sexta-feira, 29 de abril de 2011

404. Não sei o número mais.

Onde estou? O que é isto?

Escrever?


Sei não, zin.


Quero férias. De sete anos.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Linhas.

Curioso é, como a vida para ele se transformara.

De fato, não sabia precisar a que momento do ano corrente em que a mudança tomara forma, tomara conta de sua vida. Ano? Corrente? Nem mais sabia dizer que dia da semana seria. Tudo se convertera em linhas para todos os lados, inúmeros pontos de fuga, inúmeros horizontes. Tudo era perspectiva, ainda que não bem definida. Tudo depende da perspectiva.

Mas agora, não apenas uma existia, não apenas aquele curso acadêmico saberia precisar para que lado as incontáveis linhas deveriam convergir. Sabia que dormia mas que estava acordado. Ou que o sonho não mais era sonho, que a vida não mais era ali. Seria? Talvez. Eterno despertar, a cada momento, a cada mudança, a cada instante que se passava. As noites agoram eram dias, os dias noites, nada mais importava. Tudo se copiava, tudo se transformava.

E quem estava ali com ele, não saberia dizer, pois as sombras noturnas se transformaram, tomaram conta dos diurnos seres que outrora em sua vida habitavam, existiam. Nunca mais saberia distinguir. Nem um nem outro. Quem era quem? Quem era uma figura desprovida de rosto que ao seu lado caminhava? Quem era aquela pessoa que sempre se aproximava, perguntava as horas, calava-se e não estava mais lá?

Quem seria a voz da noite, a canção da madrugada? Quem seria sonho, quem era verdade? Sonhos, verdades, ilusões, todas se misturavam em eterno sonambulismo. Acordava no meio da noite, no meio do dia, sem saber o que se passava, se deveras acordado estava. O que era sonho, o que era realidade?

Toda uma vida buscando esta distinção; agora, em provecta porém tenra idade, não mais saberia dizer o que era isto, o que era aquilo, assim assado. Insônias, tantas noites em claro, teriam sido mesmo? Teria estado dormindo, enquanto julgava estar acordado? Seria este o ponto de não-retorno, a pedra filosofal, o encontro da razão em meio à lucidez, em meio ao onírico ser e estar, permanecer ficar, dali não estar? Não saber? Não dormir?

Nunca dormira, jamais sonhara. Tudo era um e outro. Outro e um.

Tudo ali era a vida, mas nada era vivo. Tudo ali eram coisas, mas desprovidas de outras coisas, sem istos e aquilos que poderiam ser...sem ser.Tudo era noite, tudo era dia. Dia a dia, noite após noite. Anos e anos. Cópias. O que poderia ser? O que seria,o que valeria? De quê valeria?

Sem sonhos, a vida era desprovida de sentido. Sem vida, era tudo um sonho, mau sonho, por vezes cruel. Pesadelos noites afora, sendo que não haveria maneira de distinguir, entre um e outro. Onde estava a vida, se anoite dela havia tomado conta?

Onde seria a noite, onde estaria aquele momento, pesado instante, onde a pálpebra pesada cerrava as cortinas, encerrava o dia, começava o tempo de sonhar? Sonhos. Tudo era um sonho dentro do sonho, dentro de uma vida que havia se tornado um pesadelo por se achar sem encontrar, lugar nenhum, aqui e ali.

Aqui e ali, em todo lugar. Sonhos. Sonhos.

Infindáveis retas, insondáveis números, estranhos afazeres, estranhas pessoas, debandando, não se manifestando, ausentes perspectivas, horizontes, pontos de fuga. Sonhos.

Estaria dormindo, estaria acordado? Seria ele apenas uma manifestação de outra pessoa, um fragmentos de alheia realidade, sonho do sonho?

Não saberia dizer, não soube dizer. Não lhe caberia dizer.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Os outros.

Adoro quando, em minhas andanças pela internet, me deparo com sites como este.

Eu queria matar este cara e assumir sua identidade. Não, em verdade não. Pois, nunca teria o talento que ele possui. O humor e o sarcasmo, se aproximam dos meus, a visão de vida por ele ilustrada é parecida com a minha, por mais execrável que possa parecer para pessoas "normais."

Fodam-se. Eu não sou "normal", feito "vocês", citando os idiotas, evidentemente.

Em verdade, queria ter sido autor de tiras como esta, e esta.

Ou esta, que considero particularmente genial. Se você já sentiu depressão, irá se identificar plenamente com esta tira. Recomendo a todos os "normais" que acham que "você só está assim porquê você quer." E já que estamos falando nisso, se você pensa assim, morra. Sinceramente. Filho da puta.

Adoro quando outras pessoas dignas de crédito, como este cara, falam por mim, por assim dizer. Expressam exatamente como me sinto.

Ou quase. Existe uma tira, aqui ilustrada, que não se aplica a meu caso. Se invertessêmos o comportamento do protagonista - e deletássemos certos quadrinhos da tira original - teríamos um retrato de minha vida. Pois me sinto PIOR perto de outrem, e não faço a menor questão de esconder tal fato - como o caso de chegar no escritório. Minha cara não se ilumina em fingimento de ter de parecer bem perto dos outros. Não: em verdade, dependendo de meu humor matinal, ou fico ainda mais com cara de tristeza ou a carranca se torna ainda mais fechada de ódio. E quando retorno ao lar, somente ali sinto alívio. E por "lar", entenda-se meu canto, não minha casa em sua totalidade.

Sim. Noiado no Sótão. Nada mais verdadeiro.

Lado outro, me identifiquei também deveras com este personagem que Brian Patrick inventou. Eu rachei de rir desta tira e de outras que serviram de sequência ainda que não necessariamente conexa com a original. E como sei que sou este ser patético que reclama de tudo e todos, bem sei que a probabilidade disto aqui acontecer comigo seria grande, caso de fato se sucedesse.

Eu adoro este lado negro de certos cartunistas. Patrick elaborou uma história em seu site - ainda inacabada, infelizmente - que me deixou sinceramente aflito quando a li. Mas é daquelas que, por mais aflitivas que possam ser, vocÊ não consegue parar de ler. Confira, caso esteja curioso.

O máximo que já fiz que poderia levemente se aproximar disto é uma sequência de quadrinhos - para variar inacabada, por este "autor" chamado Buriol sempre detestar o resultado final. Algo deste naipe:










Enfim. Nada que se compare. Meros rabiscos.

Se alguém tiver paciência, recomendo a leitura de todos os quadrinhos de Brian Patrick. Se gostam de ironia, sarcasmo, humor negro e/ou nem tanto(às vezes) e quejandos, irão gostar do trabalho do cara.

Adiante. Há que se fingir que trabalha aqui por mais nove horas.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Noite.

Acordou dentro da xícara de café. Diante dele, mui tranquila, fumegante. Gole após gole, devolveu-lhe a vida que lhe fora tirada pela noite. Pelas noites. Noites e dias, tantas horas, tantas coisas. Nas ruas, poucas pessoas haviam a esta hora. Felizmente, café havia, em alguns noturnos estabelecimentos, que aos poucos despertavam, atendentes bocejantes e olhares remelentos. Noites mal dormidas, madrugadas despertas, há que se ganhar o pão nosso de cada dia. Cada dia. Cada vez mais, tudo era dia, dia após dia, noite após noite, as luzes significavam-lhe cada vez menos diferencial entre noturnos da madrugada e matutinas putas, cambaleantes pelas calçadas anônimas.

Lembrou-se de antigos romances, antigas narrativas, descrevendo tipos como ele, insones, perambulantes, calados. Tipos solitários, anônimos filósofos da noite e de toda sua extensão, das pessoas e todo seu negro lado, sua escondida existência. Ninguém saberia que o vizinho era uma vizinha nas horas vagas. Ninguém saberia que o estudante de medicina gostava de frequentar a zona baixa do mais baixo escalão das profissionais do sexo, a estudar venéreas contaminações, estranhas penetrações, bizarros afazeres de uma mente repleta de insanidade. Tanta gente morta, tanta gente moribunda. Não que merecessem compaixão: não, ele as detestava. Mas fascinava-se de vê-las se acabarem por seus excessos noturnos.

Ninguém estava vendo. Ninguém além dele.

Gritos abafados na madrugada, ele havia escutado. Não se aproximava, não se importava. Não queria se importar, não mais. Quem eram eles, elas? Ninguém, assim como ele era para eles, elas. Ninguém.

Ninguém.

Café, doce café. Amargo em natureza, adocicado por mera presença açucarada. O dia começava, para todos. Não para ele. Para ele, os dias nunca começavam, nunca terminavam. Meses a fio, noites adentro. Diziam-lhe muitas coisas, deveria se exercitar à noite. Não, pela manhã. Não, ao meio-dia. Não deveria se estressar. Deveria tomar banhos quentes. Frios. Ler livros difíceis de ler. Coisas amenas à cabeceira da cama.

À cabeceira da cama...existia o mundo. Nada leve, nada ameno, ao meio-dia, à madrugada, ao nascer do sol. Cinza sendo azul, negro como a alma dos homens. Credo, diziam, e se afastavam. Todos se afastavam. Todos se afastaram. Todos fizeram pouco caso, não é possível que exista alguém tão mal-humorado; egoísta! deveria pensar em quem está mal de verdade. Câncer. AIDS. Exames vestibulares, estupros. Não.

Dele não se lembravam. Só para menearem a cabeça. Não se lembraria deles também. Não mais.

No fundo da xícara, negro pó encharcado, prejudicando o aroma do café. Não seria necessário sorver aquele último gole. Só precisava de pagar ao bocejo operador da máquina registradora. Olhos vermelhos. Noite mal dormida, cá está um irmão, ainda que seja longe disto.

Muito longe disto.

Moedas, nota surrada. Obrigado, até amanhã. Sim. Para você também.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

4/20.

Audacioso projeto. A fazer. Ir, normalmente para o trabalho. Não sem antes, na noite passada, ter passado muito tempo, a fazer afazeres, parte de seu plano. Artes e partes. Massa de bolo, de brownies. Brownies especiais, com especiarias da mais fina espécie, oriundas de particular plantação, escondida de tudo e todos, aqui e ali. Onde quer que seja, proscrita, mas não por ele.

Café da manhã. Esgueirar-se, momentos antes da hora soar, das pessoas, frangos cacarejarem no terreiro da empresa, do escrotório. Momentos antes, hora morta, ali espalhar a receita especial. Bolo, bolo, muito bolo, nozes e chocolate. Cheiroso bolo, óleos essenciais de certa coisa ali adentrada, quantidade especial. De mim para vocês.

Horas mais tarde, "Quem trouxe o bolo? Tá uma delícia." Não sei, já estava aqui quando eu cheguei. Ninguém viu, mas todos comeram. Hora mais tarde, a festa era generalizada. Números? Quem entende números. Números! Que coisa engraçada! Olha só este número! Mas alguém tem algo de comer aí? Vá ali, supermercado! apanhe pão, presunto, queijo! Misto quente para todos!

E o Nutella, chefe? De fato, Nutella! Para todos! Ah ha ha! Números que se fodam. Olhe lá fora! Cores, tão vivas! Tão brilhantes! E música, eu consigo cheirar as notas! Mas vá! Traga também picolés! Sorvete! Tome meu cartão! E a senha! Quero me divertir! Números, um, dois, três...qual erao quarto mesmo? Quarto? Pintar de verde. Verde! Tão legal! Tão brilhante!

Sorvetes e sanduíches, pessoas rindo, coisas acontecendo, umas em excesso por demais, outras mais amenas. Trabalho, só houve o de se comer e se divertir. E alguns dos capitalistas pós-modernos mesmo surtaram diante de tanto delírio concentrado. Eu mesmo, apenas olhei e para fora me dirigi. Não fazia parte dali, mesmo que as coisas estivessem um tanto melhor naquela segunda, nauseabunda. Nada mudara, no dia seguinte, todos fingiriam que nada havia acontecido, o quê, eu chapado? Nada, foi apenas indisposição.

Pessoas. O que fazer com elas. Segundas pós-feriados. Como sobreviver a elas.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Cenas, II.

-Me desculpe, mas é proibido fumar aqui, senhor.
-Foda-se.
-O quê? Assim, sem nem pagar um jantar antes?
-(....) Aceita vale transporte?
-Tás achando que meu cu é roleta de ônibus???

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-Preciso, preciso de dormir. Preciso muito, mesmo.
-Já tentou encher a cara?
-Já. Infelizmente, meu estômago se esvaziou forçosamente depois de tal tentativa. Adormeci, mas ao lado do vaso sanitário.
-Já é alguma coisa.
-Mas agora ele não para de me ligar, de pedir minha companhia.
-Hmmmm...já tentou ir à igreja?
-Já. Me falaram tanto de um deus que se vingará de nós todos por termos comido uma merda de maçã, que resolvi virar carnívoro por natureza.
-Bela natureza, esta. E eu sou vegan.
-Mas isto não é contra a natureza humana?
-É que eu não gosto de mim mesmo e sou muito cagão para me matar; então, fico fazendo pose de vegan e enchendo o saco de todo mundo que não é. Se tenho de sofrer, eles que sofram comigo.
-Vejo que és emo, também.
-Claro. Para ser mala, é preciso ser inteiramente mala.

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-Com licença. O senhor está com o carro parado defronte à minha garagem.
-Quer que eu saia, então?
-Não. Quero que o senhor enfie este carro no seu ouvido.
-Oba! Tem um KY aí?? Adoro novas modalidades de sexo!
-...

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-Meu aluno, que se tornou um de meus melhores amigos, está com câncer. Teve metástase. Vai ter de operar, e por conta disso, talvez fique com sérios problemas decorrentes de tal operação...Ao menos, espero poder dar um pouco de apoio para ele...
-Vejo que prefere a companhia dele à minha.
-(...)Velho. Você, assim como ele, é meu amigo. Não minha namorada.
-Hunf.

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-Vou matar você!
-Por quê? Por ter sido eu o motivo de revolta contra vários colegas de sala em meus anos de colégio? Por ter roubado o dinheiro da merenda dos gordinhos idiotas? Por ter feito chacota com os tímidos que ficavam quietos nos seus cantos? Por ter desprezado colegas que não tinham roupa de marca, acessórios da moda, coisas do gênero?
-...er, não. Ia te matar, figurativamente falando, por andar devagar feito um velhinho de 105 anos no trânsito. Mas, já que se trata de um babaca deste naipe, vou te matar pelos motivos por si mesmo citados. Hasta la vista.

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-Quero um feriado!
-Serve um baseado? Ah, ha, ha!
-Serve! Dá aí!!!
-....

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-Cara! Já imaginou se, tipo, se alguns alíenigenas viessem para cá? E tipo, o oxigênio deixassem eles doidões?? E tipo, se nós fôssemos para o planeta deles e eles respirassem THC?? Eu trocaria de planeta na hora, cara!
-Mas, cara, tipo, se a gente só respirasse THC, nós iríamos morrer, tipo rapidinho, cara!
-Nó, tem isso, cara. Que merda. Tô com fome.
-Eu também, tipo. Vamos ali pra cozinha, cara! Tem biscoito com geléia, cara!
-Manjar dos deuses, cara. Tipo, do que a gente tava falando mesmo?
-.....er, tipo, não lembro não cara.
-Ahahahahahahahhahahahahaha!!!!!
-Hahahahahahhahahahahha!!!!

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Feriado, que venha o feriado!!!!


....

terça-feira, 19 de abril de 2011

Conselho.

"Se não tem nada agradável a dizer, fique calado."

O mesmo pode ser dito de escritos.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Segundas.

Checar, contagem. De números, inúmeros, folhas, coisas. Em cima da mesa, em cima das coisas, em cima so sofá do silêncio que jazia no meio da rua, no meio da expectativa de vida. A vida. Era como um sofá, poeirento sofá, coisa sobre coisa, um por cima do outro, uma por cima de si, coisa nenhuma, novez fora, zeros dentro.

Andar, andar, chegar. A lugar nenhum, a coisa nenhuma. Repetições, repetências, desistências. Onde estava? Em um deserto, sem astrolábio que fosse, sem nenhuma agulha imantada para lhe servir de norte, sem sul leste oeste nor nordeste.

Onde estava? em uma padaria, pedindo pães de queijo, em uma farmácia, tentando achar a droga, tentando achar algo que lhe devolvesse a vida, algo que lhe trouxesse o ânimo que ali não mais se encontrava...tentando achar o que lhe falhara, anos e anos, meses e meses, segundo a segundo. Em meio à multidão, todos eram sombras. Em meio à turba, jamais se sentira tão sozinho. Tão inquieto. Tão irresolutamente resoluto em não mais ali estar, mesmo que não tivesse sequer para onde ir, asas quebradas que tentavam dali sair, dali fugir.

Em meio a todo o anonimato, não havia sequer uma migalha de humanidade em si. Em meio à festa da vida, lá estava, num canto, segurando sua legalizada alforria, tentando fazer daquilo algum sentindo, falhando, falhando, caindo, se contorcendo em dores que não doíam per se, mas...que tanto paralisavam. A vida. A morte.

A vida, esta não fazia nada.

A morte, esta não chegava.

E diziam, diziam que jamais morríamos, que era tudo ensinamento, que havíamos escolhido trilhar isto ou aquilo, todos os caminhos. Arrepiava-se só de pensar que teria que novamente ser sem ser caso fosse verdade, caso fosse assim que lhe ditasse alguma ordem sarcástica celeste do universo, da vida e de tudo mais. Lembrou-se do número, quarenta e dois, para a resposta, mas jamais haviam lhe perguntado nada. Queria tudo, não conseguia nada; queria nada, conseguia nada igual ao nada que queria. Tudo. Sempre.

Queria não estar ali, não ser o que era, sequer saber quem era, queria o esquecimento, de tudo e de todos, dali e daqui, jamis entendido, jamais alcançado, jamais. Tudo e nada, como era tênue a linha diferencial entre estas duas realidades, coisas, seja lá o que for.

Sempre assim, sempre desta forma, disfuncional, atípico, anormal, amorfo, irrequieto, insensato, tudo que poderia ser e não foi, não seria, assim era, assim foi, assim será.

Segundas. Tantas segundas, todos dias, segundas. Sem primeiras, sem primevas, sem primaveras, sem verões. Segundas. De inverno polar. Caducifólias segundas. Neve por todos os lados, cinzas céus a lhe encarar, mesmo azuis, mesmo que o sol lhe cegasse as vistas. Segundas.

Até quando, segundas.


sexta-feira, 15 de abril de 2011

Das resoluções falhas.

Não demorou muito. Umas quarenta e tantas horas, mais, menos, desvio padrão da puta que o pariu. Pra merda com toda a matemática e os números, detesto números. Mas divago, pra variar. O que sucedeu foi que minha resolução de não sentir nada, como já era previsto, acertado, definido, não rendeu em nada. Melhor dizendo: a vã tentativa de nada sentir se converteu em extrema angústia, coisa que em mim tem um efeito maravilhindo, como diriam alguns colegas. Angústia, tristeza, estas coisas, em mim, geram paralisia. Ataques de pânico. Agorofobia, qualquer coisa do gênero. Se existir algum imbecil aí que denomine tais coisas como mera frescura, não irei desmenti-los, pois eu mesmo me canso de tal paralisia, me xingo e me agrido diante de toda esta merda, mas irei mandá-los terem à merda, alegremente. Se não querem ajudar, podem ir para a casa de vossas mães, seja lá onde elas morem, em meras casas de baixo meretrício ou em palacetes no Botafogo.

Tanto faz, tanto fez. A verdade é que, mais uma vez me identifico com o protagonista de um de meus preferidos livros, aquele que leio e releio pelo menos uma vez por ano - falo de "Sargento Getúlio", de João Ubaldo Ribeiro. E cito a frase que me define: "acho que careço de ter raiva."

Raiva. Enquanto o medo, a angústia, a tristeza, me paralisam, me fazem andar como uma lesma nas ruas infestadas de meras sombras de frangos, eternos obstáculos em meu caminho, a raiva me põe fogo nas vistas, me faz andar em velocidade lúdrica, me faz um "people dodger" mais eficiente. Me põe a tremer, de tanta adrenalina initerrupta em minhas veias. E me faz escrever aqui, resmungar, que seja, foda-se, com uma velocidade surpreendente. E bem sei que é por vezes deveras hilário observar pessoas como eu, eternos mau-humorados. É bom vê-los se fudendo, tendo crises nervosas, nos faz rir. Bem sei disso, sei que sou facilmente risível em todos meus devaneios raivosos do dia-a-dia. E, ainda que por dentro eu sinta vontade de matar todos que de mim riam, bem sei que ao menos para isto presto, para servir de mau exemplo, servir de comédia para outrem. "Ainda bem que não sou assim."

Me faz sentir, de certa forma, útil para algo, já que não presto para mais nada, já que me encontro em um estado latente de eterna panela de pressão, das mais fortes já inventadas, que não explode de maneira alguma. Deveriam me estudar para aperfeiçoarem tais utensílios. Imagino que nenhuma autoclave no planeta tenha mais resistência à pressão interna que eu. Me faz sentir orgulhoso, de forma doentia.

Ah, a insanidade. Ela se manifesta, por vezes, de maneira muito mais engraçada em uns que outros, não é mesmo. Sou muito mais ser louco desta forma que sair por aí matando crianças. Sim, bem sei que tenho meus devaneios assassinos, mas para isto me basta a imaginação. E bem sei que mais uma vez, o velho deitado é verdadeiro - cão que ladra não morde. Apenas fica puto pra caralho, com tudo e todos, com alguns amigos que exigem que eu saia de meu reduto apenas para nutrir mais ódio pelas sombras-obstáculo do mundo afora, apenas para que possam me analisar, dizer que eu não deveria ser assim.

Eu SOU assim. É diferente. E realmente, prefiro sentir toda esta raiva e continuar lúcido que sentir tristeza paralisante, humilhante, que me faz querer chorar em público, que me faz sentir ataques de pânico aflorarem sem motivo algum, no meio do centro da cidade, enquanto espero o leva-frangos para ir ter ao meu único local onde me sinto melhor.

Lado outro, bem sei que é difícil tolerar um ser tão repelente, e muito me espanto quando me repreendem severamente de não atender a locais púb(l)icos. Me surpreendo. Mas reconheço o motivo.

Eu não sou uma pessoa sã. Sou doente, sou mesmo. Mas este não é o tratamento de que careço.

Se algum dia serei uma pessoa normal? Não creio. Aliás, não creio mais em melhoras. E mais uma vez, me referindo a refêrencias como costumo fazer, ainda que me critiquem por isso fazer, cito aqui uma frase genial de música que considero genial,

"I don't try anymore,
'cause only booze improves with age."

Obrigado, senhores do Urge Overkill. E morram, por terem acabado, pulhas safados.

Como é bom reclamar. E que atire a primeira pedra quem não o faz. Atire a pedra, eu atirarei um tiro de bazuca. Mentiroso do inferno!

Tomem um triple goat de quebra:



Adoro este rabisco. Acho estranho que ainda existam imbecis que olhem para meu Bode e achem que ele é "dragão", "capetinha", etc. Mas como costumo dizer, "Inteligência tem limite. Burrice não."

Sim, está inacabado, para variar. No final, não consegui resolver os cascos do dito e me afastei do papel, antes que rasgasse tudo de ódio pela incompetência vitalícia. Mas, como diria alguns estudantes das artes flácidas por aí:



Tá vendo. A "faculdade" de "Belas" artes me ensinou algo. A ser picareta. Como 95% dos artistas d'hoje em dia.

Ah, como é bom reclamar!

Bem, podem usar este post como exemplo do que não deve ser dito caso se queira ter um bom dia. E aproveitem o final de semana...

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Adendummm.

Não dá.

Não.
consigo
dormir
não consigo
escrever
não con
sigo
pensar
em uma
forma
de
sair daqui
de
não
surtar
tremem
mãos
treme
mente
bate
na gente
na cara
da gente
olhos
rasos d'água
roxos
pelo impactto
punhos
meus
de ninguém
mais
não
consigo
não
consigo
não consigo

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Não.

Ontem. Foi difícil voltar para casa. Muitas emoções em conflito. Coisas internas. Coisas que me tiram a calma, me tiram o sono. Coisas que me impelem a escrever textos do gênero que escrevi na data de ontem. Negativas. Suicidas.

Viver, nada mais é que uma consecução de dias, uma consecução de achar algum sentido. Não enxergo mais sentido, mas nem por isso posso me ausentar de meus deveres enquanto "pai" de família, enquanto irmão, enquanto filho. Dizem que quem se mata é covarde, mas dizem também que aquele homem que se mata com um tiro sai deste mundo batendo a porta.

Ultimamente, era assim que estava me sentindo. Com vontade de bater a porta na cara deste mundo, destas pessoas, destes valores e convenções.

Ontem, tive mais uma noite que não houve. Na manhã do dia de hoje, decidi. Não sentir. Mais nada. Embora tenha funcionado adotar uma postura a la Rorschach(vide Watchmen) na manhã de hoje, bem sei que talvez isto não funcione muito tempo. Pois bem sei eu o que se passa dentro deste cadáver adiado que não procria e por aí perambula.

Muita coisa. Mas acho melhor fazer como um amigo meu, de meus maiores amigos de todosos tempos, afirmou. Ele me disse uma vez que pediu aos céus, a Mitra, seja lá quem for, que parasse de sentir. Isto, em pleno momento do mais franco desespero.

Afirma ter funcionado. Pois bem. Pedi o mesmo, pela manhã. E até o momento, tem funcionado. Coisas que me fariam gritar, me fariam ter ódio absoluto, não tiveram efeito quase nenhum em minha morta pessoa, nesta manhã do dia treze de Abril deste ano.

Que assim continue.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Deserto.

-Eu te odeio.

Nada. nenhuma resposta. Àquela hora, na calada da madrugada, esperava escutar réplicas; um par de pessoas mais normais já estariam se degladiando, se esfregando no chão, no asfalto, punhos cerrados, secos barulhos, oriundos de socos, muitos socos.

Mas nada. Silêncio.

Também, o que poderia esperar? Asfalto? A última estrada se acabara no nada, meio do nada, nada em direção a nada, lugar nenhum. Bem vindo seja. População: ninguém.

Ou alguém. Alguéns, se é que tal coisa existe. Se é que o que somos existe para fora além do que somos para dentro. Isto existe? Existimos para os outros, queur dizer, o que somos de nós para nós?

-Idiota.

Nada. Nenhuma resposta. O que é o silêncio para quem faz dele sua divindade? Seu deus? Existe algo além da humanidade não presente ali? nada, ninguém.

Não pode se olhar nos seus olhos sem ver o que acontece. Não poderia se ver sem se odiar.

Na surdina da noite, apanhou o carro, dirigiu muito tempo. Deserto. Nada além de areia e ninguém, por todos os lados. Deserto. Sim, como diria um certo alguém, grandes são, e tudo na vida é deserto.

Em sua vida.

Ninguém além do reflexo. Do que era. Do que é.

Ninguém.

Porquê...porquê não conseguia fazer como o que escrevera, escritor falido, de si para si, meses atrás. Por que não mais era aquilo? Havia alguma certeza? Havia alguém ali? Algo que prestasse? Para quê? Para servir de mau exemplo, de referência, paradigma do fracasso e da auto-piedade. Piedade?

-Filho da puta, eu te odeio.

Nem mesmo um eco. Não ali, não sem paredes ao redor. Nada, além do chão e das estrelas, tão distantes, tão mortas, luz morta a viajar, anos luz a fio. Registro incorreto de algo que fora e não mais era.

Assim como ele.

Quando, quando teria fim, tudo aquilo? Era isso que queria? Era isso que era? Pesadelo inacabado, inacabável. Eterno enquanto durasse. Enquanto vivesse.

-Por quê você não morre??

Todas as perguntas sem respostas...apesar de bem saber ele todas. Todas.

Não tinha mais nada a ser feito. Nada havia além do nada. Nada.

Areia e estrelas. Tudo e nada, assim como ele.

Assim como ele.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

O psicopata ausente.

Curioso. Chego aqui neste antro de rotina pós-escravocrata-moderna, e me deparo com um bando de frangos, todos com olhos vidrados na pequena tela de quatorze ou menos polegadas de arcaico aparelho televisivo, todos mui atentos às palavras e imagens ali proferidas e difundidas, uma ou outra, tanto faz. Todos, todas, indignados, aterrorizados com as imagens, depoimentos, sobre a mais nova coqueluche dos telejornais do nosso paíseco de merda. Falo do massacre realizado em escola pública a la Columbine; nossa versão tupiniquim do massacre é agora difundida por todos os lados.

Eu, em minha típica conformidade inconformista de toda segunda feira, quase três semanas sem dormir direito, com vários problemas particulares e familiares me infernizando os dias, olhei aquilo, aquele bando de idiotas boquiabertos diante da exploração da mídia por cima da dor alheia, da incongruência humana, da publicação do desastre, de tudo mais, me senti com ímpetos de re-encenar, na prática, tal atentado, ali na cozinha. Livrar o mundo de alguns frangos. E depois estourar minha insone cabeça.

Sim. Que mau humor, que coisa terrível de se dizer, seu cínico, seu maldoso, seu pecador! Quem é você para julgar os outros, tu que fazes o que não deve, que propaga o mau humor, que se esconde do mundo, etc etc e tal?

Grandes merdas ser adevogado, como diz o refrão do trote divulgado na internet anos atrás. Bem sei que jamais faria tal coisa. Mas tenho imaginação, muita imaginação, e tenho raiva, muita raiva, tenho vontades que jamais farei, tenho ganas que jamais darei asas. Como diz outro poular "deitado", que atire a primeira pedra o que jamais matou outrem em imaginação, em momentos que amis pura raiva fez com que os dentes rilhassem de ódio. Se algum hipócrita se apresentar, creio que poderei matá-lo sem maiores problemas. Uma junta de mil e quinhentos "assassinos hipotéticos" me isentará da culpa. Alegarei legítima defesa perante o conjunto vazio que é um ser humano que jamais sentiu raiva, jamais sentiu-se frustrado.

Como é bom ter esta faculdade, poder fazer churrasco de frango sem chegar mesmo a mover sequer um dedo, sem ter que se impor ao julgamento da nação e se submeter às sanções da lei. Dia outro, cá esteve um amigo que nem mais bem sei por que assim ainda o chamo, "amigo", a me fazer chacota, me humilhar perante os outros funcionários de seu império de merda. Enquanto dizia seus impropérios, matei-o mentalmente umas três vezes, cada qual de maneira mais criativa que outra, enfiando sua cara no vidro estilhaçado por seu corpo, segurando sua cabeça e enfiando-a no monitos ligado à minha frente, quebrando um teclado em suas fuças, e...

Céus, todos dirão. Céus, todos se horrorizarão. E irão me tachar de louco, de psicopata latente, de ameaça à sociedade. Quanto tempo mais levará para semelhante Noiado levar a cabo suas fantasias psicóticas, matar gente, fazer o caos na terra?

O tempo de uma vida, presumo. O tempo de minha vida. Não se apoquentem com pouca coisa. Já diz outro "velho deitado", cão que ladra não morde. E lá quero eu me acabar de tal forma? Quero eu ser caçado como um animal, quero eu tentar amenizar o inferno dos outros? Não consigo sequer amenizar minha própria existência inútil.

Não se preocupem. São apenas sintomas de excessiva insônia, de auto-censura e auto-cobrança em demasia. De uma vida toda que podia ter sido e que não foi. Apenas devaneios de um ser risível.

E continuemos, avançemos sabe-se lá para onde.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

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wej9057wui po; ojrhs09io música do dia:


-Paper Tiger-

Just like a paper tiger
Torn apart by idle hands
Through the helter skelter morning
Fix yourself while you still can
No more ashes to ashes
No more cinders from the sky
All the laws of creation
Tell a dead man how to die

O deserts down below us
And storms up above
Like a stray dog gone defective
Like a paper tiger in the sun

Looking through a broken diamond
To make the past what it should be
Through the ruins and the weather
Capsized boats in the sea

O deserts down below us
And storms up above
Like a stray dog gone defective
Like a paper tiger in the sun

I just hold on to nothing
To see how long nothing lasts

O deserts down below us
And storms up above
Like a stray dog gone defective
Like a paper tiger in the sun.

(Beck)

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Nada.

Puta merda. Lá fora, bombas retumbam, o mundo urde, alguma coisa, algo acontece, em todos os lados, em todos locais. Dizer que a vida é estática é inútil; por mais parada que seja, tudo acontece, ao mesmo tempo, agora.

Problemas, todos temos, todos nos afligimos, todos sentimos.

Uns mais, uns menos, e a justiça, cega, surda, muda, parece agir contra nós, contra todos, a não ser aqueles que nunca sequer nem pensaram antes de agir, não pensam antes de agir, não vivem. Mastigam notas de cem euros, acendem seus charutos com folhas autênticas de fumo de Cuba, charutos da mais fina procedência, águas minerais que custam seu fígado, apesar dele não ser corrompido por tais aquáticas cousas.

Absurdos. Permeiam a vida, citam as leis do universo, científicas ou não. O que sabemos nós, a respeito da vida, se conhecemos apenas esta porção ínfima desta imensidão negra salpicada de pequenos pontos, brilhantes pontos, ofuscantes belezas, por nós nunca vistas, jamais avistadas. Deus? Ciência? Motivos? Alguém, ninguém saberá dizer, nada somos, nunca fomos, nunca seremos.

E vivemos, vivemos...sem saber para onde, para quê....sabendo unicamente que um dia não mais desempenharemos tal função...e tanto faz, tanto fez, para tantos; para outros, há que se fazer valer, o tempo emprestado, a razão de ser, viva! Alguns de nós, entretanto, nada sabem sobre a vida. Nada sabem sobre nada. A vida se torna algo inócuo, desprovido de nada, ainda que seja tudo. Dia após dia, nada parece ser aquilo que deveria ser. E passam, passam, não fazem nada, não podem fazer nada. O que é o nada por cima de uma fração tão infinitesimalmente pequena de tempo, o que é toda uma vida em relação a números tão absurdamente grandes que nos afirmam ser a existência de tudo mais...?

E por todos os lados, tudo acontece, tudo aquilo que não sabemos, e mesmo as parcas coisas que conhecemos e achamos entender. Acontece. E tentando entender, tentando ser os primeiros, os mais sabidos, entramos no maior rol de miséria jamais visto, tanta arrogância, tamanha necessidade de provar a estupidez alheia, ainda que ninguém entenda nada, saiba de nada.

O nada tomou conta do mundo, dos homens. Todos ignoram, todos tentam ignorar. Todos tentam provar que são eles os detentores da razão. Mas quem possui a razão diante do nada? Quem levará o troféu de detentor da verdade? Quem levará para a morte a glória que obteve na vida, efêmera vitória, o tempo, inexorável, passa. Passará. Tudo carregará, sabe-se lá para onde.

Dizem muita coisa, do que sabem?

Digo muita coisa, o que sei?

quarta-feira, 6 de abril de 2011

404 #6578674856E+49....atchim!

G'argh. Mais uma noite que não foi noite, e agora regada a vírus gripais. Alguém tem receita médica de um xarope que faça dormir?? Os norte-americanos dos estados fudidos têm o NyQuil, que temos nós? Maracuginas e atropinas falham.

Ao menos reduziram em meia hora a servidão escravocata aqui...

Ah, muco, tanto muco. Alguém quer um pouco de ostras? Ah ha ha, "seu tosco!"

Perdão. É a idade, é o teatro. É a gripe. E o sono...

terça-feira, 5 de abril de 2011

Dormir? Que ser isso?

Noite, mais uma, em que você não veio, sua maldita, seu maldito, seja lá o que o for, sono, insono, Orfeu, Ofélia, a maravilhinda cozinha de. E tome, maracujás frescos, a parte verde é que funciona, mas não funciona, "só daqui a um mês", experimente sais de atropina, dizem que faz adormecer como ninguém. Ninguém mesmo, uma vez que de nada adiantou, drogas ilegítimas, ilegais, proscritas por lei, menos letais que o álcool, estas me fariam tão bem, ainda que me digam o contrário, que me estipulem o contrário, que me imponham o oposto do que gostaria de fazer, de ser. Ser? Será? Dormir? Que ser isso?

Lembrar-se de antigas reminescências, entrecortadas por sonhos irrequietos, memórias já muito desbotadas, artigos de segunda mão. Sonhar, acordado na noite negra, espessa como piche, sonhar com os olhos bem abertos, a mente fechada, pensamentos que não param. Exaurir o tema; insônia, insônia. Nestas silentes horas, o que fiz de mim? Nada. Que almejo? Não muito. Que sonhas? Pessoas...coisas...sonhos...de consumo. Alavancadas em Fenders, Gretschs, Gibsons. A presença, que tanto existe dentro de mim mas inexiste do lado de fora, censurada, anulada, temida, muito temida, pelo tempo, pelo espaço, pela moral e pelos bons costumes, regras e regulamentos, aberração, ó aberração.

Antigamente, havia em mim algo, hoje quase nada. Feliz, felicidade, o que é isso? O que significa tudo isso? Cores tristes, cores frias, misturadas com cores primárias, corpos em profusão, etéreos desejos, cada vez mais presentes, cada vez mais onipresentes, o dia inteiro, a vida inteira, anos e anos e anos. Queria ter, nesta hora, alívio nicotínico, mas estes abandonastes há tempo. Abandonastes? Quem? Com quem falas, ó voz? Vozes, tantas. Esquizofrenias ambulantes, noites sem dormir, vida sem viver. Viva, viva! Comemore, tens saúde, tens teto. Tens ninguém além de você e mais nada. Nada. Ocupando tudo, ocupando-se de todos, deixando-me aqui, sem querer, sem poder, sem fazer.

Bloqueios, bloqueiam, eu mesmo, os outros, todos, tudo. Sem coragem, sem saber como nem por quê. Sem ter nem saber, saber sem saber, não saber que sabe, não saber que sabem. Sabem, o quê sabem. Sabem que não sou eu? Sabem que não sou assim? Sabem que existem milhares de eus, aqui e ali, e naquele outro lado, por ali, por aqui, esquerda e direita. Nada, nada, nada, sabem, mas devem saber ou apostar contra, apostar desta maneira, sem maldade, com toda a maldade, honestamente. Honesto, franco. Foda-se, fodam-se, perdão. Não quero isto, não quero aquilo, o que quero? Dormir? Que ser isto?

Contar, aceitar, saber, saibam todos. Me apedrejem. Apedrejam-nos, apedrejam a todos que não são, como vocês, como eu mesmo, eu mesmo me apedrejo, eu mesmo sei que não devo, mas existo, me incomodo, sonhos, sonhos. Alavancadas bruscas, derrapadas num pedal de wah-wah solto no chão, bateria de 9 volts, cabos e amplificadores, canções que me fazem rir, me fazem chorar, são o que sou, mas não são o que queria ser. Matemática e quejandos. Filhos e pais. Dinheiro e ausência de. Pais, parentes, não, não, não aceitam, não querem, não sabem, não aceitarão. Dormem todos enquanto insone fico, permaneço, não sei, não sei. Até quando, até onde existe a sanidade? Até onde, quando, porquê?

Dormir? É para os fracos, ah ha ha, engraçadinhas são as vozes, os pensamentos, ainda mais retumbantes na hora morta e silenciosa em que mesmo as plantas se calam, todos os gatos são pardos, e fico eu aqui a comer cardo. Tudo tarda, a esta hora, mesmo que seja cedo, ainda é cedo, somos jovens, somos alegres, em demasia. Alegre? Que deturpação de palavra, tradução mal-feita, malevolamente colocada, calcada em falsa alegria. Não, não. Sonhe, mais um pouco, com aquilo que és mas não foi, com o que podes ser mas não és, de tudo e de nada, louco e pouco, temos todos. Dormir?

Nada se passou, o tempo morreu, mas a vboz maior, eletrônica veio a despertar aquele que não mais dorme. Atropina não funciona, maracujás não prestam, tarjas pretas transformam um ser mau-humorado por natureza em monstro ainda mais insuportável que a aberrante coisa que é por si mesmo, por ser sem nem saber para quê.

Levante-se, ganhe o dia, mesmo que ele te ganhe, como costuma acontecer.

Levante-se.

Dormir?

segunda-feira, 4 de abril de 2011

De sobre casamentos e fobias sociais.

Sociofobia. Isto existe, presumo, nos dicionários e definições para-pessicológicas do mundo muderno da vida nos anos dois mil e quejandos. Sim, existe. E presumo que todos conheçam alguém com um grauzinho desta "patologia" por aí. Mas, presumo eu também, que não conheçam alguém que tenha a coisa tão aprofundada como este que vos escreve.

Certo, certo: sem exageros, sem teatros. Imagino que existam sim, pessoas que deste mal padeçam muito mais que este Noiado. Entretanto, digo este exagero pois fazia muito mas muito tempo mesmo que não sentia na pele tal aflição como me senti neste final de semana passado. Sou a definição apropriadíssima para o termo em inglês SAP - Socially Awkward Person. Ou, se preferirem o lado irônico da coisa, existe o Advice Animal feito especialmente para pessoas como eu.

Bem, contextualizando a coisa, neste final de semana foi o casório oficialmente dito de um amigo meu, destes amigos que se tornam seus irmãos sem que sejam mesmo da família, por assim dizer; se fosse possível, eu venderia meu "irmão" em algum mercado negro de bugigangas humanas ou coisa assim, e trocaria por um Hugo ou um Rafael da vida, tranquilamente. Mas, deixando de lado desavenças familiares, este tipo de amigo é daqueles que a gente faz esforço, sacrifício, põe a mão no fogo por eles. Eu, sendo o eremita que sou, ultimamente ando tendo "ziguizira" com qualquer local público, em especial se tiverem mais do que cinco indivíduos presentes. E se eu não conhecer tais cinco, a aflição é ainda maior.

Eu estava em uma cidade do interior, que eu não ia há uns dez anos, com poucos conhecidos à mão, e um salão de festas repleto de faces desconhecidas. Além disso, estava me sentindo absolutamente ridículo trajando aquelas vestes típicas de gente socialmente importante, ou apenas mais formalizadas, algo assim: para que existem tantos botões naquelas camisas? Para que usar gravatas? Para que ostentar um terno em um dia de tórridas temperaturas como as experimentadas naquele dia?

Não importa. O cara é irmão, a gente enfrenta estas coisas pelos irmãos. E enfrentei, lá fui de carona com gente que eu desconhecia, já quase morrendo de aflição por este simples fato. Além disso, meu lado resmungão, que tive o cuidado de acorrentar e esconder láááá no fundo da mente para não estragar de antemão o humor das demais pessoas que - naturalmente - não compartilham de minha misantropia e fobias sociais, e que muito se deleitam em reuniões semelhantes, não se calava e ficava tentando vir à tona. Bem sei eu o que sou, este ser turrão e mau humorado, que ultimamente anda ainda mais misantropo que o costume. Não queria estragar a festa de ninguém, então fiquei mais calado que já sou, brigando comigo mesmo, tentando refrear todos os ímpetos de bater em retirada toda vez que algum pânico social começava a querer se manifestar.

Como dizem, nestas horas, é melhor então se inebriar, ainda mais em um evento em que o consumo de álcool é não somnete liberado, mas também encorajado por TODOS os convidados. Não o fiz. Me conheço bem o suficiente para saber que se cedesse a tal impulso, eu teria terminado desmaiado numa privada, afogado em minhas próprias regurgitações. Fiquei tranquilo, ou ao menos tentei ficar, me comportei do jeito certo, não fiz nenhuma merda. E fui repreendido por muitos de meus inebriados companheiros. Aparentemente, eu sou dos caras mais legais do planeta, e nas horas alcóolicas, meus companheiros(os poucos que eu conhecia de fato ali), se lembraram de mim e como ando muito isolado, soltaram efusivos protestos de elevada estima e consideração, mesclados com protestos autênticos contra meu sumiço. "Cara! Vochê é um fedaputa! Dosh carash maish legaissss que conheço e fica só enfurnado naquela porra de shótão lá! Porra velho! A gente grada dochê...Hic! Nóoo ce viu aquela mulé ali?? Mash que delíchia hein Buriol? Hein? Hic! Seu fedaputa..."

Perdão, meus companheiros. Sim, a maré anda em baixa. Se existir alguém por aí que já vivenciou má fase, em que a gente se considera o mais vil e torpe dos seres humanos que jamais existiram, eles entenderão. Mas, acho que não. Eu, em toda minha constituição, por mais que nestas horas as pessoas tenham estas manifestações mui efusivas de apreço à minha triste figura, concordo de certa forma que estou sim, deveras recluso ultimamente, mas afirmo-lhes, do meu ponto de vista, estou poupando eles da presença incômoda de um cara que só sabe reclamar. Um cara que só reclama de barriga cheia, um adolescente terminal, um isto e um aquilo. Aquiesço: sou tudo isto e mais nove, que ainda não descobriram. Auto-estima? O que ser isto?

Certo, não queria transformar isto aqui em mais uma recordação de meu "diário emo" nosso de cada dia, mas...é o que me restou, no meio de minha incomunicabilidade para com os outros humanos. É aqui que em geral, o Buriol de verdade aparece, e se alguém tiver alguma dúvida do real motivo de querer evitar as pessoas, aqui fica bem claro. Me dizem que é "viagem errada" pensar assim, mas...então, sou todo uma viagem errada. Quem é obrigado a tolerar semelhantes "delírios de grandeza às avessas" de um sujeito como eu? Como disse, neste evento em questão, muitos foram os protestos contra minha ausência. É realmente isto que querem, meus amigos? Tolerar um cara como eu, que se acha(no sentido mais pepreciativo da expressão), o pior dos humanos? Estraga-festas, espalha-rodinha, resmungão, etc, etc. É o que me acho.

Existe sim, parte de mim que não duvida de que no mínimo eu não seja tão péssimo, mas tal porção é fraca. Ainda mais depois que percebi certos fatos inegáveis de minha existência, a neurose de ser um ser humano de certa forma, aberrante, impera em meus sentidos. Eu realmente tive momentos de franco desespero no meio da multidão festiva que existia no salão de festas. Acho que era o único que estava mais curtindo "bad trips" emocionais e sociais do que tudo ali. Sei que não é legal ostentar isto, e por mais pobre que tenha sido, mais irrelevante que uma tampinha de refrigerante que possa parecer, foi este meu "presente de casamento" para meu amigo e irmão, Hugo. Em sua forte inebriação, o cara me afirmou tudo que me disseram os demais amigos ali presentes: "Vochê é como um irmão para mim cara, vochê é uma pessshoa muito correta, muito boa! Cara! Puta merda, que bom que vochê veio, seu fedaputa! Vamo beber maish! Garshon, mais uma margarita e outra piña colada pro meu irmão aqui!"

Ehehehehe. Sim, sim, foram mais ou menos essas palavras que me disseram. Que bom, diz a pequena porção de auto estima que ainda existe em algum lugar do passado do meu cérebro. Peço desculpas a todos que ando falhando com minha presença, ou com meu mau humor, ou sei lá mais o que que sentem falta em minha ilustre e desanimada pessoa. Mas meu inadequado sentido aflorou muito na festa, e fazia muito, mas muito tempo mesmo que não sentia tamanho desconforto e inadequação social. Será a idade? Talvez, pois em certas horas também senti o peso dos anos nas costas doloridas por ficar em pé, pés doloridos por conta daqueles sapatos sociais tão confortáveis. Me senti um velho de noventa e sete anos ao me sentar numa cadeira certa altura da festa. Senti o maior alívio que um SAP(vide início) pode sentir. Quer dizer, minto. O maior alívio eu senti ao término da festa. Quando me vi novamente sozinho, apenas eu e meus demônios, no quarto.

Enfim, eu sei que teve tudo muito "bão", que a festa foi de arromba, que eu me diverti, apesar de todo meu arsenal de errôneos sentimentos terem aflorado de montão durante o evento...e muito agradeço a meu torto irmão, pelas palavras de alta consideração por ele emanadas em seu momento mais alcóolico possível da noite. In vino veritas, como se diz. Sei que o cara é dos mais certos seres humanos que conheço, e aceito a fraternidade etílica. Não pude acompanhar-vos em sua bebedeira, meu caro, mas bem sei que apenas minha presença, por mais ínfima que seja para este que vos escreve, foi um presente. Por mais ínfimo que seja tal presente.

Como é complicada a vida destes seres que não se gostam, não é verdade?

Enfim, assim foi, assim é. Assim, assado. E a segunda prossegue e temos que ainda tentar fazer coisas, aprender aquilo que não pode ser aprendido nem apreendido por este completo imbecil chorão. Hasta la vista, senhores e "cenouras". Se é que alguém vai ter paciência de isto ler.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Primeiro.

-Hoje eu consegui dormir.

-Hoje eu achei uma White Falcon na rua!

-Hoje eu acordei calmo.

-Hoje eu consegui entender certa coisa que não conseguia entender nem aprender de jeito nenhum!

-Hoje eu não precisei fingir que estava tudo bem nos "bom dias" tradicionais.

-Hoje estou com imensa vontade de ir no casório láááá em Lagoa da Prata amanhã.

-Hoje eu consegui parar de me depreciar!

-Hoje eu me achei, por aí.

-Hoje...é primeiro de abril.