quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Atraso.

Dia de atraso. Oh! Que dia lindo.

Tudo começa normalmente, aja como se tudo estivesse em ordem. De repente, olhe para o relógio. Lá no fundo está amorte, mas no momento o que vês é que é necessário sair em direção ao ponto de ônibus, imediatamente. Alguns minutos além do ideal já se passaram. Então, pegue suas coisas e vá para a porta, abra a porta, saia lá fora e aí perceba que se esqueceu da camisa obrigatória para se trajar no ambiente imbecil de trabalho, que nos incita a comportar-nos feito imbecis e ignorar o tempo, nesta época do ano tão caloroso, e ter de nos vestir com roupas idiotamente mais compridas que o necessário para nosso clima de fevereiro. Ora bolas, não adianta dar murros em pontas de faca, busque a porra da camisa e novamente tome a rua de assalto, para depois de uns cinco passos verificar que o artigo indispensável para a sobrevivência junto aos frangos urbanos que de busão transitam foi esquecido lá em cima.

Esbaforido, volte, abra novamente as portas, corra até o andar de cima e apanhe o maldito aparato musical com bloqueio sonoro, para de certa forma poder por o mundo em modo de "ignore". A esta altura, devido a tanto atraso, já imagino que os competentíssimos motoristas da linha do coletivo que apanho, tão mestres na arte de transportar gado - de forma alguma pessoas deveriam ser conduzidas de maneira tão cheia de solavancos, freiadas bruscas e súbitas aceleradas - devam ter resolvido sair no horário certo, uma vez que o atrasado desta vez sou eu. Faço verdadeira maratona ao ponto mas vejo que está vazio, e a esta hora da madrugada, mal sinal significa. Sim, o pulha resolveu chegar em ponto ao ponto, coisa que só faz quando estou atrasado. Obrigado, Murphy. Sua lei não falha.

Esperar e esperar, rilhar os dentes saboreando o fel de estar atrasado e ter de ver um, dois, TRÊS malditos autocarros intitulados "Garagem" passar por mim. Mais uma vez, me imaginei invadindo as sedes da energúmena empresa de extorsão no trânsito que administra estas linhas de ônibus. Diminuíram o quadro de horários de forma estupendamente curiosa: diminuiremos os horários, mas não os veículos em trânsito. Alguns transitarão vazios pela cidade, intitulados "Garagem." Pois sim. Garagem.

Garagem da puta que o pariu. Quis ter à mão uma ogiva nuclear, obliterar de vez tudo, toda esta merda de trânsito inútil e imbecis que o administram com a maestria que um administrador de pocilgas rege uma orquestra sinfônica. Várias vezes vislumbrei em minha mente um filme estrelando eu mesmo, armado até os dentes, me adentrando nas sedes de tal empresa e fazendo peneira com todos os idiotas que ali "trabalham."

Meia hora depois, chegou um ônibus de verdade, não aquelas alegorias inúteis e enormes que transitam vazios atrapalhando tudo e todos. Para variar, os contratempos têm de serem cumulativos nestas horas exasperadas. Tive ímpetos de matar o trocador ralando-o no asfalto, pois o fracote, ao invés de ajudar o "cadeirante"(politicamente correto imbecilicamente falando) a descer do ônibus carregando a cadeira com o auxílio do acompanhante deste, inventou de acionar o elevador para deficientes físicos designado, mas que nunca funciona, e ainda me atrasar mais uns cinco minutos.

Stress, temos de montão.

Mais adiante, depois que o fracote conseguiu pôr a merda do elevador no lugar certo, fui novamente "trollado" por todos os demais frangos que queriam apanhar o 4103, pois em todos os pontos havia um idiota a fim de subir no ônibus, não sem fazer questão absoluta de subir em câmera lenta, bloqueando a entrada de outros passageiros menos retardados, e atrapalhando todo mundo. Novamente, ansiei por nova praga mundial, nova hecatombe que matasse 99% dos frangos mundiais. Finalmente, cheguei ao ponto final deste ônibus. Restava apanhar outra linha para ao meu emprego chegar, emverdade duas são as linhas que posso apanhar para cá chegar. Um ônibus verde e outro amarelo.

Evidentemente, tive de vislumbrar um ônibus verde e outro amarelo passarem lá longe, muito distante do meu alcançe, uma vez que tinha de esperar os frangos motorizados cruzarem a rua. Como queria ter refeito minha despesa de natal nesta hora. Como desejava ter um lança-granadas ou mesmo um Panzerfaust, ou uma bazuca. Iria me divertir tanto alvejando não somente os carros, mas os malditos coletivos que em sintonia resolveram passar juntinhos e mais uma vez me fuder. Iria ser um espetáculo tão maravilhoso, já imaginou? Bolas de fogo, frangos andando em chamas até tombarem sem forças, virando um autêntico galeto na brasa. Alimento para todos os mendigos locais! Banqueteiem-se.

Lá fui eu esperar mais vinte minutos inúteis. Nesta hora, imaginei, "se tivesse me recusado a apanhar o aparato musical, teria chegado a tempo..." mas mesmo assim me veio a cabeça a outra possibilidade, sempre presente. A de ter corrido para o ponto, sem ter apanhado minha música, minha forma de sobreviver ao mundo e aos frangos, e mesmo assim o maldito busão ter passado já. Acho que teria levado a cabo todos meus facínoras instintos tantas vezes contidos nesta manhã. Teria esfolado vivo o trocador, empurrado para fora do ônibus em movimento os idiotas que seguravam a fila dos passageiros....

Nada, nada. Bem sei que cão que ladra não morde, especialmente se não estiver sonhando ou ainda ter uma parcela de sanidade e saber que não possui armas letais à mão, e mesmo que as tivesse deveras, saberia que tais atos significariam prisões, contratempos e muita encheção de saco por parte de uma sociedade imbecil que é regida por frangos, para frangos.

Enfim. Atrasei-me treze minutos por conta de dois. Sendo que costumo chegar aqui uns vinte minutos antes do horário caducar. Trouxe a minha música, que ainda me servirá na hora de ao lar retornar, e não me arrependo de tê-lo feito, pois aparentemente, hoje é a data em que os vagabund...digo, universitários da grandessíssima e magnânima escola denominada FUMEC voltam às "aulas", se é que pode-se chamar tal "ensino" de ensino propriamente dito. Para quem não sabe, FUMEC significa Faculdade Universalmente MEdíocre e Cretina. Dizem que sou muito chato, mas eu considero burro da pior espécie o idiota que prefere pagar mais caro para transitar em uma linha de ônibus que NÃO atende necessariamente sua faculdade, ao invés de apanhar a outra linha, mais barata e que os deixaria às portas de tal estabelecimento de "faz de conta que a gente estuda." Burros, imbecis, energúmenos, idiotas, retardados que ocupam espaço em minha linha de ônibus, é o que vocês são. Fodam-se todos, e fodam-se todas as mulheres de tal faculdade também, tão defendidas pelos marmajos imbecis que conheço, "mas lá tem cada mulherão, cara!" Foda-se, um mol(6,02 x 10 elevado a 23)de vezes. Fodam-se todas, seus admiradores, os "estudantes" daquela merda e seus administradores - para mim não passam de peso morto, entraves, obstáculos em minha vida. Somente isso. E aquelas mulheres que lá "estudam" em geral são belos exemplos de vasilhames descartáveis que prefiro nem chegar perto, "pattys" ensebadas esnobes da pior qualidade, tipinho de gente que sequer considero gente, por assim dizer. Fodam-se todas.

E foda-se todo o resto, em verdade. Demorou, mas o dia chegou. O dia de amanhã não mais aqui vir, por 33 dias e meio, uma vez que calculei friamente meus movimentos e arranjei o período de férias desta merda absoluta aqui para coincidir com o carnaval brasileiro.

Então, depois das seis horas da tarde do dia de hoje, estarei temporariamente alforriado das lides de ser um enfeite de escrotório e estarei livre para fazer o que bem entender de minha vida neste período. Nestas horas, me relembro e me reafirmo como é bom ser solteiro.

Não tenho grandes planos para tal período, ao menos não ambiciosos projetos - o que quero mesmo é descansar, e espero ao menos isto conseguir fazer. Se conseguir ficar os 33 dias sem nem pôr os pés na rua, muito menos no centro da cidade, estarei na metade do caminho. Pois, como podem perceber neste texto de hoje e em tantos outros que este ser resmungão escreve - estou farto de gente. Pessoas me cansam.

Enfim, existe algo não relacionado à simples tarefa de ser um ornamento escrotorial por aqui, algo que me ajudará a passar o número de horas restantes até as dezoito. Então, meus caros, desjo a todos um excelente mês de fevereiro. Pois, entrarei de férias desta minha "ocupação" diária também. Estou precisando de férias disto também, pois bem sei que meu stress diário se reflete nisto aqui também, infelizmente. E bem sei que às vezes piora - e muito - a qualidade dos escritos. Perdão, senhores. Ainda não aprendia dissociar minhas desavenças diárias de minhas linhas...

Então, meus caros. Até a volta, tudo de bom para aqueles que me importo.

O resto? Frangos. Churrasco!


Até a volta.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Perigo.


...Estava eu a reler algumas de minhas recentes bobagens cá escritas, e me deparei com o comentário do Símbolo a respeito de algum de meus "rants" sobre como ainda sinto raiva, impaciência, vontade de matar idiotas que emporcalham ruas, que constroem casas em áreas de risco e ainda assim não morrem(por mais escroto que possa soar isso, por vezes considero tais desastres uma forma de seleção natural, tão escassa entre humanos), etc, etc.

Sinto raiva, muitas vezes descabida, às vezes a respeito de coisas que não têm a ver comigo diretamente, como dizem. Complicado, eu sei. Sei que tenho opiniões detestáveis e ultra-pessimistas, e em momentos assim, prefiro mesmo me recolher, não me incomodar nem incomodar ninguém.

Daí pensei no comentário do compatriota blogueiro, a respeito de como ao menos, eu ainda estar sentindo raiva, tendo energia para socar divisórias e abrir rombos em paredes do escrotório(história real), em detrimento aos meus pobres punhos que se machucaram deveras na empreitada, quarta passada. Disse-me O Símbolo estar sendo tomado de apatia, mesmo na idade um tanto mais jovem que a minha, uns dez anos mais ou menos.

E parei para pensar a respeito. A aptia existe sim, na vida deste Noiado. Depois do final de semana em presença de meus amigos tão talentosos, desenhistas de mão cheia, e tantos outros talentos reunidos, fiquei pensando. Tanta gente boa de serviço, excelentes pessoas, como já disse antes - pessoas que realmente considero serem do maior calibre.

Mas, em geral, nenhum de nós se deu bem na vida, por assim dizer. Não da maneira que supostamente querem que a vida nos seja, cheia de dinheiro, realização profissional, casamentos, carreiras, filhos, e tudo mais. Todas estas coisas que os pais querem que os filhos aprendam a construir em suas vidas.

E lá estamos nós, todos levando uma vidinha, não de todo má, evidentemente, por vezes até muito divertida, mas....sei lá. Desprovida de todos estes aspectos que nos dizem ser inerentes a um ser humano adulto. Coisas que deveríamos ter. Que deveríamos lutar por.

Bem sei que falo e falo, mas não posso mesmo generalizar a situação: se tem algo que aprendi ou que adotei como filosofia, é que existem diferentes tipos de SUCESSO, por assim dizer, na vida. Sucesso para mim NÃO é uma Ferrari na garagem. Não me importaria de ter, mas não necessariamente significa sucesso para mim. Nem uma pá de filhos, nem um apartamento de cobertura, nada disso. Como já disse, existem pessoas que consideram tais posses e realizações o sucesso, mas não é meu caso.

Acontece que, ultimamente, estou vendo a vida e não enxergando tal sucesso. Não vejo mais objetivos finais, pois tudo sabe a inútil. Todas as coisa que já quis ser, que já quis fazer, tudo perdeu o sentido diante de minha experiência perante esta vida, este mundo maluco, as coisas que as pessoas querem, não só pra elas, mas para os outyros também, as exigências que todos estes doidos me impõem, tudo isto.

Não consigo ficar indiferente a isto, mas também não consigo desligar. E tem me deixado tão doido quanto todo o restante dos frangos. Mas...me parece que este conceito, a aptia, começa a se consolidar em mim, de certa forma. Estou começando a me tornar um mero objeto, um enfeite. Bem como minha ocupação neste escrotório: dez horas de enfeite aqui. Todos os dias. Cansa. E ainda por cima, me evitam pois tenho o semblante sempre fechado, "eu não vou pedir nada pro mau-humorado do sexto andar! Ele vai me bater!"

Não, não vou. Eu agrido somente a mim mesmo, ou a objetos inanimados. A divisória esmurrada aqui do meu lado atesta isso.

E em geral, não seria tão ruim assim, se a apatia se manifestasse de forma narcótica, assim dizendo. Se eu me comportasse de tal maneira:


E ficasse de boa. Não quero carros, iates, mansões, nada disso. Só queria paz de espírito, paz. Nunca tenho. Hora nenhuma, nem mesmo nos sonhos, tão populados por imagens raivosas e sanguinolentas, idéias facínoras que se manifestam no inconsciente.

...Ah...ser normal...ser menos lixo. Me importar menos com bobagens e me divertir. Nada disso acontece. Não diria que o que sinto é deveras apatia, na definição clássica da palavra, mas...estou realmente me sentindo siumplesmente sedado perante a vida.

Mas já reclamei demais por hoje, e o tom é horrendo. Creio que existam alguns de meus amigos que estejam muito com vontade de me dar porrada, para ver se eu paro de "reclamar de barriga cheia", blah blah blah. Bem, a barriga é individual e pode não estar tão cheia assim. "Você só está assim porque quer!" Onde está meu .38 para que eu possa crivar de azeitonas sua cara e seu conselho inútil, seu filho da puta???

Tá vendo. A raiva existe. Ela ainda não morreu. Talvez eu esteja vivo também.

...E devo retornar ao serviço de ser enfeite. Árdua tarefa, bem sei. É necessário seguir o protocolo: é preciso encarar o monitor, deixar um PDF aberto que se finge ler, enquanto me anestesio com bobagens na internet.

Tá certo, estou sendo pago pra ser enfeite, não deveria reclamar né. Blah.