Cá estou, novamente moído por dias e dias sem dormir com regularidade e com horas o suficiente, em parte devido a ainda estar sob efeito de certos filmes, e por certos compromissos sociais, como o que aconteceu na data de ontem, ocasião em que se comemora o aniversário de uma amiga minha, ex-colega do curso de "Belas" artes, e fui ter com pessoas em um dos milhares de bares de nossa cidade.
Não achei ruim ter ido, mas mesmo assim fiquei cansado por extender ainda mais a minha irregularidade do sono por estes dias. O que me cansou mais foi conversar com algumas pessoas que ali estavam presentes, que por extensão, também eram de certa forma envolvidas nesse obscuro caminho que nós, pessoas que gostam de desenhos e coisas relacionadas, têm de seguir em suas carreiras. Me desanimou, muito, conversar com elas. Não porque fossem pessoas chatas ou cansativas, mas por outro motivo.
O mundo profissional que envolve estas atividades continua uma merda completa.
Muitas das pessoas presentes estão ativamente tentando viver com suas aptidões, e se dando mal, sendo mau-pagas, completamente desvalorizadas, à mercê de imbecis que não entendem nada relacionado à ARTE em si. Não falo aqui de "arte" picareta, como as famosas joças denominadas "arte conceitual", mas ilustração, design, pintura, escultura e outros ramos da ARTE, sem ser a parte picareta da coisa.
Eu desanimo com tudo isso, sinceramente. Eu, que em 2004 abandonei este sub-emprego que novamente me encontro, com grandes esperanças de entrar em uma faculdade séria, aprender, aprimorar, produzir e disso fazer minha vida, fui atirado à terra junto com minhas ilusões.
Aparentemente, é ilusão entrar numa faculdade como aquela para se formar em...desenho. De fato, é realmente um absurdo pensar nisso. Ora! Como assim, uma universidade denominada "Belas Artes", como é possível que me enganasse desta forma? Como fui tolo, em pensar que realmente eu iria desenhar ali, ainda mais formar nisso. Muito menos disso viver, claro! Como é possível que tivesse sido tão ingênuo. "BELAS ARTES" e desenho, evidentemente são coisas incompatíveis, como oléo e água. Claro, claro. Certo, certo.
Pra merda.
Lembro-me do assombro que senti depois que vi uma exposição dos formandos na especialização DESENHO do curso. Cadeiras com lixo em cima num canto. Fitinhas coladas numa parede. Radiografias velhas atrás de vidros. Tive que voltar ao cartaz de apresentação da exposição para me certificar que não havia entrado no depósito de lixo da faculdade. Não. DESENHO. Para ser sincero, haviam dois trabalhos que realmente eram DESENHOS, ou pelo menos o que eu entendo por DESENHO. E aposto que foram os trabalhos mais desvalorizados de toda a exposição.
Eu não aceito isso, não posso aceitar isso, não aceitei isso. Por isso abandonei aquela merda em 2006. Por que cheguei no meu limite de paciência, de compreensão. Fico esbaforido só de pensar em tudo isso, e sinceramente frustrado. Uma ex-colega minha que estava na festa ontem, me perguntou se eu não retornaria ao curso. Ao que afirmei, "Ali só volto se for munido de explosivos plásticos e detonadores."
E, infelicidade que seja, aposto que assim o procedesse, se criasse uma cratera onde existe aquele hediondo prédio, maldito prédio, haveria a possibilidade de que, se eu elaborasse um texto picareta cheio de termos rebuscados e bonitinhos, cheio de citações de filósofos mortos, eu seria aclamado como um artista de vanguarda. Minha instalação seria um prédio em ruínas e vários corpos de "artistas" espalhados, devidamente esmigalhados.
Absurdo? Depois de ouvir dizer que um "artista" foi aclamado por encerrar um cão de rua atrás de um vidro em sua "instalação" até que este morresse de fome e sede, me pergunto se seria tão absurdo assim proceder de tal forma.
"Arte", de fato. Não um desenho legal, cheio de detalhes, bem elaborado, bem composto. Uma pilha de corpos e um prédio em ruínas fariam de mim um "artista" mais reconhecido, mais respeitado que se fizesse uma exposição de todos meus desenhos que fiz até hoje.
Pra merda, sabe. Não foi à toa que no dia que fui na secretaria do curso trancar e abandonar a porra do curso, eu estava tendo ganas de matar quase todos ao meu redor. Não aguento isso. Não aceito isso.
Para o inferno com toda esta merda. Fico tremendo de ódio só de pensar naquela merda toda que ali reside. Instintos assassinos em mim afloram, na mesa hora. Um ódio animalesco mesmo, de fato.
Abaixo as "artes", abaixo o blah blah blah que teria eu que desenvolver para tentar vender a roupa nova do rei; coisas que ninguém gosta nem entende mas que finge que gosta e entende, apenas para pertencer a esta corja de "artistas".
O rei está nu, seus cretinos fedaputas. Digo e repito.
O rei está nu!