sexta-feira, 4 de junho de 2010

Pólo sul do centro-oeste do sudeste.

Ah, sexta-feira, bom dia a todos. E bom meio de feriado a todos que como eu, trabalham nalgum ofício que vos impede de em casa permanecer, por debaixo das bobertas, curtindo o frio adoidado. Chocolates quentes e fondues, todos estes atrativos desta época.

Como sou apenas um cara que trabalha no TI desta empresa, humildemente despertei de meu aconchegante sono - dormir é uma das melhores atividades que possa ser realizada em invernais períodos - vestir-me lentamente devido à noite que ainda não abandonou meus olhos tampouco minha mente, vestir-me com uma camisa e uma blusa de frio e...insuficiente. Duas camisas e uma blusa de frio...não é o bastante! Uma camiseta, uma camisa, uma jaqueta e uma blusa de frio. Acho que é o suficiente. E um gorro de lã.

Olho-me no espelho de soslaio para certificar-me que o ar de lobo do mar ainda não me abandonou. ARRRR! Pode me chamar de Ishmael.

A expedição do pólo sul pode-se ter início agora, com o intuito de explorar as paragens próximas à praça do Papa, local onde espero apanhar meu ônibus, se é que os motores (ambos, com o perdão do trocadilho da gíria) e os agentes de bordo não congelaram por completo naquele gélido vento que ali faz, em especial nesta época do ano, rajadas de facas geladas atiradas contra nossos rostos.

Eu e mais ninguém chegamos ali, e espero não ter que por muito tempo ter de permanecer ali, pois em dias ditos "especiais" que entremeiam estes feriados que nós, não mais estudantes não temos o privilégio especial de poder "emendar", o quadro de horários deste meio de transporte público costuma se alterar.

Não foi o caso, entretanto. Felizmente. Eu e mais outros dois gatos-pingados que também enfrentaram os ventos e as baixas temperaturas, nos regozijamos em avistar o mercedão azul que veio nos apanhar no horário de sempre. Eu, com minhas músicas sempre nos "zuvido" pus-me a rir discretamente no fundo do coletivo quando de repente escuto o shuffle me agraciar com esta pérola da banda Alice In Chains:

"Like the coldest winter chill,
Heaven beside you - hell within"

Bem apropriado, senhores. Obrigado pela participação especial na data semanal do dia.

Esqueci-me foi de certificar juntamente aos diversos termômetros espalhados pela cidade de qual era a medida do frio em si. Em geral, a parte sul de BH onde resido é agraciada com no mínimo dois graus a menos que o centro da cidade, e mentalmente costumo fazer inúteis estatísticas a respeito de tais variações de temperatura. Talvez devesse estar trabalhando no IBGE, quem sabe?

Engraçado é que bem sabemos que este frio de minha cidade, não é nada perto das regiões mais austrais de nosso país, e que o inverno do país em si é patético em relação ao inverno de outros países mais setentrionais (de fato, Buriol, podes no IBGE trabalhar. Como isto tudo soa a aula de geografia, eheheheh). Nestas horas me pergunto se algum dia suportarei de fato migrar para meu país de origem genética e o qual adotei como sendo meu país de coração, a saber os cafundó do meio da europa chamado República Tcheca. Agora que possuo tal cidadania, quando me olham torto por não corresponder aos tais nefastos hábitos, digamos "reprodutores" deste país, posso ao menos ter este alento de poder afirmar que daqui não sou, ao menos não em meu coração de branquelo estrangeirado para cá transplantado pelo infortúnio que foi a segunda guerra mundial, que forçou meus avós para cá migrarem.

Sou estrangeiro, estou aqui de passagem, digo rindo. Não quero mais brigar por isto e o digo com meu humor de sempre, por vezes gélido como os ventos desta manhã, por vezes queimante como o fogo dos infernos. Mas não quero que nada seja mudado, apenas respeitado. Somos todos diferentes. Assim como eu saí de casa com quatro camadas de roupas, teve gente que saiu de camisetas sem mangas, para exibirem seus corpos e o quanto são "machos" para eventuais fêmeas que por eles se interessem.

Assim é o mundo, e não quero mais mudá-lo. Não quero dar de encontro a uma parede inemovível, indestrutível, insensível a todos os apelos e protestos que apenas um cara pode fazer, mesmo que quase diariamente.

E esqueçamo-nos detudo isto, e curtamos o que a estação tem a oferecer, seus fondues, seus quijos, suas tardes preguiçosas de feriados em quinta feira, com suas lareiras acesas e alguns DVDs a rodar, em boa companhia de sua família ou outras companhias com as quais possamos nos aconchegar e com o calor de nossa endotermia nos alentar.

E eis que o final de semana se aproxima e nos vem salvar, ou mais apropriadamente, nos vem deparar com outra mudança, que faço todos os votos que seja para melhor, e que melhor relatarei na segunda, bem dito.

Bom frio de semana a todos, e que seus confortos sejam encontrados, compartilhados. Muitas lareiras, vinhos, cafézes e...boas companhias, sempre as boas companhias. Que tanto nos salvam a vida, quer seja no cerne gelado de nosso tupiniquim inverno, quer seja na profundeza de nossas irriquietas almas.