sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Somátoria.

Não é engraçado, irônico ou sei lá o quê mais - que sempre que estamos em momentos de aflição, diante de encruzilhadas da vida, entre a cruz e a espada, por assim dizer, sempre, SEMPRE aparece mais alguma coisa, mais lenha para a fogueira que já consome nossos nervos?

A soma de todos os medos no mesmo instante. E só vai aumentando.

Enquanto isso, os nervos ficam em frangalhos e não existem fitoterápicos para acalmá-los.

Então, já que tudo tá fudido, bebe-se café. Muito café.

Deixemos o circo pegar fogo...

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Poesia.


De dia, o sol brilha.
De noite, a lua brilha
E eu corto sua cabeça com uma foice.

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Sei lá. Nem tô de mau humor nem nada, só "pildido".

Aí deu na telha postar este velho poema nonsense, de autoria de Antônio, o Gengiva, circa 1996.

O rabisco é meu mesmo, de 2005 eu acho.

Este poema é tão poético. Tão singelo.

Por vezes, queria cortar meus problemas com uma foice...

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Mr. Coffee Hyde.

Dia como outro qualquer. Há que se acordar cedo, para ir dormir cedo, fazer valer o que faz a pena, o que faz o dia valer a pena. Pensamentos infundidos, difundidos por uma arcaica fita ká-sete a rodar em um igualmente anacrônico sistema de som à cabeceira daquele Senhor. Ânimo para a luta diária. Blah e blah.

A noite, ainda teimava em continuar em suas vistas, em sua mente, em seus pensamentos. O mundo não existe, não antes da primeira xícara de café, bem sabia ele. Diziam que seus tremores, seu estado agitado de nervos, todo seu frenesi era decorrente do consumo excessivo de vinte ou cinquenta chávenas de tal infusão. Ou seriam canecas? No momento, tudo que conseguia pensar era na primeira dose, o aroma, a fumaça, o negro e espesso aspecto do café que ele mesmo preparava pelas manhãs, tão forte que era servido em fatias.

Mas...ao abrir a porta da despensa, se lembrou do ocorrido na noite anterior, em que chuvas intensas impediram-lhe de chegar ao supermercado e renovar o estoque de grãos torrados e moídos, usados para a preparação de tal elixir.

Sentiu um tremor percorrendo seu corpo. Calafrios. Sabia o que significava isso. Ter de esperar chegar ao serviço público, ou antes púbico, para se afogar no mixo café lá servido, isso era inconcebível. Revirou furiosamente a despensa em busca de alguma réstia de pó. Achou apenas farelos passados em uma enferrujada lata esquecida por detrás de tantos condimentos; Mitra, para que tantas especiarias em seu caminho?? O pó quase não tinha mais cheiro, mas seu estado de nervos era tão crítico que não pôde resistir. Improvisou um canudinho com um envelope de papel que embalava um tempero qualquer, e aspirou diretamente da lata para suas fossas nasais, o conteúdo da lata.

Imediatamente sentiu uma aflição ainda maior a percorrer seus sentidos, ao perceber que tal experimento era ineficaz para atender seus anseios: o envelope embalara pimenta do reino em pó, e o café em si não foi absorvido por sua mucosa do jeito que sua confusa cabeça esperava que acontecesse. Sentiu uma angústia icomensurável tomar conta de seus sentidos, assim como uma crise de espirros e sensação de queimação intensa como jamais experimentara na vida. Tombou para trás, atônito em seu sufoco. Caiu por cima de laranjas, toranjas e cajus secos que mofavam em fruteiras anônimas ali. Não bastasse isso, um violento espirro sacudiu as estruturas de outra prateleira da despensa, e latas e mais latas de atuns, leites condensados e em pó caíram-lhe por cima do corpo já deveras aturdido e contundido daquele Senhor.

Saiu dali esbaforido, e pôs-se a vestir imediatamente. Sabia que em seu emprego encontraria aquele ralo café, mas que bebido aos litros, aplacava-lhe a necessidade diária de tal molécula. De repente, a fita K7 que ainda continuava a dizer blandícias toscas em forma de arranjados, planejados encorajamentos vazios, parou de mataquear inutilmente, para se embolar toda no artefacto. Ele deu um safanão no aparelho, que tombou ao chão, mudando da função "TAPE" para "RADIO". E então o Senhor escutou:

"A guerra da Conchinchina estourou em todos os lados, a leste a oeste. E creio que a nor-noroeste também. Os primeiros países a tombarem diante da bomba verde de metano produzido por vacas holandesas foram Colômbia, Estados Fudidos da América do Norte, Laos e Goa, apesar deste não mais existir enquanto país desde láááá longe no passado. Mesmo assim, embargos financeiros foram instituídos mundo afora, e a crise de 1929 fez seu retorno com força desde a zero hora de hoje, que se tornou ontem desde a meia noite. A produção de café brasileira está seriamente comprometida, pois bombas de efeito moral foram arremessadas contra cafezais, que se encontravam infestados de chineses da con, ou conchinchineses, ou algo que o valha. Tais bombas tiveram efeito muito negativo sob a moral dos cafeeiros, que tombaram mortos devido à súbita realização que a moral neste apís de merda anda mais por baixa que minhocas em fértil solo. A polícia não quis comentar o caso, preferindo ir tomar uma cervejinha no bar mais próximo. O subcomandante do exército apenas disse que "Por mim eu só tomava suco de cevada até morrer. Fodam-se os cafézes." O IML divulgou também que o número de mortos em tal empreitada beira a casa dos bilhões, com desvio-padrão de +/- seis bilhões."

O grito que sucedeu no bairro em que Senhor residia pôde ser ouvido por todos os estados setentrionais do sul do Brasil. Não era possível, não conseguia crer em tal declaração radiodifundida. Como assim, o inferno havia decidido migrar para a superfície terrestre? Antes estava tão direitinho, estabelecido em Hades da abobóda celeste. Sentiu que seu coração não iria aguentar. Sentia os primeiros efeitos da abstinência prolongada, de cerca de duas horas desde a última golada da infusão sagrada. Frias e espessas gotas de suor a descer por suas costas. O frenesi tomava-lhe conta dos sentidos rapidamente. Sede de sangue!

Isto é, de café.

Rasgou suas roupas todas, pôs fogo na lata de lixo do banheiro, quebrou o vaso sanitário com os dentes, e passou fio dental cuidadosamente. Há que se preservar a dentina. Armou-se de um machado e uma serra elétrica, estranhos itens que um servidor público, isto é, púbico, pode adquirir com módicos descontos às lojas do Paulo, perto do Mercado Central, e invadiu de supetão o corredor do prédio, onde bufou de ódio perante o hediondo papel de parede, que dançava com todas aquelas horrenda margaridas pessimamente desenhadas em sua estampa. Arrancou grandes porções daquela injúria visual, e pôs-se a dar golpes violentos de machado à porta do Vizinho. Café! Ele sabia que deveriam ter café ali! Tinha certeza!

"Já vai," disse sonolenta a sogra do Vizinho. Assim que a velha retirou a corrente de segurança e abriu sonolentamente a porta, foi surpreendida com uma lâmina cortante em suas fuças, e caiu irremediavelmente morta ao chão. O Vizinho, que assistiu lentamente a cena, balbuciou, "Ah bem, depois eu dou o resto da véia pros cães." Senhor, que já invadira bifando o recinto, exigia, "CAFÉÉÉÉÉ´´´´´!!!" Vizinho só disse, esboçando um gesto de impaciência, "Calma, caro Senhor. Sente-se, abanque-se. Irei buscar um bule fresco para ti. Não é preciso que me grites com tantos acentos soltos no ar. É preciso não desperdiçar os sinais de pontuação em estes tempos de crise latente."

Senhor sentou-se nervosamente à uma cadeira, pelo Vizinho ofertada. "Gostaria de uma torradinha de pão de centeio para acompanhar?" - "Sim, se não for muito incômodo," disse Senhor, tentando recompor sua compostura há muito perdida. Enquanto o Vizinho saiu para providenciar, o poodle da casa veio latir nervosamente, insistentemente perante os pés de Senhor, que apenas tomou tal canídeo nas mãos, abriu a janela e arremessou-o na direção su-sudoeste, tomando o cuidado de antes checar a direção do vento em sua biruta de bolso. Onde estaria guardado tal instrumento, já que não havia bolsos em seus farrapos que trajava, esta era a questão. Talvez os chineses saberiam o que fazer com tal demoníaco ser.

Seu trem de pensamento foi interrompido pelo Vizinho, que anunciava a chegada do café. Novamente, sentiu o frenesi tomar conta de seu ser, e tomou apressadamente a garrafa térmica das calmas mãos de Vizinho, que não protestou. Senhor pôs toda a garrafa na boca, e mastigou nervosamente tudo aquilo, já sentindo o deleite de poder se apoderar metabolicamente da afamada molécula. Mas, os cacos de vidro espelhado e fragmentos de plástico não foram distrações suficientemente eficientes para que Senhor pudesse constatar que o que a extinta garrafa continha não era café.

Cuspiu violentamente os restos mortais do recipiente, muito sangue e cacos de vidro, e bufou: "ISTO NÃO É CAFÉÉÉÉÉ´´´´´!!!!" Ao que vizinho, sentindo a imensa corrente de vento decorrente dos plenos pulmões a gritar a plenos pulmões de seu vizinho, apenas constatou, "Não me grites! Não gastes acentos indevidamente, caralho! Sim, é café, mas descafeinado. Meu médico me disse que preciso regulara pressão. Joguei fora no incinerador do prédio todos os sacos de café normal que aqui em casa restavam. E a torrada, vai querer com ou sem--"

Não pôde terminar a frase, uma vez que a moto-serra de Senhor havia fendido-lhe o crânio diante de tal infâmia. Urrou de franco ódio, atraindo para o prédio todas as tropas inimigas do Arzebajão que tomavam de assalto as ruas daquela Cidade. Ouviu seu urro ao vivo no aparelho televisor, que anonimamente assistia a tudo, e informava, "As tropas Albanesas agora parecem se dirigir para este prádio na rua Humboldt, onde um monstro por mim avistado, acaba de matar friamente seu Vizinho. O poodle que se foda. Eu detesto requeijão."

Em seus embrutecidos sentidos, Senhor sabia que seu tempo estava se esgotando. Entretanto, alguma réstia de sentidos, lhe bastaram para saber o que tinha que fazer. O incinerador do prédio!! Aquele biltre do Vizinho tinha arremessado sabe-se lá quantos sacos de café ali!

Sentia o rufar de tambores, e o cintilar dos metais dos tanques das tropas da Armênia se aproximarem rapidamente. Não havia tempo para elevadores ou escadas; era agora ou nunca.

Abriu a portinhola que conduzia ao incinerador e se jogou no apertado tubo metálico que conduziria à sua mais completa - e última - glória. Sentiu a velocidade aumentar ao passo que sua energia cinética era aumentada pela energia potencial gravitacional, ou alguma baboseira física ou tísica que ainda lhe retumbava os sentidos. Sentiu o aumento da temperatura decorrente da aproximação daquele inferno interior do prédio. Sentiu suas carnes em chamas, por estarem assim dispostas, expostas dentro de um incinerador. Urrou de dor, mas ainda assim, avistou no meio das chamas, o seu útlimo objeto de desejo: uma lata de café.

Engatinhou dolorasamente em tal direção, enquanto sentia que o fogo lambia-lhe o que ainda lhe restava de tecidos conectivos vivos e funcionais de seu corpo.

Lá fora, os tanques e veículos anfíbios da Inglaterra se posicionavam para desferir o golpe fatal contra aquele hediondo assassino...de papéis de parede ingleses rudemente vandalizados no corredor. Prepararam a catapulta, com carga de uma autêntica bomba de nêutrons. E ovos podres.

Senhor sentia que a vida abandonava cada vez mais rapidamente aquele maltratado corpo, mas sabia que era preciso adquirir a lata. Sentir pela derradeira vez, o aroma de tais grãos. Sua epiderme já havia derretido e se desprendido de 95% de seu corpo, e agora os músculos se tornavam carne cozida, ou melhor, churrascada. Estendeu a mão em derradeiro esforço, apanhou a lata.

Lá fora, os Chilenos já haviam aprontado a catapulta e arrumavam os úlimos ovos podres na cesta, ao lado da bomba H. Acertaram o relógio para o horário correto, e fizeram mira.

A dor era insuportável, mas Senhor tinha que vencê-la, tinha que cumprir seu destino. Com debéis e derretidos dedos, fez descomunal força para abrir a lata. Seus ressecados e quase cegos olhos, puderam emitir ainda algum brilho quando tal tampa cedeu; ele se precipitou a direcionar o vasilhame em direção a suas arruinadas narinas.

Os Porto-riquenhos já haviam preparado todos os detalhes e agora, mãos nervosas se dirigiram para a alavanca.

O aroma lhe falhava a chegar, mas a vida se exauria rapidamente naquele inferno. Pensara ter visto, lido na lata chamuscada, os dizeires, "café descafei..."

Mas era tarde demais. Em um átimo, o projétil de fusão atômica fora arremessado pelos Marroquinos e atingiu a estrutura do prédio, obliterando tudo e todos do mapa, e impedindo que o grito de protesto daquele amante incondicional de café, CAFÉ propriamente dito fosse escutado por algum ser vivo, naquelas redondezas.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Busca.

Momentos de plena felicidade. Se alguém os tem, ou teve, na vida, sabe ao certo dizer quais foram. Sim, palavras de um pessimista, que conta nos dedos tais momentos, talvez por autêntica rabugentice decorrente da meia mal vivida vida, talvez apenas um sintoma fleumático de mais uma terça feira pela manhã, esta mui chorosa dos céus, a cair chuva aqui e ali.

Mas não sei se é somente comigo. Pergunto-lhes, o que são momentos de plena felicidade? E o que é felicidade em si? É algo completamente variável, diferente de pessoa para pessoa. E varia muito, ao longo da vida. Para um pirralho de cinco anos de idade, a felicidade completa seria ganhar aquele brinquedo, fazer aquela viagem para algum parque temático famoso, ou, mais modernamente falando, ganhar aquele videogame ou computador de última linha, ou aparatos eletrônicos diversos. Sim, esta nova geração está com seus anseios consumistas bem representados nas parafernálias eletrônicas.

E este consumismo representa a felicidade geral e absoluta para uma pá de gente. Todos sabemos. Todos nós temos tais desejos; mulheres e seus sapatos e bolsas e sapatos e roupas, e sapatos e perfumes e sapatos e sapatos. Esqueci de dizer sapatos? Homens com seus discos, computadores, netbooks, celulares, carros, carros. Carros, cada vez maiores, mais rápidos, mais ergonômicos, e coisas do gênero.

Triste dizer isto, mas consumir representa boa parte da terapia moderna para bem-viver, aparentemente. Eu mesmo me flagro viajando em catálogos virtuais de meus itens de consumo prediletos: computadores, sons, guitarras, guitarras, amplificadores e guitarras, baixos e guitarras, Gibsons, Fenders. Jazzmaster. SG. Estranhas afinidades de um Noiado. Fico horas e horas namorando tais artigos, e traçando planos inexequiveís para a aquisição dos mesmos. Não que vá levar tais planejamentos a cabo, mas bem sei que sou mais uma vítima da consumoterapia mundial.

Mas não faz parte de meus momentos de autêntica felicidade. Que me lembre, nunca senti aquilo que só eu sei definir de mim para mim como a definição deste sentimento tão pessoal. Sim, foram raros os momentos que fiquei em tal estado de graça. Mas não foram relacionados a consumismo...

Momentos feito o de ontem a noite, em que fui surpreendido com um pôster autografado de uma de minhas bandas prediletas e já em avançada via de extinção, presenteado por um de meus mais velhos amigos, valeram muito mais que comprar qualquer computador, qualquer carro. Não somente pelo item em si, mas pelo gesto. É bom lembrar que existem pessoas que realmente conosco se importam, não é verdade?

Outros momentos que me lembro agora...a primeira vez que consegui "descer" uma onda, em pé numa prancha. Foi a soma de vários e vários dias de árduas tentativas, e das melhores sensações que já experimentei na vida...A última vez em que eu e minha irmã estivemos em um palco, para tocarmos um bom e velho roquenrou. Vários amigos estavam presentes e testemunharam minha alegria de menino naquela noite. Foi somente divertidíssimo. E fez muito bem. Muito.

A sensação de ver um de meus desenhos estampado definitivamente, por toda uma vida, nas costas de uma pessoa. Marcado na pele, por toda uma vida. Foi inexplicável o que senti, como senti.

E alguns outros, mais particulares, mais secretos.

Ah, esta vida, poderia ser só feita de tais momentos, para que não precisássemos procurar por placebos consumistas e/ou farmacológicos para conseguirmos uma mera emulação de tal sentimento. Precisamos sempre nos lembrar de tais momentos, procurar recriá-los na mente, buscar por novas maneiras de tornar a senti-los...

Que seja esta nossa busca na vida...

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Phoenix.


Não fica no Arizona.

Mora aqui mesmo, em mim.

E significa renascer das cinzas, de fato.

Ou apenas uma possibilidade de reerguer-me.

Ou ainda o despertar de antigos sonhos, antigas vontades.

Mais uma vez, estendem-se possibilidades.

Que seja desta vez.

Ameim.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Carta abrida a um devogado, parte II.

Prezado Doutor Tie:

É com pesar que venho informar-lhe que a partir da zero hora do dia de ontem, o dia se fez hoje, e assim será até a zero hora do dia de hoje, que se tornará amanhã. De posse de tais informações, podemos analisar mais a fundo o problema em quastão, questão esta tão profunda, tão insólita, que nos põe aturdidos em todas as manhãs, sejam elas de ontem, de hoje ou de amanhã, evidentemente. A questão reflete simplesmente ao simplesquestionamento de verificar se existe ou não questão. Pois bem, senão vejamos.

Questionamentos existem, por todos os lados, como é bem entendido. Agora, saber se o problema é devido a tal questinomento, são outros quinhentos, ou ao menos alguns seiscentos, creio eu. Em verdade, me questiono acerca de todos estes factos, assim como os fatos, sejamos brasileiros ou não, respeitemos ou não nossa portuguesa e abrasileirada raiz de maiz, de milho, de milho. Curau? Quanto você acha que custa esta pamonha? Mas quanto você acha--

Sim, divago, bem sei. O que acontece é que os remédios que me são ofertados em este hospital, por vezes me parecem mais serem agentes de trânsito que sou obrigado a engolir, algo assim. E não fazem necessariamente bem ao trânsito intestinal, uma vez que fico entupido no prazo de uma semana, para depois ainda dar prejuízo ao vaso comunal que eu e meus companheiros de guerra somos obrigados a compartilhar. Um monte de bosta, como diria Papaco. E sou eu mesmo o cagão.

Mas voltando ao cerne do questionamento em questão, o que podemos inferir da análise de tais dados? que existe um questionamento superior, salvo inferior para resolvermos de maneira pacífica todas as aflições terrenas? Ou que temos tempo para fazer do tempo nosso companheiro, mesmo que não tenhamos tempo para mais nada além de sentarmos em casa diante de teletelas imbecilizadoras, baixando programas e músicas e pornografia e mesmo fazendo pedidos de alimentação à distância, sem nem precisarmos de sair de nossas cadeiras, sem nem precisarmos de dinheiro termos em mãos, mas sim em numerários distantes, residentes em outras máquinas, em outros lugares, em outros ares? E me dizem que o futuro não chegou, eis que vejo o agente do hospital, o subgerente meio vesgo a me olhar torto, diante da força por mim desprendida ao empurrar cada uma destas teclas situadas defronte a mais esta teletela perpétua em minha vida.

É preciso fazer silêncio, é preciso fazer com que os comandos não se misturem às ordem verbais. O que escrevo aqui, todos já o sabem, ou ao menos os agentes do Big Brother, ou simplesmente Google, já sabem, mesmo que de seus domínios nem ao menos tenham saído, apesar de que ainda assim conhecem a tudo e a todos, têm fotografias de todos e tudo, sabem todos os detalhes de nossas navegações, por mais sórdidas que sejam, por mais anônimos que nos tornamos neste novo universo humano, que de humano nem ao menos os comentários em blogs e fórums temos ao certo. Sabem de tudo de tudo e dizem que não sabem. Sei.

Assim, o que eu dizia mesmo? Minha cabeça gira, e o mundo se torna multicolorido à minha frente. Não, não estarei eu vendo um espetáculo de Benoît Mandelbrot, expurgado de suas funções enquanto ser vivo um outro dia desses aí, ao menos creio não estar vendo anáçises de fractais diante de um winamp da vida qualquer aí. Milkdrop? O que ser tal coisa? Tampouco é visualização visual de um horrendo programa da maçã de madames digitais por aí, bem sei eu que isto deve ser o fundamental questionamento, sobre cores e o universo, e tudo mais. Será que sim, será quarenta e dois a resposta? Qual é a pergunta mesmo?

Sei que o senhor pode me ouvir, não o Senhor que algumas testemunhas de isto ou daquilo afirmam residir na abóboda celeste e que nos ama tanto que inflinge em nós todo o ódio de seus outros filhos humanos caso não aceitemos nem questionemos os dizeres de uma ficção generalizada traduzida e re-traduzida tantas vezes que do texto original nem ao menos o suspiro mortal restou. Não podemos, não devemos, fazer isto e aquilo, nem ver coisas coloridas se movimentando à parede. E nem ao menos de farmácos precisamos mais para obter tais resultados! Basta estar conectado a este universo! E seguir as instruções, evidentemente. Tudo derrete! Tudo é feito de nada!

O enfermeiro é gente boa, e vem me medicar mais, ou ao menos assim parece. Sinto dores, tantas dores, e nem ao menos descobri o que iria questionar. Passe bem então, caro Doutor que nem doutor é, apenas um devogado reles se tornou.

E tenha um bom final de semanazzzzzzzzzZZZzZzZZZZZZZZzzzzzZZzZZz...

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Pu-purri.

Tanta coisa pra fazer, não é verdade? Tantos lugares que ainda não conhecemos, coisas a serem vistas, comidas a serem experimentadas, temperos a serem degustados. Viajar, viajar, experimentar, dizem ser, dizem saber. Ir e vir, estar sempre em estado de eterna partida, por assim dizer.

Cheiros bons das manhãs, as padarias e seus pães fresquinhos, o bom café. Cheiro da chuva na terra seca, som das gotas em telhas de barro cozido, ali organizado em seu teto, além mundo escondido num canto da cidade, num canto da bagunça urbana, onde cantam curiangos, onde malacos vão incomodar, por vil necessidade de tanto invejar.

Palavras por outrem escritas, mesmo do além mar, onde a europa jaz, donde Pessoa escreveu, donde tantos outonos estão a passar, enquanto aqui nós temos nossa mais gélida primavera dos últimos dez anos de todos os tempos; lá esta a Loba ao sul que não me deixa mentir, eis que lá é ainda mais tenebroso, mais rigoroso, o frio que não acalenta, à espera de quê, à espera da vida? Como faz, como faz?

E mesmo ao norte, em remota porção por nós do centro-sul do centro-oeste sudeste tão desconhecida, existe um Símbolo a falar, a escrever, a pensar e a ler, coisas bem mais contundendes que um mero Noiado qualquer jamais ousaria escrever, tamanha é sua não-vida, tamanha é sua incompreensão do mundo vasto mundo sem nenhum Raimundo que sirva de rima nem de solução. Tente, tente, quem sabes um dia acontece?

Pois ali não existe o horário de verão, cá não existe chuva em julho, em maio. Cá não temos florestas, temos cerrados, temos civilização? Temo, de fato? Teremos? E o que diria de nós o amigo europeu? Cá somos apenas um nada, um país de selvas e Samba? Não, quem pensa assim são estadounidenses, aqueles arrogantes seres que se afirmam "americanos", esquecendo de todas as outras américas.

Tentemos focar no bom lado da vida, o cheiro do café, o cheiro da padaria, e tantos outros aromas que alguns de nós não conhecem ainda. A companhia de nossos animais de estimação, tantas vezes mais humanos que muitos frangos por aí circulantes, a contemplação das caducifólias d'além-mar, tão exuberantes em cores.

E que todos nós encontremos uma maneira de salvar nossas vidas, nossas vidinhas, tão ordinárias, tão extraordinárias, dependendo do dia, do momento.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Saciedade.

Gosto de acordar cedo. Gosto do dia, de ficar por conta dele, de curtir a claridade. Não temos nós, "cerumanos" toscos, aparatos de visão noturna nem grandes defesas contra predadores, garras e afins. Portanto, melhor usarmos nossa visão porca quando a luz nos favorece, e não o contrário. Dependendo de onde estiver, acordo muito cedo e vou para a praia, caso esteja no meu paraíso terrestre, loicalizado na província de Itacaré, Bahia. Todos têm - ou deveriam ter - sua porção do paraíso na terra. Eu localizei a minha, naquele sítio remoto, um tanto longe de civilização, de chateação.

É verdade, tal local é tão remoto que costuma ser deserto a maior parte do tempo. Não me importo com isso. Praias desertas são as melhores que existem, não é à toa que os melhores resorts e quejandos são localizados em remotas ilhas, acessíveis somente após pagamento de uma pequena fortuna a seja lá quem for.

Sim, tal paraíso tem este senão - que seria facilmente resolvido caso fosse eu o dono de tal paragem. Bastaria levar meus amigos para lá. De que mais precisaríamos? Eu sei que não precisaria de quase mais nada. Sim, decerto, sei que caso tivesse eu a condição sócio-econômica do dono daquele local, não poderia sempre contar com a presença de todos, pois cada um tem que ganhar a vida, não são necessariamente ricos como o dono daquele local, amigo meu desde remoto ano de 1993. Mas mesmo assim, creio que viveria bem ali, mesmo nos momentos mais solitários. A paisagem é exuberante, uma pequena amostra intocada do que já foi nossa mata Atlântica, com direito a um rio diante da casa, um manguezal logo ali, e a melhor varanda que já me recostei preguiçosamente à rede após o almoço.

Gente? Povão?

Eu realmente necessito disso?

Digo tais coisas por que ontem no final do expediente nesse trabalho sem alma que sou obrigado a trabalhar, fui censurado por ser "anti-social", ao que respondi, "Nunca! Jamais seria anti-social, sou MISANTROPO, é bem diferente.", caprichando no sarcasmo. Meu colega, aquele que outro dia discutiu comigo sobre criacionismo, nem ao menos sabia o que significava a palavra, e eu lhe aconselhei que fosse consultar o pai dos burros, ou simplesmente o dicionário.

Sim,, bem sei que sou um chato quando quero ser. Mas sinceramnete me pergunto, preciso eu de me integrar com massas de gente, pessoas "mortas de fome"? Explico melhor o escárnio. A discussão começou quando afirmei que detesto reuniões formais, do tipo de casamentos. Especialmente se não conheço quem está sendo enforcado. As pessoas daqui do escrotório costumam ser autênticos "pap-casamentos": não perdem um sequer, quer seja de parentes próximos, quer seja aquele que aconteceu da concunhada do genro da nora do conhecido da primo de terceiro grau da tia distante do filho da comadre da feira. Exstem por aqui também "papa-velórios", coisa que simplesmente não consigo entender, de forma alguma.

Pessoas ditas "normais" - leia-se, probabilidade de 95% de serem FRANGOS - parecem não entender que sim, existe gente que não tolera multidões, e que mesmo curtem ficar sozinhas. Não preciso de me papagaiar todo, pôr terno e gravata para me divertir. Não preciso me juntar àquelas pessoas que se reúnem ali apenas porque "a boca é livre! UHU!" Sério, eu ouvi exatamente isso. Daí eu chamar de "mortas de fome." E as conversas que ali existem, em nada me seduzem. Realmente, eu não quero saber. Nem da novela, nem do futebol, nem das opiniões - quase sempre desfavoráveis - à decoração da festa, ao vestido da noiva. Não quero saber das fofocas sobre o noivo. Nada disso.

Eu sei, SEI que sou uma criatura difícil. Mas também sei que nada irá mudar em minha vida caso eu não vá a um casamento de alguém que não conheço. Noves fora, NADA. E os velórios então?? Não pode morrer nenhum funcionário ou parente de parente de parente de...(etc) que a galera toda daqui precipita-se em ir ao enterro. Novamente, nada contra dar apoio a quem precisa, nestas horas tão difíceis. Mas se não conheço a pessoa, eu me sinto completamente fora do lugar nestes "eventos." E uma coisa que prometi a mim mesmo, é nunca mais contemplar uma pessoa deitada naquelas flores, embrulhada pelo famoso paletó de madeira. Prefiro não ter essa última imagem da pessoa, prefiro me lembrar dela viva.

É a vida. Existem pessoas mortas de fome, "papa-defuntos" e Noiados em sótãos. O que eu não aguento é ser acusado de estar cometendo grave pecado ou contravenção social em escolher não ir a tais aglomerações. Ora. Como diria Fernando, o Pessoa, "vão para o diabo sem mim, ou deixem-me ir sozinho ao diabo! Porque haveríamos de ir todos juntos?"

E nesta nota, vejo que devo encerrar aqui o pinçamento diário. Voltar aos computadores defeituosos e a contabilidade, parada por conta de empresas furrecas. É a vida.

Continuemos...

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Escrita e dados perdidos.

Escreve, escreva, não me importo, escreva. Escrito na parede, no abismo da parede do quarto sem teto, sem forro, sem aquecimento, sem telhado, sem eu, sem você, escreva. Máquinas de escrever, estas não mais existem, mas funcionam como tal, estas máquinas modernas, conectadas aos tubos globais, internetais, que tanto unem as pessoas, mantendo-as distantes.

Existem, existem, seres como eu, como você, como nós, por aí, por ali, por este planeta? O que fazer para encontrá-los, além de aqui estar, digitar, fazer contabilidades, senos, co-senos, co-secantes, co-molhantes, parábolas, forças de Van der Waals, móleculas de trítio, sódio, deutério, deuterostômios, protostômis e quejandos.

Quantas palavras difíceis acumuladas de tempos remotos, nerd da pré-escola, pré-faculdade, pré-faz de conta ou simplesmente FAE de conta, como bem o verifiquei com estes olhos que a terra há de fagocitar.

Pois, os lisossomos combinaram-se ao retículo endoplasmático rugoso e seus tantos ribossomos, a fim de sintetizarem proteínas vitais ao funcionamento da célula eucarionte, para depois serem tolhidas ao direito da vida, fixadas em uma placa para o ensino medianamente estúpido de alguma aula de citologia e histologia geral, coradas com tantos corantes, anilinas deveras tóxicas, mas muito apreciadas pelas cores que fingíamos ver aos nossos microscópios. E quem falou que usaríamos os ultra-modernos artefactos de visualização tridimensional por varredura de elétrons ou o outro lá que esqueci o nome?

Frustrações logo estabelecidas às portas do curso superiormente inferior de biologia.

E vejam, são bactérias? O quê Não seriam sujeiras na lente desta megalupa envelhecida pelo tempo, imersa em óleo microscopal, e que tanto arranhamos, para o desespero de Maria Rita? E os esqueletos, estes tão limpos, tão normais, para depois darem lugar às aulas de cadáveres em si, mal-estar generalizado, o antigo e eterno Hulk que tem mais tempo de morte que tínhamos de vida, que dorme para sempre, todo aberto, em uma piscina de formol.

E porquê "O Max não vai ler"? Porque ele não lê, e é um pulha dos infernos do caralho.

Mais adiante, plantas e plantinhas, pepalantos e ecologia, picaretagem, picaretagem. Não é preciso saber fazer, é preciso ter o caô, esta arte tão necessária para qualquer universitário ser em formação formado por qualquer destas vis instituições. Pessoas, que pareciam ser tão legais e não bem foram, divertidas viagens, divertidos momentos, vômitos em panelas de chás de hippies, pois sim, torne-se para sempre o Buriol, terminação alcoólica tal e qual. Bem adequado.

Tente trabalhar como tal, frequente o laboratório de bíoquimica. FAIL. Vá para a microbiologia. 'Nother FAIL. Zoologia? Me pareceu ser o canal, ser o ideal, mas trabalhe ali, em meio às naftalinas peças, "avis raras" propriamente ditas, catalogue pássaros e acompanhe beija-flores na calada das frigidíssimas madrugadas, conte seus pios, tenha seu parceiro de pesquisa arrebatado, abandonando-me em meio a tal pesquisa, apenas para depois ser abandonado também pelos animais em si. Um ano e meio jogado no ralo, trabalhando de graça, de gratis, aturando um miserável orientador que só desorientava, filho da puta dos infernos, queime lá com toda sua incopetência e arrogância. FAIL.

O que fazer, como fazer. Sem chão, abandonar o curso, abandonar o diploma, depois de três anos? Não: existe a licenciatura, que não me deixa mentir, as aulas infames que me deixaram assustado, a formação de profissionais da educação que nada educavam, por assim dizer, ó FAculdade de Educação, FAE, FAE de conta que ali algo se aprende. Eu queria apenas pegar meu "diproma", abandonar o barco, elaborei trabalhos sarcásticos e com nenhum teor sério que foram idolatrados pelos professores, como assim?! FAIL, fail. Apresente sua "monografia" em dupla em um piquenique hippie, seja elogiado efusivamente, tenha um ataque de pânico em outra aula, retorne para casa escoltado por enfermeiros, em uma ambulância Federal. O que fizeste de sua vida enquanto biólogo?

Falhei, somente isto. E com a nota que passaria em um ves...prostibular para medicina, ou merdicina. Ao menos ali eu poderia ter acesso a fármacos relativament proscritos para não-doutores, me divertiria horrores em um universo papoular, doces opiáceos; com tanta morfina nas veias, e me acabaria no nada, ecá não estaria, enchendo a paciência de outrem.

Mas não aconteceu. Então, o que fazer?

Escrever e escrever, redigir e sorrir. Sorrir.

E voltar ao trabalho de contabilidade.


segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Horário de ve...bestão.

Ele estava a cordado, ainda no escuro. Aguardando o tilintar do despertador, que soaria uma hora antes do normal, uma vez que as regras e regulamentos dos homens lhe impuseram tal modificação. Coragem, coragem. Existe uma força em seu interior, existe algum poder dentro de si, para que aguentes tal injúria, que afinal de contas, nem tão grave assim é.

Levante-se, ignores a chuva. O sol virá. Mesmo que tua porção insossa e blasé lhe diga que não, tente ignorar. Nestas horas, encerrado ainda na escuridão solitária do sótão, ele suspira. Pensa estar se enganando. Existe dentro de si uma voz poderosa, que lhe impõe a necessidade mórbida de encarar a vida como se há muito ela lhe tivesse abandonado. Por mais que lhe digam o contrário, por mais que esteja saudável, por mais que exista dentro dele milhares de mundos ainda não concretizados, fragmentos de músicas não escritas, palavras não realizadas, linhas não-traçadas.

Tudo aquilo que poderia ser e não foi, para cansaço eterno seu e daqueles que com ele ainda se importam, apesar de há muito terem lhe abandonado...A outra vozinha, mais surda, mais fraca e rouca de tanto ainda tentar lhe diz num sussurro: "Ou será que é o contrário?" Ele não sabe, não quer saber, não agora neste momento, cinza manhã, chuvosa manhã. O que fazer, o que fazer. Como fazer. É a pergunta que lhe persegue, dia após dia. Para que continuar? Existe uma plástica metálica irrealidade em estar vivo de tal maneira, sendo ainda jovem no corpo, mas velho nas idéias, entrevado cerebral, tísico na mente.

Só depende de você.

Não queria escrever na data de hoje, mas cá está a fazer. Existe alguma força teimos dentro deste corpo. Algo que mesmo sendo vítima de seu pior inimigo, ele mesmo, o tenta manter vivo. Tenta manter alguma força, alguma pálida chama de tudo que existe sem existir dentro de si, queimando sem quase queimar deveras. Dizem de tudo. Agressões, blandícias, já tentaram de tudo. O que acontece com ele, nem mesmo ele sabe dizer, sabe explicar.

O que leva uma mente assim a escolher o caminho da morte estando viva? O que leva um portador de suposto feixe de talentos a jogá-los todos fora, em um abismo, um poço que somente dentro dele existe, e somente dentro de si poderá ser resgatado? Não haverá nenhuma sorte de "Phoenix" para auxiliá-lo?

Não. Você só está assim porque quer. E pare de me incomodar, pois tenho que namorar, digo, enganar duas mulheres ao mesmo tempo. Tenho que me preocupar com o futebol. Tenho que cuidar de meus filhos. Tenho que alimentar o gato, o cachorro, andar com meus filhos postiços, programar computadores, desenhar o que nunca conseguirás desenhar, e me juntar à míriade de ETC. que existe além de seus pequeninos probleminhas, cretinos entraves mentais.

Não iria escrever, mas escreveu. Ainda não será hoje que desistirás desta quase diária tarefa...

Avante, Noiado. Mesmo que não saibas para quê. Mesmo que seu pior inimigo, aquele ser que mais lhe destrói, mais lhe faz mal seja você mesmo. Ainda não será hoje que levantarás fogo e chumbo contra tal massa cinzenta. Assim como o mundo que enxergas através dos olhos verdemarrons quase inexpressivo para você mesmo...e tão cheios da cor da esperança para outrem.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

FML.

Estou aturdido, deveras. Inda mais no dia de hoje. Data em que alguém retornou de onde nunca deveria ter saído para voltar a nos importunar...


Agora é aguentar....Como diriam as internétis, "affffffffff!"

Ou ainda, "Scheiße! das Haus kaput!"

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Redrum.

Imagens; conforme o velho deitado, valem mais que mil palavras(algumas ERAM pra ser animadas, mas esta josta não mostra assim.):






quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Onde está o norte?

Vocês conhecem, por acaso, uma pessoa a quem têm admiração, que julgam ser isso e aquilo, que tem inúmeras facetas e potenciais, blah blah blah, que tem tudo pra dar certo...mas que não acontece, não faz, não acredita?

Conhecem alguém que tinha sonhos, bem diferente dos da maioria, de todos os outros humanóides, mas que deixou com que eles morressem? E com isso, aparentemente, deixaram que suas vidas, outrora tão ricas de vida e de vontades, se tornassem um deserto de si mesmos?

A vida lhes é vazia, inóspita, desprovida de sentido, e por algum motivo se tornam surdos às vozes de seus amigos e pessoas amadas, que tanto desejariam que deixassem de serem assim. Muitos desses amigos tentam e tentam, e depois desistem. Para se valer de uma expressão inglesa, se cansam de "beat a dead horse." E não estão desprovidos de razão. Têm suas vidas para se preocupar. Se alguém que conhecem não sabe resolver sua própria vida, que se virem. Têm seus próprios problemas, não podem se responsabilizar também por uma vida alheia.

E para ser sinceros, toda a lamuriação destas pessoas desnorteadas é-lhes extremamente cansativa. Melhor sair de perto. Outros, dizem estar respeitando a necessidade de tal desnorteado de quererem resolver as coisas sozinho...outros, mais enérgicos e bem resolvidos, bem diferentes de tais desnorteados, preferem simplesmente mandá-los à merda. Cada um por si. O problema não é meu. Não conseguem entender também como tais seres não conseguem resolver tais agruras. "É preguiça, é falta de vontade, é porque querem ficar assim, blah blah blah."

O marasmo cada vez mais toma conta da vida destes seres desorientados. Os sonhos, que lhe punham sentido às suas vidas, estão mortos. E sem eles, tudo mais deixa de fazer sentido. A vida em si, se torna oca. Vivem dia após dia, sem ter para onde ir. Consomem itens inúteis com a vã intenção de encontrarem alguma força que lhes devolva o ânimo. Procuram pessoas que lhes devolvam a razão de existir, mesmo sabendo que ninguém deve esperar tal coisa de outras pessoas. E de quebra, se desapontam imensamente quando as pessoas lhes falham, lhes "abandonam."

Vivem às margens da morte auto-inflingida. Alguns deles levam a cabo tal projeto. Outros, mais covardes, se deixam embalar pelo marasmo, sedando-se para sempre em suas inexistências. De tempos em tempos, sentem o apelo de que a vida deve ser mais que somente existir, mas mesmo assim, não conseguem sair de sua letargia. E quando tentam, verificam que tanto tempo passou, tanto tempo foi perdido, e nada fizeram. Os sonhos continuam mortos. Regressam à inexistência, esperam os dias passar, esperam a morte chegar. E se tornam cada vez mais doidos, mais paranóicos, mais anti-sociais. Têm grandes delírios de grandeza, por vezes inadvertidamente se sentem "gênios incompreendidos", ó vã ilusão. Nada mais são que lixo humano, suas mentes maldosas lhe dizem. E aguentam. Aguentam, toleram, existem. Ocupam espaço. Consomem e são consumidos. Procuram alguma forma de escape, quer seja em formas legalizadas ou não, quimicamente ou televisionalmente, interneticamente.

E os outros, os poucos que deles ainda se lembram, sacodem a cabeça. Fazer o quê?

Conhecem alguém assim? Ou assim?

Eu conheço. E não sei mais o que fazer com ele.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Adendummms.

Para quebrar a rotina, veja isto ou isto ou ainda isto e tente não rir. Ao menos uma vez.

Me mostraram essa merda no final de semana e eu passei mal de rir. E mesmo horas depois, só de pensar eu me desmanchava em risadas imbecis.

Acho que a internet está nos deixando mais burros ou mais idiotas mesmo. Posso afirmar que no meu caso, parece ser verdade...

Enfim, ao menos risadas fazem bem...

Interrompemos seu feriado...

...para lhe ofertar dez horas de ponto. Grátis. Sem frete, sem taxas. Ou quase.

Trabalhas. Num dia caduco de ocupações, em semi-feriado.

Enfim.

Ao menos o feriado não é na quinta: ter de vir trabalhar na sexta é pior, como disse outro dia um de meus companheiros aqui. Melhor não reclamar. Existe emprego, existe dinheiro. Sempre pode ser pior, conforme já disse um corolário da Lei Universal de Murphy. Que venha o dia de amanhã e seu foguetório ao meio-dia.

E hoje mesmo, verifiquei que não estou sozinho em estar sendo requisitado em meu emprego com a intenção de apenas esperar pelas dezoito batidas alforriadoras: muitas pessoas também têm patrões de má índole e maus fígados, pelos vistos. É a vida.

Eu participo de tal jornada, muitas vezes sem saber para onde, por quê. Neste ano que passamos, estou perplexo com a falta de sentidos em tal viagem, entretanto. Fazia muito tempo que não me sentia tão...sedado, eu diria. Acordando, esperando nada, como se eu mesmo tivesse já morrido e me integrado à legião de zumbis que parece existir na face da terra. Pessoas sem sonhos, sem expectativas, que vivem dia após dia, mas sem viver. Existindo, somente.

Ontem foi um dia assim, domingo morto de existência. Tentativas frustradas de produzir algo, somente geraram mais letargia.

Bem sei que não deveria somente viver de reclamações, mas. Sinceramente. Não sei o que fazer. Médicos, de nada me valeram. O que falta é alguma mudança, algum encontro de perspectiva, creio eu. Saber o que fazer com tudo isto que tanto me inflama.

E por falar em inflamações, hoje também sinto uma certa dor localizada no abdômen...Algo que me fez lembrar um tipo de agrura clínica que afeta muitas pessoas mundo afora, e que já perturbou mesmo uma parente mui próxima minha, quase causando-lhe a morte. É claro que não posso saber com certeza, uma vez que não sou médico, somente um pessimista-mor. Breve leitura dos sintomas e eticéteras nos dados gentilmente me ofertados pelas internétis também me levam a crer que é somente alguma dor análoga a tal condição, apenas para apimentar minha segunda nauseabunda.

(Aparentemente, se fosse mesmo tal coisa, não teria aguentado nem chegar aqui...)

Voltemos todos ao trabalho e esperemos o tempo passar então...dia após dia, momento após momento. E mais uma vez, escutemos na música letras que se encaixam feito luva para descrever a sensação do momento, a aflição de MMX:



Ticking away the moments that make up a dull day
You fritter and waste the hours in an offhand way.
Kicking around on a piece of ground in your home town
Waiting for someone or something to show you the way.

Tired of lying in the sunshine staying home to watch the rain.
You are young and life is long and there is time to kill today.
And then one day you find ten years have got behind you.
No one told you when to run, you missed the starting gun.

So you run and you run to catch up with the sun but it's sinking
Racing around to come up behind you again.
The sun is the same in a relative way but you're older,
Shorter of breath and one day closer to death.

Every year is getting shorter never seem to find the time.
Plans that either come to naught or half a page of scribbled lines
Hanging on in quiet desperation is the English way
The time is gone, the song is over,
Thought I'd something more to say.

----Pink Floyd, Time.



E retornemos na quarta-feira, caso a estranha sensação seja somente um lembrete do corpo para mim mesmo que ele existe e que deveras sente o que não sinto muito mais...

Boa continuação de feriado a todos...

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Lembrete.

Memória, memória. Que me faz lembrar, que me transporta, de cá para lá, neste ano, para aquele mês, aquele dia, aquele lugar. O que será, oque és, não sei dizer, e tento entender, anos e anos, uma vida, uma existência, um lugar.

Instâncias escondidas, dentro de nós, dentro de uma massa que quase somente água é, um bolo que se encontra numa cachola, um órgão...será? Um estado, uma transposição, de elétrons, de substâncias, de mielinas, de pensamentos...coisas e coisas, armazenadas, guardadas, neste lugar.

Ou será que tudo se encontra noutro lugar, menos científico, menos chato, menos preciso, por todos conhecido mas por ninguém definido? A alma, esta coisa errante que tanto nos dizem ser e nunca sabemos o que é.

Tudo o que sabemos, tudo que dizemos saber, nunca saberemos ao certo. O que nos faz viver, o que nos faz sentir, senitr, deveras, estar vivo, estar aqui e ali. E para quê? Pergunta que não se cala, imprecisa, incorreta, necessária. Será?

O que nos faz sentido, o que nos faz ter vida, o que nos faz viver. Para que nos faz viver, o que estamos procurando, nunca encontrando, dia após dia, momentos eternos, indefinidos, inexistentes. Dor, amor, satisfação, calor, prazer. Viver.

E de lá para cá, indo e voltando, existindo, sentindo. Músicas e cheiros, palavras e sentidos, que somente nós entendemos, que somente nós sentimos.

Somente assim, e nem mesmo assim, entendemos.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

C-4.

Diante de tal onírica planta, ele finalmente sentiu. A paz que almejava fazia tanto tempo. Tantas perguntas, nenhuma resposta. Lembrou-se de tudo que havia acontecido desde que havia saído daquele casulo criogênico, em um espaço de tempo indefinido, mas que agora, mais que nunca, lhe parecia estar dele distanciado por uma eternidade.

Tempo se esticando em todas as direções, era o que parecia sentir, diante da alvura daquela árvore, apesar de tudo ao seu redor ter se apagado desde que ela brotara daquele infértil chão, naquela estéril cidade esquecida pelo tempo e pelos acontecimentos.

Estava agora a um braço de distância do tronco, e hesitava. Tinha a nítida certeza que assim que tocasse naquela casca, tudo faria sentido, out tudo acabaria. Não sabia por que tal instintiva certeza imperava em sua mente, que ainda tentava debalde fazer formulações, procurar uma explicação, uma razão.

O que era razão diante dela?

Inspirou um grande volume de um ara agora inexistente, e estendeu o braço, mantendo os olhos bem abertos. Acontecesse o que tinha que acontecer. Era isso que tinha de fazer. O que precisava acontecer.

Sentiu a textura do tronco, a asperez da casca, na ponta de seus dedos, à palma da mão. Era somente isto? Seus olhos perscrutaram a escuridão ao redor. Nenhum sinal de vida, nenhum sino da redenção, nenhum túnel com alguma luz. Nenhum som.

Alguns momentos se passaram, mas lhe pareceram uma eternidade. Sentiu um princípio de desespero aflorar novamente em sua alma, e fechou os olhos. O que viria agora? Era assim que tudo acabava?

O braço cuja mão tocava o alvo tronco perdeu um pouco da força e deixou com que os artelhos roçassem levemente a casca...descendo alguns centímetros para baixo.

Sentiu algo ao fazê-lo. Um tremor, uma eletricidade, algo indefinido. Abriu novamente os olhos. E soube.

Estendeu o outro braço, mandando às favas todo o medo, toda a hesitação que nele ainda existia. Abraçou a árvore, como se sua vida dependesse disso. Como se ela fosse...

Lenora.

Como se ela ainda estivesse viva. Como se aquela tarde em que se conheceram fosse agora...Naquela reunião dita subversiva. Toda a ideologia contra o regime, toda afilosofia, todo aquele papo, tudo havia lhe fugido aos sentidos assim que seus olhares se cruzaram naquele apertado salão clandestino.

Lenora. Se lembrava agora.

Tudo lhe voltou à mente, memórias. Verdadeiras recordações, que apagaram todas as outras mentiras que havia sentido desde que tinha sido capturado, desde aquela noite em que o tal movimento antagônico ao hediondo governo tinha sido esmagado. Uma torrente de sensações invadiu-lhe todos os sentidos, dores, gritos, aflições.

Ele apertou os braços em torno da árvore. Não, não. Eles tinham matado sua Lenora, em frente a seus olhos. E o arrastaram aos trambolhões dali, muitos braços segurando os seus. Não. Quanta dor, quanto sofrimento. Sua alma estava novamente sendo rasgada. De novo não.

Queria chorar, gritar, mas só conseguia apertar ainda mais seu abraço. Não. Não.

Mas, suas memórias de repente começaram a circular em outra direção, para longe daqueles momentos tão horrendos. Sentiu que sua readquirida memória voltava-se para algns outros momentos. Os olhos dela. Aquelas frases desconexas emitidas quando tentou com ela conversar, falhando miseravelmente em fazer algum sentido ou transmitir alguma sensação de segurança.

Suas risadas...todos aqueles detalhes que nos parecem tão triviais e que tanto pesam, tanto importam quando nos lembramos deles. Especialmente em seu caso.

Aquela tarde, uma das últimas que tiveram juntos antes de tudo ter ido para o inferno, em que caminhavam juntos num parque vandalizado por outro grupo dito terrorista. Haviam jogado tinta branca por todos os lados...inclusive em uma árvore. Em seus olhos, aquele ato de vandalismo vegetal tinha lhe parecido tão...poético, tão bonito aos olhos, por mais estranho que parecesse.

E ela também enxergara a poesia no meio do caos.

Todos os momentos juntos dela, tudo importava. Para o bem ou para o mal, em efusões de alegria ou impaciência, de dor ou amor, de prazer, de tristeza. Tudo que importava. Sentiu a paz novamente em sua alma, agora que conseguia focar no que realmente importava. Lenora, Lenora. Nunca mais lhe esqueceria.

Neste momento, sentiu que seus braços, seu corpo, não mais abraçavam uma árvore, mas algo mais delgado, macio ao toque. E sentiu um suspiro. Braços que também lhe enlaçavam o corpo. Aquele toque familiar. Aquele calor tão confortante.

Não precisou abrir os olhos.

Sentiu tudo de bom novamente. Tudo que lhe havia sido negado, roubado, pervertido em sua mente. Podia simplesmente focar no que lhe importava, no que sempre fizera sentido. Nada mais.

E o tempo se estendia em todas as direções, mas focado apenas nestas sensações.

Para sempre e sempre.


quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Aardvark Santos e Silva.

Hoje me sinto meio esgotado, sem muitas idéias...Sei lá.

A vida é como um monte de perguntas, às vezes. E isso cansa. Especialmente se você não consegue muito ligar o fôdas. Acontece com muitos noiados feito este mundo afora, imagino. Também suponho que cada um destes seres abstratos com índole semelhante à minha, se comportem de maneiras diferentes...

Dizem muita coisa, dizem para fazermos muita coisa, mas nunca nos lembramos de como a solução definitiva para uns soa como grave ofensa para outros...

Pessoas. Gente. Como são diversas. Como têm idéias diferentes, como reagem de maneiras diversificadas...

Eu penso e repenso, e não chego a nenhuma conclusão definitiva. E o que é definitivo nesta vida? Para morrer, basta estar vivo...blah blah blah, dizeres populares, mortadelas e chouriço, enchem o bucho, enchem a vida de baratas filosofias...

Santa incoerência de pinçamentos espalhados num cabeção(e num borogue), Batemam!

É, hoje vai ser um dia de sei lá.

Aproveitem o dia, aproveitem a boa música: escutem a dobradinha A Ballad In Urgency + Wiser Time, dos pretos corvos. Vale a pena e causa arrepios.

Enfim, que comece o dia e suas notas fiscais e computadores quebrados e cupons fiscais e abobrinhas e fofocas e gente infame, iname, etisséteras.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Dark Side Of The Blitzkrieg Coney Island Horses.

Caro senhor diretor:

Venho escrever esta carta, escritamente, estritamente falando, para poder me referir ao acontecimento trágico ou semi-cômico que aconteceu na data de hoje, mas que se referia a data de ontem. Pois. Estava eu estando ali, permanecendo sem ficar, onde o vento faz a curva, e de repente me vi atingido por Raquel Welch. O que ela estava fazendo ali, por Mitra, eu me perguntei. Foi então que me vi no ânus domini de 1978, e tudo fez mais sentido. Ela também se mostrou aturdida pelo impacto e saiu correndo na direção oposta a que um tal de Michael Palin corria, gritando, "'Tis not fair! She was supposed to be dropped on top of ME! Bloody hell!" Tive de me desviar de cartunesco pé de querubim que quase me achatou naquele bizarro momento também.

Perto, mas só perto. Não desta vez, caros Phytons. Triunfante em ter sobrevivido a tal achatante achaque, verifiquei que em meu bolso haviam ingressos para um certo show. Fui ao empório de roupas usadas mais próximo, no coração da Maçã, enquanto cismava algo a respeito de um nome, um par de letras. A mesma pronúncia, mas diferentes significados, aparentemente. Nada e tudo, tudo e nada.

Momentos depois, estava trajando minha jaqueta do mais puro falso couro autêntico, e me dirigindo para o CBGB, a fim de assistir a mais nova banda do pedaço, um tal de Ramones. Logo à entrada, vi que havia cometido um ledo engano e estava prestes a despencar em um moedor de carne. Desesperado, tive que retirar minha máscara social de pseudo-punk e correr pela minha vida, esbarrando em um tal de Roger Waters, que assistia maravilhado à cena. Não pude entender o que ele me disse, pois aqui em Itabira não falamos muito bem o inglês. Sei que anotou algo em seu pequenino caderno preto, onde continham vários poemas, mas não queria muito saber de virar ração de cachorro norte-americano da porra não.

Quando me vi às ruas de Nova York novamente, estava definitivamente atrasado, irremediavelmente atrasado para o show daqueles garotos, então tive de me contentar em adentrar um outro local onde um tal de Lou, o Reed, fazia um senhor espetáculo. Muito me surpreendi quando o dito cujo, ao anunciar a próxima canção intitulada Coney Island Baby, disse as seguintes palavras, "I'd like to send this one out for Lou and Rachel. Man, I swear I'd give the whole thing up for you."Muito pasmo, me concentrei novamente naquele nome(apesar de nada ter entendido em tal aparente dedicatória além do nome em si), que me perseguia, que me atormentava, que me fascinava, que me fazia sonhar à noite. Agora sim, com C e H, cêagá; sempre este nome. Pois sim, onde estaria tal moça? Como a ela chegar? Como fazer?

De resto, aproveitei bem o espetáculo de tal senhor, o qual virei fã. Fui transportado a épocas e locais remotos, a overdoses de heroína e acontecimentos urbanos bizarros, porém mui poéticos me soaram à voz de tal Reed. Já novamente às ruas, agora com o espírito aturdido pela assombração que me perseguia e me alentava, continuei vagando a esmo pelas ruas para mim anônimas. Novamente, eu e mesu distraídos sentidos me fizeram ir de encontrão a uma certa dama que cruzava a esquina, uma tal de Patricia Lee Smith. Me desculpei efusivamente, mas tal dama não quis saber de conversa, foi logo me perguntando um milhão de coisas que não entendi patavinas, por ser de Itabira ou João Monlevade, já nem sabia mais ao certo. Patti, como seus amigos a chamavam, me arrastou para um bar ali perto.

Depois de muitas rodadas de rum em companhia de tal moça e de seus amigos, confesso ter aprendido bem o inglês, ou algo que o valha, pois não me lembro muito bem do que se passou no período de inebriação. Ainda assim, lembro-me de ter narrado todos os estranhos eventos que haviam ocorrido naquela noite, e ela escutava atentamente, entre doses de rum e cigarros. Não era preciso ser um gênio ou gênia do roquenrou para logo sacar que o que me afligia eram dores de um músculo estriado não-esquelético cujas fibras arranjadas na forma de K(e não CH, apesar da pronúncia soar a mesma) compunham órgão vital para a sobrevivência de qualquer ser humano que se prezasse ou que não tinha tombado no cumprimento do dever de nunca se apaixonar por ninguém.

Não era meu caso, evidentemente.

Mas Patti muito me disse e me disse, muitos conselhos me deu, mas não me lembro de quase nada, tamanho era meu estado ativado pelo álcool ali reinante no recinto e em meu "figo". Mas foi-me muito amiga, e me senti honrado e grato em ter conhecido tal dama naquela noite, naquela cidade, naquele obscurto local de um passado há muito esquecido por alguns, mas sempre reinante na mente de um cara tão velho quanto o panquerroque.

Em dada altura do campeonato, tive de me desculpar e comparecer ao orelhão de louça, que ironicamente não se chamava Celite, e pôr para fora algumas coisas, lágrimas e vômitos, creio eu. Tudo girava e a música, a boa música daqueles tempos ecoava no ocaso de minha cabeça, tão aturdida por anos e anos sem saber o que fazer, o que dizer, dominado pelo medo de deslizar e pôr tudo a perder, o nome, o nome. O que havia a perder, diziam vozes, o que havia a ganhar. Uma vida, talvez, uma esperança. Caso contrário, perderia tudo. Nada faria mais sentido. Ou ao menos assim achava, assim me diziam as vozes que ecoavam em minha alcóolica cabeça.

Em dado momento, bati a testa no aparato de telecomunicação com dejetos humanos provenientes das mais diversas fontes internas, e tudo sumiu, menos o nome, o nome.

Lembro-me de ter sonhado, coisas que sempre me aconteciam naquelas noites. Naqueles devaneios causados por tais pensamentos, por tais aflições, por tais damas, tão longe, tão perto. Tão infame, tão idiota o era. Acordei com uma bruta ressaca e dores por todo o judiado corpo. De novo. Quantas vezes, quantas noites, em vão, em vão. Debalde em balde, eu enchia meu figo de cirroses inúteis.

Me vi novamente em estranho ano de MMX, onde poucas coisa haviam feito sentido até o momento. Recolhi o DVD da primeira temporada de certo show de humos inglês, alguns discos espalhados ao redor da desfeita cama, e senti a necessidade de gritar, mas primeiramente, nova visita ao orelhão tive de realizar. Água, beba água. Cure sua ressaca, cures sua dor física.

A outra dor, teria de ficar latente em meu...você me entendeu, caro diretor. É por isso que hoje terei de me ausentar de vosso vil recinto, de vosso vulgar escritório, de sua infame ocupação ocupada somente pelo corpo e não pela alma deste que vos escreve.

Caso queira, podes me impugnar, me expurgar, me xingar, me agredir. Sou imune a tais infâmias em tal estado ativado por seis anos de não saber o que fazer, como fazer, se posso fazer.

E assim caminho, dia após dia, momento momentos. Sem saber, sem saber.

Como faz?

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Zoi Bad Boy O Retorno - 40006.

Oui.

Ele voltou
O Noiado voltou novamente
Saiu daqui tão contente
Por que razão quer voltar?

Acontece que é preciso retornar, não é mesmo? Ainda que os dois, digo três, dias legalmente me concedidos perante a uma junta médica composta de seiscentos coronéis, tenham sido bons demais da conta, segundo o mineirês e segundo eu mesmo, é preciso retornar ao mundo real, onde candidatos com o nome descrito no título destas linhas diárias do dia de hoje agora mesmo existem, onde os CPFs estão para ser cancelados por não ter eu me lembrado de entregar um nada consta no defunto ano de 2007, para somente agora ser alertado do fato, ó fedaputas da Receita Bostual do Brasil, e onde as coisas andam mais ou menos na mesma, apesar de agora o foco ser constante e afiado em ambos os olhos verdemarrons e águacor deste ser Noiado, pois sim, obrigado a todos que comigo se preocuparam durante tal período cirúrgico.

Mais ou menos na mesma? Nem tanto assim. Uma das mais importantes pessoas na vida deste sotaonesco ser adquiriu anos a mais, e fez-me lembrar que dentro de mim exisitia um sonho que cogitava ser extinto há milênios ou medida de tempo absurda que o valha. Concedeu-me a possibilidade de voltar a perseguir tal ambição, não sem antes ter obtido a absoluta estupefacção deste, uma vez que jamais, nunca esperaria que tal coisa ocorresse. A ela muito devo, mesmo a vida, por vezes, eu diria. Pois são estas coisas que nos salvam a vida, nos resgatam do caminho da podridão que a vida por vezes parece arrastar-nos, cercando-nos das pessoas e influências erradas, dos mortos vivos por opção, dos velhos auto-intitulados, apesar de muito mais novos que nós mesmos os serem. Pois sim, tombados no dever de escolher a extinção prórpia por acreditarem em valores e instituições já caducas, ao menos ao meu olhar nítido como um girassol, agora.

Não me arrastem para este buraco, ó seres endemoniados. Fiquem em suas tumbas auto-infligidas, mas não me peçam para vos acompanhar. Apodreçam em paz; é vossa opção, é vosso direito. Mas não me imponham tais errôneas visões de mundo, de vida. Isto não é vida para mim: deixar-se apagar por convenção social, ou por contravenção social, mais propriamente dito. "Death by marriage". Morte por falta de diversão. Morte por imposição social rídicula de que os outros nos ordenem que sejamos todos frangos.

Como já disse um certo gênio:

Lisbon Revisited (1923)

Não: não quero nada.
Já disse que não quero nada.

Não me venham com conclusões!
A única conclusão é morrer.

Não me tragam estéticas!
Não me falem em moral!
Tirem-me daqui a metafisica!
Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas
Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!)
­Das ciências, das artes, da civilização moderna!

Que mal fiz eu aos deuses todos?

Se têm a verdade, guardem-na!

Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica.
Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo.
Com todo o direito a sê-lo, ouviram?

Não me macem, por amor de Deus!

Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência!
Vão para o diabo sem mim,
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
Para que havemos de ir juntos?

Não me peguem no braço!
Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho.
Já disse que sou sozinho!
Ah, que maçada quererem que eu seja de companhia!

Ó céu azul ­ o mesmo da minha infância ­,
Eterna verdade vazia e perfeita!
Ó macio Tejo ancestral e mudo,
Pequena verdade onde o céu se reflecte!

Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje!
Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta.
Deixem-me em paz! Não tardo, que eu nunca tardo...
E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar sozinho!


Bem dito, bendito seja, senhor Fernando, o Pessoa. Ou Álvaro de Campos, se o preferirem.

Hoje vejo que o "sozinho" de tal poema pode - e deve, em meu caso - ser um coletivo. Daqueles seres que recusam a ser membros de um rebanho de gnus. Que se recusam a buscar diversão neste deserto que pode ser a vida, por vezes, mesmo como ontem, na farsa eleitoral: fui agraciado com uma fila de aproximadamente 1500 frangos em minha seção eleitoral, onde a patética urna eleitoral eletrônica me aguardava. Eu poderia ter ficado como eles, de cara fechada, xingando tudo. E é de minha praxe fazê-lo, bem sei.

Mas não: olhei ao redor, viajei nas moças - sim, duas moças, duas mulheres - que se pegavam em plena fila, para o escândalo das senhoras frangas ali presentes, e para sorriso incontido em meu rosto; depois que dali se afastaram, para alívio da falsa e pequeno-burguesa paz reinante, eu olhei ao meu redor e procurei nova fonte de inspiração, me deleitando ao rir, e muito da lista de nome de salafrários aspirantes que seriam eleitos - ou não - pelo voto do galinheiro. Muito me diverti ao constatar que tal lista é tão divertida quanto qualquer inventário de aprovados em vestibulares e afins. Nomes de candidatos como Dilma das Torres Gêmeas e Doutor Grilo, sem falar no famoso infame Zoi Bad Boy O Retorno, número 40006, levaram troféus-risada.

E verifiquei que os idiotas ao meu redor me olhavam com ar de censura. Eleição é coisa séria, pois sim. Com candidatos feito Tiririca. Sérgio Mallandro. Caixa, o narrador de futebol. Jogadores de futebol. Candidatos criacionistas, satanistas, 171s de seus deuses e quejandos.

Aham. Muito sério.

Carreguem vossas carrancas imbecis para suas casas, seus filhos remelentos e chorões por que não têm iPhone 4, e suas mulheres geladeiras, e me deixem ficar me divertindo com a comédia nacional. Façam o que bem entenderem, mas me deixem ser o "idiota" que se ri de tais absurdos.

Blah pra vocês, o mesmo "blah" que me sei que me dirigem, ou mais propriamente dizendo, que NOS dirigem, a mim e a meus amigos e pessoas preferidas, que são como loucos para os frangos, em situações como esta.

E fiquemos assim, eis que tenho que retomar meu ritmo de trabalho aqui neste escrotório.