segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Faxina.

Estou em um sábado, novembro. 2009. É preciso arrumar minhas paragens, meus aposentos, meu irredutível reduto. Coloco algo que soa como 2009, apesar de em 2005 ter sido gravado, enquanto me preocupo em remover eventuais lixos removíveis pela ação das mãos, isentas de outros aparatos de limpeza. A mesa reina o caos, lápis espalhados em meio aos papéis, tantos papéis, tantos rabiscos. É preciso reunir tudo, averiguar o que pode ser eventualmente avaliado por outrem e o que deve - na concepção deste - ser escondido aos olhos alheios.

Termino de apanhar todos os ciscos de maior porte, enquanto sou transportado continuamente ao mesmo ano em que descobri tal banda, 2009. Música rola solta, alta e animada, repleta de overdubs bem sacados, bem sincronizados. Paro por um instante de remover a poeira dos móveis para deixar-me arrepiar por um certo momento musical que faz-me um sentido especial. Ah, como é possível que traduzam de tal forma esta alma, em formas tão inusitadas como esta.

É chegada a hora de acrescentar ruído não-musical à faxina, uma vez que para uma adequada limpeza do sótão irredutível, faz-se necessário usar o aspirador de pó. Desligo o computador e o som, resignado em não poder competir com o ruído de tal aparato, mas triunfante enquanto sei de outra alternativa para poder ainda assim vencer. Apanho meu pequeno iPod e meu fone de ouvido cancelador do mundo externo, e parto para o segundo round.

Faxinas devem existir, mas devem ser devidamente acompanhadas de algo que as torne mais toleráveis. Música para os ouvidos, música que vence até um aspirador. E como estou ouvindo através de um aparato em que o modo randômico faz-se necessário, sou transportado continuamente em várias viagens no túnel do tempo, enquanto limpo minha área. Começo em 1996, fico ali me recordando de como eu resolvi mudar a medicina por outra linha, e fui bem-sucedido, ainda que tenha me fudido no processo. Depois, vim parar novamente em 2009, com outro duo minimalista de som completo os quais fui apresentado em meados deste ano.

Enquanto prossigo, volto para 1993, ano do declínio da economia familiar. A música é boa, mas a lembrança não. Passo adiante, e volto para 2003, época do carnaval. Época em que com tal trilha sonora, fiz minhas primeiras experimentações com resultados agradáveis em guache na minha vida. Bons tempos, boa música. Permaneço ali por uns quatro minutos, depois indo para 2006, ano que descobri que o navio estava mais uma vez naufragando diante da ruína das promessas de um certo edifício localizado perto da lagoa da Pampulha e tão fedorento quanto. Tão podre quanto. Não muito boa lembrança, porém muito boa música. Deixemos rolar.

Metade do assoalho de madeira cru está limpo, e tornamos para 1994. Grandes promessas abundavam em tal época, e a maior de todas era este disco que escuto, que foi um grande disco de uma grande banda, em um ano bastante interessante. Retorno imediatamente ao segundo ano do colégio, onde durante várias aulas eu passava caricaturando de maneira bem simplória as desventuras ocorridas em sala de aula, com seus professores estranhos e alunos um tanto irrequietos. Dali volto para 2009, ano que uma ex-banda reformada no ano anterior resolveu lançar um escelente disco duplo, repleto de canções inéditas e ao vivo, com solos de guitarra nada desprezíveis e bem diferente daqueles horrendos solos de beira de penhasco que o hard rock e o metal tanto insiste em cuspir em seus discos. Aquilo sim é solo.

Nesta nota, estou quase acabando, e volto para 1998, bom ano em que o outro curso superior devidamente completado ainda parecia que iria fazer algum sentido. Fazia tempo que não era remetido a tal época, e que não escutava tal canção, então paro de pensar na poeira e volto a tal reflexão. Nada de muito bom impera ali, e volto para a poeira. Dali volto para meados de 2007, época que ainda estava completamente imerso em um mundo paralelo, comprado por 15 dólares mensais e que me trazia uma possibilidade, ainda que irreal, de ser alguém de importância na vida.Figura de peso, ainda que não existisse além da fantasia. Apresso-me em mudar a faixa: ainda não estou 100% recuperado de tal época.

Aspiro as poeiras existentes no teclado de meu aparato computadorístico e dou por encerrado a tarefa. Desligo o aparato, religo o computador e ligo o som para todos. E volto para 2009, ouvindo mais novidades adquiridas neste ano, mas que são de outras datas. Mas que irão marcar, em minha memória, este final de semana do ano de 2009. Os nada extraordinários eventos do final de semana estarão inclusos nas notas de tal banda, nesta época por mim descoberta.

E assim prosseguirei na vida, com minhas lembranças musicais, sempre me remetendo à memória acossiada à música da ocasião.

E já tá na hora de parar de escrever.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Musga.

Mais uma vez, mais uma sexta. As férias estão chegando e há júbilo em meu ser, por conta disto. Mas não somente por isto. Estou hoje meio que embasbacado, sem nem mesmo saber se posso chamar isto de embasbacação. Será que existe esta palavra? Enfim.

Conforme dito desde o início desta semana, fui apresentado a uma dupla de músicos no passado final de semana que atendem pelo nome de El Ten Eleven. Acho que posso afirmar que foi uma daquelas coisas que te dão uma chacoalhada, fazem ter uma reviravolta em sua vida. Não, não chega isto tudo: é a penas meu lado exagerado falando. Mas mesmo assim, eu estou cada vez mais abismado com aqueles dois, e ontem à noite, após ouvir uma das músicas mais legais desta dupla - a saber, "Connie" - eu resolvi desenterrar uma de minhas muitas aquisições de mim para mim que adquiri ao longo deste ano de 2009(o menor loop station já inventado pela Boss) e resolvi tentar imitar, na medida do possível, o baixista/guitarrista de tal banda.

Evidentemente, não sou nada em comparação com tal cara, mas fiquei um tanto entusiasmado enquanto ia construindo em meu pedalzinho certos fragmentos que iam crescendo, se tornando cada vez mais interessante, mais sonoro. Eu gostei muito do que fiz ontem, ainda que tivesse sido apenas eu e o ar ali presentes.

Mas acho que é assim que deve ser, por mais que pra mim a coisa tenha feito muito, mas muito sentido, eu já meio que cheguei à conclusão que as coisas que eu invento no âmbito musical só fazem sentido para mim. Faz parte de meu universo autista, por assim dizer. Creio que passou muito perto de não ter nascido um portador desta infeliz síndrome. Já verifiquei isto ao tocar perto de pessoas muitas vezes, enquanto eu acho as coisas que faço completamente legais, o resto me olha com cara de interrogação.

Acho que faz parte também de ser um "músico" de meia tigela, que só toca por tocar, sem nem saber o que está fazendo. Nunca consegui ir muito adiante nos estudos teóricos musicais, infelizmente. Por falta de tempo e falta de ânimo, devo admitir. A parte teórica da música é algo que demanda muito tempo e paciência. Coisas que nunca tive em abundância.

Mesmo assim, dane-se. Se é pra fazer a música de mim para mim que assim seja. O tal pedal me permite explorar bem as minhas viagens autistas musicais sem necessariamente precisar de uma banda para tentar entender o que o viajandão aqui está querendo fazer. Irei adquirir um modelo melhor de loop station em breve para integrar ao meu pedal já existente, e fazer um treco mais estranho ainda. Eu quero, eu posso.

Eu posso até dizer que preciso disso, tamanha foi a satisfação que tomou conta de mim ao fazer coisas um pouco mais complexas, mais cheia de camadas, como as bagunças que fiz ontem À noite. Acabou que não fiz mais nada além disso ontem à noite, mas teve bão.

E que venha o final de semana. Irei continuar fazendo minhas bizarrices. De mim para mim, que posso fazer? É bem estranho meu mnundo, mas daqui não saio. É mais musical que essa bagunça dos outros.

Que venha o final de semana. Que seja musical. E rabiscal. E outros tantos "als".

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Internétis.

Cá estou, novamente, um tanto atrasado, por motivos de TI. BIOS no sistema afetou em muito a conectividade em esta manhã, pondo frangos em geral a cacarejar desesperadamente pelo seu tão amado acesso vital à rede de blahblahblah mundial.

Engraçado isto né. Anos atrás, lá pra 2001, 2002, de quando minha primeira estada em esta empresa se processava, não tínhamos acesso a nenhuma internet neste local. A única conexão permitida aqui era para se retirar extratos de banco. Apenas um computador tinha modem - a famosa e temida conexão DISCADA - e só se entrava pelo tempo necessário para fazer a operação.

Sete anos mais tarde, a coisa está completamente diferente. Mesmo antes; a internet banda larga e disponível para todos os computadores da empresa tomou forma em 2003. Neste princípio de manhã que ficamos momentaneamente desconectados da tal rede, o caos começou a imperar aqui. Em questão de minutos todos estavam deseperados.

É estranho como em menos de uma década a coisa mudou tanto. Não que a internet não existisse naquela época, em 2001, 2002. Eu mesmo tinha meu famoso cabo de 30 metros de fio telefônico que tinha que esticar pela casa para ligar numa tomada pra coisa funcionar, a partir da meia noite em dias de semana. Mas nem cogitava a possibilidade de ficar o dia inteiro conectado. No serviço então, era ainda menos plausível.

Agora, se ficarmos dez minutos sem a coisa, sentimo-nos incomodados, literalmente. E por mais que se diga que a rede mundial é isto e aquilo, ela também é uma excelente fonte de perda de tempo. Como um amigo meu me disse esta semana, citando uma frase que ele leu na própria internet, "A internet é o altar onde sacrificamos nosso tempo."

E é verdade, pois este tanto de informações tão facilmente disponível a todos é algo extremamente viciante. Entretanto, eu não condeno de forma alguma a existência desta moderna "necessidade vital". Aprecio muito conseguir ter acesso a informações e conteúdos que de outra maneira nunca chegaria às minhas mãos, aos meus ouvidos. Quando, eu me pergunto, quando eu iria saber algo a respeito de bandas como El Ten Eleven(que cada vez mais aprecio e me surpreendo quando vejos seus vídeos de shows ao vivo)?

Acho que nunca.

Não nego entretanto, que se nos deixarmos levar, perdemos horas e horas vendo bobagens na rede. Quer coisa que te leva mais à perda de tempo que um site como o YouTube? Você vê um clipe duma banda que você gosta, olha os links relacionados, resolve clicar em um, que abre outras tantas recomendações, que vão se ramificando ad infinitum. Dez horas depois, o que começou com uma simples pesquisa sobre um vídeo legal se transformou em uma torrente de inutilidades. Começou no clipe, terminou em receita de chucrute em alemão com legendas em português, ou coisa parecida, horas mais tarde.

Mas enfim, como adicto da coisa que sou, não devo negar que sinto falta dela quando ela falha. Quando afirmo que não assisto mais televisão escondo o hábito irremediável que tenho de chegar em casa e automaticamente ligar o computador e o acesso à tal da rede mundial.

A tecnologia de fato muda nossos hábitos.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Demônios.

Existem noites mais profundas que outras.

Não sei bem quanto tempo fiquei ali, matutando sobre tudo que tinha me acontecido até então. Nada de muito agradável, pela minha contabilidade. Mas, olhando ao redor, eu achei que ali seria o local mais ideal para fazer o que eu tinha que fazer.

Eu só precisava saber o que seria isso. Olhei para o balcão, me perguntando quantas pessoas já teriam passado por ali hoje...quantos copos teriam corrido por aquele descascado acabamento. Olhei adiante, direto nos olhos de meu demônio, que ali estava, ali pousava. Ali me tentava. Bastava dizer a palavra: uma.

Mas nada veio. Eu olhava tudo aquilo, toda aquela atmosfera que me tinha sido tão familiar por tanto tempo...e que agora, quase mais nada significava para mim, além de recordações nada agradáveis. De longe, os únicos olhos familiares e fraternos que ali existiam me analisavam, sem muito entender o que estava acontecendo.

Eu mesmo não sabia. As coisas tinham finalmente começado a andar, o que estava eu ali fazendo? Sim, haviam muitas chatices ainda reinantes, mas nem de longe eu tinha em mim a antiga ânsia de procurar meu demônio para nele me expurgar de todos meus problemas. A causa e a solução. De tudo que havia me acontecido.

Não...não deveria eu impor culpa em algo que por si só nada faz, nada vale, nada ameaça. Todos eles me encaravam, na prateleira adiante. Algo dentro de mim não me permitia emitir a tal palavra, que acabaria com toda esta minha presente angústia. Algo que não saberia dizer o que era.

Talvez a necessidade de não me repetir. Por uma vez, somente uma vez, não fazer o que eu plenamente sabia que não poderia fazer. Não deveria fazer. Não seria a primeira vez que tal coisa aconteceria, pois já tinha visto tal cena acontecer muitas e muitas vezes ao longo dos anos que ali frequentei.

Anos que ali desperdicei. Anos que ali não existi, apesar de ali sempre estar, presente. Ciente. Cliente. Fiel cliente.

Não. Não seria desta vez. Me levantei lentamente, e olhei ao redor. A fraternidade daqueles olhos comigo estiveram por um breve instante, comunicando muito mais que palavras, milhares delas. um novo respeito surgiu ali, mesmo uma certa simpatia. Sorri timidamente para eles, e me dirigi para a porta, desviando-me das alegres pessoas que ali se divertiam ou se perdiam. Não cabia a mim dizer. Não saberia dizer, também. E mesmo assim, não poderia muito fazer.

Diante da porta, me voltei uma última vez para a tal prateleira.

Nada além de meros objetos sem voz. Sem ação.

Demônios somos nós mesmos, concluí enquanto dali saia.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Saudável, ável.

Está fazendo muito calor por estes dias. Não que isto me desagrade tanto...eu prefiro o tal do calor a frio por razões alérgicas: frio me põe doido de tanto espirrar; sabe-se lá por que motivos o corpo da gente se comporta de tal maneira. Eu apenas sou assim, e conforme aprendi em imunologia na época da biologia, ninguém sabe nada. (Ninguém sabe nada!!) Então, eu tenho mais é que gostar do calor.

Mesmo assim, não há nada que possa se tornar incômodo quando em excesso, e é o que vem acontecendo nestas dias. Quando aqui chego, só escuto chororô dos frangos a respeito de como eles nem conseguiram dormir, de como as lojas devem estar vendendo ventiladores a torto e reveria, blah blah blah. Eu mesmo acedi a um desejo "consumista" na semana passada comprando para mim um pote grande de sorvete de creme da Kibon. Fazia muito, mas muito tempo que não comprava um treco daqueles, só pra mim.

Mas...ao chegar em casa e ler, na embalagem do mesmo que o sorvete agora tinha "nova fórmula", com "70% de leite, mais cremosidade!" e etc, já desconfiava que haveria algo errado ali. E dito e feito. A tal da nova fórmula estragou o sorvete por completo, arruinando de quebra toda minha vã esperança de me remeter a tempos remotos em que a eventualidade de um pouco de sorvete à sobremesa era um evento digno de reis. Ao menos na minha infância.

Agora, me vêm com esta merda de "nova fórmula" e estragam tudo. O sorvete ficou aguado, e a tal da "cremosidade" deu textura de raspadinha ao sorvete. Ficou de fato parecido com um daqueles sorvetes genéricos, que são mais baratos porém piores que o tal da Kibon, que era a marca de sorvete do brasil. Não mais, pelo visto. Talvez seja a hora de comprar dos genéricos mesmo, já que vai dar no mesmo. Não sou trouxa de gastar 25 reais num pote de sorvete da Haägën-Däszzijfdiösztjy09u709sr575r(sic), que eu acho além de inumanamente caro, meio ruim também. Nem fudendo.

Depois de discutir o fato com outras pessoas lá de casa, que provaram e também acharam que a mudança veio pra pior, chegamos à conclusão que este negócio de mudança de fórmula só dá errado mesmo, ao menos no quesito alimentos que sempre foram bons, até que alguma ANTA resolve mudar a fórmula.

Já tinha visto isto antes. Aconteceu com os chocolates Nestlé, que mudaram de fórmula e se tornaram uma josta. O Alpino da Nestlé era um dos melhores chocolates que existia no planeta; aí eles mudaram a fórmula. Ficou parecido com o chocolate da Hershey's, que é tipo um doce de leite marrom, em minha opinião. Só a Lacta está prestando ultimamente, pois acho que não mudaram a tal da fórmula.

Agora, veio a outra questão: por que fizeram isto? Por que mudar a fórmula de algo que está funcionando meravilhosamente bem? Minha irmã supôs que talvez tenha sido para retirar a tal da grodura trans da fórmula. Pode ser, uma vez que alguém descobriu o anticristo na fórmula de alimentos, na figura da tal "trans".

Eu digo, foda-se a trans. Se ela fazia o sorvete ser bom, tragam ela de volta. "Ah, mas que ela faz isto e aquilo", foda-se! Alguém daí me diga qual é o alimento realmente saudável que consumimos diariamente. Qual? Existe algum? Existe algo que só faça bem? Só se fora aquelas coisas horríveis tipo giló e outras tantas "maravilhas" do reino vegetal. Não que eu repudie salada, mas há que se admitir que não existe NENHUM vegetal que vença um doce, uma picanha, um bacon, e outras tantas coisas saborosas, porém venenosas do ponto de vista alimentício-fisiológico-medicinal. Bleh.

Enfim, todos preocupamos demais em "melhorar nossa saúde" privando-nos de tanta coisa boa. Não sei se vale muito a pena. Alguém de fato quer viver até os 120 anos?? Eu sei que eu não quero. Alguém me contou um caso outro dia, uma entrevista com Chico Anísyo, se não me engano, que ele afirmava que "o que mata é o esporte. Eu fumo, fico deitado na rede tardes a fio e estou vivo até agora, enquanto meus amigos que praticavam esportes regularmente já morreram."

Sei que isto não funciona sempre nem com todos, mas mesmo assim. Por vezes, fico farto com estas pesquisas da área de saúde...Só servem para mudar as fórmulas de nossos mais amados quitutes e nos encher ainda mais de nóias. Blah. Uma outra pessoa me diria, "Para morrer, basta estar vivo."

Enfim, fazer o que né. Se bobear ainda economizo no sorvete, uma vez que não é mais necessário comprar o da Kibon para estar consumindo um bom sorvete.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

23.

Bom dia a todos os segundeiros. Quem está com sono? Vamos ver estas mãos. Ah, todos com sono. Isso, isso. Acho que é unanimidade em todas estas datas. Como a gente sente falta destes dois diazinhos seguidos em que nos é permitido não ter que acordar mais cedo que as galinhas para ter que vir à nossa luta diária...

Estes dias, ando pensando numa coisa que um amigo me disse quando o horário de verão começou, e que estou julgando ser verdade. Não importa o quão adaptável seu corpo é, o quão rápido você se acostuma com este estranho horário de nula economia que todos os anos somos obrigados a tolerar. Por mais que o corpo se adapte, parece que ele sabe direitinho que está sendo enganado. Digo isto porque antes desta porra de horário começar, estava acordando todos os dias no mesmo horário que continuo acordando, com a diferença que no horário "normal", o dia já estaria brilhando lá fora. No horário de imbecilão, digo, verão, a hora é a mesma mas a luminosidade....Quase zero. O que fazer? Acender a luz(bela economia essa) e tentar se enganar. Mas o corpo sabe - "tá escuro ainda, porra! tá na hora de acordar não!!"

Presumo que seja por isso que ficamos ainda assim cansados. Ou, como é meu caso, a necessidade das férias anda gritando em mim. A necessidade de descanso é grande.

Bem, fora estes pensamentos inúteis, as coisas andaram até bem no final de semana. Nada de mais, nada de novo, ou ao menos nada de muito novo. A única coisa que de fato chamou minha atenção foi a descoberta de mais uma banda digna de mênção, que são os caras do El Ten Eleven. Uma dupla, cujos integrantes são gigantes no que fazem. Um cara que vale por uns 4 na guitarra/baixo plugada ao maior stack de pedais que já vi na vida, e um baterista de mão cheia, fazem um som muito legal. O guitarrista/baixista faz coisas que eu sempre quis fazer nos instrumentos que porta dependurados ao corpo(uma guitarra/baixo, juntamente construídos, sem serem gambiarrados.) Basta assistir um vídeo deles para se ter noção. O "cordista" é um cara que me deixou embasbacado, de fato.

Apesar da sonoridade deles estar carregada de um espírito que normalmente abomino - os anos 80, aquela merda de década perdida - eu achei muito bom de se escutar, apesar de que as gravações não fazem jus ao espetáculo que esses dois caras conseguem fazer ao vivo. É preciso ser muito competente para fazer o que esses dois caras fazem. Até eu ontem desenterrei meu modesto loop station pra brincar um pouquinho, depois de ter visto o cara dos milhares de pedais brincando nos vídeos do Youtube.

Outras coisas de menor importância ocorreram, mas nem vale a pena delas dizer alguma coisa, tal sua trivialidade. Felizemente, uma coisa foi bem aplicada, a grana que gastei comprando bicos de pena caríssimos e raros de serem encontrados aqui na Roça Gigante.

De resto, tá passando da hora de ficar em modo de descanso de tela aqui. Dez longas horas ainda estão à minha espera....


sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Perspectiva.

Ah, as diversidades humorísiticas, as minhas ao menos, por vezes me surpreendem. Outro dia mesmo estava eu aqui num chororô inexplicado, e hoje....hoje tá tudo tão legal. E por quê? Bem, por motivos diversos, eu diria. Talvez mesmo por às vezes a gente parar pra pensar e analisar nossa vida. Eu maldigo tanto as coisas por vezes, mas como diz um amigo meu, "Perspectiva! Olhe as coisas por outro lado, cara!" E é verdade, não é mesmo? No último final desemana eu cheguei a pensar nisso, olhando a vista de meu sótão. É um dos lugares mais legais do mundo, com uma vista muito bacana, muito pitoresca, por assim dizer.

E eu me surpreendi. Pois, às vezes, a gente olha pras coisas mas não para pra pensar e analisar o tanto que temos coisas boas, muito boas, rolando ao nosso redor. Na nossa cara, por vezes. Fiquei alguns minutos ali entretido com a vista, e parei pra pensar nessas coisas. Acho que são estas coisas que dão raiva às pessoas que tão "de fora." Você vê o tanto que a pessoa tá reclamando de barriga cheia, e se enerva, facilmente, "que cara imbecil!"

De fato. Acho que um bom exercício a ser estipulado para nossas vidas é tal análise. Parar e pensar, ver por outro ângulo. Por mais que eu seja isso e aquilo, e não consiga fazer isso ou aquilo, e blah blah blah, eu moro num lugar do caralho, com meu próprio reduto, um dos locais mais excelentes que já tive o privilégio de estar em toda minha vida.

Ah, viver. É complicado aprender a viver certo, mas deve-se aprimorar a tal arte. E dela extrair o que pudermos para melhorarmos ainda mais o que pode ser melhorado, o que pode ser aprimorado. Eu sei que não preciso de muito para ficar de boa.

Mas, no momento, mais do que nunca, tenho que aprender a parar para pensar, e parar de ficar nesse nhemnhemnhem que não leva à nada e só azeda, paralisa, amarga a nossa vida.

Hu-hu. Consegui escrever um treco mais bem-humorado, com alguma perspectiva positiva.

É algum começo, eu diria. Que venha o final de semana, dele todos precisamos.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

All apologies.

Sim, sim. Este post é um pedido de desculas a quem porventura ainda estiver se aventurando a tentar decifrar meus hieróglifos aqui escritos. Como diria um amigo meu, recentemente, este treco se transformou em um "diário emo" de Marcos, o Buriol. E sei, melhor que ninguém, o tanto que é chato ficar ouvindo apenas lamentações e chororô alheios, ainda mais por que por mais que seja duro, é verdade: "pimento no cu dos outros é refresco."(prefiro esta versão, a de João Ubaldo Ribeiro, do provérbio. É mais autêntica e mais tosca, ehehehe).

Mas enfim, eu reconheço que estou muito, mas muito reclamão. É má fase, ou melhor dizendo, é uma fase de transição que estou passando, tentando reformar minha vida, rever certos conceitos e quejandos. E geralmente, tais fases em nossas vidas dependem muito mais de nós mesmos do que dos outros para dar certo. E isto gera tensão, que acumula com outras tensões e faz-me um tanto mais rabugento do que de costume.

E, como já disse tantas e tantas vezes - eu sou uma espécie de Álvares de Azevedo ressucitado em uma época errada. Eu odeio este poeta, mas devo admitir que sou feito ele, romântico. Não(apenas) no significado imediato do termo, mas em outros aspectos do romantismo per se - a idealização da vida e dos objetivos, das coisas e pessoas, de tudo em geral. Idealizar é estar errado, por que sabemos que coisas ideais só existem em comerciais. Então, sou este cara que sabe bem que está errado e ainda assim insiste em continuar sendo assim, não por que necessariamente quer, mas por que já vim de fábrica com este defeito.

E sinceramente, por vezes, isto me deixa à beira de um ataque de nervos. Por que meu lado racional é muito pronunciado também, e nem é preciso dizer que tais coisas batem de frente a 300 km/h. Um desastre dentro de minha cabeça. Quase todos os dias.

Enfim, tentarei me corrigir doravante, mesmo por que sei que já tenho escassa audiência aqui, e se continuar sendo este chato insuportável que me tornei, vou é de fato ficar aqui feito louco falando sozinho. Mas posso afirmar que não foi minha intenção provocar ninguém, nem ofender ninguém, excluindo-se os frangos, evidentemente. Mas creio que frangos passam longe daqui.

Estive conversando com um de meus melhores amigos, a respeito do tanto que estes dias venho passando por tais "crises", ao que ele me afirmou que também já passou por perrengues semelhantes, mas que hoje em dia está quase curado de passar por tais crises, eis que de repente ele se tornou uma pedra. Explico. Ao que me parece, ele deixou de ter sentimentos. Raiva, culpa, tristeza, etc - foi tudo ou quase tudo expurgado de seu sistema, de um dia para outro. Era um detalhe que até então desconhecia em sua personalidade, mas que fez muito sentido. Explicou muita coisa, e me deixou um pouco até meio que atordoado.

Eu tenho a sensação que nasci com um excesso de sensibilidade a tudo, embora normalmente eu não manifeste muito tais coisas, ao menos fisicamente. Todas as sensações em mim são exageradas e até teatrais, eu diria. Foi uma das coisas que me inspirou criar o Sr. Bode, pois afinal de contas ele sou eu; mau-humorado, rabugento, com reações hilárias diantes de simples picuinhas. Sim, eu tenho auto-crítica o suficiente para saber que eu sou assim, exagerado diante de coisas ridículas. E sei que isto costuma ser engraçado, ao menos para alguém que esteja assistindo. Daí o personagem. Creio que pode vir a dar certo, eventualmente.

Mas, tornando a mim mesmo, eu sinceramente não sei se gostaria que tal coisa acontecesse comigo. Me tornar um autômato, um andróide. Mesmo por que acho, ACHO, que tal coisa não irá acontecer comigo, mesmo nunca. Sou passional demais para de repente me tornar uma estátua, um robô. E é exatamente isto que me incomoda, pois por mais que eu saiba que não irei me tornarei desprovido destes meus excessos de sensibilidade, eu preciso encontrar uma maneira de ao menos gerenciar um pouco tal coisa. Existia um professor que falava uma frase, que por mais clichê que seja, faz muito sentido, "Aprenda a dominar suas emoções ou elas te dominarão."

É verdade, por mais clichê que seja. Creio que tal frase tem origem em terras orientais, onde a filosofia reinante é muito mais voltada ao auto-controle, à paciência e disciplina que esta loucura ocidental que vivemos. Some-se tudo isto a um cara com a cabeça feita a minha e o que você tem?

Um Noiado No Sótão.

Enfim, verei se ao menos aqui eu tento ser menos imbecil e mais produtivo. Verei também se busco alternativas para tentar expurgar meu stress, minha rabugentice, meus hediondos e repelentes ataques de nervos. Sei que não será fácil, mas creio ser mais factível que simplesmente me tornar uma pedra.

Que fique bem claro também, não estou aqui criticando este meu companheiro; por mais estranho que possa parecer, tal resolução que com ele se processou faz muito sentido para mim, mas é simplesmente algo que sei que não irá acontecer comigo, mesmo por que somos todos pessoas diferentes neste praneta. O que acontece com alguém não necessariamente acontecerá com você. Não comigo, ao menos. Não creio nisso.

Enfim, tornemos ao nossos afazeres. Amanhã tem mais.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Reporte. Nada extraordinário.

Nada de muito novo a declarar. Desde ontem, desde a derradeira conversa de ontem, estou completamente à deriva. Supostamente, tenho isto somente para reclamar, assim como todos que já leram e daqui vazaram afirmam. Assim como eu mesmo o sei, bem sei. De nada me adianta saber estas coisas, entretanto. A única dúvida que tenho de fato que pesa hoje é: quanto tempo uma pessoa consegue se manter na sanidade, sendo esta coisa que eu sou?

Alguém me responde? Cri cri cri cri. Alguém sabe? Cri cri cri cri.

Não sei. Gostaria de aqui escrever coisas mais amenas, menos chatas, mais palatáveis de se ler. Mas as coisa vão mal, aparentemente, para este que a ninguém escreve. Estou impressionado com o estado de prostração completa que me encontro desde ontem. A derradeira conversa foi a gota d'água, mas mesmo antes disso eu já estava em estado de desgraça.

Loucos são pessoas que falam sozinhas, e aqui estou fazendo-o de maneira escrita. Loucos supostamente não conseguem lidar com a realidade, e cá estou eu sem conseguir fazê-lo, por 33 anos. Loucos são aqueles que só enxergam o lado negativo das coisas e para mim "positivo" é uma ficção científica. Louco, louco.

Loucos são aqueles em que vivem em um mundo à parte do real, e cada vez mais me sinto neste mundo. Não é idealizado, entretanto. Apenas solitário, bastante solitário. Loucos são aqueles que se odeiam, virtualmente até a medula dos ossos, por serem o que são. Muito inteligentes, estes loucos, que se isolam do mundo por não entendê-lo, não o compreenderem.

Até quando se manterão vivos, os loucos?

Cri cri cri cri.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Cachorro.

Tem dias que, logo ao acordar, já sei que vai dar tudo errado. Tá certo, este é o pensamento reinante neste cabeção todo e qualquer dia do ano, da semana, do mês, etc, mas não é o caso contemplado hoje. Tem dias, que logo ao acordar, você sabe.

Sabe que o dia será uma merda. Completa, total.

Hoje acordei com essa sensação. Sem ter motivo algum além dos triviais, para se ter este humor do capeta, eu tive esta sensação. Possa ser que esteja errado, eu mesmo quero que esteja errado, pois não quero estar extremamente mau-humorado neste dia de hoje. Já me encontro cansado o suficiente, a ponto de me sentir como geléia na hora de levantar da cama. Tudo em câmera lenta, e pacinência zero para picuinhas tradicionais.

Chegando aqui neste antro de nada, a sensação se amenizou um tanto, mas mesmo assim parece-me que o dia será lento, extremamente lento, no passar das horas, dez horas que devo aqui estar preenchendo esta cadeira e aqui permanecendo, por horas. Horas. Horas. Dez delas. Sem fazer nada que realmente me apeteça ou me incite ou valha de alguma coisa. Números, números, estrondosos números, icomensuráveis números, números.

Fazem-me rir de meu número. Que esteve mirrando ainda mais para fomentar o outro lado, o lado da esperança de algum dia me ver livre de tais visões, números, números, números, malditos números, malditos sejam todos aqueles que por eles nutram alguma sentimento, além do seu mirrad número em comparação com estes números que tanto alentam, tanto passeiam por contas e trâmites e caem em outra conta, esta que nunca sabe de fato seu valor.

Pare, pare, cale-se,cale-se. E ainda me perguntam por que sou sozinho. Por que devo ser sozinho. Por dias, nem eu mesmo dou conta de tanta rabugentice, tanto mau humor, tanta idiotice, tanta burrice e imbecilidade reunida num só ser. O maior favor que faço a todas as mulheres é me manter distante delas, o maior favor que faço aos homens é morrer sem deixar descendentes, semente do demônio esta, que nunca germinará em terra alguma, nunca.

Dias de cão. Eles existem, e muito me apoquentam. Desde seu primórdio.

E dizem que deles não devemos escrever, não devemos fomentar. Ah. Pimento no cu dos outros é refresco, já dizia o Sargento Getúlio, meu herói. Quem além de mim mesmo vai se importar.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Dois.

Não sei bem o que dizer hoje, em plena segunda feira, 16/11. Não saberia dizer se houve algo de muito significativo por estes dias, em estes momentos. Nada de muito novo. O calor anda massacrando mesmo os eremitas de minha região bolhal. Antes ele que o frio, já me dizem meus receptores anti-friais, que com o frio muito se irritam e me embarcam em intermináveis sessões de incontáveis espirros. Deve ser a idade, talvez. Com o tempo, muito se passa, muito se passa. Passa bem, passa quatro. Nascem feijões na pia, na pia.

Feijão. Tive que fazer uma experiência com feijões na faculdade. Deu tudo errado. Feijão de saco não nasce, diz a lenda. Saco de feijão é o que é famoso, ho ho ho. Assim como na biologia tudo é complicado. Quem é o cavalinho paraguaio? É cada uma que escuto por aqui, neste local de loucos, de doidos. Ah, futebol, claro. O que mais poderia ser? A droga nossa de todos os dias do brasileiro padrão. Que se preza, que paga seus impostos, que está em dia.

Na casa, existiram dois grandes momentos, mas nenhum deles daqui partiu; vieram do interior, do âmago da coisa, sem nem mesmo o saber o que se fazia, o que se bramia, o que se poderia dizer, assim sendo.

Aqui, tudo funciona de maneira incorreta, graças ao TI inexistente, incompetente. Que se diz mas não se acha; ao menos isso? Não sei se assim é, mas não sei de muita coisa - tenho que me render à desconfiança de muita coisa.

Hoje nada flui muito, deve ser o calor, deve ser por que aqui estou, a me perguntar até onde funcionará estas coisas aqui, uma vez que o TI de nada presta por aqui. Devo-me desconectar inadvertidamente de toda esta surrealidade, sem nem mesmo me perguntar ao certo por que. Tanto faz, tanto fez; nada faz muito sentido hoje mesmo.

Veremos depois...

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Boate.

Música estranha, música chata. Luzes estranhas, chatas.

O que estava eu fazendo ali? Seguindo o fluxo, evidentemente. Se você sai para um final de semana no interior com seus amigos, você supostamente tem que fazer tudo que eles também fazem, claro. Ao menos foi o que me pareceu quando para cá me arrastaram.

Para este estranho recinto onde pessoas consomem drogas legalizadas e ficam na tal da azaração, pegação, sei lá como se chama isto nestes dias de hoje. Não creio que exista outra razão para se acotovelar em um local como este, abafado e pouco espaçoso. Tampouco pode ser pela qualidade musical. Já é a décima ônzima música que soa como um liquidificador ligado ao pé de meu ouvido.

Com meus confrades vim, para este local hediondo, com o suposto intuito de pegart, de morder, de beijar, de agarrar - palavras deles - e aqui estou, contando minhas moedinhas para comprar alguma sorte de coisa alcóolica. Quando em Roma....

Ainda mais se Roma, neste caso, é um local completamente agressivo para este que narra; tudo ali me soava gritante, atordoante, agressivo. Nunca, desde meus dias mais infantes, consegui entender locais como este. Mas cá estou, com meu amigos, em busca do...

De algo que eu sabia que ali não encontraria. De antemão, eu já sabia. Mas ali estava. Com meu jeito sem-jeito. Com minha lábia inexistente e meu interesse zero em ali estar. Mas...um gole da coisa amarga, que desce queimando e muito custa, pra baixo, pra dentro. Olhar ao redor. Faces, milhares de faces, sem rostos, sem caras. Sem sentido.

Me sinto mais sozinho que se estivesse em plena pradaria da Sibéria, no glacial inverno...e tão confortável quanto.

Olhares se cruzam mas nada significam, olhares são desviados, mensagens são ignoradas. Mais um gole, mais uma careta. Será que tenho o suficiente para outro anestésico destes? Talvez. Mais um gole, mais uma careta. Olhar ao redor, não ver nada, não entender nada.

O que estava fazendo ali?

Qual era o sentido de tudo aquilo?

Ninguém entende, e não querendo ser o rabugento, o chato da festa, cá estou, em busca de nada, colhendo em erradas viagens os pensamentos que me atordoam a cabeça, que já começa a ficar alterada pelo efeito da droga - em todos os sentidos - que continuo sorvendo afoitamente de meu copo, em busca de algum sentido, em busca de algum conforto que não encontrarei na noite que apenas começa.

Um de meus companheiros passa por mim, rindo até as orelhas, por que "tá cheio de tchutchucas aqui esta noite", afirmação que para mim nada significa. Sei que ali não encontrarei nada semelhante àquelas que em minha mente existem. Só ali existem, pelo visto. Só com elas consigo eventualmente me comunicar.

Lá vêm elas, as viagens erradas. Me viro para buscar uma reposição de meu extinto drinque e me deparo com uma mentira, que sorri com dentes disparatados para mim. Não consigo esconder o susto, e saio de perto correndo, temendo alguma retaliação nervosa de tal monstro.

Ao mesmo tempo que sigo adiante, sigo com remorso de ter tido tal reação. Era uma pessoa, como outra qualquer, por que fui agir como idiota? Por que? Por que? Por que? Minha estonteada cabeça teima em me torturar com as coisas mais idiotas em estas horas. Moedinhas ao homem do bar, mais uma dose da droga. Mais um gole, outra careta.

Tudo gira ao meu redor, e mais nada faz sentido. Continuo me sentindo um alienígena do planeta Zonthar que caiu de pára quedas numa estranha reunião de humanos, neste estranho planeta, nesta estranha dimensão, que teima em girar ao meu redor. Bebo, bebo. Olhares não se cruzam, não significam nada, não dizem nada. Me sinto o pior dos seres vivos por estar ali, em tal festa, em tal aglomeração, sem ali estar de fato. Tentando escapar de tudo me afogando em uma droga de drinque que tem gosto de remédio, mas que não age como tal.

Ninguém ali se encontra, além de anônimos estranhos, seres abjetos, que desejam me execrar, me destruir. E giram ao meu redor, me provocando, me tentando, me alucinando. De detrás de meus óculos, vejo tudo embaçado, deformado, estranho. E assim me sinto, deformado, estranho, abjeto. Tentando me esconder das pessoas alegres ululantes, por ser eu o chato da festa, o estranho, o feio, o esquisito.

Tudo gira, e meu estômago se revolta. Perfeito. Fui tentar obter alguma resposta no fundo do copo, encontrei mais um motivo para me sentir um imbecil completo. Cambaleio por entre normais, entre gente bonita que faz e acontece, e tento encontrar um alento, um alívio, um banheiro. Uma privada. Dedos na goela, devidamente acompanhados das involuntárias contrações. Ah, aspectos fisiológicos que não me deixam esquecer. A esta altura, o alcóol já deveria estar sendo depurado, encaminhado para o fígado e....BLARGH. Lá se vão tantas moedinhas gastas em algo líquido que só me fez mal.

O que estava eu fazendo ali?

Vomitando, em um infecto banheiro de um hedionde recinto no interior de Minas. Tentando entender por que as coisas parecem ficar borradas em sua visão quando o volume de distribuição do alcóol atinge o patamar superior da meia-vida da....como é mesmo o nome daquele bicho, aquele que estava no laborá.....BLARGGGGGHHH.

Bile, só sai bile agora. Puta merda. E ainda preciso expurgar mais, expurgar minha alma. Expurgar minha existência, vil existência sendo o chato da festa. Ouço uma voz familiar me chamando por cima da porta do banheiro. Um de meus normais me avistou indo ter à reunião com o orelhão de louça, e partiu em meu encalço.

Muito consternado, me permito ser resgatado, transportado ao carro, passando a vergonha de ser o cara que não sabe beber, não sabe se divertir, e estraga tudo. meu anfitrião me leva até a casa, me larga ali e retorna ao covil dos normais que curtem tudo aquilo que para mim parece ser um círculo interno do inferno. Não sem antes rir de minha triste figura, evidentemente.

Cambaleio até a sala, tento beber alguma água para tentar me hidratar, uma vez que o efeito do álcool é desidratante, e a ressaca é causada por tal "ressecamento" cerebral. Mas a ânsia de devolvê-la para o exterior é mais forte que minha sede; corro para meu banheiro, vomito mais uma vez, nada sai, mas muito me contrai. Fico ali minutos, horas, nem sei, tentando entender algo. Tentando fazer algum sentido em ser eu esta coisa tão idiota, tão imbecil.

Depois de inumeráveis minutos ou momentos que não são exatamente mensuráveis, consigo me levantar e me dirigir para minha cama, onde me deito mas não encontro muito conforto. Ao meu redor, as paredes ainda giram. E minha cabeça não para de me destruir, de me recriminar. Idiota. Vai ficar um solteirão rabugento para sempre. Para sempre serás aquele que é o chato da festa, o que não pega nada e só chia, um rádio velho!! Ha ha ha.

Em momentos como este, me lembro e me conformo com o fato que aqui não pertenço, a este planeta de loucos, que uma pessoa deve se submeter a tal ritual do acasalamento se quiser obter algo. Se quiser não conversar sobre nada, se quiser ser bombardeado por sônicas ondas de inúteis sons emitidos por grandes caixas falantes. Se quiser se divertir, aparentemente.

Se quiser ser gente, segundo a concepção deles. Se quiser ser normal.

Não sou normal. É a última coisa que me lembro ter pensado naquela derradeira hora em que fianlmente, por algum golpe de misericórdia, meu cérebro resolveu se desativar, e tentar pôr um pouco de ordem em meus frangalhos internos, em meu estômago atormentado e meu ocupado fígado.

Não sou normal, e amanhã terei que escutar as jocosidades e recriminações de todos os normais, que se acotovelam em boates, se divertem em tais lugares; dali saem sempre com alguém a tiracolo, e se dão bem.

Não sou normal, de fato.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Moritude.

O que resta, depois da morte?

O que resta é quase nada, em especial quando a pessoa que morreu era alguém como ela, rico de espírito, pobre de dinheiros. Assisti a tudo calado, oferecendo com consternação e gravidade as condolências a todos os seus familiares. Anestesiado. Atordoado. Não sei. Não conseguia dizer quase nada além das inócuas sentenças típicas que constam em momentos como este.

Não me aproximei do esquife, entretanto. Desde que ouvi a notícia, desde que foi selada a sentença, minha última decisão consciente foi a de não ver a face sem vida, o corpo sem sentido, o ponto final. Ao menos isso eu devia a ela, não a ver depois que a vida ali deixasse de existir.

E o que mais existia agora?

Uma parte de mim caiu na gargalhada. Uma parte de mim sempre foi sarcástica e cruel. Mas ela estava longe de estar errada. Uma vida inteira, uma existência inteira, sabendo bem o que eu queria, o que eu deveria ter feito, o que deveria eu fazer.

Não fiz nada. Agora ali estava eu, trajando preto em uma terça feira à tarde. Anos, tantos anos depois de chegar a conclusão que eu sabia o que eu queria. Mas nada foi feito. Nada mudou.

Não soube, nem nunca saberei se ela também sabia. Se era algo além de simples desconfiança de minha parte, ou se era algo mais sério...será?

Nunca saberei. Não agora.

As pessoas continuavam a ir e vir, e eu continuava ali, em pé, absolutamente sozinho no meio de todas aquelas pessoas. Absolutamente sozinho, mesmo estando apenas a alguns passos dela. Mas não era mais ela que estava ali deitada em um ataúde. Era uma sombra do que havia sido.

Meus olhos subitamente me trairam e se voltaram para a direção dela, mas eu consegui afastá-los antes que vislumbrasse algo além das hécticas flores e do véu que cobria tudo.

Desde que eu soube, meus olhos se mantiveram secos, em um estranho estado de estupefação, creio eu. Tudo que havia em mim de esperança havia sido atirado ao chão, e seria enterrado juntamente com aquele corpo que ali estava deitado e inerte.

Se ela ali estivesse, ela estaria me enervando, "Seu fatalista, fatalista, pare com isso"

Fatalista? Longe de ser outra realidade, ainda mais agora. Quantas vezes na minha vida, em minha patética vida eu temi aquele momento, ainda mais ao longo de tantos arrastados anos que estive aqui neste mundo. Poucas foram as pessoas que obtiveram algum lugar tão especial em minha alma quanto aquela que ali estava sem estar. E agora...

Não sei. Não saberei.

Com ela quis estar, com ela queria eu trocar de lugar. E eu procederia, com sorrisos à mostra, com serenidade na mente. Mas não era possível barganhar tal coisa.

Me voltei para vislumbrar uma de suas irmãs, aos prantos perto do caixão. Nunca as conheci muito bem, as irmãs. Não sei se quem se aproximou ternamente dela e a afastou da visão da morte era seu marido, ou apenas alguém. Não sei.

Muitos minutos se passaram depois desta cena, a última que me lembro antes de ver algo se aproximando, algo rangendo. As rodinhas daquela coisa em que põem caixões por cima para transportá-los ao túmulo. Pude ouvir alguns choros se intensificando quando a coisa chegou. Vi homens desconhecidos tampando a última morada dela e a pondo por cima de tal carrinho.

Dentro de mim crescia algo, mas era além da dor. Era um grito. Eu podia sentir ele ecoando por dentro de todo o meu vazio. De toda minha obsolescência, minha covardia. Algo que não podia ser ignorado.

Neste momento, eu comecei a sentir as águas crescendo. Impróprio momento, evidentemente. Tentei me afastar mas minhas pernas não obedeceram, e eu fiquei ali plantado. Todo meu corpo se paralisou. O fúnebre cortejo começou a seguir as rangentes rodas, mas eu não fui. Não pude. Não conseguia me mover. Eu sentia as tórridas águas caindo em minhas roupas, mas eu não conseguia fazer mais nada além disso.

Eu estava sozinho, eu estava completamente sozinho.

Toda a minha inutilidade caiu sobre mim como chumbo, e eu dei alguns passos para trás. Senti uma parede, e me deixei escorrer para o chão, enterrando minha cara nos joelhos. O ranger era cada vez mais distante, mas eu não conseguia fazer nada além de ali ficar, inútil, inútil.

Mais nada havia ali. Nada.

Não mais ouvia o rangido, mas eu conseguia ovir o grito dentro de mim.

O que mais poderia eu fazer agora?

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Sastifassão.

Satisfação é ler quadrinhos. Principalmente quadrinhos com abordagens toscas, toscas abordagens. Vide Laerte, vide Angeli. Vide Niquel Náusea. Acho que em termos nacionais, estes são meus preferidos. Mas devo re-afirmar, com hífen e tudo, que Laerte continua sendo meu herói nacional. Continuo embassbacado com o cara.

Agora, em termos de vivências, propriamente ditas, quer um cara mais minha cara que Fernando Gonsales? Um biólogo bem-sucedido como cartunista. O meu sonho concretizado. Agora, em termos de tosqueira, Angeli bate muito, e bate forte. Desde que me tornei um ser mais monetariamente viável enquanto escravo, ando consumindo mais quadrinhos que nunca. E isto é bom, pois sempre precisamos de inspiração e exemplos.

Eu digo que estou sempre a trabalhar, mesmo quando aqui não estou a me escravizar, pois sendo esta minha nova(velha) ambição de vida, presumo que seja uma de minhas obrigações ficar antenado a tudo que se passa ao meu redor, e com outros caras que compartilham de minhas ditas afinidades. Portanto, quando estou aqui a ver milhares de quadrinhos nas internetis, eu estou também trabalhando, apesar de a união não aprovar.

Mas eu aprovo o foda-se! E fico aqui cogitando a satisfação que é criar algo de fato engraçado, usando exemplos reais e banais, mas que devidamente ilustrados, tornam-se verdadeiras jóias. Ao menos para nós, os que riscamos.

Satisfação é chegar em casa e trabalhar, e de fato render. Foda-se o tempo, foda-se o mau tempo. Foda-se a demora que levo para fazer algo, se gosto deste algo. Fodam-se os que acham que é apenas uma brincadeira o que existe em mim de mais sério...ou não. Não? Ah ha ha. Foda-se foda-se.

O importante é curtir. E ao mesmo tempo idiotizar ainda mais os idiotas ao meu redor, de forma ilustrada. E ainda escutar, "ah ah ah ha, que engraçado, eu conheço um cara que é assim" Eu também. VOCÊ. Sua anta. Ahahahahah.

Nada faz muito sentido, e tenho cansaço. Quero ferias da escravidão, para propriamente trabalhar, devidamente. Dito, dito. Feito, feito. Aguarde um mês, entretanto, pois os trâmites escravo...trabalhistas não nos permite liberação prévia.

Foda-se. o importante é que a concretização de Astolfo Rodolfo Pires Lemos de Sá agora existe, sim. Existe e vai existir, para sempre concretizado, devidamente ilustrado. Infelizmente não bem escaneado a ponto de aqui ilustrar o que acabo de escrever.

Mas existe, e isto me causa satisfação.

Quero férias, quero mais tiras. Férias. Tiras. Etisseteras. E tal.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Canseira.

Dias e dias se passam, feriados e finais de semanas, folgas e folgas, na medida do possível. Por mais que existam tais datas - abençoadas datas - de descanso, estou me sentindo completamente destruído por estes dias. É verdade que meus dias de folga se tornaram dias de trabalho, por assim dizer, trabalho propriamente dito, meu trabalho. Meus lápis, meus papéis, meus rabiscos. E não números inúteis e alheios espalhados em minha mesa, em minha tela...tela de monitor, do computador. Contabilidade. Tabelas de co-senos. Funcionários exemplares, a dar seu sangue para nunca, jamais serem reconhecidos pelos chefes. Salvo em horas que dá merda; nestas horas, você se torna uma celebridade instantânea no escrotório.

Enfim. Ando muito, mas muito cansado mesmo estes dias, e bem sei que é a mistura de uma vida dupla se iniciando, de fato. Ontem mesmo já agendei meu descanso, que infelizmente não será tão privilegiado como o de um amigo, que tem o curioso advento de ter férias contadas por dias úteis, e não corridos. Blá, enfim. Eu sou apenas um funcionário de enfeite desta repartição, bem o sei, e pretendo tentar mudar isto a partir destes dias. Aqui não dá para ser feliz, não mesmo.

Sei que agora, mais que nunca, a coisa depende de mim, e é algo muito estranho ter em mente tal constatação. Por que ando brigando comigo mesmo, mais que o de costume, para tentar sair fora desta subvida, sem entrar para a mamata medíocre das "férias privilegiadas" dos "púbicos" serviços brasilão das mamatas gerais afora. Algo que dependa de mim e de meu contínuo trabalho e esforço. Algo que venho tentando aplicar desde que venho tentando EXISTIR, enquanto este Buriol que sou; enquanto não-frango.

Mas afirmo que é díficil, bem difícil ter sucesso nessa empreitada, principalmente quando vocÊ de repente se vê com 33 anos e com a vida completamente estagnada. É como se eu estivesse acordando de um coma, e bem sabemos que não é de uma hora para outra que uma pessoa que sai de um coma volta a ser uma pessoa propriamente dita. Mesmo porque meu como foi auto-inflingido: por anos e anos estive tentando achar algum caminho de fuga deste caos que se tornou minha vida, minha cabeça, minha existência per se - e sem muito sucesso.

Porque, no final das contas, por mais que estivesse eu de coma induzido, eu tinha consciência, eu sabia e sei BEM o que eu precisaria fazer. O problema era fazê-lo. "The solution is the problem", de fato.

Não sei, ainda não sei se desse mato sirá algum cachorro, se dessa fonte beberei. Mas ando tentando fazer, acontecer. Eu devo isto a mim mesmo. Estou farto de me negar em minha essência e tentar viver a vida que outros planejaram para mim. Me tornei sozinho, imensamente sozinho, mas dono de mim mesmo, por assim dizer. E sabendo o que eu quero, irei mais uma vez tentar contornar tais coisas. Que seja pela última vez, que seja válido. Eu sinceramente prefiro a morte à mediocridade da vida frangal e fácil.

Mas há que vencer a mim mesmo, primeiro. Vencer-me, derrotar-me em meus mais obscuros aspectos, aqueles que me desafiam, me paralisam, me privam de criatividade e de vida propriamente dita. Por isso estou tirando férias, mas pretendo não descansar de meu trabalho. Trabalho, vejam bem, e não uma existência assalariada enquanto enfeite de contabilidade, peso de papel, artigo de luxo de escritório.

Enfim, que venha o tal "descanso", sem interrupções, sem hesitações. Que eu consiga fazer de mim algo que possa olhar no espelho sem ter ânsias de vômito. Que eu consiga fazer de mim algo que preste, algo que justifique minha existência. Algo que eu possa mostrar e me orgulhar. Não números alheios. Não metas inúteis. Não a esforços despendidos para nenhum reconhecimento no mundo dos alheios números, das vis somas, das obtusas mediocridades contábeis, tributáveis, isentas de ICMS, dedutíveis no PIS e no COFINS.

Algo que esteja traçado num papel, mas que eu não saiba o que é...ainda.

Que seja meu caminho, por fim.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Fé nunca mais!

Cá estou, segunda feira! E mais inteiro que julguei que fosse estar neste dia de hoje...Explico melhor. Hoje é a data posterior a um grande evento musical do final de semana, data em que os tios do Faith No More vieram nos visitar em esta roça imensa e asfaltada que é nossa metrópole.

Inicialmente minha irmã doida havia me afirmado que o show começaria as dez da noite no domingo, e eu já estava preparado para chegar aqui morto ou semi-morto. Felizmente não sei de onde a doida tirou que seria este hediondo horário: o show começou efetivamente as 20, sendo que eles mesmos só subiram ao palco lá pelas nove. Faziam anos, muitos anos em que eu não ia a um espetáculo de música, ainda mais de uma banda maior como FNM, mas como se diz - tudo que chega a tocar na roça grande de BH geralemente está no fim de carreira. Não sei bem se é o caso deles, uma vez que eles ficaram muito tempo separados, para enfim se reunirem no ano passado e entrarem em turnê mundial. Como costumo dizer, geralmente bandas que terminam e depois se "reconciliam" é por que estão sem dinheiro. Mas, enfim. Não vem ao caso.

O show foi fantástico, de fato. E marcou uma certa viagem no tempo pessoal. Quando FNM fez mais sucesso no Brasil, lá pelo início dos anos 90, eu estava morando num apartamento à Av. Bandeirantes, local que passamos por no caminho do show, e que me entregou a esta viagem no tempo pessoal na data de ontem. As músicas que na época fizeram mais sucesso aqui coincidiram com a queda do muro de Berlim, assunto abordado na data de hoje no jornal matinal. Achei que as coisas se encaixaram bem para completar a retrospectiva.

Minha irmã desde pirralha gostava da banda e ia comentando isto no caminho. De fato, Marcela desde nova já trazia grandes esperanças que não fosse ser mais uma patricinha inútil no mundo - eu me lembro dela com tipo cinco ou seis anos de idade e assistindo "Epic" na MTV, vibrando com as bocas e os olhos nas mãos flutuantes no clipe, e o piano explodindo no final. Marcela sempre esteve ligada no mundo da boa música, torcendo o nariz para os primórdios das boy-bands nos anos 90 e se antenando no bom rock - Pearl Jam, Nirvana, Faith No More, etc. Nada de músicas meia-boca.

O show foi no ex-Marista-Hall, que me transportou ainda mais no tempo, na época do colégio, em que estudei naquele local - época que a banda mais fez sucesso. Bons anos, os 90. De fato, de fato. Tem pessoas que se fixam musicalmente em alguma década, em alguma época. Eu me fixei nesta, e com razão, ao menos particulares. Enfim.

Fazia muito tempo que não assistia a um show de uma banda grande e de renome, e fiquei satisfeito com o que vi/ouvi. Existiram pobremas técnicos, sim - como a acústica um tanto abafada do recinto. Mas em geral, eu gostei muito. A seleção musical também me agradou muito, incluindo até uma versão ultra-canastra de "Evidence", cantada em um português muito avacalhado e incompreensível. Mike Patton, além de muita irreverência, demonstrou ter muita competência vocal também. E é é o vocalista mais carismático que já vi em um palco. A vocalização do cântico "porra, caralho", que foram inclusas em algumas finais("Ashes to Ashes" por exemplo) nas músicas comprovou isto. A galera estava em transe com o cara e com a banda. E com razão. A performance foi energética e invigorante.

Me fez muito bem ter ido no show. Foi o fechamento adequado a um final de semana um tanto chato, improdutivo. Me fez ter saudade dos palcos enquanto "performer" e enquanto apreciador de boas bandas e boa música também. Pena que aqui na roça gigante não possamos ter muitos destes exemplares presentes sempre. É necessário aproveitar quando eles aparecem.

Enfim, agora que venha a semana. Nem surdo eu estou devido ao meu patenteado truque de preservar seus zuvidos em shows...Que venha a porra da semana, e que eu dê conta de resolver o que tenho que resolver.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Corretice.

Engraçado, por estes dias eu tenho escrito só blahblahblahs normais, a respeito de minhas tortas opiniões sobre a frangolândia e afins, e nada daqueles escritos de ficção. Por que, não sei bem dizer. Tenho andado muito ocupado com projetos a vir, muito mesmo, a ponto de me sentir um merda no dia seguinte de uma noite em que não consegui render nada, feito a de ontem.

Mais engraçado, em ocasiões como esta eu acordo imensamente cansado, com sensação de derrota. A canseira eu suponho que seja devida ao fato que estou com as férias por vencer estes dias; a sensação de derrota é fácil de entender, se porventura quem lê isto me conhece de outras datas, de outras ocasiões. É a minha "cauda do dragão", por assim dizer. Minha necessidade doentia de querer ser perfeito, não admitir falhas. Nem em mim nem em outrem. Daí o fato de eu ser esta pessoa por vezes difícil de ser tolerada, devido a tanta chatice, a tanta "corretice", por assim dizer.

Acho que ao longo de minha vida o que aconteceu foi algo do gênero - eu tenho esta necessidade de querer ser O correto, O paradigma de virtude, coisa altamente idiota e imbecil; quando paro para pensar no tanto que esta minha, digamos, ambição, é rídicula, dá vontade de rir de mim mesmo, mas aí entra a corretice e não me permite agir da maneira normal.

Não sei precisar por que sou assim, por que me comporto assim, apenas acontece. Suponho que seja algo involuntário como um tique, e tão incômodo quanto. Estou tentando ter mais consciência que isto não é a maneira certa de agir, e mais ainda, tenho tentado corrigir-me quando percebo que estou sendo o "paladino da virtude". Mesmo porque odeio paladinos, seja quaisquer eles quem sejam, sejam pessoas com corretice exacerbada, como meu caso, sejam eles personagens de certos extintos hábitos em minha pessoa. Paladino de cu é rola.

mesmo assim, estou longe de ser algo menos intolerável quando tenho meus acessos de corretice. Blah. Conforme dito antes, suponho eu que seja mais uma de minhas falhas. Sou humano, apenas humano, apenas isso. Sendo isto, sou incorreto, errado, incongruente. Apenas por ser este bicho estranho que somos; mesmo os humanos não-galináceos têm suas falhas. Não apenas eu, mas todos. Blah.

Suponho que seja de minha natureza incongruente e impertinente. Ser o que não somos. Almejar o que não pode ser atingido. Não sei. Besteiras, besteiras.

No final, semos tudo besta mesmo.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

"Arte".

Cá estou, novamente moído por dias e dias sem dormir com regularidade e com horas o suficiente, em parte devido a ainda estar sob efeito de certos filmes, e por certos compromissos sociais, como o que aconteceu na data de ontem, ocasião em que se comemora o aniversário de uma amiga minha, ex-colega do curso de "Belas" artes, e fui ter com pessoas em um dos milhares de bares de nossa cidade.

Não achei ruim ter ido, mas mesmo assim fiquei cansado por extender ainda mais a minha irregularidade do sono por estes dias. O que me cansou mais foi conversar com algumas pessoas que ali estavam presentes, que por extensão, também eram de certa forma envolvidas nesse obscuro caminho que nós, pessoas que gostam de desenhos e coisas relacionadas, têm de seguir em suas carreiras. Me desanimou, muito, conversar com elas. Não porque fossem pessoas chatas ou cansativas, mas por outro motivo.

O mundo profissional que envolve estas atividades continua uma merda completa.

Muitas das pessoas presentes estão ativamente tentando viver com suas aptidões, e se dando mal, sendo mau-pagas, completamente desvalorizadas, à mercê de imbecis que não entendem nada relacionado à ARTE em si. Não falo aqui de "arte" picareta, como as famosas joças denominadas "arte conceitual", mas ilustração, design, pintura, escultura e outros ramos da ARTE, sem ser a parte picareta da coisa.

Eu desanimo com tudo isso, sinceramente. Eu, que em 2004 abandonei este sub-emprego que novamente me encontro, com grandes esperanças de entrar em uma faculdade séria, aprender, aprimorar, produzir e disso fazer minha vida, fui atirado à terra junto com minhas ilusões.

Aparentemente, é ilusão entrar numa faculdade como aquela para se formar em...desenho. De fato, é realmente um absurdo pensar nisso. Ora! Como assim, uma universidade denominada "Belas Artes", como é possível que me enganasse desta forma? Como fui tolo, em pensar que realmente eu iria desenhar ali, ainda mais formar nisso. Muito menos disso viver, claro! Como é possível que tivesse sido tão ingênuo. "BELAS ARTES" e desenho, evidentemente são coisas incompatíveis, como oléo e água. Claro, claro. Certo, certo.

Pra merda.

Lembro-me do assombro que senti depois que vi uma exposição dos formandos na especialização DESENHO do curso. Cadeiras com lixo em cima num canto. Fitinhas coladas numa parede. Radiografias velhas atrás de vidros. Tive que voltar ao cartaz de apresentação da exposição para me certificar que não havia entrado no depósito de lixo da faculdade. Não. DESENHO. Para ser sincero, haviam dois trabalhos que realmente eram DESENHOS, ou pelo menos o que eu entendo por DESENHO. E aposto que foram os trabalhos mais desvalorizados de toda a exposição.

Eu não aceito isso, não posso aceitar isso, não aceitei isso. Por isso abandonei aquela merda em 2006. Por que cheguei no meu limite de paciência, de compreensão. Fico esbaforido só de pensar em tudo isso, e sinceramente frustrado. Uma ex-colega minha que estava na festa ontem, me perguntou se eu não retornaria ao curso. Ao que afirmei, "Ali só volto se for munido de explosivos plásticos e detonadores."

E, infelicidade que seja, aposto que assim o procedesse, se criasse uma cratera onde existe aquele hediondo prédio, maldito prédio, haveria a possibilidade de que, se eu elaborasse um texto picareta cheio de termos rebuscados e bonitinhos, cheio de citações de filósofos mortos, eu seria aclamado como um artista de vanguarda. Minha instalação seria um prédio em ruínas e vários corpos de "artistas" espalhados, devidamente esmigalhados.

Absurdo? Depois de ouvir dizer que um "artista" foi aclamado por encerrar um cão de rua atrás de um vidro em sua "instalação" até que este morresse de fome e sede, me pergunto se seria tão absurdo assim proceder de tal forma.

"Arte", de fato. Não um desenho legal, cheio de detalhes, bem elaborado, bem composto. Uma pilha de corpos e um prédio em ruínas fariam de mim um "artista" mais reconhecido, mais respeitado que se fizesse uma exposição de todos meus desenhos que fiz até hoje.

Pra merda, sabe. Não foi à toa que no dia que fui na secretaria do curso trancar e abandonar a porra do curso, eu estava tendo ganas de matar quase todos ao meu redor. Não aguento isso. Não aceito isso.

Para o inferno com toda esta merda. Fico tremendo de ódio só de pensar naquela merda toda que ali reside. Instintos assassinos em mim afloram, na mesa hora. Um ódio animalesco mesmo, de fato.

Abaixo as "artes", abaixo o blah blah blah que teria eu que desenvolver para tentar vender a roupa nova do rei; coisas que ninguém gosta nem entende mas que finge que gosta e entende, apenas para pertencer a esta corja de "artistas".

O rei está nu, seus cretinos fedaputas. Digo e repito.

O rei está nu!

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Ser.

Onde quer que tenha sido, o que quer que tenha sido, ando vivido, ando curtido, coisas que só o tempo me disse, que só o tempo me diz, que somente ele pode dizer, por assim dizer, por assim ser. Sem mesmo nem o ser, aproproadamente dito, justo, justo.

Em verdade, estamos todos, estamos todos sendo, sem o ser, sem o pertencer, sem o fazer, dizer. Faz-me dzer, faz-me valer. Ando sem andar, permaneço sem ficar, em lugar algum, em lugar nenhum. Tudo e nada, nada e nada.

Por vezes sou, sem mesmo nem o ser; por vezes acho, mas não sei dizer, não sei achar, não sei me importar. Por vezes, creio eu, que creio em algo, que não pode ser dito, não pode ser falado. Não aqui, não agora, nem ali nem aqui, por ali, por aqui.

Todos vamos, todos fomos, todos iremos, ser sem permanecer, ser sem o ser, saber para não mais poder, entender o que não se entende, não se diz, não se pensa. Aqui, ali, ali e aqui. Por assim ser, sem o ser. Sem permanecer. Não e não.

Por assim dizer, fui sem o ser, sou sem o ser, não sei de nada e sei de tudo. Acredito que sim, mas talvez não. Talvez, talvez? Talvez? Quem sabe, quem poder dizer? Quem poderia dizer. Não eu, não a mim, odeio ou renego. Não a ti, não penso nem arrenego.

Aqui, eu disse, aqui. Há que ser, há que fazer. Sem o poder dizer, sem o poder ser, sem poder viver. Quero e não quero, sou e não sou. Acontece que sim, mas talvez seja não. Não saberia dizer, não saberia poder ser. Não sem o poder, não sem o saber.

Fico.

Aqui, ali, em todos os lugares, fico. Sem mesmo nem o saber, sem mesmo nem acreditar, por assim dizer. Sem saber ser o que não penso que sou, sem poder assinalar o que pretendo ser sem nem o ser, sem nem o saber. Fico. Aqui. Fico.

Permaneço.

Por assim dizer, por assi o fazer, sou e não sou, não sei dizer, não sabem me dizer, não irão dizer. Eu gostaria. Sim, de ser. Ser de você, de alguém, por assim dizer, sem o ser, sem o permanecer. Sem aqui estar, acorrentado estar, sem mesmo nem o saber.

Algo além, algo aqui, algo ali, algo que me faça viver, que me faça ver. Ser sem mesmo nem o saber ser, sem nem o saber dizer, por assim dizer. Existir, para sentido algum, para fazer valer, para saber fazer o que fazer, para assim valer, algo que se diz, algo que se quis.

Algo que valeu.

Confunde-me ser sem nem o saber, sem você me dizer. Sem mesmo não saber, dizer palavras, saber professar, saber acontecer. Ser, sendo. Sendo algo, alguém, algum. Sentido, razão, existência, motivo. Por assim dizer, por assim ser.

Ser seu, sabendo disso, sendo informado disso, ser seu sem nem ao menos saberser, sem nem ter que ser. Ser seu, sem poder fazer, sem nem ao menos conseguir ser. Ser seu, se assim puder ser, se assim puder valer. Se assim achar que devo ser.

Ser, sem nem o saber. Seu. Ser. Sem nem ser. Sem nem saber ser. Ser.

Sem nem o poder dizer. Sem nem saber dizer.

Ser.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Medo, medo.

Nussa. Terça feira pós feriado, e eu aqui, morrendo de sono, muito sono. O feriado esteve bão em minha excursão para fora de meus domínios sotãonescos, com direito a pizzas caseiras, filmes a rodo e muita desenhação.

Entretanto, no meio das atividades, mais especificamente no meio dos filmes houve um título que se sobressaiu. Estou falando de um filme que ainda nem desembarcou oficialmente em terras tupiniquins, nem mesmo nocinema. Aliás, está sendo sucesso de bilheteria em estadosunidenses das américas. Mas graças às internétis, piratas cinéfilos e plantão conseguem adquirir pela módica quantia de zero reais.

O filme em questão é "Paranormal Activity", título ainda sem tradução por aqui.

Sinceramente, foi o filme que mais me deixou borrando de medo em todos os tempos. Pode parecer exagero de minha parte, mas não é. Quando terminei de assistir eu estava bambo, tremendo feito vara verda, coração disparado e adrenalina a mil.

O filme é bem modesto em termos de produção, bem no estilo Bruxa de Blair, mas isto não significa que não seja menos assustador. E como costumo afirmar, terror psicológico mexe demais comigo. Histórias que envolvem contos de demônios, mas sem os mostrar, dando apenas idéias sugestões sobre os ditos, costumam funcionar muito melhor para me amedrontar do que milhares de efeitos especiais.

Estou aqui, custando a me manter acordado devido ao tanto que fiquei boa parte da noite ouvindo coisas, sentindo coisas, coisas que ali não estavam. Assim como no filme. Você nunca vê no filme sequer uma silhueta do demônio que aterroriza o casal do filme. E isto bastou para que eu ficasse sinceramente apavorado.

Não costumo assistir filmes deste estilo porque eu sei que eles me dão viagens erradas. Mas depois de muita insistência da parte de meus amigos, ontem resolvi ceder, vencido pela curiosidade. E tive receio com razão - mesmo um cinéfilo fã do gênero havia me afirmado, um dia antes, que era um filme muito tenso e pesado. Isto vindo de um cara que curte tal tipo de filme, foi-me suficiente para resistir ao máximo À tentação. Eu sabia, sabia, que tal filme iria mexer comigo. No sentido errado.

Mas tenho que admitir que é um filmão. Mesmo o meu amigo Rafael e sua namorada, que ficaram me zoando para que eu assistisse o filme, e que afirmaram que o filme não dá medo nenhum, ficaram ouvindo barulhos à noite, custando a dormir.

Eu, de meu lado, fiquei muito tempo acordado escutanto o vento, com medo ede abrir os olhos na penumbra e me deparar com algum malévola presença, ver alguma sombra se movendo, sei lá. Pelo menos eu vi o filme no final da tarde, quando ainda havia luz do dia. Se eu tivesse visto a coisa de noite, eu teria enlouquecido de medo, eu presumo. Sorte a minha que na sexta feira de madrugada, ocasião em que Rafel pôs o filme sem nem termos idéia direito do que se tratava, eu estava com tanto sono que nem consegui ficar acordado.

Agora, quero ver como vai ser passar uma noite no sótão, com a lembrança do filme ainda fresca em minha mente. Ali já aconteceram coisas bizarras, que me deixaram muito amedrontado.

Vamos ver como vai ser hoje à noite.

Fica aqui a recomendação de um filme de genuíno terror. Eu recomendo, se você quer realmente ficar assustado. Eu fiquei.

E muito.