doid meses, depois parou de ter efeito. Aumentar a dose? Porque não - e isto, eu fiz, devo admitir, sem o conhecimento da médica. 50 mg por noite. Ajudou, mas, de novo, por um curto período de tempo. Continuava, com a Rosperidona, que ela tentou diminuir para 1 mg, mas que teve efeito negativo - basta ver os destroços de meu iPhone, destroçado na época que estava medicado com esta dosagem. Por quê? Por que eu não contive minha raiva. Atirei-o ao chão sem dó, diversas vezes, até se tornar o que é hoje em dia - um CCE, Caixa de Componentes Estragados. Ha ha ha.

Voltou a subir a dose, voltei a ficar domado, por este ponto de vista. Mas continuava a trilhar o caminho da podridão, de alma, que sentia cada vez mais atado definitivamente nele. Chamando-o de "destino", por assim estar me sentindo, fatalmente preso a este estigma - ser medíocre e covarde, fugir de tudo e todos, que poderiam significar algo, ou alguma mudança para este Monstro. 

Certa feita, a médica me disse que não poderia cortar a Risperidona, pois eu voltaria a ter "delírios" - ao que perguntei-lhe, "Do que você está falando? Eu não tenho DELÍRIOS." Ela não sabia. Achava que tinha. Talvez tenha sido por falha de comunicação, logo no início do tratamento - ela assumiu meu caso, me fez as tais peguntas, onde não escondi sequer meus estranhos fetiches (não convém saber agora), mas não me perguntou NADA sobre minha medicação, manteve a mesmíssima receita que tomara com a Shit-doctor, creio que achava mesmo que eu era um esquizofrênico. Coisa que chego a questionar sobre a integridade de tal Doutora - com todos seus méritos e metodologias, que funcionaram tão bem para meu chefe/amigo. 

Em meados do tratamento, fiz uma das piores escolhas de minha vida, em minha opinião - cedi à tentação, quiçá por influência externa de opinião de meus amigos, feito o Ogro, vulgo Psico, vulgo Eduardo, e...tentei me ingressar à rede e "encostados públicos" - o tal "dream job" de tantos brasileiros. 

Eu perdi tudo na empreitada. Perdi 2600 Reais num cursinho, que me consumiu noites e sábados, por três longos meses de suplício com leis, direito, português e afins. Perdi o contato até então saudável que mantinha com um de meus melhores amigos, que para mim faz parte da família, nem que seja como "sobrinho" de aluguel - Gabriel, o nazista. Assim por mim alcunhado por, quando comecei a ter contato com ele - tinha dez anos, o garoto. Isto em 2004 - ele era aluno de desenho de um outro conhecido meu, que precisou se mudar da Roça Asfaltada para a Selva de Pedra, inferno para mim, denominado São Paulo. Então me propôs assumi-lo como aluno. Na época, eu estava desempregado, tinha momentariamente me desconectado do Império, para tentar, "bravamente" me aventurar no meu caminho - coisa que até hoje não sei ser verdade ou não - o desenho. Enfim, ele se tornou meu aluno, e chamei-o de nazista, justamente por insistir, em desenhar, antropomorfos em uniformes do nacional-socialismo, com sua suástica e tudo. Em vão, tentava divergi-lo de tal vontade latente de somente desenhar coisa do genêro, e falar sandices idolatrando a ideologia do Mein Kampf e quejandos. 

De novo, perco o fio da meada. Por quase dez anos, eu fui seu "professor", embora tais aulas tenham se tornado, ao passar dos anos, mais uma espécie de "desenhoterapia" que aulas, por assim dizer. Mas o tempo passou, ele cresceu, e muito mudou, de um garoto mimado e exibicioista de sua elevada posição social, para nos tornamos, de fato, amigos. Pois bem, em 2011, ano da tentação pelo tal consurso, eu fui obrigado a abandonar nossas reuniões até então "saudáveis" - falarei disto mais pra frente. E além disto, como tinha as noites tomadas pelo odioso cursinho, e mesmo os sábados, eu perdi meu único hábito saudá vel, de me exercitar diariamente, em improvisada "academia" em minha torre, na sua parte mais reclusa de todas - o sótão propriamente dito, com suas caixas d'água e canos, e boilers e...poeira, muita poeira.

Pois bem, fiz o caminho das pedras de tal empreitada- a de obter, por acaso, um desses "dream jobs" da grande maioria dos brasileiros. Não é preciso nem dizer o que me sucedeu - eu perdi. 

Novamente citando uma de minhas películas favoritas(High Fidelity, 2000):

"Then, I just lost it. I lost it. I lost it all- faith, dignity... about 15 pounds."

Eu perdi. Tudo. 2600 Reais. Uns dez quilos, de músculo, que não consigo recuperar, pois estou com estes trinta e sete anos, e todas as vezes que tento me aventurar a reiniciar, por conta própria, meus esforços musculares, eu demoro de três a quatro dias para me restabelecer das dores. Perdi toda minha resistência, eu que fazia barras com 15 quilos atados à cintura, hoje não consigo fazer nem quatro delas, sem nenhum peso a mais. E por inércia, preguiça, dê a isot o nome que quiser - não consegui restabelecer. Perdi, definitivamente a vontade, de sequer me aproximar novamente de qualquer texto de direito - hoje mesmo joguei no lixo tudo que ainda me restava sobre o tal cursinho, apostilas e afins. Eu perdi, tudo que apostei nesta empresa falida de se obter oque acreditava ser "minha salvação" na época - e que se tornou isto: um PESADELO, algo que lamentarei pro resto de minha vida.

Eu perdi tudo que apostei. Todas minhas fichas, que tinha, na época.

Sei de um fato, que alguns consideram ser meramente obsessivo dado meu excessivo perfeccionismo: JAMAIS me aproximarei de algo ligado a tais "dream jobs" dos acéfalos brasileiros. Nunca mais, prometi a mim mesmo, e confirmo na data de hoje, que atirei ao lixo reciclável todos ospapéis remanescentes do malfadado cursinho. Talvez ali, tenham alguma serventia. Não para mim. Nunca mais. 

Enfim, voltando à "via crucis" de que falava - meu tratamento para este cérebro defeituoso - eu continuei a frequentar as sessões da "médica das fadas," que assim como eu tenho certa obsessão por dragões, ela tem com fadas, é cheia delas em seu consultório, e diz que vários pacientes, em sua gratidão por terem de fato se curado com ela, lhe oferecem como prendas de agradecimento mais e mais fadas.

Eu tenho Gideon, em sua pose perpétua defronte a mim. Tenho tatuagens de dragões, uma estragada pelo imbecil do tutuador dito fodão, que se drogou antes de retocá-la e quase a destruiu por completo, ao menos reduziu sua beleza estética. 

Mas, de todas as tatuagens que tenho, a que me faz mais sentido é a menos visível de todas, estampade em minhas costas: a Ouroboros.

Ouroboros. Sou eu. A cobra que se devora eternamente, em um círculo vicioso e eterno. 

Pois continuei, na médica e suas fadas, sua hipnoterapia que me fazia querer rir, e seus medicamentos, que segundo ela, domariam minha "vozes" na cabeça - que mal sabia ela, não existiam. Nunca existiram. Questiono sim, seu valor terápico, em sequer me perguntar acerca de meus medicamentos, antes de começar a terapia. Pois bem, nisto se passaram três anos - e tudo continuava na mesma. Vivia, atrelado ao passado, não viva o presente e enxergava o futuro com um buraco negro. 

Tudo que almejara como "sonho," como "vocação" havia me deixado em ruínas. E isto se refletia, embora de forma contida, em minha mente. A Risperidona me impedia de sentir, com efeito, todo meu negativismo. Quiçá ser por isto que me mantiveram nela, por tanto tempo. Pois parecia melhor a todos - que eu ficasse dócil, aceitasse meu destino medíocre, o que havia me tornado em trinta e sete anos de inexistência. 

Mas, eu tinha meus repentes de mais franco desespero, por vezes, embora me segurasse, acho que por meio dos fármacos legais e ilegais que consumia, diariamente, ou quase, no caso dos ilegais. 

Certa feita, não me lembro bem o dia, eu fui forçado, "peer pressure" de meu chefe/amigo a fazer uma página no tal livro faceiro, vilgo Facebook. Quase não o usava - pois ainda estava, com as palavras vindas do alto escalão, um ser "anti-social e improdutivo." E não via graça ali. Havia perdido o contato com meus antigos amigos da época em que tive o sonho - agora despedaçado - de ser desenhista, e, sinceramente, tenho mesmo vergonha de sequer travar contato com eles. Imagino uma conversa: "E aí, desenhando muito?" e eu: "...."

Então, aquilo para nada servia. Mas, certo dia, estava tão desorientado, tão deseperado, que, por impulso, postei a singela mensagem em minha página ainda existente ali: "Socorro"

Nem sei direito o que esperava. Talvez, um milagre. Sei, que na mesma hora, um de meus amigos, o Fernando, me ligou. Eu não atendi, de vergonha. Pois sabia que apesar de ter postado tal coisa, eu me arrependi instantaneamente de tê-lo feito. Sei que houveram outros que se preocuparam - inclusive meu irmão, o de sangue, com o qual, lamento dizer, não me dou muito bem. 

Mas Fernando, voltou a me contactar. Achou que eu deveria voltar a desenhar, fazer as tiras de meu famoso e desconhecido personagem: o Sr. Bode. Pois bem, eu tentei, enferrujadissimamente, a fazê-lo. Não deu. Além da inércia, do perfeccionismo latente, e de certa preguiça, eu não consegui fazer nada. 

Relatei o caso à médica das fadas. Falando da preguiça que me gerava tal esforço. "Pode ser por causa da Risperidona. Que tal a gente experimentar, você ficar um tempo sem ela?"

De 2 mg por noit, passei ao ZERO absoluto. 

Hoje, escrevo estas linhas de minha torre, por estar passando por um momento similar ao que passei quando cortei esta tal de Risperidona. Desmame, eles chamam. 

De 2 mg para zero. O resultado foi quase instantâneo - foi como se, uma barragem dentro de mim se arrebentasse. Uma barragem de sentimentos, emoções...que ficaram represados pela tal droga. Tudo voltou à tona, subitamente, o bom e o ruim. Especialmente o ruim. Negativismo, pensamentos suicidas, agressividade constante, mau humor constante, ódio. Do lado bom...eu voltei a apreciar música. Voltei a ter frissons ao ouvir as ditas músicas que, para mim, são portais para minha alma - se é que ela, deveras, ainda existe.

E nesse interim, houve outro desastre, que não tentarei esconder: eu me tornei, cada vez mais, ADICTO da tal maria-joana, 4:20, e tantos outros nomes dados à "erva de Jah" - por meio de, agora, as reuniões que alcunho de "malevólas" com meu então ex-aluno porém ainda amigo, o Gabriel, o nazista, o anjo caído, por nome e por existência terrena. Com ele, comprávamos quantidades exarcebadas de tal "fármaco" proscrito por lei. E se tinha, eu fumava. Era a filosofia. 

Isto tudo, ainda enquanto me tratava com Sofia Bauer. Mas, depois do rompimento da barragem chamada Risperidona, meu lado ruim imperou. E me fez, ir ao fundo do poço. Quem viu, viu, quem não viu, jamais tornará a ver - o que escrevi, por repente malévolo, em minha  página do Facebook - agora deletada, para sempre. Ali estava o somatório de tudo que estava sentindo. O desejo latente, que por duas vezes, no mesmo dia, me fez ir ao terraço do prédio onde trabalho e almejar tentar alçar voo, dali. O desejo de me xingar, me fazer em pedaços, odiar espelhos, odiar minha cara, odiar a mim mesmo, por ter sido, conforme disse Fernando, o Pessoa, em seu poema que mais me identifico. 

Falhei em tudo. 

E como sou, um idiota influenciável que tem por filme predileto, "Fight Club", eu me puni por ter covardia em levar a cabo a tentativa de voar. Já o havia feito, alguns dias antes, de encerrar meu tratamento definitivamente, com a médica das fadas. Fui questionado por meu "finaciador" do tratamento, meu chefe/amigo. Disse a ele, "não está funcionando pra mim, tentarei outra coisa..." Falei a ele, que, sinceramente, ela às vezes parecia não me levar a sério; nos dias que chegava mais irritado, logo encerrava a conversa e me punha naquela fraude de hipnoterapia. Desculpem, a todos que deste tipo de tratamento se beneficiaram: para mim era uma piada perversa. Disse a ele, "que talvez precisasse da alguém mais linha dura, para me forçar a melhorar," ao que ele replicou, em seu jeito Antonio de ser: "Está enganado. NINGuèm vai te forçar a nada, tem que vir de VOCÊ tal mudança."

O que questionei mentalmente. Ora, se é assim, porque você precisou dela, para se livrar dos eletrochoques e tratamentos medievais, e internações à força no Hospital dos Doidos? Mas nada disse, só pensei.

Na mesma semana, fui, com auxílio financeiro de minha irmã mais velha, em outro psiquiatra, de nome Dr Paulo nao sei o quê(não me lembro do sobrenome, nem quero lembrar) - e ele foi, o exato OPOSTO da médica das fadas. 

Em nossa última sessão, no mesmo dia que tive as duas ânsias de aprender a voar e ter postado a lamentável coisa no livro faceiro, ele...simplesmente me fez em pedaços. Foi me encurralando, cada vez mais, com suas palavras, seu ardil psicótico, eu diria, de tentar, talvez, "destruir para reconstruir". 

Me destruiu. Tanto, que não consegui segurar a onda de súbito choro, ao que ele continuava a falar, "você vive num mundo de fantasia...estas coisas, música, desenho, são pra você ilusões que você mantém na sua cabeça, como fuga da realidade: isto não dá dinheiro, você precisa de dinheiro, não está satisfeito com o que você ganha, mas corre de tudo que poderia lhe pagar melhor." - ao que, eu ri, amargamente, no meio das lágrimas, e fiz com mão direita o símbolo universal de uma arma de fogo disparando contra a própria cabeça. "Se eu vivo neste mundo cão que você me ilustra, tão bem, se sou a formiga tentando lutar com o javali, eu prefiro a morte." 

"É. Eu já perdi paciente pra isto sim, lamentavelmente." (o que, sinceramente, não me espanta.)

Não conseguia parar de chorar, e sabia, mesmo antes da derradeira consulta, que minha irmã estava ciente do que havia relatado, em meu delírio, no Facebook, por meio do Antonio(chefe/amigo), que havia lido as coisas terríveis que tinha escrito, e que havia ligado pro meu irmão de sangue, que por sua vez havia ligado para minha irmã mais velha, finaciadora do tal Dr Evil, conforme alcunhei-o depois desta última consulta. El, por sua vez, foi contactado, ao término de nossa sessão de tortura, por esta mesma irmã - e havia recomendado, tendo em vista meu estado de espírito após ter sido literalmente feito em pedaços por ele, que alguém viesse me buscar, "para eu não fazer nenhuma besteira." Minha mãe, pobre mãe, ficou de vir. Ele me falou, "Aguarde por ela no saguão, tenho outra paciente(coitada dela) pra atender."

Fui pro saguão, que à esta altura, estava vazio, pois já eram sete da noite. E ali, de novo, me veio o pecado capital, a IRA. Eu queria, arrebentar a cara daquele doutor. Mas, seja lá por que, achei que a culpa de ter-me deixado destruir era EXCLUSIVAMENTE minha, eu havia caído em seu ardil de palavras, sua armadilha psicológica...ou psicótica.

Ira.

Fui ao banheiro do consultório. Deserto, felizmente. Olhei para o Monstro no espelho. 

"Então é isto que sou né? Um fantasioso, que tem nas coisas que mais gosta - ou gostava de fazer - ilusões, meras ilusões de uma vida menos miserável??"

Perdi a conta de quantos socos me dei. Perdi conta de quantas vezes tentei quebrar meu nariz, quebrar alguma costela. Eu precisava sentir algo, que não fosse a ruína mental que tal "médico" havia me reduzido. Foi meu pior episódio de auto agressão que já tive. Isto posso garantir. A certa altura, caí no chão, já sem lágrimas, mas ainda repleto de ira. Segurei o berro que queria emitir, do fundo do que havia restado de humano em mim, naquela noite. Seguirei, pois sabia que poderia atrair algum curioso.

Não sei quanto tempo fiquei sentado, derrotado, plenamente derrotado, arfando de ódio e amargura, de dor, DOR, na alma, no que havia restado dela, ao menos. Fiquei ali um tempo, me levantei, olhei novamente pro Monstro refletido - agora já todo escangalhado, com a cara toda inchada. E com hematomas tambpém nas costelas, mas estes devidamente escondidos. 

Retornei, ao saguão, que continuava vazio. Imediatamente, pus meus óculos escuros, para que minha progenitora não visse o que tinha acontecido no descontrole do banheiro. Ela chegou, trocou breves palavras com Dr Evil, e fomos embora.

No dia seguint, olhei de novo pro Monstro, em meu espelho. Era como se estivesse saído, de fato, de uma sessão do "clube da luta." Dei graças aos céus que era muito cedo - cinco da manhã - e, como de costume, me preparei para mais um dia de trabalho, sem muito me preocupar com o efeito que tal ruína causaria ao chegar no escritório. 

O Controller, ao me ver, ficou perplexo - "O que aconteceu??" e eu, ironicamente, só disse - "clube da luta". E ele se pôs a me perguntar porque estava ainda tão frustrado, eu lhedisse tudo, que cabia a mim dizer, o trabalho, que nas palavras charmosas de alguém, "qualquer imbecil faz," a certeza de que jamais poderia crescer ali, e sabia que havia muito mais dentro de mim a ser dito, mas que sabiamente me calei - o fato de ter perdido 14 anos pras drogas, de ter ficad "no ármario" por 17 anos, de ser ainda um virgem, de saber, por meios do tal doutor, que tudo que de fato amo e me faz sentido - ou fazia, pois desenho, pra mim é algo que pra mim está ainda morto dentro de mim - música e arte, serem meras ilusões, "hobbies", coisas que não dão dinheiro. 

Dinheiro. Esta coisa, este "vil metal," que rege nossas vidas.

Nisto, fui chamado por outro velho amigo que se tornou ascendente no Império, o Hugo, o Advogado. Ele viu minha ruína, pouco comentou. Só me disse, que, por ordem do proprio Antonio, eu estava de licança por trinta dias, "para me cuidar", acrescentando, "Buriol, você está DOENTE. Sabemos disso. E sabemos que enqaunto você estiver assim ,escrevendo coisas feito o que você escreveu ontem, tendo estas vontades suicidas, e tudo mais, você não pode trabalhar, não apropriadamente." Eu até cheguei a resistir, pois temia que o isolamento na "Torre" pudesse me fazer mal. E falei da consulta fatal com o Dr Evil, que havia me dito aquilo sobre as coisas queeu de fato AMO(ou AMAVA, feito o desenho) - de serem meros hobbies, que não deveria me dedicar a elas e sim pensar no dinheiro. Ao que o Hugo me retrucou, "E este tal médico não tem hobbies?" Eu disse, "Acho que gosta de escrever." - "E lhe rende algum dinheiro a mais que a psiquiatria?" - "Não, segundo ele."

"Então mande este cara PRA PUTA QUE O PARIU. Que ele entende das coisas que gostamos, de fato, em nossas almas?" E me repetiu - "É ordem superiora. O Sr. Ronaldo(Diretor) já está sabendo, o Antonio autorizou, vá pra casa, tente voltar a tocar, a desenhar, se trate com outro médico, se CUIDE."

Bem. Sabia que estava no fundo do poço. Ou mais fundo ainda, pois aqui acrescento um adendo, que esqueci de mencionar, coisa que ocorreu semanas antes da destruição causada pelo Dr Evil - eu e Gabriel, o nazista, o anjo caído, última figura quase toda hora presente em minha Torre, para termos as tais "reuniões do mal", regadas ao consumo exacerbado de Cannabis e apatia, diante do Netflix - eu e ele, já tínhamos a CERTEZA, agora de fato nítida, que tínhamos sim, problemas com drogas. Foi a única coisa de útil que o tal Dr Evil me disse, em nossa primeira sessão, esta antes da destruição total deste que vos escreve - "Você está se medicando com maconha. E sabe o que acontece com adictos sérios de tal droga? A tal Síndrome Amotivacional - onde você não faz NADA. Não tem vontade de fazer NADA."

Imagine isto, somado à Risperidona. Era assim que eu estava. Não é à toa, que minhas guitarras, muitas delas, quando de fato me reencontrei com elas, nestes dias pra mim tão estranhos, estavam desreguladas, com as cordas enferrujadas, empoeiradas.

Sim, estava no auge de meu vício. E sabia que estava me fazendo mal, muito mal. E além disso, a mesma coisa acontecia com o Gabriel, o qual eu ainda peço desculpas, muitas desculpas, por tê-lo influenciado tão negativamente. Era na MINHA CASA que ele fumava maconha. Era com MEU DINHEIRO que tínhamos acesso à erva. E, neste ano diabólico de 2014, subitamente, ao ver um de meus amigos que não via há tanto tempo - o Tiagão, que sempre fumou os "palhosos", eu me vi tentado a voltar pra nicotina também. E, dias após ter-me estabelecido como fumante dos ditos "caretas", quem começa, também a fumá-los? Gabriel. Eu me acho, no mínimo, um pouco responsável por miha má influência em seus hábitos. Sei que tenho, ainda que ele me afirme o contrário, minha parcela de culpa em seus vícios. 

Pois bem, eu falava do fundo do poço. Semanas antes de ter percebido que ele é tão fundo quanto se deseja - basta ver oque aconteceu comigo depois do Dr Evil - Gabriel, estava se envolvendo com coisa pior que mera Cannabis - o vulgo pó. Usou, continuamente por uns três dias, e foi nesta data que eu disse a ele - "Ambos temos SIM problemas com drogas. Vamos organizar uma "despedida" delas, neste fim de semana. Não está-nos levando à nada, e sim pro buraco."

Ele concordou, nos propusemos ncontrar-nos no sábado, comprar, na boa de fumo mesmo, dois "pinos" e mais oito "dolinhas" - ao todo, cem reais, de meu bolso, como sempre. E ele também havia, por mero acaso, fatal que seja, se deparado com mais dois tabs de LSD. Pois bem, estávamos bem munidos pra tal "despedida"...

Que foi muito mais real que eu imaginava. 

Junto conosco, tivemos a companhia de Agenor, amigo de Gabriel, que falou logo de cara, "Eu nao quero saber de pó!" Mas, eu, na burrice, na curiosidade, chame a isto de que quiser - experimentei, enquanto já estava lesado de ácido, de maconha. 

Vi meu mundo desmoronar, aquela noite, pois tudo que conseguimos, foi nosso término, de fato, de tais malévolas reunios. Pois a mãe de Gabriel, o veio buscar duas horas antes do previsto, e ele estava trincando de cocaína. E eu, estava já virando do avesso, vomitando o que não tinha comido, seja por efeito do LSD, ou pela coca - Ela veio buscá-lo, eu me abracei forte à ele na despedida, já prevendo o que significava tal despedida.

Não consegui mentir para sua mãe, quando ela me ligou, dez minutos depois que ele se fora - e daí ela foi clara: Foi a ÚLTIMA vez que el foi em sua casa. Você está sendo um "facilitador" de drogas para ele, e outras coisa que nao me lembro, mas que, chorando, concordei. E assim foi. Nos despedimos, de fato, para sempre.

Passei a PIOR noite de minha vida, pois decidi mandar tudo pro espaço, inclusive o restante do pó que ainda havia. Vi o infenro na terra, quebrei o espelhinho que usamos como base pras vulgas "carreiras", e vi nos cacos, minha vida, minha alma, tudo ali, estilhaçado. Achei que fosse, deveras, morrer.

Foi depois deste final de semana, queme decidi parar de me tentar me tratar com a tal médica das fadas, pois não estava, de fato, levando al ugar algum. Mas, como disse, ainda não tinha enxergado, de fato, o fundo do poço, pois foi logo depois disso - que o Dr Evil me fez ver que ele é ainda mais fundo.

Pois bem. Voltando ao lance da licença, que muitos entenderam como "pre-demissão", eu fiquei uns vinte dias catatonico, tendo ido em outro médico, Dr Guliherme, que era mais humano que o anterior, mas, que porém, também não me fez quase nada. Subiu em muito a dosagem de Venlafaxina, para 225 mg por dia, subiu a dosagem de quetiapina, para 100 mg por noite, manteve o Rivotril. Entao eu dormia, e como um bebê, embalado por tantos fármacos. Dormia, das sete da noite até umas quatro da manhã. Encerrava o dia cedo, pois não via o menor sentido em continuar acordado. E como disse ao meu Anjo do Sul, A Jackeline, que me conhece desde 2009, data de início deste blog, "Eu só conheço paz quando estou dormindo."

Não. Não tenho delírios, feito acharam a merda da médica da UNIMED e a médica das fadas. Mas tenho uma cabeça avariada. Pensamentos negativos, quase o tempo todo, e muito piorados, neste ano em que estou fazendo - e fiz - tantas experiências com meu cérebro, legalmente ou não. 

Meu irmão ex-oficio - Rafael, quem em presenteou com Gideon, que tanto amo, e que tanto me foi significativo, na ocasião de súbito presente, foi uma das pessoas que desapontei recentemente, com minha inércia e meu desânimo - me propôs um trabalho ilustrativo, que rejeitei sem dizer que nem porquê. Achei simplesmente, em minha cabeça, "Ha ha ha. Você nao dá conta nem mais de fazer um círculo usando um compasso." Ele viu de perto o resultado de minha última sessão com o Dr Evil. Ele sabe de um dos meus maiores "segredos", mas que não estou nem muito mais aí para que saibam. E me aceitou, como muitos de meus amigos também o fizeram. Mas que até hoje me atormenta. Por ter eu este medo latente, de me aproximar, afetivamante de quem quer que seja. Por ter alma romântica, grande besteira, bem sei, mas que não consigo me livrar, de querer...nem vou dizer o que quero. Acho que dá pra inferir.

Não tenho delírios. Tenho uma espécie de voz, que sempre fala -"Vai dar errado. Pra que tentar?" 

Talvez tenha sido por isso que me mantiveram na Risperidona, por três anos. Não sinto falta dela, pois aprecio novamente sentir coisas, ao invés de ser mero observador de minha ruína, ao longo do anos. Mas, no final dava na mesma - nao ouvia tal voz, mas não tinha vontade de fazer nada.

Bem, consegui acrescentar, aos trinta dias de licença Diretorial, mais quinze de um atestado emitido pelo tal Dr Guilherme. Comecei a me tratar com uma psicóloga, que me deu como exercício inicial, enumerar, meus pontos negativos e positivos. Negativos: oito páginas, frente e verso. Positivos: uma página, só a frente. E depois, me pediu pra fazer "breve biografia" de minha vida, tentando resgatar a infância....A infância foi o que menos abordei, nas 54 páginas que escrevi - de fato, uma biografia - mas tal exercício só me fez nutrir por mim mesmo ainda mais escérnio, desprezo, "self-loathing". 

O que fiz de minha vida? Nada. Foi o resumo final da biografia.

Fugi, de tudo, de todos, dos sentimentos, das obrigações, dos "desafios" necessários à construção da "vida ideal" que tenho nítida em minha cabeça, mesmo depois de tantas avarias. Me enconstei, nas dorgas prescritas e proscritas, me escondi, fugi. 

Aprendi, amargamente, que amizades, e/ou família e negócios não combinam. 

Por isto também, desapontei meu dito "irmão" retirense, ao me afastar de sua empreitada no mundo da programação(naõ quis dar este dissabor nem a ele nem ao André, que me fizeram tal proposta, anos atrás). Tá, houveram impedimentos físicos também: Eu sou péssimo com matemática, sempre fui. E o que é programção, senão uma forma, quiçá "poética" de matemática? Linhas e linhas de código, em sempre que as vejo na tela de meu amigo, me lembro da imagem de um poema. Incongruente, bem sei. Mas visualmente parecidos, no mínimo.

E, no momento, eu tive que retornar ao meu trabalho, que tão mal falei publicamente naquela merda agora deletada para todo o sempre. Chamei-o de "Shitty job", e bem sei, que meu próprio benfeitor leu tais palavras. 

E agora proclamo, a quem queira escutar, "It's not the job itself that's shitty. It is me, who is actually SHITTY."

Anos e anos, jogados fora, encostado, sem ter nem qê nem porquê. Este é o Monstro, que vejo refletido no espelho, que em vão tentei quebrar com um soco, quase quebrando minha mão, e lá permanecendo, a verdade refletida. O Monstro.

Meu benfeitor, chefe/amigo, me deu mais uma oportunidade de tentar sair de meu inferno - o tratamento com seu atual médico, Dr Fábio, que ele mesmo diz que foi, de fato que conseguiu tirá-lo do buraco. E bem sei que é verdade, dada a mudança súbita nele: do nada, assumiu o Império, assumiu sua vida, trabalha, participa de reuniões, se desgasta, mas FUCNIONA, como pessoa. Ao menos como - acho eu - sempre quis funcionar.

Sendo eu o rei do negativismo, fui ao tal Doutor, mas sem grandes esperanças, pois ainda estou, como diz o Ogro, "atado à minha cruz" - fui. Recebido pelo sério doutor, ele me perguntou, secamente, o que o havia trazido ali. Comecei a discorrer sobre meus infortúnios, mentais ou não, ele me interrompeu - nada de sentimentos aqui. A parte psicológica é com a sua psicológa. Eu estou aqui para tratar de seu cérebro. Do que possa estar avariado nele, ou em tudo que à ele é relacionado. Me fez o questionário que o Antonio havia me dito que faria - perguntas, com apenas quatro(cinco? não me lembro direito) opções de resposta- Ausente, fraco, forte, muito forte. Acho que são de fato quatro. Perguntas, como - "Voce tem baixa auto-estima:  muito forte" e assim foi.

Diagnóstico: Depressão Crônica, Fiobia social Crônica.

Me fez uma lista de quatro medicamentos, todos antidepressivos, indo do mais leve ao mais forte. A Venlafaxina, que eu tomava até então, era o segundo mais fraco. E todos os outros - menos o mais forte - eu já havia experimentado, em anos e anos de consultas com diversos médicos da cabeça. Pois a fraude da UNIMED não foi a primeira, houveram, antes dela, muitos outros. Todos, com o mesmo resultado: nenhum.

ELe apontou para o mais forte e falou que, no meu caso, deveria ser ele. Eu, logo de cara, disse sim, mas, ele me interrompeu e me disse a real sobre tal medicamento - Parnate - é uma droga que exige uma série de cuidados, especialmente do ponto de vista alimentar. Falou, "Antes que você me responda um SIM definitivo, lhe enviarei, por email, um artigo sobre a droga em si, que voce deve ler."

E por último, me deu o ultimato - "Caso você não aceite se tratar com ele, não vale a pena se tratar comigo, continue no seu outro psiquiatra."

Tudo ou nada.

Na mesma noite, li o artigo - de fato, o treco é sério, conforme os textos que aqui escrevi dantes deste - se eu consumir mais que 6mg de tiramina, mólecula presente me muitos queijos, cerveja, molho de soja, ou alimentos que não sejam necessariamente frescos - a tiramina aparece neles pela degradação dos mesmos - eu posso ter um aumento súbito da pressão arterial, chegando, em níveis extremos, a mais de 120 mmHg. 

Derrame cerebral....ou mesmo morte.

Eu fiquei desanimado, pois, apesar de ter pensamentos suicidas, eu sou cagão - não sei o que há na morte, de fato, e a temo. Antonio me ligou, eu expliquei tudo a ele. "Dr Fábio te fudeu hein, ou tudo ou nada." e mais: "você já estava suicida, então porque temer este tratamento?" Mais ainda - "se você voltar a ter um surto feito o que teve antes da licença que te concedemos, eu serei obrigado a te mandar embora."

O que poderia eu fazer? "Perder a boa vontade do Antonio", segundo o Hugo me disse em telefonema posterior? "Assumir que sou anti-social e improdutivo?"

Dia seguinte, aceitei o tal tratamento. Dr Fábio me escreveu uma rotina de "desmame" da venlafaxina e da quetiapina, mas manteve o carbolitium e o rivotril - que sou grato, pois um dos efeitos colaterais seguros do tal Parnate é - insonia. E vocês sabem:

"With insomnia, nothing's real. Everything's a copy of a copy of a copy...."

Então, comecei o tal tratamento, iniciando o tal desmame da quetiapina - que me deu insonia, pois regulava meu sono, junto com o rivotril. E o desmame da Venlafaxina, bem...este está sendo um inferno. Uma droga, que consumi por quatro anos, sem me dar conta de nenhum efeito positivo, ao ser cortada, deu tudo de negativo que poderia vir, e li a respeito: "extreme mood swings, agressivity, INSOMNIA." Sensação de "cabeça oca", ou que está tudo solto lá dentro, o cérebro e seus anexos, tonteiras, tendência ao suícidio(que novidade!) e mais um tanto de efeitos físicos que não consigo bem descrever. 

Cheguei em casa, outro dia, ao saltar do ônibus, comecei a sentir-me mal. Comecei a berrar feito doido. Ao chegar em minha rua, novo ataque, berros e tentativas de arrancar os cabelos. Precisamente neste momento, me para um mini-cooper que bem conheço. Antonio. Me oferecendo a "imensa carona até minha casa, coisa de quatro quarteirões" - mas ele viu, mesmo que eu não dissesse, preferisse me manter calado, que estava passando mal. Ele perguntou sobre o tratamento, falei que ainda estava em processo de "desmame" dos remédios. "Nó, foda. Eu sei como é." E me deixou em casa, sem me falar mais nada. 

Na mesma noite, eu cheguei à minha Torre, caí imediatamente de cara no chão. E dali, não sei de onde veio, a crise de choro. Que não passava. Minha mãe, secamente, só me disse, "Era esperado, não era?" E depois veio me perguntar de meu recente retorno ao trabalho. E começou, como de costume, a falar merdas sobre o que não conhece. ME acusou de ser orgulhoso. É engraçado, os tais "extreme mood swings" - do choroa à IRA, em menos de dois segundos. Continuou a despejar merdas em meus ouvidos - tudo que eu não precisava ouvir, naquele estado mental - "Voce, tudo que você fez, voc~e não levou adiante porquê não QUIS. Biologia, fez, e não quis. DESENHO, fez e não quis --"

IRA. Interrompi-a bruscamente, e deisse. "Não quis. Aqui pra você ó" e lhe fiz, em sua cara, "the middle finger salute" - que a deixou irada, "sou sua mãe, você TEM que me respeitar!" E eu, "Você é minha mãe, mas não deixa de ser GENTE, e o que você falou foi extremamente ESCROTO." E repeti, o gesto. 

Vai. Pra. Puta. Que. O. PARIU.

Deixei-a falando sozinha, como sempre faz, em momentos que se irrita, e fui tomar meu banho, sentindo tudo estranho dentro de mim. Tudo parece solto. Coisas similares à labirintite. Dia seguinte, era data de mais uma consulta com minha psicóloga. No meio do caminho, não resisti, comprei um maço de "coffin nails" e fumei, três em seguida, enquanto sentia minha cabeça gira, acompanhada de mais uma crise incontrolável de choro. Sufoquei com a fumaça, fui pra sala de espera, lembrei-me dos rivotril sublinguais queo Dr Guilherme havia me dado, tomei quatro, enquanto soluçava sem motivos reais. Dra. Joana, ao abrir a porta do consultório se deparou com isto: um Monstro, de trinta e sete falidos anos, chorando feito um idiota. Me confortou, ao contrário de minha seca mãe, e me atendeu. Foi boa a consulta, pois já estabeleci que de fato preciso continuar a me tratar com ela, pois, segundo o Dr Milagres, "parte psicológica não é comigo". Ela me garantiu que ajustará o preço, para que eu, com meu escasso salário, possa continuar a pagá-la por conta própria, pois minha irmã mais velha, minha principal benfeitora nesta família falida, não poderá continuar a financiar, pois, ao contrário de seu irmão, tem filha e muito mais contas a pagar que eu.

Bem, voltei ao escritório, segurado apenas pelo efeito do rivotril, e lá fiquei, à espera de algo a fazer, como sempre. Ao meio dia, Hugo me liga - conversara com o Antonio, que tinha, de fato, percebido que estivera passando mal na noite anterior, quando entrei em seu carro - e eles me sugeriram mais uns dias de licença até que o processo malfadado do desmame e o início do tratamento como Parnate fizesse efeito. 

Inicialmente, achei que poderia ser abuso de minha parte aceitar, mas conforme as horas foram passando, e meu estado mental se degradando, mais e mais, enquanto eu me segurava para não ter nenhuma crise - severeamente advertido pelas consequências que traria nova crise daquele naipe no escritório - eu liguei novamente ao Hugo e aceitei a proposta. Fui ao departamento pessoal, esclareci tudo À encarregada, que acedeu de imediato, e fui pra casa, ainda me sentindo atordoado pelo que se está passando em minha cabeça, no momento deste tal desmame.

Isolei-me na Torre. Olhei em volta, vi Gideon, que me deu a resposta - "Elas estão te esperando, em seus estojos." 

Gastei, de fato, os dedos. Até as dez da noite. Consegui, por meio delas, controlar a crise. Abençoadas sejam elas, minhas meninas de seis cordas. E ontem, primeiro dia da tal licença. e oficialmente o primeiro dia com ZERO de venlafaxina - momento que dizem ser dos mais críticos - eu me perdi novamente nelas, aprendi músicas novas, consegui aplacar o mal-estar, sempre presente, quando paro, quando sequer viro a cabeça. Tudo gira, em meu interior. Toquei, e ignorei, ao máximo os sintomas. E mais tarde, fui agraciado pela visita do Ogro, mais a Lora, mais seu rebento, o jovem Yam - que tem aspirações guitarrísticas, assim como eu tinha em sua idade. 

Vou ser sincero - a tal visita, que era muito mais voltada à discussão quase fatal que tive com Psico, o Ogro, por emails atravessados desde meu retorno ao Império - foi ignorada por completo, pois ficamos, eu e Yam, nos entretendo com minhas guitarras. Perdão, psico e Lora- se os fiz perder tempo.

Mas foi bom, pois ajudou a segurar minha onda, que não está nada boa, da privação desta droga. Que está uma droga, com o perdão do trocadilho infame. 

Bem...acho que isto resume, ou em parte explica tudo ou quase tudo que se sucedeu, que está se sucedendo, durante tanto tempo de silêncio obstinado. 

E hoje, já fui agraciado com ataques de idiotice de minha mãe, e ainda estou me sentindo feito uma coisa avariada. Meus dedos doem, devido ao abuso das seis cordas, mas acho que procurarei nelas, ainda que doa o que doer, refúgio das loucuras que ainda estou sendo submetido, pelo tratamento, por minha mãe, pelo mundo que tanto temo. 

Aqui da Torre, vai o apelo do Noiado no Sótão. Se existe alguém lendo, tente entender...

Eu mesmo ainda não entendo. Mas estou tentando, ainda que o custo seja elevado. Conforme escrevi, conforme sinto, em meu corpo, em meu cérebro, me minha mente, em minha alma - se é que ela deveras ainda existe, agraciada ou não por algum ser superior que não entendo os designíos.

Bem. escrevi e escrevi. Cumpri minha missão de estar, nesta manhã, segundo dia sem Venlafaxina, sem quetiapina, sem dormir, sem paciência, sem sentido - cumpri o que havia-me proposto.

Escrevi. E agora, procurarei por alguma forma de suportar os efeitos estranhos de tal abstinência - que perduram. Quiçá nas guitarras, quiçá em filmes, músicas...sei lá.

O que sei é que lamento, se fiquei resignado ao silêncio por tantos anos. Tentarei, ainda que meio sem propósito claro, voltar a escrever aqui. Esperemos pelo melhor - ao contrário deste ser que se condenou ao pessimismo eterno como seu "destino", sua "sina". A tal cruz que dizem-me atado.

Adeus a todos que porventura tenham lido tal relato - saibam que é verdadeiro. Ao menos isto.