quarta-feira, 30 de junho de 2010

Quê?

" "

Não sei de onde ele tirou tal idéia. Nunca deixei transparecer tal coisa, mesmo em momentos que queria que isto ficasse evidente.

"?"

Claro que tinha que retrucar. A morte não costuma andar sozinha, ela sempre pede carona. E nem sempre pode-se recusar tal companhia. Tive que dizer, " ", para não dar a entender que não entendia nada do que estava se passando.

" "

...de repente, tudo fez sentido. Arregalei os olhos involuntariamente. Não queria que fosse assim.

Nunca quis.

Eu disse pausadamente, " "...

Ele me olhou com amargura. Sim, eu sabia que havia algo de errado. Mesmo as pessoas mais corretas escondem um lado incorreto. Não é a toa que ele havia me procurado em tal noite. A coisa era mais seria que imaginava. Eu disse, " ".

Ele concordou com a cabeça, acrescentando verbalmente, " ". Sim, eu sabia. Sempre soube que era assim, embora nunca tivesse achado que ele sabia que eu sabia....nem que me importava de verdade com tal fato. Eu sorri, " ".

De seu lado, o sorriso foi mais dificil, quase sofrido. " ", ele disse.

Entao era verdade. Ele havia se encontrado com ela. " ", balbuciou.

Nunca achei que ela fosse agir daquela forma. Meu coração se apertou, e eu disse com veemência, "!"

Não podia ficar calado. Era muito grave tudo aquilo.

Ele parecia não se importar mais com o efeito nem a causa. Disse apenas, " ".

Por alguns momentos, não pude responder.

Ele continuou, " "...dizendo logo em seguida, " ".

Sim. Era realmente sério.

" "

Eu tive que gargalhar. Era um bom sinal.

"!"

Ele riu de volta. Parecia que estava tudo certo, mesmo estando absurdamente errado. " ", ele prosseguiu.

Não conseguia parar de rir. " ", eu disse.

Ele sorria, mas...de certa forma, sentia que ocultava algo. Perguntei, "?"

...

Seu silêncio foi revelador. Sim. Eu percebi que algo não se encaixava, por assim dizer. Efim, ele suspirou, " ".

Maldita. Eu sabia que não se podia confiar nela. Quase gritei, "!"

Ele meneou a cabeça. Exasperado, eu disse, " ", acrescentando com fúria, " ".

Ele apenas permaneceu calado.

Tudo que pensava soava errado.

" "...Novamente, segurei minha língua para não fazer umacena em público, "!"
"!!"

Ele apanhou as chaves de seu carro, dizendo, " ". Tentei segurá-lo, mas o conhecia bem o suficiente para saber que nada adiantaria.

" ", ele disse. Eu estava muito puto. Só consegui dizer, " ".

Maldita, maldita. Por que tais coisas acontecem, não sei dizer.

Ele saiu pela porta dos fundos. Eu me dirigi ao balcão e deixei ali os monetários competentes na função de quitar nossa escassa conta, pensando comigo mesmo, " ".

Lá fora, a noite já estava fechada. O vento uivou em meus ouvidos, e entrei no primeiro trólerbus
que passou.

Olhei para fora, só vi as luzes da ribalta. Então era assim que se encerrava o primeiro ato.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Televisão.

- Bem vindos à mais um episódio de CSI: Cozinha na Sibéria. O prato do dia é vermes intestinais com guarnição de manjericão e folhas de alcarávia. Para fazer este prato, iremos precisar de uma pessoa morta na neve há aproximadamente dois meses, um quilo de anchovas e....

(clic)

- I refuse to drink this sewage! This ain't no goddamned coffee! This is garbage, brown water! Even a bottle of mineral water has more caffeine than this shit! I demand a refund!
- You haven't paid for the coffee, sir. This is just a complimentary cup from the office.
- Well the office can go kiss my black ass! Here, you drink it!
- My eyes! Motherfucker!

(clic)

- E nas últimas notícias da copa...

(clic)

- E no jogo de ontem...

(clic. clic. clic. clic. clic. clic. Só dá futebosta nesta merda.)

- Eu acredito que a gente deve fazer o máximo pela sociedade, entende? A gente deveria estarmos todos fazendo o máximo de si mesmos, para estarmos angariando fundos para realizarmos eventos de máxima proporção, garantindo assim que estaremos todos nos unindo-nos para estarmos combatendo o...
- ...O uso imbecilizado do gerúndio?

(clic)

- E ontem a noite a filha de seu Herculano apanhou o filho fazendo uma autêntica orgia com a vizinha e seu marido, e não resistindo, apanhou na gaveta da cozinha a moto-serra e partiu para o ataque. Os corpos ficaram irreconhecíveis, mesmo para as autoridades competentes do ramo de identificação de presuntos irreconhecíveis. A brutalidade do caso chamou a atenção até do pároco da congregação de Santa Rita dos Salafrários, que exigiu tributo à desgarrada ovelha...

(clic)

- Mas eu não amo você, Josefa Martins!
- Mas eu sou sua filha!
- Oba! Nada tenho contra o em cesto!

(clic)

- Yesterday, I went to the store.
(ahahahahahah)
- To buy milk.
(ahahahahahah)
- But they didn't have any.
(ahahahahahah)
- So I bought shrimp instead.
(ahahahahahah. Clap clap clap clap.)

(clic)

- ...e aqui podemos ver que o nível do rio Fudido subiu mais dois metros desde ontem. A Defesa Civil advertiu os moradores a deixarem seu barracos idoticamente construídos à beira do rio que todos os anos enche muito devido às chuvas, mas eles não saem. Dona Burra, de 83 anos disse:
- E eu vou sair daqui e ir para onde? O governo tinha que me ajudar, eu que invadi honestamente este terreno aqui e...

(clic)

- ...e ontem foi aprovado em Brasília o aumento de 4200% do salário dos deputados federais e estaduais. Enquanto o povo se diverte com seu ópio, os parlamentares fazem a festa e ninguém se importa.
- Ah, cale a boca, seu mau-humorado! Ganhamos de 3 a zero!!

(clic)

- ...e se você ligar nos próximos quinze minutos, nos lhe enviaremos juntamente com seu aparador de costeletas de porco este maravilhoso protetor de bolso! Mas a oferta é por tempo limitado! Ligue agora! Mas espere! Caso você mencione a palavra "imbecil" na compra, você ainda receberá este maravilhos kit de limpeza de carvão e secagem de gelo! Basta dizer a palavra mágica "eu sou um..." digo, apenas "imbecil" que lhe agraciaremos com esta estupenda oferta!

(clic)

- Aqui funciona o estúdio das Havaianas Falsificadas. Aqui criamos todos os modelos que nós copiamos daquele chinelo que já era horrendo, pusemos uns frufrus a mais, fizemos esta propagando idiota e estamos oferecendo esta joça para você a módicos duzentos reais o par! Compre! É fashion pra caralho, imbecis! Compre! Compre!

(clic)

- Coming up next on the History Channel, the amazing story of how America won the Vietnam War. Stay tuned.

(clic)

- Nóis, os Sem-Vergonha, digo, Sem-Terra, tamos invadindo esta agênça do INCRA aqui de Rondinópolis para protestarmos contra os protestos contra nóis e a prisão dos companheiros que estupraram as filha dos fazendero que tavam produzindo altas parada lá mas que a gente resolveu invadí e sacaneá com ele assim mesmo. E vamo aproveitá pra mor de robá uns cão-putador aqui tamém e fazer uns troco.

(clic)

- Mais notícias da copa!

(clic. clic. clic. clic.)

- ...vamos agora sacanear, digo, entrevistar a mãe do menino que foi estuprado e retalhado pelo tio a sangue frio aqui em Felixlândia. A senhora está triste pelo que aconteceu?

(clic)

(A esta altura eu já isolei o controle na tela e me retirei da sala. Depois me perguntam por quê não assisto televisão.)

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Importância.

Por quê? Para quê?

Que adianta?

De que vale ficar aí, sentindo alguma coisa, sentindo raiva, sentindo dor, sentindo algo que nem mesmo você sabe definir, por coisas que não valem a pena? Pra quê sentir raiva diante dos milhares de cacos daquilo que algum dia já foi um anúncio, um complemento do abrigo de ônibus agora destroçado por aqueles que supostamente mais dele se beneficiariam. Aqueles que tanto xingam, tanto batem no peito para dizer que são marginalizados. Naquele outro dia em que o país parou diante das telas de futebol, enquanto os parlamentares faziam a festa nas roubalheiras na nossa gloriosa Capital, você assistiu ao futuro da bandidagem, onde um "malaco" mais velho treinava um séquito de bandidos mirins. E muito se importou.

E para quê?

Hoje lhe dizem que há novamente embate em campo internacional, mas disto você nem se importa, e preferia que lhe deixassem a trabalhar aqui mesmo no escritório. Se dependesse de você, aqui ficarias o dia inteiro. E seus colegas lhe linchariam, lhe acusariam de ser o chato da festa, aquele que muito se importa com frivolidades como esta mas nem liga para a primazia nacional de produzir à toas que correm atrás de uma bola e ganham milhões para fazê-lo, enquanto você rala, conserta computadores, atura usuários ignorantes que lhe pedem para instalar orkut e nem tanto assim ganha por isso.

Não entendo como você pode se importar com estas coisas. Vai mudar alguma coisa se importar com estas coisas? Alguém irá escutar seus lamentos diários diante de tais frivolidades?

Bem sabes que é um megalomaníaco ao contrário, que em seu reduto se esconde por achar todos os outros imbecis por não se importar com tais coisas. Bem sabes. E diariamente removes de ti mais uma porção de sua dita humanidade. Maldiz a tudo e todos, e nada mais és que um chato, aquele que enquanto todos se divertem, se põe a falar do fim do mundo, do fim da moral, do final dos tempos, que nunca chegam. Cada vez menos lhe levam a sério, pois o que há para ser levado a sério num hipócrita como você, que tanto se gaba de ser o diferente, assumindo uma postura superior mas convenientemente isolada, à parte dos outros?

A cada dia que passa, perdes mais e mais com isso, e bem o sabes. Achas que entendes de tudo, mas a verdade é o oposto disto. Ser inútil e orgulhoso, é o que és. E sabes disto. E ainda finges que se importa com tudo isto, que sempre se importou com tudo isto, como uma maneira de negar a si mesmo o que está diante de você no espelho arrancado da parede, que mesmo lá não estando, refletes este face que nada entende, que tudo desdenha e que tanto fala borracha, dia após dia, mês após mês, até que todos percam a paciência.

Para quê se importar? Só tens a perder, ó caro Noiado.

Não se importe. Deixes de ser o que és. Integre-se, desista. Fazes parte de toda esta merda também, não queiras te enganar. Ou será que és tão orgulhoso que prefererirás somente morto desistir de seu estúpidos, inúteis e hipócritas ideais, se é que esta alcunha pode sequer ser empregada neste caso?

Morto e sozinho, este é o futuro que almejas?

Este é o futuro que aproximarás de você, caso não desista de toda esta inútil luta. Que se aproxima, cada vez mais; enquanto perdes amigos, ganhas fama de chato e perde sua sanidade, a morte se aproxima cada vez mais, a cada dia, a cada momento.

É isto que queres?

É isto que realmente tem alguma importância para você?

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Partida.

Naquele dia, milhares de pessoas lotavam o estádio para assistir àquele jogo, supostamente tão importante para a vida de todos os presentes, todos os ausentes, todo o mundo que ali se encontrava, em franca celebração pela vida e pelo jogo, por valores tão importantes para todos, que ali se escondiam de suas vidas, de seus problemas. Por hora e meia, aproximadamente, nada mais importava, nada mais lhes importunava.

Era um digno embate de cores e sons, onde milhares de cornetas de plástico soavam uníssonas como miríade de insetos; todos dotados daquele monocórdio instrumento sopravam a plenos pulmões, fazendo parecer que todo o estádio em si fosse uma coisa viva, uma entidade com vontades e propósitos próprios. Todos ligados nos movimentos daqueles homens que corriam atrás de uma bola. Grandes propósitos eram ali instaurados, grandes motivações eram reveladas ao assistirem aquele degladiamento, onde a arte se misturava com a ginga, a malícia do gesto falso, tantos pulos e tantas carreiras a serem corridas, em busca das redes, do ponto, da decisão.

Mundial campeonato este, desdenhado por poucos, ignorado por ninguém; inegável é sua força, a força deste esporte, deste encontro entre a brincadeira de crianças e a carreira milionária de tantos adultos, seletos seres que da vida tiraram a sorte grande, por serem bons naquilo que faziam em campo. Muito para desgosto daqueles ínfimos homens que ali assistiam, coração na mão, esperança no peito, alguma forma de estranha catarse se processando enquanto de seus problemas se liberavam ao fazer daquelas pernas que tanto corriam suas, faziam daqueles corpos que se encontravam seus, faziam de tudo para tornarem-se, de certa forma, tão afortunados como aqueles raros seres que ali corriam, suavam, cabeceavam, chutavam...e ganhavam rios e rios de estranhos monetários enquanto o faziam.

A partida agora quase chegava ao fim, e o empate muito aborrecia a todos: seria necessário estender o tempo, será que a coisa iria aos pênaltis, será que a tensão já reinante ainda se tornaria mais intensa, mais insuportável, mais insustentável? O tempo passava, os segundos corriam, e aqueles atletas de poucos se tornavam motivo cada vez maior de todos, se tornando por vezes algum propósito mais avançado, mais resoluto que a resolução da própria vida de todos os presentes, todos os pagantes, todos que no mundo inteiro se pregavam diante de teletelas, ó Grande Irmão, e dali não se removiam, não se moviam enquanto a coisa não terminasse.

Em lance controverso, um dos atacantes do time tal se lançou contra outro, roubando-lhe o esférico objeto da atenção, da tensão mundial, e partiu para uma desembestada carreira em direção ao lado das redes adversárias: o tempo estava quase esgotado agora. Talvez fosse este o lance final, decisivo, que libertaria a todos daquela inumana apreensão, de toda aquela paranóia. O time tal se ergueu, fez valer seu esforço, correu a não mais poder, enqaunto os outros não lhes largavam, perseguindo-lhes de perto, muito perto. O atacante foi confrontado por certo adversário, e teve de abrir mão de sua glória pessoal para o bem de todo o time, de todo aquele meio mundo que nele agora focava ses olhos, suas lentes, suas câmeras.

Chutada para a esquerda, a bola desferiu no ar estranho assobio, fez uma inexplicável curva e sentiu o peso da gravidade, entortando-se para baixo, descrevendo uma parábola de vento que pocos viram, mas que era direcionada para o encontro com um outro menbro do time tal, que saltou em um átimo de segundo e tentou, com sua cabeça, retransmitir aquele objeto controverso para outro destinátario da mesma equipe.

E foi aí que aconteceu.



Como? Ninguém soube explicar. Nem o atacante nem a coisa pavorosa, sequestrante, alienígena, pouco se sabe, foram jamais encontrados. Ainda assim, o mundo assitiu estarrecido àquela estranha ascensão, aquele bizarro acontecimento, que fez com que tudo parasse, com que os fôlegos fossem inspirados mas não expirados, jamais expirados, naqueles vinte segundos que procederam após tal incidente. Velozmente, a dupla subiu e subiu, em direção à incandescente estrela que silenciosmante tudo assistia e nenhuma palavra dizia. Em pouco tempo, aquele estranho par se tornara apenas um ponto escuro no azul do céu, para depois desaparecer por completo.

O mundo parou naqueles instantes, e forma raros os seres que ficaram sem ar ao contemplar diante de seus atônitos olhos o que estava acontecendo. Todas as vuvuzelas quedaram-se silentes, todos os confetes e serpentinas pareciam ter adquirido peso extra, como se a gravidade, ausente para o infame par que aos desconhecido subia, agora lhes reclamasse a porção devida e previamente ignorada. Tudo caiu por terra, menos aquele estranho casal que subiu e sumiu.

Tudo parou, tudo se fez insano, e de repente todos se viram quase cegos de tanto para cima olharem, de tanto que suas retinas se machucaram ao contemplar aquele dantesco espetáculo. Nada mais era o que era, tudo fazia anônimo, tudo se parecia com nada.

E o mundo parou, todos os relógios perderam as forças, o dia ficou parado, o sol nunca mais se pôs...isto tudo em menos de vinte frações de minuto, em vinte inesquecíveis momentos, que tanto foram somatizados, impressos a ferro e a fogo na mente de todo o mundo que ali se encontrava, ao vivo ou não.

Tudo perdera o sentido, mas de forma difusa, diversa, diferente da forma que momentos antes todos se esqueciam das vidas, dos fatos e de tudo mais, diante daquela partida.

Partida, para onde, para onde.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Blah bleh blih bloh cu.

Sempre foi-me dito que lemingues não são apenas um jogo muito velho para computador e/ou videogames diversos, mas também uma religião, algo a ser seguido lá pros lados de Sumatra ou Nova York, ou algo no meio do caminho. Eu acho que talvez possa ser assim por conta de que ninguém é de ninguém, afinal de contas. E ali, onde a curva faz o vento, disseram-me haver o mais precioso dos segredos, aquele tesouro que só acfhamos no derradeiro momento em que a vida se esvai e final mente você entende como teria tudo sido mais fácil se você tivesse sido jogador de futebol, ou de bolinha de gude no gelo, também denominado curlingo ou algo que o valha.

Pois bem, dizia eu que x é igual a B vezes C e que C está equidistante de X, assim como 9 está para 6, e se seis de repente virar nove, temos excelente música em nosso ouvidos; logo, calcule o preço médio de um trailer. Quanto custa um trailer, ó mistério insolúvel ao qual parece-me mesmo que somente o portal do portal do dizer que "se não tem no Google, não existe." E se penso, logo desisto, então quer dizer que eu não estou no Google? Ou será que os abacates são verdes por conta de terem muita afinidade com o Santos? Sílvio Santos? Ou será que será que será que será ad infinitum.

E se uma teoria válida para termos mitocôndrias é a que algum dia remoto uma célula heterotrófica englobou outra que prventura fazia respiração celular e não fermentação alcoólica, ishto shignificaaaa que não bebi o sufishiente...hic! E que talvesh eu devesshe me comportar como...como é que era mesmo? Puta merda, agora eshqueci tudo. Mash veja bem vochê, é só pegar o frango...biru...e regar ao whiiishky, que dá tudo cherto.

Hmmm, muito café, muita ressaca, mas eu devo continuar, pois este é meu propósito, ou assim me parece. Talvez pareça também que uma vez ou outra o ataque à Normandia tenha sido encenado, talvez no mesmo porão onde encenaram a pisada à Lua. Pobrezinha. O que fez ela para lhe pisassem a face de maneira tão rude? Malditos maericanos, ou melhor dizendo, estadounidenses, pois americanos somos todos nós que residimos nas Américas e não somente estes filhos da puta que até hoje preferem usar aquela joça de sistema imbecil de medidas enquanto o restante do mundo faz as medidas na forma mais racional.

Sim, sim, reconheço que às vezes a megalomanis ao contrário faz de mim um auntêntico Senhor X, que quase nunca aparece, e quando o faz, morre, de forma inusitada, mas acho que porventura tenha sido por conta de não ter aqui estado em naos anteriores a me preocupar em como chutar um esférico por dentro de verdejantes campos enquanto milhares e milhares de torcedores gritam ao ecrã do autoclisma da retrete, agora incorporada a um MP3 player e com conexão Firewire com porra nenhuma, se é que isto é possível.

Lógico que é! Ora, homem de pouca fé! Entregue-se à fé, entregue-nos uma casa com um carro na garagem que lhe enviaremos uma tampa de margarina pelo resto de sua vida! Evidentemente, assassinaremos você ao receber a primeira tampa, e arrancaremo-na de tuas frias mãos assim que o corpo expirar. E se queiserdes fazer alguma sorte de reclamação, baixe no Terreiro de Pai Zuzé, mizifio! Uh! Uh! A agendar.

Papéis, por todos os lados, aqui e ali, me chamam a atenção, requerem minha atenção, querem fazer de mim prisioneiro deste feito, de ser feito, produzido, I am pressed, printed, stamped and strategically removed, I am everybody. Insane without innocence, I am trapped, tricked, packaged. And shipped out. I am produced. I am produced.

And if the sun don't shine, even when it's day, you might want to drive all night, just to feel like you're OK.

Keep calm and continue. So on and on and on.


terça-feira, 22 de junho de 2010

Café da manhã.

Pois não, bom dia, vai querer beber o quê? Cafe com leite, café com café, leite e leite, leite e chocolate? Não, não há metafísica em chocolates, ao menos não para mim, que sou o da mansarda. Sim, dali. Tome café, ao invés de tomar um uísque logo pela manhã, ou coca cola logo que despertar, mas eis que café é artigo raro por estas bandas, eis que chafé nos é ofertado diariamente, e diariamente recusado, assim, pois, pois.

Bem sei que passamos à vida, passamos à toa, passamos adiante, sem ter que ver, sem ter que saber, tomando nosso café da manhã, café com cigarros, é o que há, mesmo não sendo, mesmo sendo aquele pobretão obrigado a com isto parar, por obrigação de si mesmo para si mesmo. Sim? Não, não me intereso por tais vis artes, tampouco não me importo se o referido árbitro fez isso ou aquilo; ali eu não estava, não sabes. Não? Ah, que pena, nunca imaginei que assim fosse.

Veja bem, mais uma xícara de bom café aqui me aparece, não deves recusar, não recuso, nem mesmo sabendo que assim me incitará outras ânsias, outros lugares. É possível fazê-lo? Sim, dependendo da hora e do lugar. Mas veja, mas olhe: não deveis fazer com os outros o que não queres que façam contigo, é assim que dizem, mas é assim que não fazem, e assim vamos tocando o bonde, não as cordas, eis que cortes existem e ainda doem, doem.

Dói também ter que da vida se desfazer, da vida de outrem depender, da felicidade alheia fazer a sua. Dói, ver que nada podemos fazer diante da morte que chega, que arrebata-nos a companhia, aquela presença de tão humana ser, mesmo não sendo. Dói demais ter de se despedir, de quem quer que seja, uma pequena cã que apareceu-nos em sonhos, uma pequena companhia que tanto nos faz falta, quando aqui não mais estás. E nestas horas, nada faz sentido, a humanidade perde sua humanidade, e a presença ali não mais está.

Mas assim não dá, homem! Fale de algo que não me amargue mais a boca além da bílis matinal de ter tanto eu enchido a lata, esvaziando-a em meu estômago devido ao embate da bola com os pés. Pos sim, morra caro senhor: deixe-nos, alivie-nos de vossa presença, assim o dizem, assim o querem. Lamento, lamento, sorvo aqui esta negra infusão de grãos e água, e procuro me conter diante das gentes, que nada temem, que nada merecem. Cinco dedos na cara, bater em retirada, café na mão, café nos olhos.

Ali arfar, ali se desfazer do resto, se livrar do corpo, continuar no mesmo lugar, sem nem ao menos ali estar, ali existir. Tudo é vão e passageiro: não. Dizem-me coisas, mas não me falam nada, por assim dizer. E eu, que não sou nada, tenho que aqui tentar ser algo, mesmo assim. Tentar fazer de minhas palavras algo que agrade, mesmo que ofenda, sem nem ter sido este meu objetivo. E agora, amargar a dúvida de ter perdido uma amizade, por conta de muito se achar, isto é o pior: mas dizem, mas falam, que...

Não me importo o que dizem, o que falam. Enfiem o futebol e as vuvuzelas no rabo, enfiem o patriotismo sazonal junto, vão todos para lá que aqui não quero ficar, mesmo que ainda assim tenha sido o plano inicial, tantas vezes falhado. A única coisa que lamento é por vezes fazer dos pés pelas cabeças, de cima a baixo, de baixo para cima. Nada muito resta de mim sem aqueles que porventura têm a insanidade de ainda me tolerarem. E disso não sei nada ao certo, como funciona, como faz, sem nem mesmo fazer a menor diferença....para eles ou para outros menos importantes.

Mas ainda existe café nesta xícara, e ainda existe algo artificialmente criado a ser criado em minha mente, na mente dos outros, que tanto não se importam, assim como nada sabem.

Bom dia, um café, um pão de queijo. Não tem? Ah, fica pra próxima.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Slide!

E fez-se a luz, ou melhor dizendo, fez-se o som, o relógio fez. Ruído de ser interrompido de algum sonho que ficou no esquecimento do inconsciente, para, quem sabe? algum dia ser novamente reencontrado em alguma outra noite, algum outro sonho. Já aconteceu, de certa forma, esta comunicação entre lembranças de sonhos...dentor dos sonhos. Raras vezes, mas de certa forma memoráveis, ainda que nem ao menos me lembre como, quando, por quê aconteceu.

Bem sei que não faço o menor sentido ainda. É cedo. A noite ainda não saiu das minhas vistas, de minhas lembranças, deste movimentado final de semana, data especial para 95 a 97% dos brasileiros. Os bizarros seres restantes, dos quais faço parte, tiveram que se contentar em aturar a zona alheia, as cornetas de prástico dos infernos que tanto almejaria apanhar de seus donos e tofiar-lhes em seus respectivos...er, deixa pra lá. Não foi tão ruim ficar à parte do espetáculo assim. Não tem sido tão ruim assim.

Infelizmente, os dias mais gloriosos da semana que normalmente são reservados para a elaboração de barulhos que vez ou outra até se parecem com músicas, não renderam muito, eis que este ser que agora digita catilograficamente, teve o infortúnio de se deparar com uma desventura doméstica. Um fio partido do aspirador, durante a semanal faxina. Fio partido significa ter que arrumar uma maneira de se consertar, não pela faxina em si, mas pelo chamado da gambiarra que alguns de nós têm em si.

Eu, que muito disto tenho, fui desencapar o fio com um estilete chinês vagabundo dos infernos. Mal sabia eu que a lâmina não era tão vagabunda assim, e muito a xinguei enquanto corria para o banheiro, gotas de sangue sendo deixadas no caminho. nada de muito sério, felizmente. Mas logo em seguida, ao sentir o latejamento daquele corte enquanto o sangue se estancava, eu me lembrei que cortes na ponta do dedo indicador da mão esquerda significam o fim da farra das cordas, por assim dizer. No more music for you today, sire. Have a good day.

E foi penoso, pois eu sentia que, ao menos ontem, a inspiração estava à solta, a oportunidade que se faz oportuna no momento menos oportuno, como se diz. Em dado momento até tentei ignorar a pequena coisa na ponta do dedo, mas o sangue voltou a brotar e a dor voltou a surgir, no final da tarde, momento em que eu desafinava duas cordas do violão para tentar aprender como se toca uma música(excelente, linda música) que requer estranha afinação para ser executada com êxito. Depois da "digital" reclamação, ainda tentei fazer algo só usando os outros três dedos restantes, uma vez que não se usa o polegar para tocar, a não ser que você seja Hendrix ou algo assim.

Com o instrumento ainda na bizarra afinação, notei que alguns acordes se formavam com uma pestana, e faziam sentido. O que mais faz muito uso deste tipo, digamos linear, de afinação? Aqueles famosos tubos que antigos bluesmen muito usavam em suas composições oriundas do Delta de certas províncias estadounidenses. Eia, inspiração! Ainda há tempo para se tentar fazer algo, pois.

E mais uma vez a gambiarra salvou o dia, salvou a noite. Era tudo que precisava para dar continuidade à uma certa barulhada que havia começado a compor meses antes, mas que não conseguia dar continuidade. Em tal afinação, a coisa fez todo o sentido do mundo. Se ficou bom? Bem, assim me parece. Aos meus ouvidos me pareceu. Não sei quanto aos demais. Ainda.

O que sei é que aquilo salvou-me de ter que amargar uma inócua noite improdutiva, e um final de semana quase ausente de presenças, sempre necessárias para a manutenção da psiquê tão conturbada de alguém. Fez-me sentir bem, e isto é o que importa, o que mais importou naquele momento. Deu mais força para cá estar nesta manhã de segunda brava.

Vejamos o que vem em seguida. Pois.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Errado, pt II.

E eis que mais uma vez este ignóbil ser estava errado. Noves fora, coisa nenhuma, ao menos desta vez o erro não foi daqueles difíceis de se admitir, sequer foi-me doloroso ver a convicção torta de certos pensamentos estar, de facto, errada e errônea, por assim dizer.

Constatei tal coisa ao entrar em meus eternos mercedões azuis e/ou amarelos que faço valia para cá neste emprego empregatício malefício chegar; ao me sentar diante de certa publicação dita semanal, sazonal, que lá seja, muito me admirirei de ali verificar novamente certa foto a qual fiz menção semana passada, que figurava a garota juvenil desaparecida da semana, do mês, seja lá o que for.

Encontrada. Sim, após trinta e seis dias e noites, encontrada. Não sei de nada mais sobre o caso, mas apenas esta palavra ali estampada já me valeu de pequeno alento para este dia enfrentar. Por mais que por vezes esta dura cabeça deste ser turrão e por vezes irritantemente irredutível em suas erronêas convicções custe a admitir, estava mais uma vez errado perante os fatos da vida, esta desconhecida, aparentemente.

Não estavas morta, ó menina do nome estranho. Estavas perdida, nalgum lugar para além de minhas vistas e minha compreensão, quiçá procurando alguma espécie de fuga para alguma outra realidade nefasta de seu dia a dia, ou então estavas de fato perdida na vida, tentando achar aquilo que somente nós mesmos bem sabemos: nós mesmos, coisa difícil de se achar algumas vezes. Estavas viva, apenas escondida, foragida, não sei. Distante, errante.

Quem nunca pensou em fazer o mesmo, por vezes, não perde nada, não sofre muito ou simplesmente é mais audaz, mais capaz que seres que de tal forma pensem, ajam. Desaparecidos em vida, estes existem aos montes por aí, e sendo eu membro integrante e/ou fundador de tal congregação, por assim dizer, posso ao menos aqui manifestar testemunho, depoimento acerca de tal fatalidade nada fatal nem para mim nem para outrem; sei apenas o que sou e é pouco por vezes.

Sei que saber tais coisas muitas vezes perturba a vida dos alheios seres que conosco estão mas nunca deveras estarão na maneira de se pensar, de se agir, perante as agruras de nossas vidas, das aflições que tantas vezes....nada mais são que piadas ou motivo de irritação para aqueles que como nós, os fracos, não pensam, não penam.

Mas todos nós existimos, e cá estamos, convivendo, de uma forma ou de outra. Errando, muitas vezes errando, assim como este ser que hoje se viu diante de mais um engano. Acontece. Com todos nós, fracos ou fortes, alfas ou ômegas. Eu, de minha parte, fiquei satisfeito com este meu deslize de afirmar aos céus a aos infernos da terra e da Grande Granja que havia alguém morto naquela fotografia ali estampada.

Se, por vezes quebro a cabeça, bato com ela numa parede sólida de lógica e evidências em contrário ao meu modo de ser e agir, fatalista até o osso, obscurantista até debaixo d'água, se teimo em ser aquilo que a natureza me deu de pior mas que sou eu, inegavelmente eu, eu,eu, concedo que às vezes é necessário errar, e que certos erros são-nos necessários, não importa se você é o primeiro ou o último, o mais fraco ou o mais forte. Todos erramos, inegavelmente, irremediavelmente.

Fazem dias e dias que não encontro descanso em minhas falhas tentativas de desligar-me desta realidade por meios naturais, causados pela tradicional perda de consciência diária, que todos nos alenta após um árduo dia de trabalho. E todas as manhãs me parecem cinzentas e opacas, mesmo que não o sejam, mesmo que o céu esteja azul, muito azul, e que a frieza polar deste inverno dos infernos tenha mesmo amainado nesta manhã em particular. Nada pode dar certo hoje, afirma de mim para mim certa voz sempre presente em certa cabeça.

Mas ali está, estampada na forma de um erro de minha parte. Duro golpe para o ego? Nem tanto. Aquilo significou muito mais uma réstia de esperança neste ser, tão maldito para seus olhos e para alheios olhos que tanto analisam, nada entendem e muito reprovam, assim ou assado, este torto jeito de ser sem ser, deste ser sem nada ser.

E esperemos a alforria do dia, com muito entusiasmo; mesmo que distante esteja, pode significar o final dos maus tempos, a libertação desta auto-inflingida prisão.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Ônibuses.

1997. Em plena luz da madrugada, alguém tentava se manter acordado dentro do ônibus, um velho livro de bioquímica em seu colo. A prova, a prova. Era preciso estudar, era preciso passar. A edição, carcomida pelo tempo excessivo encerrada na biblioteca central da universidade, exibia sinais de amarelecimento e bolores, muitos bolores. Era preciso beliscar-se, puxar os pêlos do braço para manter-se acordado. A pesca de tubarões e outros peixes ali parecia estar legalizada, de qualquer forma, eis que alguém sempre pendia a cabeça involuntariamente em direção aos piruvatos, ácidos graxos e outras coisas que só o mapa diabólico encerrava. Era preciso manter-se acordado.

Entretanto, houve um momento em que alguém deixou que a cabeça se prostrasse quase morta, por um tempo maior que o devido. De repente, tudo havia sido transportado para 2000, ano este em que as más sensações começadas por volta do ano passado, retrasado, que seja, tomassem conta do inquieto e insatisfeito espírito daquele alguém. Era meio-dia, ou quase isto, e ele transitava dentro de azul mercedes, apanhada nas imediações de seu sub-emprego, adquirido para tentar manter-se vivo diante das circunstâncias. Ia em pé, e a cabeça bambeava de um lado para outro; o lauto almoço de dois pães com "mortandela" lhe pesava no estômago e na mente, e sentia o irresistível apelo de Morfeu, mesmo ali, de pé. Segurava firmemente as hastes metálicas que lhe serviam de apoio, mas ainda assim, tinha muito sono. De repente, um solavanco, mesclado com uma pescada fenomenal, rendeu-lhe sonora batida de suas fuças no cano em sua frente.

Junto com o barulho do metal colidindo com aquela cabeça dura, hove ummomento de clareza, um sonoro momento de brancura em todas as vistas, em todos lugares. De repente, era 2004. Contava as moedas guardadas num improvisado porta-moedas de Kinder Ovo, eis que após ter abandonado aquele emprego de merda, ia muito hesitante de encontro a seu destino, por assim dizer. Iria novamente prestar aquele concurso, malfadado empreendimento que lhe poderia gerar um brilhante futuro nas artes e partes. As mãos já tremiam de antemão. Ele sabia que borracha não deveria ali ser usada, tampouco muitos recurso os quais estava acostumado a ter em suas mãos, tantos recursos, tintas, papéis, canetas. Tanta coisa. Mas ainda era muito cedo, e não havia pregado os olhos naquela noite, eis que a ansiedade, tão forte naquele alguém, tinha lhe roubado todo e qualquer possibildade de dormida naquela noite, que precedia tão importante momento. Sentiu os olhos pesarem e se fecharem por um momento maior que o devido.

E de repente, era 2006, e ele ia atonitamente calado dentro do coletivo que lhe levava dali para longe dali, longe de todo aquele repente, todo aquele sonho que havia se transmutado em horrendo e infindável pesadelo que havia se tornado aquele retorno àquela faculdade, àquele nonsense que havia se tornado toda aquela esperança. O chão não existia; era como se estivesse sendo transportado num eterno vácuo. Era como estava se sentindo por dentro: um absoluto vazio, um oco eterno. Naquela manhã, havia escutado todo o blah blah blah de certa Andrea LAMA, e sentiu que não podia mais tolerar aquilo, não sem voltar para aquele covil de "artishtash" flácidos armado de duas escopetas calibre doze, muita munição e três quilos de C-4. Nada mais fazia sentido. Era o vácuo eterno dentro de si. Fechou os olhos procurando alguma luz, mas só encontrou as trevas.

E quando abriu novamente os olhos, era 2008. Ia impaciente daquele emprego recém-readquirido para seu esconderijo secreto, onde a vida real nada real lhe aguardava. Era noite de encontro com toda aquela gente que só existia em um mundo eletrônico, em uma realidade virtual, que estava cada vez mais e mais se tornando mais importante que a realidade real. Uma vida secundária que estava se tornando cada vez mais importante que a real, WoW, WoW. Nada mais lhe importava a não ser roxos armamentos, muitas insíginias, o reconhecimento de gringos que nunca haveria de ver nem conhecer naquela realidade real mas cada vez mais e mais distante de sua paralela existência com o mundo que havia lá fora, e que cada vez mais fazia menos e menos sentido. Impaciente, tentou repassar mentalmente a estratégia do combate virtual da noite, fechando os olhos e tentando se lembrar de todos os detalhes.

E em 2009, ia novamente se sentindo cada vez mais em ais vazio por dentro, agora sem a paralela realidade, sem qualquer propósito para aquel inútil existência naquele esférico manicômio que girava a sabia-se lá quantos mil quilômetros por hora espaço afora. Nada lhe fazia sentido, nada lhe trazia sentido, nada era real, agora que o surreal deixara de existir. Nicotina, nicotina, sentia o apelo daquela coisa que tanto lhe tentava. Alguém nunca poderia ficar sem alguma forma de auto-agressão, alguma forma de escapismo, de punição por mais uma vez ter chegado à conclusão que para nada prestava, para nada existia além de por meio de linhas toscamente escritas tentar existir deveras. Nada. Nada. Nunca seria nada, como Pessoa, o Fernando havia lhe afirmado em nota secreta, em dedicatória a alguém escrita, sem nem ao menos saber disso, sem nem se dar conta que 81 anos depois aquele poema encontraria o destinatário ideal. Desesperadamente, fechou novamente os olhos.

E em 2010, algumas décadas após aquele fatídico dia de setembro de 1977, alguém ainda se pergunta por que diabos existe gente como ele no mundo, que só servem para dar despesa, desdém, a todos os alheios passageiros desta imensa viagem de ônibus que nunca terminou, que começou sabe-se lá quando e que sempre continua na mesma. Tabaria, tabacaria. Ainda em alguém existe morada para tais aflições, tal inutilidade de ser nada e ser tudo. Falhara até em pequenas homenagens que a muito desagradaram, em impaciências para com alguém que tanto lhe considera, sem mesmo saber, por quê, por quê. Pra quê? Onde é o ponto final desta linha, onde é o pingo nos is que reside toda aquela renúncia de ser nada, nunca poder ser nada, nunca poder querer ser nada?

Onde?

quarta-feira, 16 de junho de 2010

404, pt II.

Tem dias que nada me vem à cabeça que não as costumeiras resmungações, sobre chafezes que ttêm o destampo de me servirem aqui, tendo a ínfima audácia de ainda afirmar que é deveras um café per se. De meu lado afirmo que aquilo que se encontra ali nada mais é que a própria infâmia engarrafada: um autêntico absurdo. Ainda mais em se tratando de uma autêntica semana insone como a que estou levando...apesar de que ontem eu pude dormir a tarde inteira devido à folga causada por um certo e estranho patriotismo sazonal que estamos sujeitos, de quatro em quatro anos.

Mas como bem sei que tais resmungos nada significam a muitas pessoas e pior, podem significar nada mais que um acréscimo ao mau-humor reinante por termos todos ter de retornar às lides escravocratas mudernas de nosso século, acho melhor nada dizer neste sentido. Lado outro, penso e penso e nesta manhã nada me chamou muito a atenção ou me incitou a desenvolver alguma espécie de historieta em minha cabeça.

Vou ficar a matutar aqui, talvez algo de mais interessante me surja à cabeça mais tarde. Entrementes, vamos voltar às lides escrotoriais e informaticais aqui desta empresa.

Desculpem a falha, mas hoje realmente o cabeção está vazio de relevâncias. E sem cafeína, é ainda mais difícil pensar em algo legal pra se escrever.

terça-feira, 15 de junho de 2010

O jogo.

Pedro olhou para o tosco relógio de pulso. Dez e meia, manhã de terça, dia importante para o país, para a supremacia daquele povo na coisa que era o maior sonho de todos eles, os operários. Era dia de seu país participar da competição mundial, coisa que somente acontecia de tempos em tempos, e que Pedro nem bem se lembrava ao certo qual era este intervalo, tamanha era sua excitação para tal evento.

Na trefilaria, o clima de animação era geral. Todos os operários trajavam, de certa forma, as cores do país por cima dos uniformes. Mesmo que o capataz deitasse-lhes olhares tortos, eles nem se importavam, pois sabiam que Aquiles também era patriota sazonal, assim como eles. No ano em que tal competição acontecia, todos eles amavam seu país com todos seus corações; esqueciam-se dos seus barracos, da falta de dinheiro, das mulheres que lhes gritavam por estarem gastando muito dinheiro com cachaça e aguardentes, modernos ópios legalizados pela legislação vigente. Enquanto isto, elas mesmas se escondiam em suas televisões, em suas novelas. Iam para a missa. Pagavam o dízimo ao pastor. O dinheiro que lhes fará falta garantirá a salvação.

Pedro nem sequer pensava em nada disso, apressava-se em terminar aquele serviço que tanto detestava, para depois fazer hora, fumar um cigarro, e aguardar o meio dia, hora em que o embate seria levado ao vivo e a cabo. Fazia força na alavanca, a fim que esta se movimentasse mais rapidamente para soltar aquele fio-máquina ainda incandescente do monstruoso maquinismo que processava aquela lava, aquele metal derretido. Lá fora fazia frio, mas ali dentro era sempre o inferno. Pedro puxava e empurrava aquela haste de ferro com fúria. Olhou novamente para o relógio do paraguai: onze e quinze.

Estava se aproximando a hora. Ele não desejava mais nada no mundo, não queria saber de sua mulher nem de suas "cachorras", não queria saber de seus filhos, aqueles catarrentos. Não queria saber de nada que não fosse a cerveja, o cigarrinho e o espetáculo televisivo mostrando a disputa pela supremacia mundial de tal esporte. Estava muito perto agora. Os companheiros já haviam preparado tudo na sala a eles reservada para a exibição do jogo: isopores com gelo e latinhas de suco de cevada, aos montes la jaziam. A empresa não os liberaria para sair mais cedo, mas ele não se importava. Não naquela hora. Ele sorriu. Perto, muito perto.

De repente, a alavanca travou enquanto ele a puxava, e sentiu um rumor, um tremor percorrendo toda a gigantesca máquina. Quase teve um surto de raiva. Aquilo precisava acontecer justamente agora? Bem agora? Como assim! Tentou forçar a barra com a alavanca, para a frente e para trás, mas ela não se movia. Ele disparou a xingar, gritando impropérios a plenos pulmões. Aquiles ouviu tudo aquilo e lá foi recriminar o funcionário rebelde.

Mas Pedro, olhando novamente para o relógio e muito se exasperando, por saber que teria que resolver tal emperro antes da partida começar, e se dirigiu para a base da máquina. Pôs-se a golpear com as mãos o rebelde maquinismo, ignorando completamente os apelos de Aquiles; ele sabia que estava violando o protocolo de segurança, mas nem se importava, ele só queria saber de ver o jogo; logo, teria que resolver aquilo mesmo que ameaçasse sua vida. O jogo, o jogo. Dez minutos! Ele tinha que correr, que agilizar. Bateu com mais força, com toda a força que seu corpo lhe permitia desferir contra aquela maldita coisa emperrada. Ele se abaixou para olhar de perto aquela coisa, ver se o tubo por onde saíam aqueles pedaços incandescentes não estava entupido, de certa forma.

Nisto, as vibrações causadas pelo impacto seco daquelas mãos calejadas surtiram efeito: um pedaço de rebarba de ferro derretido que havia secretamente se instalado entre algumas engrenagens e havia causado o enguiço, se soltou e a máquina voltou à vida de prontidão. Aquiles ainda gritou algo, mas não a tempo. Pedro nem sequer chegou a escutar direito. Ou assim lhe pareceu. O próximo fio-máquina que deveria ter saído há uns dez minutos atrás saiu de supetão das entranhas do maquinismo, e perfurou a cabeça de Pedro como se ela fosse uma mera sacola de plástico sendo trespassada por um arame esquentado no isqueiro por alguma criança que brinca com fogo. O jogo.

O jogo. Foi o último pensamento que se passou naquele corpo agora já sem vida. Aquiles berrava, pois a máquina ainda estava em funcionamento e arrastava o corpo à medida que o pedacinho de inferno saía de sua boca. Ninguém lhe deu ouvidos: já haviam todos corrido para a sala de televisão. Ele teve de correr até o painel de controle e tentar desativar a coisa sozinho, mas ele sabia que teria que operar também as malfadadas alavancas que momentos atrás Pedro praguejava contra. Horrorizado, viu que aquele fio incandescente havia queimado tanto a face daquele operário, e o atrito contra aquele crânio havia produzido o efeito de se passar uma faque quente na manteiga.

Pedro jazia na esteira que apanhava tais fragmentos, com a cara terrivelmente desfigurada, e o pedaço do inferno ainda queimava-lhe o copro em outros lugares. Aquiles berrava e berrava, mas ninguém escutava. Desesperado, saiu correndo em direção à sala onde o embate já corria solto.

Enquanto isso, outro fragmento daquele muito queimante material era despejado por cima daquele inerte corpo. O cheiro era horrendo: sabia àqueles torresmos chamuscados na hora, mas todos operários o saberiam, momentos mais tarde, quando reapareceram contrariadamente no palco dos horrores, para auxiliar Aquiles a resgatar aquele extinto funcionário. O cheiro de carne humana queimada empesteava o local, mesclando-se com o odor de todo aquele ferro em ponto de ebulição existente naqueles caldeirões.

Todos se horrorizaram, alguns sentiram náuseas, mas muito somente praguejaram. Maldito seja este imbecil, que nos privou de ver o jogo.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Fedaputa Pinheiro Lima.

Bem, me informaram que é hoje, então que seja hoje, assim espero. Homenagens em dias errados não estão com nada.

Existem pessoas que a gente precisa conhecer em nossas vidas. Pelo menos assim me parece. Eu, eterno Noiado que sou, conheci uma pessoa destas, únicas e de certa forma, necessária para minha vida.

Tudo começou em meados de...de...er, acho que 2003, não me lembro a data ao certo, quando terminei de cursar o módulo Básico II na casa dos Quadrinhos daqui de BH, uma escola de desenho, por assim dizer. Me vi diante da seguinte pergunta: o que fazer agora que o ciclo básico deste curso está no fim? Para onde ir? Tinha algumas opções, como ilustração digital, quadrinhos e outras. Uma delas, entretanto, me chamou a atenção, por que o cara que ministrava a tal disciplina veio conversar com a galera do Básico II e fez propaganda sobre seu módulo. Pendências com desenho seriam resolvidas, eu iria ter que desenhar pra caralho, etc.

O cara em questão se chamava Daniel Pinheiro Lima. Quem é assíduo deste mural de lamentações deste brogue talvez já tenha ouvido falar dele e seu personagem principal, Oswaldo Augusto. Eu, que de antemão já sabia que não me daria bem no módulo em questão - desenho animado - resolvi me jogar na fogueira e me forçar a desenhar bilhões de frames entre uma ação e outra dalgum personagem desenhado. Não deu certo, como de esperado, mas mesmo assim não lamento ter cursado a quase totalidade dos 2 módulos.

Por quê? Por ter conhecido este cara. Este fedaputa! por assim dizer. Mas se o cara é tão legal assim, por que xingá-lo? Por que nem sempre um xingamento entre amigos é deveras um opróbrio. Nem sempre. No caso do cara, o sim e o não alternam. Sim, quando ele te olha para o que você está rabiscando e olha para sua cara com uma expressão que denuncia o erro, normalmente seguido de um comentário que acaba com seu ânimo pelo resto do dia(fedaputa!!) E ele é um fedaputa, no sentido não-pejorativo, por fazer coisas como esta, que ilustra com aguda precisão a definição pessicológica de nóia, esta coisa que sempre me acompanha.

Não sei que conseguirei, neste improviso matinal do dia, detalhar todas as nuanças desta amizade, por vezes conturbada devido às minhas companheiras infalíveis(neuroses diversas, inc.) mas mesmo assim, tentarei expilcar. Este cara, de fato, é dos melhores animadores que já vi trabalhar, que, apesar de afirmar que tem muitas nóias também, não se deixa por elas abater e produz coisas muito boas com regularidade. Um exemplo, eu diria, para este ser que escreve e escreve, enquanto também deveria de suas âncoras se libertar e no papel representar as linhas e linhas que sempre adio e adio. E fora deste escopo desenhístico, é um cara com o qual você pode conversar, sobre qualquer assunto. Evidentemente, sua conversa pode até gerar mais nóias, em especial em seres abjetos como este pendular Buriol dos tecrados alfanuméricos aqui, mas em geral, eu escutei bons conselhos em nossas conversas, de buteco, diante dos lindíssimos filmes que nossa galera(os Farrapos) gosta de assistir nas horas vagas; os filmes trash e de hilária ficção científica dos anos 50 e 60. Diversão garantida.

Engraçado é que ele mesmo sabe que esta dupla alcunha - fedaputa - é válida nos dois sentidos. Quem já foio aluno dele sabe do que estou falando. Eduardo, o Damasceno, outro fedaputa que já escrevi a respeito aqui, foi destes. Em sua primeira avaliação naquele tal modulo Básico II, em que Damasceno tinha como professor este ser a que me refiro nestas linhas, foi absolutamente massacrado por este. Nota zero! Por quê? Pelo simples motivo de que, segundo Daniel, ele não estava desenhando, e sim fazendo cópias de seus autores preferidos de desenhos. Isto pode acabar com uma pessoa, se for dito de maneira imprópria e dependendo da índole do alvo da crítica. Felizmente, no caso, o que aconteceu é que um fedaputa terminou por gerar outro, pois Damasceno é outro fedaputa, por assim dizer. O cara se esforçou tanto em provar o contrário para aquele professor, que acabou superando o mestre. Palavras vindas da boca do próprio Daniel. Eheheheh.

Como podem ver, pessoas como esta, são necessárias para a melhoria da vida da vida de outrem, por mais duro que seja encarar as verdades ditas por ele. Não posso dizer que, no meu caso, a coisa tenha funcionado com absoluto êxito, eis que meus dramas com estas artes e partes desenhísiticas, frequentemente geram matéria prima para este mural de lamentações a que vocês estão sujeitos a ler e menear a cabeça em sinal de preguiça. Mas existem pessoas e pessoas, e cada uma reage da sua maneira e tem seu tempo, por assim dizer. Ando refazendo uma série de conceitos tortos em minha vida, e nestas horas, eu sempre me lembro de incluir em minhas refêrencias mentais caras como este e outros Farrapos(desenhistas falidos ou quase falidos, que são meus amigos), para tentar me incentivar e tirar o pé da lama no quesito produtividade.

No ano seguinte, lembro-me que houve um infeliz acaso na vida deste cara, o término de uma relação que muito significava para ele, e na época em questão houve o primeiro "Farrapostock", reunião aleatória de pessoas integrantes a esta curiosa tribo. As pessoas se reuniram em minha casa no carnaval, e lá ficamos falando merda, consumindo iguarias suspeitas(gambiarras gastronômicas de primeiríssima ordem), bebendo e falando merda, assistindo eventuais filmes na televisão também. Algum tempo depois, lembro-me dele ter me agradecido, à mim e minha irmã por tê-lo recebido ali, pois a barra estava custosa para ele aguentar, devido ao rompimento com sua namorada. Diz ele que foi muito válido ter passado todos aqueles dias reunido com o galerão lémcasa, e muito me surpreendi com isto, pois a fachada das pessoas engana muito. Ele mesmo afirma que muitas pessoas já o confudiram com um ser mau-humorado e "sanguinário". Mesmo minha mãe, quando o conheceu, achou que ele estava com muita raiva de tudo, lembro-me dela me dizer isto. E não era o caso. Diz ele que em ocasiões que fica sem graça, seu semblante assume esta posição mais séria, e que pode transmitir esta idéia errada.

Pessoas são diferentes e ninguém lê mentes, de fato. E este lance de parecer ser uma coisa à primeira vista é um fato consumado na vida de todas as pessoas vivas. Creio que nós todos já nos deparamos com tal situação. Eu sei que já aconteceu comigo.

Na época em que eu tinha decidido abandonar este meu emprego aqui e retornar à faculdade, para tentar ingressar em um curso que talvez, TALVEZ, tivesse mais a ver comigo que a biologia, eu tive aulas preparatórias para a tal prova de aptidão com Daniel e Felipe de Mattos(outro fedaputa), e elas muito me valeram para a prova em si, eis que não sabia nada a respeito de tais exames, e precisava mesmo daquele "boost" para passar tal etapa. Eles nunca me cobraram nada, e muito me ajudaram. São pessoas que valem a pena ter como amigos, não acham? Entrementes, lembro-me bem do conselho "torto" de Daniel momentos antes da prova, data em que eu estava com os nervos em frangalhos: "Por que ficar nervoso? É o que você sempre fez na vida, vai lá e faça o que você sempre fez. Simples assim."

Não era tão simples, mas bem sabia eu que o cara estava certo. Fedaputa! Outra coisa que na época das aulas particulares pré-"belas" artes me embasbacou foi o tanto que este cara olhava para seu desenho, pensava um pouquinho e vomitava em cima de você um relato completo de suas aflições pessicológicas: você está assim, assim e assado, por conta disto e daquilo. Eu ficava embasbacado: como sabe disto?? Fedaputa! Várias outras pessoas que conheço experimentaram semelhante avaliação e ficaram igualmente aturdidas.

Eu, de meu lado, afirmo que a amizade com caras fedaputas como Daniel, o Pinheiro Lima, é muito necessária e benéfica para caras como eu, este feixe de contradições e complicações nervosas. E por vezes até me pergunto como ele e outros fedaputas chamados Farrapos me toleram até hoje, pois passam-se os anos e as nóias continuam a me ancorar. Não sei se eles mesmos sabem, mas uma de minhas viagens erradas que mais me joga pro buraco é do mundo me isolar(inculindo a eles), não por ojeriza do mundo em si, mas por achar que minha presença só enche o saco, tamanha são as neuras em mim encerradas. Bem sei que isto é errado, e por vezes me surpreendo quando se referem a mim como um bom amigo, um cara legal.

Mas, agradeço muito a vocês, meus caros, por tanta paciência e tantos bons momentos. A homenagem do dia é ao Daniel, mas pode muito bem se estender a todos os Farrapos, afinal de contas. Mas, voltando ao cara em questão, como já disse antes, ele faz as tiras do peixe Oswaldo Augusto há mais de dez anos, e são muito boas, algumas delas sempre me fazendo rir mesmo em meus dias de mais negros humores. E por vezes, a situação ali ilustrada é absurdamente coerente com minha realidade, mas com bom humor descrita, ao contrário de minhas explosões de raiva, agressividade e depressões aqui escritas.

Pois bem. Contrariando algumas convenções de regras legais e regulamentos, eu tive a seguinte idéia de um presente para este meu amigo. Fazer uma fan-art de seu personagem principal. Demorei horrores para pensar em algo interessante, ainda mais tempo para pôr a coisa no papel. Mas consegui fazer:

Bem sei que eu mesmo não fiquei 100% satisfeito, inda mais que eu tive um momento clássico de Esprit d'escalier na punchline. Eu deveria ter fechado a tira com as seguintes palvras para o Verme: "Fálico é o caralho, seu fedaputa!!" Um dos motivos pelo qual eu não gosto de escrever as falas dos personagens à mão, além da evidente razão de possuir péssima letra, é este: eu sempre fico matutando e depois penso em algo melhor para escrever.

Mas no geral, eu achei que funcionou, pois eu me apropriei dos personagens principais da tira - Oswaldo e o Verme - e meio que fiz uma experimentação que ficou bacana, em minha opinião. Em meu entendimento, no universo desenhado por Daniel, o Oswaldo é sempre sacaneado pelo Verme. Eu fiz uma inversão das coisas no meu rabisco. Eu quase nada sei da "mitologia" dos personagens criados por meu amigo, mas sei que em geral, o Oswaldo sempre sai perdendo. Desta vez não, eheheheh. E a piadinha cretina dita por Oswaldo no final me soou como coisa que o fedaputa de seu criador diria. Bem apropriado, eu diria.

Bem sei eu que o Verme nada mais é que quase um Lombardi na tira, e que a planta em que reside - aquele cactus aquático em que o Verme reside e que cujo espécie quatro anos de biologia falharam-me em ensinar, não faz parte do personagem em si. O Verme é um ser puntiforme, realmente de dificílima execução enquanto desenho, pois não. Ah! Outro detalhe. Sempre achei que no caso da planta, o Daniel se inspirou no desenho formado por aquelas pedrinhas brancas e pretas da calçada da R. Guajajaras com Afonso Pena, à esquerda de quem sobe tal rua. Ehehehe.

Enfim, é segunda feira, e este improviso está se estendendo por demais. Mas espero que seja o suficiente, em conjunto com a tira em si, para servir de presente para este fedaputa o qual quis homenagear na data de hoje, que me afirmaram ser seu aniversário. Depois eu darei em mãos o presente físico em questão, o papel em que desenhei a infâmia logo acima representada. Espero não ter detonado demais com sua obra(como Marcela disse, "Porra! O Oswaldo ficou muito Sr. Bode") e me desculpe não ter pedido autorização. Ela já estava pronta no sábado, data em que qause todos os Farrapos se reuniram em minha casa, para morrer de frio e encher a cara. Foi tudo muito bom, e a inesperada visita deste tal de Daniel, o Fedaputa e sua esposa, na data em questão melhorou mais ainda a ocasião, não só por opinião minha mas como a de outrem lá presentes. Não vos entreguei a coisa nem falei nada, nem para você nem para mais ninguém pois realmente queria que fosse uma surpresa, para o bem ou para o mal, eheheheh.

Valeu, seu Fedaputa! Parabéns ae zin! Nós, que somos tão velhos quanto o panquerroque, de 1977, temos as manhas e as moral.

Bem, ao menos alguns de nós têm. Eheheheh.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Sexta feira antes do sábado. Ou insônia causa (aumento de) demência.

Iá, iá iá iááááááá, la la la lah lah lah. Trololololololololololololo.

Maneiras de se começar bem o dia: veja o Trololo, cante junto! Com tal letra, com tal melodia, é o que há. Caso prefira versão mais curta, cante com os chipmunks Trololo. Está puto pra caralho com alguém? Instant filho da puta nele! Derivado de uma das melhores cenas do cinema nacional, com suas memoráveis(?) pornochanchadas dos anos 70. Pronto, seu humor estaré melhorado em 200%, com variações de +/- 300. Certo? Certo! Caso ainda não esteja satisfeito, assista outro crássico do uéstern nacional! Não pode dar errado, um monte de bosta.

Caso queira proceder do modo contrário, acorde 1 hora e meia antes de seu despertador. Veja a escuridão clarear aos pouquinhos enquanto o corpo rola de lá para cá em busca da melhor posição na cama, esta desconhecida já fazem(faz?) 6 dias agora. Saia mais cedo para apanhar o ônibus, e veja inúmeros três deles passarem, com destino a um bairro muito especial - Garagem. Bairro este que presumo ser deveras importante, eis que nunca param para ninguém subir em tais veículos de tranporte de gado cidadanesco, estes que somos nós! Deve ser reservado apenas para o trocador e o motorista. Deve ser, de fato um bairro muito especial, onde gostaria que todos os fumequeiros para lá fossem transportados, e depois deportados, seres tão, mas tão úteis para o bem estar mental deste ser tão mentalmente estãvel que é este louco que vos escreve.

Não me culpem, são as vozes em minha cabeça, que me dizem para onde devo não ir, para onde devo não me dirigir, caso seja assim, assim, assado. Dia sim dia não, eu vejo e revejo, coisas diversas, loucuras, insanidade, diante de meus olhos, tão mais sãos que os demais, presumo eu. E consumo pão de 9 grãos(uau), juntamente com intragável chafé, esta água de batata que têm o desplante de chamar de café neste escrotório. Bebo e bebo, em busca da cafeína perdida. Goles que não descem, a não ser no ralo da pia! Ao menos não estou sentindo o Cheiro do Ralo. Eu grito, num repente repentino, "bunda!" e todos olham? Onde? Onde? Nos cuseus, fedaputas! Em volta dele, pra ser mais exacto, se assim o preferirem. Deveras.

Não me culpem, a falta de sono produz o insone momento que cria monstros em minha cabeça, me faz pensar em tudo que há de mais errado no mundo e me põe a praguejar contra o mundo, este imundo! Animal, animal. Ou será vegetal? Mineral? Cu? Cobre, cobre. Seus pervertidos! Há que se lembrar da periódica tabela! Sim, sim. Para assegurar-se que a memória não irá falhar, marcas permanentes deve-se fazer! Lembre-se para sempre das aulas de química: Aqui!

Mas veja, mas olhe. Assim, assim. Certo, certo. Eu nunca quis cortar a cabeça do tentente, ao menos nunca achei que fosse ir lá e cortar a moléstia da cabeça daquele corno fedaputa. Ou quis? Não me lembro; presumo que insônia também causa perca de...de...er...esqueci.

Esqueci-me tamém da nova ortografia, esta disconheçida. As vírgula, fica donde,? Virgulino, virgulino. Fica, na, Bahia? Ou; fica. no rio graNDE PEQUEno do sul?

InTendo mais nada. Nintendo? Castlevania! Megaman! Équisbox 360 de cu é rola.

Café, porra! Será que terei que apelar pras RedPills de novo? Ontem deram-me quase um infarto no miocárdio. Hoje causarão náuseas e diárreia, presumo eu, eu, eu...não me lembro.

Quero dormir. Pra carai. Quero o finds, que irá nos salvar, reunir-se-ão todos os pés rapados solteiros que tanto desenham e desenham, sem ao menos saber para quê, em meu lar. Bateria, quitarras, baixos, caixa de voz. Compro tudo. Alguém me dá uma Gibson SG aí?? Eu preciso tanto duma dessas. Preciso mesmo, eu que possuo três guitarras, sendo uma delas Fender Stratocaster Americana em consiguinassão? Como é? Conziguinaçâo? ZZZZZzzzzZzZZZZzz.

Eu durmo, em cima do teclado. E aguardo pelo sábado.

Lolololololololololo, iaiaiaiaiaiaaaaaa.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Manhã.

Manhã, de novo, manhã.

Eu, que já nela me encontrava desde às quatro da matina, por indefinível insônia, me levantei e fui cuidar de meus afazeres matinais, desta vez sem a presença daquela que me pôs no mundo; eis que ela se encontra em outras paragens, encarando viagens, visitando seu irmão, que longe de Minas se instalou, Campinas, campinas. No meio da grande Sumpaulo, campinas? Irônico dizer, irônico de ser.

Há que se comer, o pequeno-almoço português fazer, consumir, beber. Ovo quente, dia sim dia não, colesterol saudável de menos, albumina de mais? Nem mais sei dizer, eu que sou biológo sem o ser. Com azeite, com pimenta, seca pimenta, não às malaguetas, viva o reino, o reino. Escutar o chiado agradável da cafeteira, com seu líquido suco de acordar por passar, passando, passou. Entornar, café, entornar na caneca, mascavo açúcar misturar, e na posse de tal infusão dali me retirar.

Manhã. Bela manhã que se estende além de minha vista, apesar dos pesares, apesar de meu pesar, de ser o que sou e não o que querem que seja, alvo de tudo e todos, alvo na pele e nas descoradas íris que sempre me acompanharam. Alvo, de mim mesmo. Acender-me uma combinação letal de fumo e palha, saborear a sublime, estranha, abjeta combinação. Cai bem, vai muito bem, na insone manhã presente diante desstas retinas, tão malfadadas retinas, que enxergam tal beleza mas nem sempre as demais sutilezas, as demais espertezas, de ser o que se é sem disso se importar, sem disso fazer copo d'água onde reinam tempestades, tão ilusórias, tão fúteis, tão insalubres.

Beber e aspirar, baforar. Contemplar a pintura que minha vista me proporciona, de meus olhos e de minha janela, que até conseguem enxergar, mais adiante, além da cidade e seus muros e prédios, a Administrativa Cidade que meu ilustre vizinho postiço ali construiu, meses atrás, e que fui me dar conta semanas atrás. Estender a visão, com lentes e adereços, para saber que o endereço daquele lugar ali existe, ali pode ser visto, a quem quiser comprovar.

Manhã, com cores e ares, matizes e matrizes, que se estende por todos os lados. Mais um gole, mais uma careta, mais uma fumaça que de mim se esvai, juntamente com minha saúde, minha determinação de não mais o fazer. Esquecer, anular. Arrotar, levemente, soando sonante, por todos os lados do vazio recinto em que me encontro, reduto irredutível de minha teimosia, deste ensaiado, fingido estoicismo que teima em comparecer nesta genética compleição, nesta familía de loucos que parece tão normal, tão serena, tão afortunada aos olhos de outrem. Suspirar. Encerrar a bebida, terminar o consumo destes dois agentes, tão presentes, tão oniscientes, na vida deste louco que ali reside, que ali se esconde.

Atender ao chamado fisiológico da natureza, aliviar a pressão, tirar água do joelho, ao banheiro entrar, e não se olhar, pois espelho não existe ali, apesar de em algum lugar do sótão ele estar escondido, esquecido, empoeirado, envelhecido. Brigar consigo mesmo dá nisto, ojeriza a este que tanto me persegue, que tanto me retrocede. Apesar dos pesares, apesar dos olhares, apesar disto e daquilo. Não gostar deste inimigo, não gostar de sua cara, de seu olhar, de seu lugar inconfundível na paisagem lunar em que reside este inquieto espírito, este patético selenita, que tanto busca seu lugar mas não o consegue encontrar. Blah blah blah.

De meu lar me retirar, bater em retirada, há que se trabalhar, que suar, que fazer valer o pão meu de cada dia que consumo diante de toda esta humanidade, direito aos olhos de outrem, errado aos olhos do inimigo. Música! Em meus ouvidos, músicas, melodias, quase sinfonias, roqueiras, pauleiras, pela manhã afora escutar, calar esta mente que tanto pensa, merda após merda, joça após jossa, como dizem, uns e outros. Música! Pela manhã adentro, pela pintura que se estende diante de meus olhos, me salvar, de mim mesmo. Me fazer esquecer, aquilo que teima em morrer.

Manhã, bela manhã, bela montanha, belo canto do mundo é este que reside este ser que canta sem cantar, que mímicas faz, que dança conforme sua música, tentando ignorar as alheias sinfonias, atonais, estranhas, bizarras, música do mundo. Bela montanha, belos pedaços de nuvens que naqueles picos se enroscam, tal qual uma etérea vestimenta que se desprende do corpo de imaginária pessoa, imaginária mulher. Evereste, meu evereste, que ali existe, tão longe, tão perto, tão real, tão surreal, sendo sem ser, mas muito torturando aquele que quer ser. Inacessível, inatingível, intangível.

Encontrar-me, com aquela que esteve sumida, que parece-me ter feito de mim semelhante montanha, inatingível façanha, para aqueles que nestes picos de pouca sanidade querem chegar. Muito conversar, muito realizar, novidades a se trocar. Saúde e a falta dela, superiores e inferiores cursos a se cursar, a estar cursando, sem nem mesmo saber por quê. Artes e partes, nem sempre aceitáveis, nem sempre palatáveis. Sombrias confissões fazer, e dela escutar semelhantes relatos, viagem afora, manhã adentro.

Despedir-mo-nos, com a certeza de ali voltar a nos ver, a tentar nos conhecer, mesmo que sem ser pelos motivos que me querem fazer, que me propõem fazer, que me propõem ser. Não ser. Não ser, não saber. Não é ali, infelizmente, que se encontra o Evereste, este pico nada salutar em que homens como eu se propôem a conhecer, nunca conhecendo, nunca saboreando, nunca dele se esquecendo, dias e dias, horas e horas, minutos e segundos, vida afora, manhã adentro. Não é o Evereste, não sou cafajeste, por assim dizer, não uso apenas por usar, não escalo aquilo que não quero, que não almejo, em minha torta essência.

Fingir, ter de fingir, que está tudo bem, que está tudo azul, neste tom de azul que somente Van Gogh soube imaginar, soube realizar, sem que nem ao menos valor lhe dessem em vida, mas grandes monetários serem por ele negociados, por seu azul, por toda sua vida, que poderia ter sido e que não foi, negada por eles, e agora almejada, após sua morte. Grandes ironias, grandes sarcasmos da vida, esta desconhecida. Bom dia a todos, boa manhã, bela manhã esta que nos circunda, não? Sorrir, exibir dentes, gengivas, mastigar o mofado pão que ali no armário se embolorou, apesar dos pesares, apesar dos lugares. Sorver o chafé, fraca infusão que me é ofertada por ser este ser, que tanto se esconde, que tanto não existe, manhã afora, vida adentro.

E continuar, para sempre continuar, sem ao menos saber por quê, sem nem ao menos saber pra quê. Nunca para mim, sempre para eles, sempre aos olhos deles, nunca aos olhos do pior dos inimigos, que somos nós mesmos, por vezes.

Pelas manhãs afora. Até que a noite nos arrebate e o sono venha, sem que nem ao menos isto possamos contar, em dias como este, em vidas como esta, em erradas cabeças como esta, que a tudo vêem. tudo têm e nunca disto se dão conta, aparentemente, insapiente.

Manhã, bela manhã. Aos meus errados olhos e aos olhos alheios, que comigo tanto brigam, tanto se revoltam, tanto tentam fazer de mim...algo que não sou.

Até amanhã.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Desaparecidos?

Hoje, quase tive a péssima experiência de sair desconsolado do ônibus que apanho para cá chegar; eis que este é dotado daquelas modernas teletelas as quais já relatei a respeito, estava quase morrendo de curiosidade (muita, mesmo, deveras, eu juro. Aham.) para ver o que dizia meu "horósco" do dia. Ao verificar que era o mesmo de ontem e anteontem, saí rindo do busão. Ainda bem que não creio nessa bobajada, que tantos frangos levam tão a sério.

Mas antes mesmo de apanhar este coletivo amarelão, como é de praxe, eu tenho que me usar de outra linha de ônibus, e havia me sentado naquela solitária cadeira que fica perto da roleta, e defronte a um espaço reservado àquela publicação "Jornal do ônibus", que (dizem) estar circulando há mais de dez anos nos mercedões da cidade. Pus-me a olhar para aquele panfleto, tão maravilhosamente ilustrado (Ô!), com seus avisos sobre vacinações, festivais e outras coisinhas não tão relevantes para minha pessoa. Blah, blah, blah.

Mas, de repente avistei uma grande fotografia, muito deformada devido à ampliação de ser uma foto daquelas 3x4. Aparentemente, do documento de identidade de uma menina de 15 anos. Desaparecida.

Eu gelo todas as vezes que vejo este tipo de anúncio naquele jornalzinho. Bem sei que sou um cara muito pessimista, e muitas vezes fatalista, quebrando minha cara diversas vezes, com razão. Mas não consigo olhar para esta seção do jornaleco com alguma esperança. É como se estivesse lendo um obituário.

Vez ou outra, ali aparecem notícias esplendorosas, anunciando que uma das pessoas ali anunciada como desaparecida havia sido encontrada. Em geral, são pessoas de mais idade. Nunca vi anunciarem que haviam encontrado um desaparecido(a) jovem, em especial crianças. E me arrepio todo, pois costumo ser mais empático que deveria ser, por vezes me pondo a imaginar o que deve se passar pela cabeça das pessoas que se deparam com este tipo de situação em suas vidas. A filhinha de oito anos desaparecida. O menino de quatorze anos que foi comprar pão e sumiu no meio do caminho.

Eu acredito na sordidez humana, e bem sei que existe gente ruim, mas ruim mesmo, aos montes por aí. Gente que é maldosa mesmo, que consegue olhar para uma inocente criança e ter...desejos impróprios por tal pingo de gente. Uma criança. É algo muito sórdido, mas inegável na zoociedade moderna: existem tarados que realmente têm esta maldade de apanhar estas crianças pela mão e...fazer coisas inenarráveis com elas. Imagino a dor dos pais, da família, dos conhecidos. E tenho que me refrear, mudar o pensamento.

Mas, cara a cara com aquele anúncio hoje, foi-me difícil sair deste turbilhão de alheia dor que, de repente me dominou e me arrastou para cantos nada iluminados de minha imaginação. Em mais de dez anos de Jornal do ônibus, a seçao comemora, quando divulgam que encontraram Siclano, que já foram encontradas...umas doze pessoas. É muito pouco para que a esperança se acenda em mim.

Lógico, a maioria das pessoas nem se preocupa com tais coisas, e nem deveriam, pois é algo muito ruim, muito desesperador, para se pensar. Melhor não ter empatia nestas horas, pensar no tema nacional preferido do momento, o malfadado esporte bretão para cá trazido em remotas épocas e que tomou conta das mentes dos brasileiros de assalto.

Mas não consigo. Eu olho o retrato, e vejo uma pessoa extinta. Mais uma vítima desses doentes, destes seres absurdamente execráveis que por aí existem, eu que muitas vezes sequer desconfiamos que têm toda esta maldade no coração. Todo este sangue-frio, este desejo torto e muito bizarro.

A viagem errada não para por aí, pois por vezes tais sombrias reflexões me levam a tentar entender a cabeça desses seres abjetos. Aí que a coisa vai para o escambau mesmo, pois não consigo, não me permito entender tal coisa. Não há o que ser entendido: é uma chaga da sociedade. Algo que deve ser uma coisa incurável na mente pervertida, perversa em demasia, destes....caras que se dizem humanos.

E depois me perguntam porquê apoio a pena capital. Por quê? A resposta está clara. Eles mesmo, por vezes, admitem que são doentes, que não conseguem se controlar, que nunca irão se curar. Como diria o insólito Rorschach do filme Watchmen, um de meus personagens preferidos destes recentes filmes derivados dos quadrinhos, "Men are arrested. DOGS are put down."

Pesado o clima aqui reinante, não é mesmo? Por vezes, me exalto nestas coisas. Pois vivo num país onde isto é "normal, acontece todo dia, esqueça, pense na copa! No futebol!"

Não, não penso. Nem na copa nem no futebol. Deveria? Se eu pensasse nisso estas coisas parariam de acontecer?

terça-feira, 8 de junho de 2010

Correspondença.

Faz tempo que o saudável nonsense não aparece aqui? Ligue djá e receba Jesus!

De: Jesus
Para: Fulano.

Meu filho, andei observando que andas meio desaparecido da congregação. Terei de reportar seu sumiço para meus superiorers, e lamento fazê-lo, eis que não aprecio ser um x-9 de ninguém. Darei mais uma oportunidade para você ali comparecer neste domingo. Que a paz esteja convosco.

De: Fulano
Para: Jesus

Colé mané. Zin, cê nem fraga os esquema porra nenhuma. Andei sumido, feito o homem invizíve porquê essa joça de congregação só tem tias falando da vida alheia, que Sicrana é pecadora e que Beltrano anda chifrando Sicrana com Beltrana. E a otoridade vestida de preto anda me deitando uns olhares meio estranhos, feito se eu fosse coroinha. Que merda é essa, eu que não fico ali, zin. Prefiro mais as quenga lá dos baile fanque, fraga?

De: Jesus
Para: Fulano

Irmão, pecadores são todos vocês, todos os homens, criados à imagem e semelhança de meu pai, e não admito que faças semelhante estardalhaço e espalhe tamanhas mentiras sobre a congregação. Não é correto, meu filho. Lembre-se: não julgueis para não seres julgado.

De: Fulano
Para: Jesus

Vei, cê é um mané memo hein mermão? Fica aí dizendo essas coisas, pecador, pecador, blah blah blah. Colé. Eu sou muito mais não sacanear ninguém e ficar na minha. Alinhás, de sacanagi entende bem a otoridade de preto lá que já traçou , além dos coroinhas, pobres crionças, altas senhoras de Santana enquanto elas faziam a confissão. Garanto que as mulé gradaram do santo pau, pois voltam ali direto e reto. Bem reto. E acho que é por isso que elas não abandonam a tal congregação, pois ali têm santo consolo e centro unificado de fofocas. Eu é que ali não fico, zin. Desista.

De: Jesus
Para: Fulano

Meu filho, por que ages assim? Por que prefere o pecado à salvação? Ainda há tempo, meu filho. Não se deixe perder. Lembre-se que meu pai é misericordioso, mas exige tributo, exige respeito. Ainda há tempo, meu filho.

De: Fulano
Para: Jesus

Cara, tributo que me exigem ali é ignorar as indecença da otoridade de preto, tolerar a fofocaiada das véia tudo, e ainda por cima ter de pagar um tal de dízmo, sei lá que merda é essa. Ouvi dizer que a otoridade central é dona dum país intero lá nas oropa, e ainda querem meu suado dinheirinho reservado pras cachaça e pras cachorra? Colé. E muito misericordioso é seu pai né zin. Desde novinho lembro que me disseram que ele exigiu de um de seus maiores fiéis que assassinasse o único filho, que seu pai só arrumou pro cara depois de quase uma vida inteira de reza braba. Que merda é essa zin?? Nem vem que num tem.

De: Jesus
Para: Fulano

Agora passastes dos limites, irmão. Estás de fato perdido. Como ousa questionar os caminhos de meu pai? Ele age de formas misteriosas, mas sempre vos têm em consideração, eternos pecadores. Lamento muito sua perda, meu filho.

De: Fulano
Para: Jesus

É das coisa que não grado ali, zin. Esse papo de que seu pai age de formas misteriosas. Segundo aquele livrão lá, eloe apoiava o extermínio de quem não fosse com a cara dele, exigia que matassem as mulé que não se casassem virge, e o escambau. Se fosse assim, nem tinha mais mulé no mundo, zin! É isso que cê quer véi? A extinção completa das mulé? Aí, depois vai todo mundo virar bicha e como é que cês vão fazer hein zin?? Não que tenha algo contra tal coisa, cada um dá o que é seu e ninguém tem nada com isso...a não ser vocês, não é? Que tanto recriminam esta prática, apesar de forçarem as otoridades de preto das suas tais congregação a fazerem coisa semelhante...com crionças. Cê ta de sacanagi comigo, ou é uma puta falta de sacanagi hein zin? E a tal da Maria lá hein mané? Cê andava com doze caras e uma puta véi. Cê é mais parecido comigo que tu pensa, mané. Acho que cê tá nessa também só por que eu te dei uma surra no boliche outro dia né Jesus?

De: Jesus
Para: Fulano

Cansei dessa merda. Ninguém fode com Jesus, seu fidaputa! Cê mostrou uma arma pro velhinho lá, ele se borrou e foi só por isso que chegastes às finais no boliche, seu puto dos infernos. Aliás, inferno é o que vais encontrar no seu caminho. Nobody fucks with the Jesus!!

De: Jesus
Para: Fulano

Aí, peguei no teu ponto fraco né mané. Chât de fok Âp, seu porra. Não me faça ir aí e te humilhar de novo no boliche, cretino. Fica aí falando esse tanto de merda, mas outro dia mesmo transformou um tanto de água em vinho só pra deixar sua galera bêbada né. Só faz milagre quando é conveniente, não pra realmente ajudar os caras que tanto se ralam pra pagar o tal do dízmo na congregação lá, e ainda por cima permite que uns 171 dos infernos, esses sim dos infernos dicunforça, em outras congregações porraí roubem descaradamente o povo que vai lá, que têm que deixar com as otoridade de lá o que vai lhes fazer falta, a grana que mais necessitam, como se estivessem comprando um lote no tal céu, casa de teu pai. Bela casa essa. Sai fora, mané. Chât de fok Âp.

De: Jesus
Para: Fulano

Vá para o quinto dos infernos! Não me mande mais nenhuma correspondência. Arderás no mármore do inferno, seu puto.

De: Fulano
Para: Jesus

Ficou bravinho né. Eu estou bem mais calmo que você, rapá. Bem mais calmo. Posso ficar aqui te retrucando horas a fio. Eu sei que posso ser gente boa sem essas porra de dóguima ou seja lá que merda for essa. Eu penso, mané. Penso e não aceito essas porras.

De: Jesus
Para: Fulano

Não me mande mais nada, seu filho duma cadela da Galiléia.

De: Fulano
Para: Jesus

Certo véi. Boa sorte para você com essas cunversa fiada aí.

De: Jesus
Para: Fulano

Vai se fuder.

De: Fulano
Para: Jesus

Tem jeito não véi. Tenho essa jeba toda não.

De: Jesus
Para: Fulano

PARE COM ESSA MERDA PORRA!!!!!1

De: Fulano
Para: Jesus

Ok véi, não se exalte.

De: Jesus
Para: Fulano

Filho da puta.

De: Fulano
Para: Jesus

Ué achei que eu era filho do seu pai lá. E se fui criado à imagi e semelhança dele, quer dizer que ele também é isso que cê falou aí?

De: Jesus
Para: Fulano

Vai...Tomar...no cú, seu infiel. Pagão duma figa.

De: Fulano
Para: Jesus

Pra começar, "cu" não possui acentuação, segundo a gramática portuguesa. E pagão eu não sou. Quer cair pra dentro mané?

De: Jesus
Para: Fulano

Estou indo para aí agora mesmo.

De: Fulano
Para: Jesus

Pó vim, zin. Te enfio os cinco dedo na cara, mané! Garotinho juvenil criado com ovomaltino e leite com pêra!!

Nesta altura, o autor verifica a chegada de seu superior de TI que é crente convicto e acha melhor parar porraqui. Acho que já garanti minha excomunhão, não preciso garantir minha demissão também.

PS - fiz refêrencia e homenagem a duas coisas neste textículo: ao filme "The Big Lebowski" e a um site dos melhores "trolls" que a internet já produziu, ao menos em termos de humor, chamado David Thorne. Fica aqui a recomendação do Noiado. Ambos valem a pena. Excelentes bálsamos para os mau humores que por vezes tanto nos assolam a vida.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

O casório de meu irmão.

Aconteceu no sábado. A mudança.

Mudança sem muito mudar o que nós todos já sabíamos, já conhecíamos. Ainda assim, foi dos acontecimentos mais importantes do ano. Coisa que raramente vemos, ainda mais em meu meio, meu círculo de amigos e conhecidos. O casório, de meu irmão Rafael; irmão este sem ser de sangue, por assim dizer, mas de fatoi um irmão, um destes caras que devemos conservar em nossas vidas, uma destas pessoas que sempre podemos contar, nas mais negras horas de nossas vidas.

Fui convidado para ser um dos padrinhos, através de um email o qual ele acrescentou, "bem sei que não gostas de tais formalidades sociais; se não quiserdes proceder como tal, entenderei bem." Evidentemente, o email não estava assim tão floreado por tal jargão advocatício, mas bem sabem os que me conhecem que tendo a assim escrever, apenas para encher render uma certa forma de humor.

Deixando de divagar, volto ao caso. Evidentemente, aceitei tal "encargo", pois como já disse, um irmão é um irmão, e não existem sacrifícios que não fazemos por tais pessoas. Sou de fato um cara questionador de todos os inúteis ritos sociais e por vezes até me exalto em tais recriminações, mas afirmo que nem sequer pestanejei. Para mim foi verdadeira honra ser selecionado para tal tarefa.

Evidentemente, ocasiões solenes como esta requerem alguma sorte de sacrifício para um ser avacalhado e mentalmente marginal como eu. A inglória necessidade de ter que me enfiar em uma certa combinação de roupas as quais já previamente escrachei aqui neste diário quase diário de resmungos. O malfadado terno. A maldita gravata. Por mais que me digam, eternamente odiarei tal traje. Vem do sangue.

Enfim, não recuei nem pestanejei. Que venha o terno. E camadas adicionais, evidentemente, de roupas um tanto menos prestigiosas por debaixo da fantasia. Pois bem conhecia o terreno em que a cerimônia iria ser realizada. Conheço bem o Retiro das Pedras, desde meados de 1990. Sei o frio que ali faz, e o que me esperaria naquele fim de tarde. Achei estar até exagerando, quando me vi vestido com tantas camadas de roupas, mas ainda em minha casa, onde já faz frio normalmente. Mas o bom senso e a experiência não me falharam.

O frio que ali fazia era exemplar, digno dos velhos tempos. Minhas camadas extras me salvaram, e eramaté meio insuficientes para o ambiente externo da capela. Tive dó das mulheres que ali compareceram, entretanto: todas mui elegantes, mui apreciáveis aos olhos de todos os marmajos ali existentes, mas muito despreparadas para tal inóspito ambiente polar. Enfim.

Faziam anos que não visitava tal capela, e não me lembrava de todo seu esplendor, localizada à beira do penhasco, com uma vista absurdamente bela. Eu e os demais padrinhos e madrinhas fomos orientados por uma agente da Gestapo disfarçada de organizadora de casamentos, e confesso que não entendi quase nada que a dita falava, eis que não entendo bem o alemão de Auschwitz. Entrar pra direita, pausar no meio, ir para o teto, cair de bruços, pisar na lua, o quê?!

Ficamos entontecidos pelas instruções, e aguardamos a chegada da noiva, que como de praxe, chegou um pouquinho mais tarde que o noivo, este meu irmão tão avacalhado como eu; conforme fui informado por outros amigos, o cara ficou tomando umas cervejas com outros convidados em sua casa momentos antes do casório, trajando roupas absurdamente surradas e agindo com sua naturalidade escrachada de sempre. Ri muito deste informe, pois bem conheço meu irmão: apesar destes pesares, na hora marcada, lá estava o cara, impecavelmente vestido e arrumado.

Quando a noiva chegou, houve certa demora para que ela saísse do carro: haviam reportes de choro incontindo no interior da moderna carruagem, e requisitaram um lenço. Eu, como bem conheço minhas alergias ao frio, havia levado um no bolso e acudi prontamente, aos comentários de "este sim é um cara prevenido". O mais engraçado, entretanto, era que o lenço não era destinado à noiva, mas sim ao pai dela, que rompeu em pranto assim que avistou a fileira de padrinhos e madrinhas defronte à capela. Agora era hora de entrar na igreja e seguir o mapa e o plano de batalha de Fräulein SS. Como? Nem sabia.

Felizmente, executar tal entrada não foi tão difícil assim, e tudo correu bem. Apenas segui meu par, a irmã de sangue de Rafael. Deu tudo certo, e a cerimônia começou. Custei a avistar Jade no meio de tantas cabeças que espichavam o pescoço para terem a primeira visão da noiva. Eu mesmo estava um tanto emocionado, pois bem me conheço nestas horas solenes, ainda mais envolvendo pessoas para mim importantes como o casal que estava prestes a oficializar o que todos já sabiam há anos, o que todos já estavam acostumados a ver. Sim, sabíamos que eles já eram casados, mas não diante dos ritos exigidos pela religiosidade que as famílias de ambos tanto queriam ver de perto. Enfim, é a vida: tem destas coisas.

A cerimônia "episcopal" foi curta (para alívio conjunto de todas as fêmeas tão carnalmente expostas naquele recinto) e sem maiores incidentes, contando apenas com uma crise de riso por parte da noiva, que foi tentada a fazer tal "deslize" por alguém lá de fora, que segundo me disseram, fez uma careta para ela. Tudo correu bem, e fomos direcionados para o exterior da capela onde a agente Helga SS, empunhando sua cruz de ferro, exigiu que as madrinhas e padrinhos se reunissem por detrás da capela para sessão solene de fotos e atiramento de arroz nos noivos, agora consagrados aos olhos da igreja. Atiramos nossos punhados de arroz na gelada escuridão, e escutei Rafael gritar, "Porra! é pra jogar pra cima galera, e não na minha cara!" Risos, risos. Adiante. A recepção nos aguardava, fora do condomínio mas não tão longe assim.

A festa foi o encerramento ideal para tal evento. Estava tudo muito bom, eu sorria incontrolavelmente, e meus músculos da face protestavam devido ao prolongado desuso por ser este ser turrão que tanto se isola do mundo. Sorria muito indiferente às duras penas de pôr tais aparatos em funcionamento, pois ali encontrei quase todos meus amigos que fiz em tantos anos de idas eventuais àquele condomínio. E me sentia muito bem. O astral estava muito bom. Estava com medo que meu lado negro se manifestasse naquela noite, e alguma espécie de mau humor indefinido ou depressão súbita tomasse conta de mim. Já aconteceu antes.

Mas não naquela noite. Estava me sentindo muito bem, estava tudo muito bom. Tomei várias taças de champanhe, que estava surpreendentemente bom, comi diversos salgadinhos igualmente agradáveis ao paladar, joguei conversa fora com vários amigos, sendo que dois deles, meus capetinhas preferidos, aqueles seres que ficam por perto de um cara bobão feito eu, não cansavam de tentar me levar para o "mau" caminho. Peer pressure mothefuckers, I would say. Mas eu recevbia tudo com bom humor e rechaçava tais propostas com minhas exaltações teatrais de sempre, temperadas de meus típicos xingamentos: "Dançar é o caralho, pode ir sem mim seu viado" e quejandos.

Como era uma noite especial, de muitas indulgências, avistei alguns de meus amigos se intoxicando com a tal nicotina, que tanto me tenta nestas semanas, e lá fui também inalar tal coisa. Senti um misto daquela estranha sensação causada pela abstinência prolongada de tal agente intoxicante, e senti o alcóol dos champanhes se manifestando prontamente. Mas não houve nenhum incidente maior que este. Procurei poor coisas não alcóolicas em seguida, e fui mesmo um dos primeiros a se servir da magnífica comida ali servida naquela noite, e me restabeleci por completo. Não desta vez, vil etílico vilão, não desta vez. O senhor falhou em me fuder nesta noite. Fiquei muito satisfeito com isto.

Depois, continuei a trocar idéia com meus amigos, e os capetinhas continuavam a me tentar, e eram continuamente rechaçados. Estive firme a quase tudo, menos à visão de nova rodada de cigarros: para lá fui novamente, lá me intoxiquei novamente, e senti novamente aquela queda de pressão previamente relatada.

E nestal hora, um dos capetinhas me capturou pelo braço e me arrastou de surpresa até a pista de dança, lá me jogando, no meio daquela profusão de corpos que se contorciam conforme a música. Eu, robô, como sou, já senti a adrenalina subir, devido a tal vexatória situação. Mas naquela noite estava determinado a NÃO ser o chato da festa, e lá fiquei me contorcendo também, para o delírio de alguns dos presentes, como a noiva e sua irmã, que muito se embasbacaram de ver o Noiado no Sótão ali estar, arriscando rispiveis passos horrendos de dança. Minha irmã mais nova também, também não muito fã deste tipo de atividade, quase foi forçada a dançar, mas se limitou a muito se rir de minha hilária figura que parecia estar tendo um ataque epilético. Sengindo ela também, naquele momento estava meio enjoada devido às champanhas por ela ingeridas. Os capetinhas tentaram e tentaram convencê-la, mas ela foi mais firme que seu irmão e só ficou ali mesmo contemplando a comédia da noite.

Felizmente, nesta hora a música era muito boa, aqueles famosos remixes intercalados de mpusicas dançantes de tempos passados, swings e afins, velhíssimos "roquenrous" pais do gênero que tanto aprecio e tantas outras melodias realmente agradáveis para estes momentos. Quando a música de repente passou a se enveredar em praias por mim não muito apreciáveis, eu me esgueirei para fora dali, e fui beber alguma coisa. Em verdade, não estava mais nem um pingo bebâdo, e para ser sincero, estava mais era com simples sede, devido ao escesso de roupas ter quase me cozinhado vivo naquela hora.

Mas nem tudo são flores, e alguma coisa quse sempre dá errado para alguém em tais eventos, e avistei um de meus mais antigos amigos da galera do retiro arrastando para fora do salão sua namorada, com uma cara de fúria estampada em seu rosto. Mais tarde, ele reapareceu, e me relatou todo o acontecido: o alcóol, que tanto tentara me arruinar, tinha sido mais eficaz com sua namorada, e ele estava muito contrariado. Eu tentei conversar e fazer o possível para amenizar sua aflição mental que estava-lhe amargando a boca, estragando sua noite. Espero que minha conversa tenha ao menos amenizado de fato um pouco a coisa, pois é um cara que tenho muit consideração, companheiro de velhas nerdices por nós, os nerds infalíveis do retiro tanto vivenciadas em invernos passados.

Dali em diante, a festa, que parecia estar em um lapso de tempo, com uma temporalidade diferente do mundo exterior, foi se acabando aos pouquinhos, mas ainda houveram momentos memoráveis, como o "crowd surfing" do noivo, que foi capturado por nós e carregado por todo o salão, culminando mesmo no tradicional arremesso para o alto, como se fossêmos uma espécie de cama elástica para o infeliz. Infeliz? Qual nada, o cara rachava de rir até não mais poder, e decebeu nosso abraço coletivo quando encerramos a arriscada atividade bebum. Creio que era o único sóbrio no meio daquela galera. Felizmente, não aconteceu nada, ninguém se feriu, e até mesmo as maigas da noiva nos imitaram, muito para o riso de Jade. A coisa se reptiu mais umas duas vezes, pois as rodadas alcóolicas não paravam de circular pelo recinto, e estavam todos felizes e devidamente inebriados.

Quando estava prestes a me decidir por encerrar a noite, os capetinhas novamente me apareceram com uma oferta os quais pensaram ser algo do tipo "an offer you can't refuse", pelo que entendi.

Não.
Não.
Não.

Fui irredutível, mesmo para o desgosto deles, que suponho ter até me levando em desconsideração perante tal recusa. Mas não me arrependo de ao menos nesta hora ter-me mantido firme em meus princípios (estas coisas tão incompreendidas por meus companheiros). Vi que causei surpresa, eis que a vi estampada ao menos no rosto do mais novo deles, que muito intoxicado estava, devido ao consumo quase initerrupto de copos e mais copos do mais autêntico Scotch (bebida que, após uns quinze anos sem ter provado, continuou absurdamente horrenda para este que vos escreve. Certas coisas nunca mudam, creio eu.) Perdão, senhores. Isto não. O mais velho dos agentes da Peer Pressure, Inc. simplesmente aquiesceu (abanando a cabeça), sem muito insistir.

Lá se foram eles, muito para desapontamento de Rafael, que ainda conseguiu soltar uma piadinha infame que causou muitos risos. Nesta hora, decidi permanecer mais um tempinho, pois a festa estava quse morta de fato, e a leva que saiu dali naquela infame hora levou quase todos os amigos mais próximos do noivo. A música reinante me remetia a um certo vídeo também. Conversei mais um tempinho, comi mais uns doces, todos esplêndidos ao paladar, e me despedi depois de uma meia hora, mais ou menos. Sem mágoas, sem arrependimentos, me sentindo muito bem.

E assim aconteceu, ao menos em meus olhos, a união de duas pessoas muito importantes para este torto ser, que tanto escreve e escreve, e tanto se recrimina de não ser assim ou assado. Foi tudo muito bom, tirando-se as tensões previamente relatadas.

Mas o fato que mais me surpreendeu na noite foi algo que NÃO deveria ser uma surpresa. Foi o tanto que meus amigos do nada chegavam para mim em tal reunião e manifestavam os "protestos de elevada estima e consideração" para com minha pessoa. Me surpreendi com isto, e me fez muito bem. Saber que apesar de ser eu este feixe de contradições, este mistério insolúvel para os capetinhas e os outros companheiros ali presentes, isto foi a melhor coisa que me aconteceu na noite, e me causou uma sensação comparavél a um "high" sem agentes nicotínicos, alcóolicos ou seja lá o que for, que caras como eu procuram em seus momentos de maior desespero. Em momentos que não estou cercado por meus amigos.

Obrigado, senhores. Por vezes, salvam a vida deste Noiado.

E parabéns a meu...nosso irmão Rafael e à Jade. Que assim seja, sempre, do jeito que sempre foi, mesmo dantes de tal oficialização religiosa. Aos olhos de um certo deus, estão casados. Aos nossos olhos, sempre estiveram.

E que assim seja, como diria o padre que lá ficou a dizer coisas que nem ouvi.

Que assim seja.