Caro senhor diretor:
Venho escrever esta carta, escritamente, estritamente falando, para poder me referir ao acontecimento trágico ou semi-cômico que aconteceu na data de hoje, mas que se referia a data de ontem. Pois. Estava eu estando ali, permanecendo sem ficar, onde o vento faz a curva, e de repente me vi atingido por Raquel Welch. O que ela estava fazendo ali, por Mitra, eu me perguntei. Foi então que me vi no ânus domini de 1978, e tudo fez mais sentido. Ela também se mostrou aturdida pelo impacto e saiu correndo na direção oposta a que um tal de Michael Palin corria, gritando, "'Tis not fair! She was supposed to be dropped on top of ME! Bloody hell!" Tive de me desviar de cartunesco pé de querubim que quase me achatou naquele bizarro momento também.
Perto, mas só perto. Não desta vez, caros Phytons. Triunfante em ter sobrevivido a tal achatante achaque, verifiquei que em meu bolso haviam ingressos para um certo show. Fui ao empório de roupas usadas mais próximo, no coração da Maçã, enquanto cismava algo a respeito de um nome, um par de letras. A mesma pronúncia, mas diferentes significados, aparentemente. Nada e tudo, tudo e nada.
Momentos depois, estava trajando minha jaqueta do mais puro falso couro autêntico, e me dirigindo para o CBGB, a fim de assistir a mais nova banda do pedaço, um tal de Ramones. Logo à entrada, vi que havia cometido um ledo engano e estava prestes a despencar em um moedor de carne. Desesperado, tive que retirar minha máscara social de pseudo-punk e correr pela minha vida, esbarrando em um tal de Roger Waters, que assistia maravilhado à cena. Não pude entender o que ele me disse, pois aqui em Itabira não falamos muito bem o inglês. Sei que anotou algo em seu pequenino caderno preto, onde continham vários poemas, mas não queria muito saber de virar ração de cachorro norte-americano da porra não.
Quando me vi às ruas de Nova York novamente, estava definitivamente atrasado, irremediavelmente atrasado para o show daqueles garotos, então tive de me contentar em adentrar um outro local onde um tal de Lou, o Reed, fazia um senhor espetáculo. Muito me surpreendi quando o dito cujo, ao anunciar a próxima canção intitulada Coney Island Baby, disse as seguintes palavras, "I'd like to send this one out for Lou and Rachel. Man, I swear I'd give the whole thing up for you."Muito pasmo, me concentrei novamente naquele nome(apesar de nada ter entendido em tal aparente dedicatória além do nome em si), que me perseguia, que me atormentava, que me fascinava, que me fazia sonhar à noite. Agora sim, com C e H, cêagá; sempre este nome. Pois sim, onde estaria tal moça? Como a ela chegar? Como fazer?
De resto, aproveitei bem o espetáculo de tal senhor, o qual virei fã. Fui transportado a épocas e locais remotos, a overdoses de heroína e acontecimentos urbanos bizarros, porém mui poéticos me soaram à voz de tal Reed. Já novamente às ruas, agora com o espírito aturdido pela assombração que me perseguia e me alentava, continuei vagando a esmo pelas ruas para mim anônimas. Novamente, eu e mesu distraídos sentidos me fizeram ir de encontrão a uma certa dama que cruzava a esquina, uma tal de Patricia Lee Smith. Me desculpei efusivamente, mas tal dama não quis saber de conversa, foi logo me perguntando um milhão de coisas que não entendi patavinas, por ser de Itabira ou João Monlevade, já nem sabia mais ao certo. Patti, como seus amigos a chamavam, me arrastou para um bar ali perto.
Depois de muitas rodadas de rum em companhia de tal moça e de seus amigos, confesso ter aprendido bem o inglês, ou algo que o valha, pois não me lembro muito bem do que se passou no período de inebriação. Ainda assim, lembro-me de ter narrado todos os estranhos eventos que haviam ocorrido naquela noite, e ela escutava atentamente, entre doses de rum e cigarros. Não era preciso ser um gênio ou gênia do roquenrou para logo sacar que o que me afligia eram dores de um músculo estriado não-esquelético cujas fibras arranjadas na forma de K(e não CH, apesar da pronúncia soar a mesma) compunham órgão vital para a sobrevivência de qualquer ser humano que se prezasse ou que não tinha tombado no cumprimento do dever de nunca se apaixonar por ninguém.
Não era meu caso, evidentemente.
Mas Patti muito me disse e me disse, muitos conselhos me deu, mas não me lembro de quase nada, tamanho era meu estado ativado pelo álcool ali reinante no recinto e em meu "figo". Mas foi-me muito amiga, e me senti honrado e grato em ter conhecido tal dama naquela noite, naquela cidade, naquele obscurto local de um passado há muito esquecido por alguns, mas sempre reinante na mente de um cara tão velho quanto o panquerroque.
Em dada altura do campeonato, tive de me desculpar e comparecer ao orelhão de louça, que ironicamente não se chamava Celite, e pôr para fora algumas coisas, lágrimas e vômitos, creio eu. Tudo girava e a música, a boa música daqueles tempos ecoava no ocaso de minha cabeça, tão aturdida por anos e anos sem saber o que fazer, o que dizer, dominado pelo medo de deslizar e pôr tudo a perder, o nome, o nome. O que havia a perder, diziam vozes, o que havia a ganhar. Uma vida, talvez, uma esperança. Caso contrário, perderia tudo. Nada faria mais sentido. Ou ao menos assim achava, assim me diziam as vozes que ecoavam em minha alcóolica cabeça.
Em dado momento, bati a testa no aparato de telecomunicação com dejetos humanos provenientes das mais diversas fontes internas, e tudo sumiu, menos o nome, o nome.
Lembro-me de ter sonhado, coisas que sempre me aconteciam naquelas noites. Naqueles devaneios causados por tais pensamentos, por tais aflições, por tais damas, tão longe, tão perto. Tão infame, tão idiota o era. Acordei com uma bruta ressaca e dores por todo o judiado corpo. De novo. Quantas vezes, quantas noites, em vão, em vão. Debalde em balde, eu enchia meu figo de cirroses inúteis.
Me vi novamente em estranho ano de MMX, onde poucas coisa haviam feito sentido até o momento. Recolhi o DVD da primeira temporada de certo show de humos inglês, alguns discos espalhados ao redor da desfeita cama, e senti a necessidade de gritar, mas primeiramente, nova visita ao orelhão tive de realizar. Água, beba água. Cure sua ressaca, cures sua dor física.
A outra dor, teria de ficar latente em meu...você me entendeu, caro diretor. É por isso que hoje terei de me ausentar de vosso vil recinto, de vosso vulgar escritório, de sua infame ocupação ocupada somente pelo corpo e não pela alma deste que vos escreve.
Caso queira, podes me impugnar, me expurgar, me xingar, me agredir. Sou imune a tais infâmias em tal estado ativado por seis anos de não saber o que fazer, como fazer, se posso fazer.
E assim caminho, dia após dia, momento momentos. Sem saber, sem saber.
Como faz?
Venho escrever esta carta, escritamente, estritamente falando, para poder me referir ao acontecimento trágico ou semi-cômico que aconteceu na data de hoje, mas que se referia a data de ontem. Pois. Estava eu estando ali, permanecendo sem ficar, onde o vento faz a curva, e de repente me vi atingido por Raquel Welch. O que ela estava fazendo ali, por Mitra, eu me perguntei. Foi então que me vi no ânus domini de 1978, e tudo fez mais sentido. Ela também se mostrou aturdida pelo impacto e saiu correndo na direção oposta a que um tal de Michael Palin corria, gritando, "'Tis not fair! She was supposed to be dropped on top of ME! Bloody hell!" Tive de me desviar de cartunesco pé de querubim que quase me achatou naquele bizarro momento também.
Perto, mas só perto. Não desta vez, caros Phytons. Triunfante em ter sobrevivido a tal achatante achaque, verifiquei que em meu bolso haviam ingressos para um certo show. Fui ao empório de roupas usadas mais próximo, no coração da Maçã, enquanto cismava algo a respeito de um nome, um par de letras. A mesma pronúncia, mas diferentes significados, aparentemente. Nada e tudo, tudo e nada.
Momentos depois, estava trajando minha jaqueta do mais puro falso couro autêntico, e me dirigindo para o CBGB, a fim de assistir a mais nova banda do pedaço, um tal de Ramones. Logo à entrada, vi que havia cometido um ledo engano e estava prestes a despencar em um moedor de carne. Desesperado, tive que retirar minha máscara social de pseudo-punk e correr pela minha vida, esbarrando em um tal de Roger Waters, que assistia maravilhado à cena. Não pude entender o que ele me disse, pois aqui em Itabira não falamos muito bem o inglês. Sei que anotou algo em seu pequenino caderno preto, onde continham vários poemas, mas não queria muito saber de virar ração de cachorro norte-americano da porra não.
Quando me vi às ruas de Nova York novamente, estava definitivamente atrasado, irremediavelmente atrasado para o show daqueles garotos, então tive de me contentar em adentrar um outro local onde um tal de Lou, o Reed, fazia um senhor espetáculo. Muito me surpreendi quando o dito cujo, ao anunciar a próxima canção intitulada Coney Island Baby, disse as seguintes palavras, "I'd like to send this one out for Lou and Rachel. Man, I swear I'd give the whole thing up for you."Muito pasmo, me concentrei novamente naquele nome(apesar de nada ter entendido em tal aparente dedicatória além do nome em si), que me perseguia, que me atormentava, que me fascinava, que me fazia sonhar à noite. Agora sim, com C e H, cêagá; sempre este nome. Pois sim, onde estaria tal moça? Como a ela chegar? Como fazer?
De resto, aproveitei bem o espetáculo de tal senhor, o qual virei fã. Fui transportado a épocas e locais remotos, a overdoses de heroína e acontecimentos urbanos bizarros, porém mui poéticos me soaram à voz de tal Reed. Já novamente às ruas, agora com o espírito aturdido pela assombração que me perseguia e me alentava, continuei vagando a esmo pelas ruas para mim anônimas. Novamente, eu e mesu distraídos sentidos me fizeram ir de encontrão a uma certa dama que cruzava a esquina, uma tal de Patricia Lee Smith. Me desculpei efusivamente, mas tal dama não quis saber de conversa, foi logo me perguntando um milhão de coisas que não entendi patavinas, por ser de Itabira ou João Monlevade, já nem sabia mais ao certo. Patti, como seus amigos a chamavam, me arrastou para um bar ali perto.
Depois de muitas rodadas de rum em companhia de tal moça e de seus amigos, confesso ter aprendido bem o inglês, ou algo que o valha, pois não me lembro muito bem do que se passou no período de inebriação. Ainda assim, lembro-me de ter narrado todos os estranhos eventos que haviam ocorrido naquela noite, e ela escutava atentamente, entre doses de rum e cigarros. Não era preciso ser um gênio ou gênia do roquenrou para logo sacar que o que me afligia eram dores de um músculo estriado não-esquelético cujas fibras arranjadas na forma de K(e não CH, apesar da pronúncia soar a mesma) compunham órgão vital para a sobrevivência de qualquer ser humano que se prezasse ou que não tinha tombado no cumprimento do dever de nunca se apaixonar por ninguém.
Não era meu caso, evidentemente.
Mas Patti muito me disse e me disse, muitos conselhos me deu, mas não me lembro de quase nada, tamanho era meu estado ativado pelo álcool ali reinante no recinto e em meu "figo". Mas foi-me muito amiga, e me senti honrado e grato em ter conhecido tal dama naquela noite, naquela cidade, naquele obscurto local de um passado há muito esquecido por alguns, mas sempre reinante na mente de um cara tão velho quanto o panquerroque.
Em dada altura do campeonato, tive de me desculpar e comparecer ao orelhão de louça, que ironicamente não se chamava Celite, e pôr para fora algumas coisas, lágrimas e vômitos, creio eu. Tudo girava e a música, a boa música daqueles tempos ecoava no ocaso de minha cabeça, tão aturdida por anos e anos sem saber o que fazer, o que dizer, dominado pelo medo de deslizar e pôr tudo a perder, o nome, o nome. O que havia a perder, diziam vozes, o que havia a ganhar. Uma vida, talvez, uma esperança. Caso contrário, perderia tudo. Nada faria mais sentido. Ou ao menos assim achava, assim me diziam as vozes que ecoavam em minha alcóolica cabeça.
Em dado momento, bati a testa no aparato de telecomunicação com dejetos humanos provenientes das mais diversas fontes internas, e tudo sumiu, menos o nome, o nome.
Lembro-me de ter sonhado, coisas que sempre me aconteciam naquelas noites. Naqueles devaneios causados por tais pensamentos, por tais aflições, por tais damas, tão longe, tão perto. Tão infame, tão idiota o era. Acordei com uma bruta ressaca e dores por todo o judiado corpo. De novo. Quantas vezes, quantas noites, em vão, em vão. Debalde em balde, eu enchia meu figo de cirroses inúteis.
Me vi novamente em estranho ano de MMX, onde poucas coisa haviam feito sentido até o momento. Recolhi o DVD da primeira temporada de certo show de humos inglês, alguns discos espalhados ao redor da desfeita cama, e senti a necessidade de gritar, mas primeiramente, nova visita ao orelhão tive de realizar. Água, beba água. Cure sua ressaca, cures sua dor física.
A outra dor, teria de ficar latente em meu...você me entendeu, caro diretor. É por isso que hoje terei de me ausentar de vosso vil recinto, de vosso vulgar escritório, de sua infame ocupação ocupada somente pelo corpo e não pela alma deste que vos escreve.
Caso queira, podes me impugnar, me expurgar, me xingar, me agredir. Sou imune a tais infâmias em tal estado ativado por seis anos de não saber o que fazer, como fazer, se posso fazer.
E assim caminho, dia após dia, momento momentos. Sem saber, sem saber.
Como faz?