sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Boas novas!

Então, basicamente, este sou eu por estes dias:



Parece que esta coisa, chamada Parnate, está, deveras, funcionando. Ao menos assim me parece. Não que tenha mudado muita coisa na minha vida, no aspecto prático, mas no aspecto emocional, sim. Me sinto mais leve. Não tenho tudo que quero, mas foda-se também. O que eu tenho, é pouco mas é bão. 

Lógico, eu queria ganhar mais dineiro e etc. Mas vejo que, pelo menos por aqui, mais dinheiro significa mais problemas, de fato. Eu fico olhando meu amigo, amigo de meu Dono também, ele ganha sei lá quantas vezes mais que eu e tem quatrocentos mil vezes mais problemas que eu....fora ser casado, e ter filho, então toda hora tá aqui todo detonado, "não dormi esta noite, Francisco acordou às 2 e só foi dormir 5:30..."

Eu sei que tem muitas coisas ainda a serem melhoradas, quiçá resolvidas, mas por hora tá bão demais. Preciso vencer minha inércia artísitica pra voltar a escrever histórias, voltar a desenhar, etc, mas...sei lá, por hora, eu me sinto muito bem. 

E vamos em frente...vamver o que o final de semana me espera...passem, malditas horas!

Fuck you, clock.

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Translated.

Here it is - the translation to how it feels when I'm finally alone in my tower:




And fuck the rest of the world, while I'm in there, alone. Well, most of the time. You know.

Adendum.




True, specially with guitars...and dragons. Ehehehehe.

A thousand...no, two, films you should see before dying.

I've been flipping through the images I've collected on my endless random internet surveys, and found some that inspired me to talk more about the movies they represent. No, not unlikely those 1000 movies you should see before you die, I've only got these two:

First off, begin with Trainspotting. If you haven't seen it yet, go watch it right away. Almost everything you need to know about a scottish heroin-shooter lifestyle is awesomely recorded here. When I first watched it, around 1997, I failed to grasp the brilliance of the film. Heroin is a hell of a drug(I'm really glad I've never tried, else I'm pretty sure I'd be fucked forever), and makes you do all kinds of shit to get your dose...or overdose. The youngster Ewan McGregor is brilliant throughout the movie. It has its dark moments, as every film about heavy drugs do, but not as bad as in Requiem For a Dream. The film is actually very funny, to my opinion. And time hasn't dilluted its essence; I watched it the other day and I still find it brilliant.



Then, we get my absolute favourite film of all time, number one on my desert island all-time top five films I've ever watched:


Brilliantly illustrated here by I don't know who, actually. Fight Club is a classic. Period. And I must admit it, it has influenced me more than I'd like to admit(the self-beatings I gave myself, I ALWAYS get the image of Edward Norton kicking the shit outta himself as he's about to get fired) - even though the main message of the film, that is, debatably, face your fears - I still don't have the balls to do it. I'd often dreamed of having an alter ego as Powerful as Tyler Durden, chaotic, free in all the ways that I'm not, leading parts of my life. But I'm not schizophreniac, even though I was treated with a fucking drug they give 'em, for four years - and those were some of the worse years of my life. 





That is another quintessence of the film, this very sentence. It never leaves my head when I'm having "indoors" troubles of the mind. 

That's all I can think of, whenever I hit a new lowpoint on my fucked up life. And it makes sense, to me.

And these words, they make a hella lot of sense to me. Specially when I'm still stuck to this dead-end job of mine. Some days, i wish there was an actual fight club I could attend. But in the end, the only one who gets beaten to a pulp is myself, when I have those rage attacks.


And, if you pay close attention to the very beggining of the film, along with the traditional FBI warning and shit, you'll get his:


After all,


Isn't it? I fell it is...one minute at a time, even if the minutes round here last for four weeks each.




Go. Watch them both. Again and again.

Onirius.

Sonhos, sonhos, quebrados sonhos,
na madrugada interrompida,
pelo calor e pelo frio, ou um
ou outro, decida-se, porra, e me
deixe dormir...sim...mais algumas
horas e vejo Tyrion Lannister em meus
sonhos, vejo sua irmã Cersei também, mas
suas falas se perderam no acordar
e re-acordar, voltar a sonhar,
acordar, sem ar, tomar, mais uma
dose de sonífero clonazepam,
dormir e sonhar, sonhar e dormir...
vi-o em meus sonhos, ou acho que o
vi, na forma como tal imagino ele ser,
ou será que foi antes de sequer
dormir? Não me lembro. Noite confusa,
em profusão de entorpecimento causado
por fumaças, fumos e grama,
e muitas guitarras distorcidas
pelo correr das horas, antes de
deveras deitar-me...mas o vi, eu sei;
ele existe, ao menos em forma idealizada,
em algum lugar, o há, eu sei. Mas na
confusão,
na profusão,
dos sonhos, erráticos e descontruídos,
não sei localizar, não ainda.
Ques estranhos sonhos! estiveram a habitar
minha mente nesta noite, queria de fato
saber o que Tyrion, "the Imp" estava
planejado, sobre o que falava sua
irmã malévola, rainha de herdeiros bastardos,
inglórios bastardos? Buongiourno!
Mas o despertador toca, me interrompe
mais uma vez, sem querer saber em
que parte do sonho estava, onde estivera,
com quem estivera, quem vi...
eu o vi. Tenho certeza disso, embora
tal certeza desfaça-se no rude despertar,
"hora de acordar!"
Parnate tomar,
café passar,
pão comer,
ir-me embora,
dali para lá,
tentar achar,
algo no meio do nada,
e hoje, de fato, houve mais nada
que tudo, entao, ir embora mais cedo, de
tal lugar, mas sempre pensando,
no que vi, nos sonhos, eu o vi.
Existe-o. Mas nao sei aonde, de onde,
de quem, pra quem, de qual lugar,
para mim deveras nao é, pois não era,
não foi, apenas nos sonhos, em algum lugar,
em algum lugar.

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

O passado lhe espera.



Tarde demais. Eu já abri a caixa de Pandora, Pandora trouxe-me de volta a 1994. Grande época! De fato, eu havia perdido muito tempo com Wolfenstein 3D. Era hora de jogar Doom! Primeiro, passar na casa de seu amigo nerd dos jogos(e atualmente, literalmente extinto de minha vida), o Rodrigo, e levar os quatro disquetes necessarios para a instalação. 

"Não há memória virtual suficiente."

Merda! Tenho que fazer um disco de boot. Apanhar o disquete mais fudido da caixa para fazê-lo, mesmo depois de inúmeras tentativas com o programa de escanear bad sectors, o treco continuava falhando. Mas acho que dá pra resolver. AUTOEXEC.BAT - vamos ver o que dá pra mudar aqui...

Funcionou. Ah, os gráficos revolucionários de Doom, em comparação ao seu antecessor, são realmente marcantes. Mouse? Quem joga com mouse? Doom se joga nas setas. É a perfeita simulação de um zumbi, um personagem que literalmente nem precisa mirar para acertar as coisas. Não dá pra pular nada, então, às vezes você tem que segurar o Shift e tentar chegar no outro lado, na marra. E como fazer isto, com um bilhão de inimigos atirando em você o tempo inteiro? Ora, IDFKA, claro. Ou se você quiser um jogo emocionantíssimo de fato, digite IDDQD. Quero ver este Cyber-Demon me matar agora. 

Cansei. Preciso de uma rodada de Betrayal at Krondor. Mais uma vez, onde está o maldito disco de boot? Cara, incrível mesmo estes gráficos de 1994. Agora é só passar desses caras aqui e...o quê? Uma armadilha? Como se sai disso. Pronto, Owyn levou um chocão e caiu. Agora Gorath leva uma bola de fogo, perde 60 HP e passa ainda pelo chocão. Cai morto, como era de se esperar. Que merda. Será que não existe uma forma de se enxergar os limites dessas coisas não? Ah, um cara falou que apertando o G nas lutas faz elas aparecerem...ahá! Agora sim dá pra ver os limites. Porra, fiz merda, vou ter que suicidar e dar um load. O quê? Disco corrompido? Retry, bitch! Puta que pariu. Quem afinal de contas é o General Protection Fault...e porquê ele lê meus discos? 

Volto ao DOS, entro no Windows 3.1 só pra ver uma coisa. Puta merda, que carroça este programa. E dizem que ano que vem farão um sistema operacional baseado nisso...vai dar merda. No Windows, meu irmão fez uma gambiarra que emula uma placa de som - artigo que não possuo no meu 486 DX2 66Mhz, com sua icomensurável RAM de 4 megas. Placa de som, não tenho, mas tenho uma de vídeo, das mais modernas...1 Mb...ligo o som, fica parecendo radinho de pilha, de fato, vem do alto falante do PC Speaker, que nó caso do Doom, por exemplo, só dá chiados com entonações diferentes.

Volto ao DOS, mas eu queria algo mais emocionante...

Claro, como fui esquecer assim do Rafael? Ele tem um Amiga, é muito mais doido que um PC...apesar de só ler discos de baixa densidade...mas ele instalou um HD, um Hard-Disc, coisa muito cobiçada no universo Amiga, de 20 Mb. O treco nem coube direito dentro do gabinete. Vamos lá, jogar Indiana Jones and The Fate of Atlantis...não pode ser instalado no HD? Porquê não? Guru Meditation seu rabo, fedaputa. Tá bom! Eu jogo nos disquetes mesmo. Insira disco 1. 10 segundos de animação. Insira disco 5. 12 segundos de animação. Insira disco 11. Insira disco 1, de novo. ?Insira disco 7. 30 segundos de falatório e...Insira disco 9. 

Não, não, cansei de 1994. Quero voltar pra daqui a vinte anos. Como fazer? Eu abri a caixa de 1994. Não vejo o Blu-Ray de 2013 em lugar algum. Tenho que sair daqui, de alguma forma, mas como? Como?





De fato, problema resolvido.

SSDD.

Same Shit, Different Days,
same shit always,
same days after days
after May, where I stayed,
home indoors, day after day,
it's no longer his way,
home's a place far away,
from here, from this office,
from this planet, this universe.
Same Shit, Different May,
when I was out there in a purple haze
haze of ineffectual drugs and
absent-minded days, and days,
and days, one after another,
in a roll, in a joint, in a blunt,
whose fires consumed us
whose fumes led us thru
wasted days a-way.
Same Shit,
shit doesn't change,
but you got to -
if you want to become
a better you than you,
no better at all,
after that shitty May,
shitty March, we split ways
she hates me and despises me,
from what I did, what we did,
day after day after day,
same shit always.
skip to track seven,
"a change is gonna come",
and indeed yes, it came
it went that way,
carrying all away,
cheese and wines and soy,
and a bit of these blues
I've always had within,
without,
blues playing forever on
a rusted turntable,
gotta get another,
get it together,
so we can sing like Odelay,
Where it's at!
got two turntables and a microphone,
got two more pills for you tonight
so you'll sleep tight
but your other vice,
it did not count,
did not allow
me to rest for the rest of the night,
fractured figures of a dream,
fractured pieces of a dream,
they've got to reassemble,
they got to stay together,
reconstruct, re-form,
all these days gone forever now
all that shit burned away,
same shit, different days.
I've got these marked eyes,
forever marked, forever looking
tired, and restless, that's because
I really am, tired and restless
trying to fight me
trying to find me
throughout time, and space,
throughout the very definition of hate,
throughout this animal planet, animal zoo,
I ain't from here, not at all,
I came from nowhere you've heard before
different time, different space,
not the same shit we saw every day,
not the same days, after days,
after months, years, ages,
I came from outer space
on a spring day,
back when punk was born.
As old as punk rock myself.
I've been used, I'd like to say,
but no, no way, no way at all,
this is all an elaborate ruse
for me to get to choose
from a number of Monsters,
like me, just like me,
spending days away, same shit, different places,
same shit anyways, anywhere
I'm here to be found,
I'm here to come out aloud,
I'm here to heal the days
the shitty days
we spent ways apart,
yet together,
same mood, same planet, same day,
same shit burning away,
I hope you're here someday,
and I'll be there today.
I exist: I am to be found.
I exist: the same way around
I exist: I must resist
These urges, deadly urges,
to die before the day
we'll meet each other someday
please don't be
too
far
away.


Coff, coff!

Urgh. I'll be, indeed, forced to quit my "delicious" cancer-on-a-stick thingies. They kept me waking up breathless for the most of the night. So yeah, it was a shitty night. It's no use, my body simply rejects them after a while. They don't kill you at a fast enough rate to make it worth, all the coughing through the night...

Then I got here, early as ever, and I overheard the most recent "mother" we have at the office complaining about how she couldn't sleep...because her baby woke up at 1:30 just to go back to sleep around 5 AM.

Don't smoke, have kids instead!

Fuck off. I think I'm the winner on this one...at least I got to get up, inhale my medicine a lot until I was able to breathe again, then got back to sleep - no diaper change, no helpless cries through the night, nothing of sorts. I think about Hugo too, he's everyday complaining that he got no sleep because his kid wouldn't let them. Because he wanted to play, play NOW, at 2:30 AM.

Not even Gideon wants to play at the dead of night. He just stood there, looking at me while I regained my breath, a smirk on his face. Cheeky bastard, he is sometimes.

And here I am, another day off at the office. What the fuck am  I supposed to do until 5PM?

Coffee. Lots of coffee...and cigarettes...if this is the last week of them, I'll make it worthwhile at least.

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Day Off. At the Office.

Ah, these are the rarest of moments. A day off..working. Meaning, no bosses around. Just gotta stick here, looking at bullshit all over the net, while the fuck-a-clock slowly ticks away the day. If only I could smoke in here, this would be an ideal day of nothingness. I'd just wait for the afternoon coffee, and have a combo right here, at my desk. But it's rather ill-advised, not only because of non-smoking policies, but then again, like I said before, we're IT and server room at the same time. And both are "secured" by a...water fire extinguisher. I've told them a million times to change the bloody thing, it's no use. In case of fire, die. Or rather, die trying to extinguish electrical fire with water. Bunch of retarded morons. 

Well, the day goes by, slowly, and being all alone in this very room gives me a sense of comfort, not much unlike I got at my safeplace, my Tower, a thing I'm getting rather exhausted talking about this thing that I indeed have on me - the so-called "tolerance" over other people. And no matter how I blab about it, no one gets it. Is it that hard to grasp - I do, I swear I do, a NEED to be fucking ALONE from time to time. But not like this: I'm alone in the room, just step out of the dorr and you'll see people. My Tower is a different matter. You won't see nobody if you open the door - just a stairwell leading downstairs, usually empty. There is my place of solitude. Of absolute comfort and where i can reaaly get some peace of mind...specially when I sleep, of course.

I guess people don't get it because...well...because they are "normal" people, so to speak. I've never been normal, not on this aspect. I've always sought for solitude, even if was in a shared room with my brother, later with my sister, under the covers, I'll find my place of escape. No one will reach me. And I NEED that, I repeat, I NEED it. To be alone. 

I guess it's kind of hard for "normal" people to grasp it. I'll try explaining one thing that some might never, ever felt like before, but I always did. I always felt alone. Not in the sense of being the only person on a room, no. In a worldwide sense. I've always had these moments...that I felt like I was the only person left alive on this planet. I reckon it's weird, but it has always happened to me. Specially on my early days of school, when we moved from another city to the Capital, I was scared shitless of going to school here. Where I came from, it was a rather small kindergarten - then you get the mighty "Colegio Marista(Nazista)Dom Silverio", where more than 400 students attended, at the same time, everyday.

I've never felt so alone in my life. I could not connect to anyone. I couldn't make any friends, save the ones that came along with me following the same path. But we were on separate classrooms, and the breaks, they were so damned crowded, you couldn't find anyone you already knew. I got to know my later-on "bro for life" Rafael on this very classroom, but we weren't friends back then. I only managed to get one friend - Leandro - but anyway it took me a long time to do so. All the while, I felt as alone as a man on the moon. And I gotta say, those fucking colleagues of mine were indeed icky. Much different from the kind of people I related to during kindergarten. The "Maristas" were spoiled and bullies, in most cases. School had became a living hell, for me. The only time I got peace of mind...was when I got home. Away from all those brats, those teachers, all that filth. And since we were not allowed to go out the house - my father was so paranoid he wouldn't let us go to a nearby square, to play with other kids, else we got the belt or something equally painful. 

So I got used to play alone, be alone most of the time, except when Leandro came to visit or I went to his place, but that only happened once or twice. Yeah, I had a brother, but most of the time we fought like cats and dogs - I'd always lost - or he was scheming something evil. That boy was wicked, believe me. So I tried to keep my distance. And there were times, when he would pester me so much, I had to hide from him, try to escape. Sometimes it was impossible, specially because we shared the same room, so I would enter my mind and try to find some isolation there. Sometimes it worked, until he got tired of pestering me and left.

As the years passed through school, things got even harder, because on second grade, I was no longer a classmate to Leandro, so I was fucking alone again. The void, I got used to it, overtime. At school, I was alone, I felt alone, I felt weird. Just like the song "Creep" by Radiohead, I've always felt like I did not belonged there, or anywhere. I just couldn't find my place, nowhere. Couldn't find no peace either. Only when I got back home, always. When I returned to my imaginary world, my toys, my Atari...and since I couldn't go outside, food became like a fucking drug to me - I would stuff myself everytime I had the chance. So I got fas as shit, as well. More fire to the bullies' pyre. White(extra-white, if you will,) nerdy(glasses on all times), who sucked at all kinds of sports(How I fucking hated the gym classes, oh man, how I hated them, from the bottom of my heart), who was fat as a whale, I was on the Bullies' Parade everyday, each day, for more than four years. 

So, what do you expect from a guy who was raised like this? Who had this type of lifestyle throughout most of his schooltime? I hated everybody else there, save for a few exceptions, true friends, and some tolerable people - but believe me, most of them were fucking DICKS, and the teachers - those were nasty too, specially the sadists on the gym departmente, who enjoyed seeing me suffer just as much as the kids. Believe me, I know it: I was a fucking joke. To everybody. There were some counsellors, but they were just as useless as the rest - one of them even suggested me that if I wore more "hip" - meaning expensive shit -clothes, I'd be more accepeted. Great advice, you piece of shit of a whore. Teachers, they didn't care, as long it was not disturbing their classes. So I was always bullied, in silence. People stole things from me, stole books from me, torn them apart, and so on - no matter why I always chose to be seated in the back of the room, where there was less assholes to deal with. 

With these words alone, much of my mysanthropy can be decoded, by now, I guess. I hated everyone at that school, and that lasted until the very two last years, where I somewhat got "popular" because of my long hair and my headbanger antics. And my drawings, my comics about them teachers, they floated around as well...but it was so horribly drawn, I gotta admit it, they've sucked ass. But were funny, nonetheless. But I must say, the feeling of being alone never actually left me. I just felt weird, all the time, like I was some sort of alien indeed. I could not relate to the other peoples' lifestyles and likes, and again, the time where I felt at ease was when I got back home. Away from that hell-hole. From all those assholes. Only a few of them were decent, and only one survived, as a true brother and friend, through thick and thin, from those days, Rafael Giannetti Viotti. The rest of the "decent" ones I've lost touch, over the years. I know they are different from all the other assholes I had to deal with, but Rafael is the only one I've kept in touch since then.

I've developed, over the years of torture in that school, when we were actually having a class, the ability to seek refuge somewhere else - just like I did with my brother. That costed me, a lot of material was lost while I was "daydreaming", my grades went down, and so on. But I had to escape, from time to time. It became unbearable to me, to just BE there, feeling lonely as shit, useless as a fat coward, being bullied around all the fucking time.

Things changed a lot when I went from high school into university. It somewhat felt like I wasn't just a weirdo you could pick on, i was...just like everyone else, there. Sure, we got weirdos, freaks, metalheads and so on - all mixed together now, but in better harmony. The people I've got as a class, on the first semester of the course, they seemed to like me - like I was, no matter how weird I was. Sometimes, they would even cut expenses(everyone had to pay , say, ten bucks a piece for such event to happen) for me just to attend to certain meetings, "churrascos" and so on - "We just want you to go." So I felt less lonely. But I must confess, it never, ever left me, this sense of solitude towards this world. I remember, that it attacked me wherever I was, it was not quite rare that at some of these parties, i had to retreat to some bathroom, locking myself up...to cry senselessly. Because there it was: the feeling, of eternal solitude. Some of them resembled panic attacks - but they were not, since they passed, give or take, in a matter of 15 minutes, tops.

It was while I was on my first period there, that I made two discoveries: one, that I was, indeed, gay, but that took me 17 years to start to accept it as me. I'm still struggling with the fact, to be honest. And the other, was directly related to the first - that I found out WHAT was all about that feeling of being an alien, forever alone in a human world. I found out more people like me, who shared the same feeling, and couldn't explain. In the vaults of the newly-found universe called internet. I found something I could weirdly relate to- and there were others just like me. All I have to say about that, that it is a fandom - a communion of people revolving the same interests - or most of them, because such fandom is one of the internet's most hated one, and no wonder, there are some truly bizarre things about it. I'm not gonna talk about that. I just found that I belonged there, at least to a degree.

Yet, somehow, it didn't make things any easier, these two facts. One, I can't even begin to tell how fucked up was for me to see everyone around me getting "lucky" while I had no guts to tell, anyone, about the fact I've discovered...about my sexuality. Back then, I would definitely lose my "status" with the group, or even be totally rejected...I remembered all the bullying I had to deal through school, I wouldn't take it again. So I kept in denial. And like the quote - "never underestimate the power of denial," I've endured it. But it was torture. It really was. Everyone had kissed someone, everyone got laid, everyone did everything - I did nothing. I hid. And, to be honest, even after finding the said fandom, the state of loneliness wouldn't go away, instead, it got worse. Because I knew WHAT I was, WHO I was - but it stopped there. I've never had the guts to talk to other people in the fandom. Never. So it really made things worse.

So, here it is - my actual dilemma. To lead life like this, has taught me some things: I hate most people, firsthand. Get to know 'em to see if I truly accept them. But since I don't know not even close to a quarter of all the people in the street, I hate 'em all. All but obstacles in my way home. And, I truly need, NEED, to get alone sometimes, just to get in touch with who I actually am - and that is a Monster to society, even to me, sometimes. From time to time, my tolerance towards people goes to zero. And that's when I NEED my Tower - it was indeed, the refuge I sought off all these years. Even so, I've yet to manage the "eternal loneliness" problem, but when I think about it, the risks involved...I just get more unhopeful that it will ever end.

"The problem isn't the problem / The solution is the problem" - basically, it is. It truly is. What do I need? I know. How do I get it. I think I know that, too. But do I do anything about it?

Don't have the guts to do it, basically. Because I fucking fear people. And even more, imagine people whose interests, basically the same as mine - makes me picture myself as a fucking Monster, I cannot do it. There might be even more psychos out there. I fucking fear these people, just like I fear all the rest - or even more, knowing what they're into - the same twisted shit I am, but some are creepier, believe me. And with my luck...I'll land with an even worse Monster.

Oh, the non-humanity.

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Monday mornin'.

"Wah - a - ha -ha -ha!
I wanna go out, but I can't
gotta get up for work tomorrow!"

Meaning, the night's over, even not yet -
the sun doesn't shine and it will not shine
for a few more minutes, few more minutes,
I wish I would never leave this bed,
this comfort, this softness,

"Gotta get up fo work tomorrow!"

The alarm insists on telling me-
but it ain't tomorrow, not yet,
let me be here, nice and quiet,
I promise I won't make a noise,
I promise I'll just rest...

But it's useless to fight,
everyday routine, gotta get up
indeed, gotta get up and face
the earth, not before facing
the damn toilet, stress relief,
blessed are those who can piss,
and feel the tingle of such relief.

Gotta get up to the dusty interior,
torture machines await for me,
await for my daily routine
of forcing myself awake,
25 of that, 25 of those, 7 of this
can't take that much yet

Now for some wake up juice,
I pour coffee in the pot,
I put water in the boiler,
and the boiler plugged to the wall
in the meantime, let's have
a strength test, 8 kilos
on my back, stretch and mantain
for 50 seconds, I do, but the
bolier's boiling, the water is hot,
pour the water onto the coffee
and while I wait, 50 seconds more
of this plank nonsense, it's fucking
hard, but it feels good to drown
out the night of my eyes, my body,
doing such an intense liftoff,
I grunt and fell, can't do it no more,
coffee smells, coffee and cigarettes-
breakfast of champions!
I pour the sugar, can't get rid of it,
can't drink black coffeee, not yet,
I nod to Gideon, he comes and
twirls around my arm, lighting up
my coffin nail - I know it's fucking
wrong, i know, but I keep on smoking
anyways, nothing like coffee and cigarettes,
well, maybe my beloved Irish Coffe,
but that ain't for me, not anymore,
too much tyramine, would kill me
instantly, so I choose to die at a slower
pace, enjoying smoke and coffee,
Gideon blows smoke, to mingle with
mine, we are one, we are one.
try to lift off, 8 kilos again,
50 seconds again, it kills me,
leaves me breathless, but awakens me
nonetheless, I am wide awake now, and the
sun's not yet out, but I gotta go,
gotta leave my place, gotta say goodbye
to Gideon and all my beloved ladies,
I will return tonight! Wait for me,
be still, be silent, just like Gideon's
style, when anyone's other tham me
and myself alone - can see - the life
that goes around him, around my ladies,
no time for songs now, no time for
pedals, fuzz and whatnot - wait for me!
I1ll be back for you tonight, I'll be
back for you all tonight, Gideon and
the ladies, they are my concert parade,
my whole universe that actually makes
sense in this world of chaos, traffic, drugs and
twisted laws - laws that gotten my best
friend kicked out of college, because of
a fucking bullshit image, a fucking sense
of justice, deranged justice, fucking liars,
fucking paragons of false justice,
false idiots talking about something
they haven't a clue about - a joke,
a fucking joke, that this marvellous thing
called internet, and social media, twisted
into a monstrosity, unlawful behaviour,
and media sensation, overnight, "justice
ahs been done!" NO. Justice has NOT
been done. A joke, just a fucking joke,
tasteless as it may be, just a fucking joke,
turned his life into nothingness,
all those years wasted away,
because of a fucking joke.
I leave the house, thinking of this,
thinking about how fair the fucking
world indeed is - no fucking justice at all,
I walk alone, lights turn on as I pass,
lighting the way of the early pilgrim,
about to take the fucking bus, to his
fucking job, but not before, some hide
and seek chore, sometimes sunshine lights
out of faded grass, spent trash, cigarette butts
and wahtnot - there may lie some sunshine for
making my world a better place, yet more
tolerable, so I seek, and sought, found some
and some not, some good, some bad,
'tis the same to me - sunshine in the trash.
Wait for the bus, is getting here, while I
smoke away some legal smoke, something
I will never understand, how this is legal
and sunshine smoke ain't? But wait!
Here it is, here it stops, I hop up,
g'morning to you all, paid the fare, using
my electronics share, I seek my spot,
my lonely seat, always there, at this
time of day, it is always there, my
preferred spot, my lone seat, no one
gets near, no one will get near, 
I sit and look, outside the window,
yet I see nothing - I am just thinking
about my life, my meds, my friends,
my fucked-up by the media friend,
which lead to a fucking witchhunt
with one victim only: he is. The culprit.
As if there weren't others doing
exactly the same thing, or maybe
worse, like the slave girl - what about
that fucking piece of shit guy?
suspension, no less, no more.
expel the one, who had a fake 'stache
that's evil! that's evil! way more than
the other two fuckers there. Or the
"slavedriver" asshole - suspension,
nothing more, nothing less.
But let us expel the 'stache one,
because he represents evil himself,
Hitler re-incarnated, indeed.
On. A. Fucking. Joke. Of. A. Photo.
It got me thinking, how people are
fucking gullible, they read a ton of
nonsense my friend has written
all around the fucking "speech-free" internet,
and got himself on this tackle.
Fucking people. Fucking so-called moralists.
They don't know my friend, not like I do,
I vouch for him anytime I must,
He's not a Monster, at least not like this one,
who's awake and already pissed
about what happened to a friend of his,
a soul that saved mine, numerous times,
when I was down, he was there, for me,
with all his extremism and right-wing
thoughts, it does'nt really matter. He is my friend.
You idiots don't know him like I do,
Fucking morons, everywhere I look,
everywhere there's something barely legal
involved, there they go, the so-proclaimed
"righteous" ones. Righteous fuckers!
Well, there's my stop, and there is another
bus to wait, until I get there, to the Empire,
not before I buy some bread,
not before I drink some coffee,
along with poisonous legal smoke I inhale.
And here I am, weel-kept, well-fed,
awaiting the endless seconds go by,
time moving backwards, it feels.
I sit and wait, until my next poisonous
break, where I'll do some planking too,
and try to survive, the office's life
the official langage of boredom,
for all these nine long hours it steals me,
before I can get back, to my dusty
but dreamy place, my safe spot, my eden
where I am whatever I feel like, I feel
whatever I'd like to feel, I make all the
noise I want to, off my ladies' bosom
where I can be the King - of this lonely
wasteland,  strange to many,
an utter necessity of me.
There I'll be - when the clock stikes
five and let me go back to my place,
my place,
my place,
my paradise.
No where else will I find, dragons alive,
rocking guitars, liberty to be
whoever the fuck I wanna be.


Ode às moças do final de semana.

Antes da dor, diante do dissabor,
existem tantas cordas,
tanto captadores,
tantos frets, tantas notas,
escalas, maple ou rosewwod,
corpos, madeiras diversas,
esculpidas em objetos
objetos de arte,
para se fazer arte,
para se obter a salvação
de um final de semana que
vei o foi, um piscar de olhos,
distorção espaço-temporal,
segundos viram milesimos
de segundo, enquanto cá estamos,
cada segundo se torna uma
semana inteira, a nos esperar, espreitar,
mostrar oque há de novo - não
há nada de novo, não aqui,
mas talvez lá, nas cordas,
nas tarrachas, nos pedais
e pedaleiras, nas notas - tantas notas!
ainda não encontradas, sempre
procuradas, por este ser que
possui, novamente calos nos dedos,
para em suas moças tocar,
sem machucar nem ser machudado,
deveras, após tantos e tantos
bends, tantos acordes, sonoros
ou nao - tudo está ali, a me esperar,
tudo que já ouvi, tudo que já gostei,
está ali, escondido ali, no emaranhado
de cordas e notas, frets e tarrachas,
pedais e pedaleiras, me fazendo bem,
me fazendo esquecer as horas do
as horas minguantes da noite,
tudo em seu lugar, tudo conectado,
tudo arranjado porem empoeirado,
assim como eu, empoeirado,
enferrujadao, desgastado, mas
lentamente, fazendo sentido de
tantas e tantas notas, todas encerradas,
escondidas, às vezes revelada,
para um ouvido surpreso ou desconfiado
"já ouvi isto em algum lugar" -
mas continuar, continuar, desgastar,
criar pele sobre pele, pele sobre calo,
calos em cima de calos, e ainda asim,
tanto tempo restante a definir! para deveras
encontrar, escondidas, desarrumadas,
subitamente arranjadas, o perfil de tal
tom encontrar! o som a vibrar, soante
e sereno, encontrado, depois de tanto tempo,
tanto tempo a procurar, tanto dempo
a desgastar-se, tocar e tocar,
afinar e desafinar,
regular e precisar,
encher de sons
o vazio da Torre,
encher de música,
as entranhas da Torre,
encher de sentido,
os vazios de minha silente vida.

War.

Creatures of the night,
they abound around me,
at his dead of hour,
at the dead of night,
they awoke me, I'm sure,
to let me know I'm not
alone, yet surrounded,
by the wholesome of
them,
They are legion.
They are everywhere.
Some are cold,
and distant, eerie
like the morning sun at this
time of day - suddenly appearing
giving life to shadows, life to things,
like me, they ar Things,
humans and more then that
sometimes...not most of times, though.
sometimes we are people,
we are around like people,
but we are not people,
we are not even human to
begin with, for we are,
we always have been -
a pageant of creatures,
not fro m this world,
not from here, never
from here. Elsewhere,
we'd been born,
at pages of never
published books,
never illustrated pictures,
never written words -
we are there, we have
been born there. Before
time, before space, we have
always been around,
a novel yet to be written -
about a man who are not a man,
but somehing else entirely,
like Her, the Sunspear
maiden, the unhurt ladie
of Wrath, vengeance,
and fury itself, all in one
human being, that has
never been a true human
to begin with...he was
somethiing else, felt
like something else,
all his life, and now he
knows why - and won't deny it
He is sha, killer of the night
terror in the mists
death to many,
too many.
That other one, he's
a future king, the only heir
left of a long lifeline of true
warriors and sages,
long ago, hey were all slain
by a group of unnamed
soldiers, unfaced men-
he's been loking for them,
and won't give up till
the deed is dine, the vengeance
occurred, and the divine wrath
been shown, to those arrogant fools
show them how it's done
with this firece warrior,
his shining helm, dented
ad twisted,
yet to be broken,
he uses it like Sage Ol' Rip,
uses his whip, uses like a living
thing, an extension of his very
arms, his very own hands,
he uses that dealy whip,
like he's benn born with it,
never been apart from it,
just like Sean and his longsword,
so many foes slain, so many
lizard men, dead at his
feet, dead or dying, done
by a thrust or a cut,
from his very own longsword,
named after his Father
who collapsed and fail,
not too long ago, in a
battle of the ages, a battle
of races, fellow Horsemen
against the might of the Dragons,
And here I am, amongst them
looking for a scrap, looking for
a reason that will justify
so many killings, so dreary war,
a war of the Races, a war between
Races, bulls and horns,  hooves
in the night, a silent fox approaches
speaks to me, tells me that
the other's side is lost, gone
forever and ever, I look, for
survivors throuth the might
and sword, the morningstar and the
lance, I look for him, I don't see
him, I can't find him, can't find
his companions, or battalion,
moaning corpses, soon to be fed
to crows, a miriad of crows,
all I got is a bag of loot,
a couple coins, a fading hope
that'll ever find him ever
alive again, not after this battle,
not after this scuffle, I have to run,
I need to find him, but all I see
are corpses of jaguars, and other
felines, the nighty Horsemen
delivered a decen apocalypse
of heir own...I seach, and call,
in vain, I sense, in vain
no way I'll ever see him again,
mangled corpses, magled bodies,
mourning mothers ad fathers,
they see what I see - a dreadful wasteland
where the battle took place.
a few men wander aorund, sellswords,
splitting their loot, fighting for naught
I came her looking for him
but I won't find him, not alive,
not at all - not on this wasteland
of dreary corpses, awaiting the crows,
awaiting in silence, eerie silence,
wher the swords clanged and metal shone,
where so many lay dead, or dying,
no use to try finding,
for him, he's gone.
Dead and gone.
I know ti, I feel it.
He's dead, I'm alone,
once again, alone
it the midst of so may
dead bodies,
alone,
waching their corpses,
lying around in defeat,
I curse and plead,
no use for me,
he's dead and gone,
and I'm left alone.





sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Clockin'

...and the clock ticks-a-toc,
ticking away,
slowly away
the time of day
this day,
that never ends,
never truly started
because I was awoke
all night long,
the tick-a-tock clock,
it ticks, two thousand seconds
per minute, while you're
stuck here,
1/10000 of a second on holiday
and weekends.
tick-a-tock
fucking clock
go faster
faster
so we can leave here
and get there
where we all care
to be, specially me,
ticking fucking clock,
time does not matter
time doesn't exist
while you're stuck
at work, at school
or wherever
time ceases to be
time ceases to pass
tick-a-motherfucking-tock clock
tick away
tick faster
rid us of this
dreadful place
when you're at
home, on weekend,
you close your eyes for
five seconds, it's
Sunday already.
When you're at work,
it's 4:23, you close
your eyes for five minutes,
its 4:17.
Fucking clock
ticks a lot
lasts all day,
everyday,
every fucking day.
tick - tock
a second is lost
tick - tock
no second is lost
clock, o dreary fucking clock
go faster
go faster
let us be free
it's friday,
and when we get
home, it'll be sunday.
after all the commute,
the chaos within
the stores, the shops,
all ticking clocks
all tick-a-tock'ing
all day long
for nine hours
that felt like two hundred
fuck you, clock
go fucking faster
all these readings
are wrong,
the days are fucking long
except the weekends
that finishes as soon
as the fucking clock
finally decides to go
fucking faster,
and end it all,
in a matter of seconds,
what should have
lasted for a whole week
instead of two two-hour days
we get for a weekend.
Fuck you, clock.

Memento mori.

Vagar, vagar, de-vagar.
vagar, vagar, mudar!
mudar o que não muda
"não muda porque não queres"
não...não quero
certas mudanças, nunca quis
certas ambições, nunca as tive.
certos sonhos...os tive, sim, deveras,
traí-me em todos
contraí todo tipo de sonho
que não pode ser executado
não agora, não.
aumentem as doses,
aumentem os remédios
não existe remédio
para o que sinto deveras
e o que sentes?
paixão, ardor, ódio, ciúme?
inveja?
certas feitas invejo até mesmo
mendigos, por não serem
quem de fato sou...
inveja, de dinheiro, de poder
poder fazer o que quiser
por ter dinheiro
para fazer o que bem entender
e o que bem entendes?
nada, deveras, nada.
nada da vida
nada das pessoas
nada de mais
muito de menos
vagar, vagar, vagar
pela noite afora, vagar
em sonhos incompletos
em esperanças natimortas
e o aborto dos sonhos
que nunca verão
a luz do dia
nem da noite,
as luzes da noite,
que erram, tudo erram,
tudo encerram
algumas vezes, nem todas
mas
todas as noites
existe algo
que me faz
me fez
temer
o que
sou
o que
sempre
serei
aquilo
que é-me
conhecido,
por tantos odiado
por tantos judiado
por todos hilarizado
hilário! ha ha ha
gente, enquanto dia,
enquanto público
enquanto gente
a mais nas gentes
mas às noites,
não.
quimera
monstruosa quimera
por tantos julgado,
condenado,
encerrado
em sua própria jaula
criada por sua própria
existência
por sua própria
negligência(?)
por ser
o que não
sou, aos olhos
de outrem,
mas sou,
diante de mim
diante do espelho
diante do que vejo
em meus sonhos,
em meus desejos,
meus anseios,
nunca. Nunca se farão.
Nunca, nunca.
quiçá exista
mundo afora
outro de mim
outro pra mim
mas, donde?
como?
onde estás
que não vejo
não verei
não conseguirei
não conseguiremos
encontrar-mo-nos
nunca.
In vino veritas
in vita, vanitas
ars moriendi
memento mori
sim, sim, morrerei
morreremos todos
mas alguns de nós,
vivem mais que os
demais...os Monstros...
por serem, haverem,
obtiverem, obtiveram
o que jamais
obterei
jamais.
nasci, como qualquer um
nasce, mas morrerei
da forma que poucos morrem
em uma última ceia
arquitetada, planejada
para o momento em que
tudo mais falhar,
feito tem falhado,
feito tenho falhado.
Mude!
Viva!
Saia!
pra onde?
pra quê?
como?
monetários não há,
não haverão
viver, sem deveras
estar vivo,
este é meu suplício,
que me anseia
isolar-me,
esconder-me
ninguém incomodar
ninguém me incomodar
não machucar
nem ser machucado
querer o sabor
sem sentir a dor
dor
que sempre haverá,
sempre existirá
entre dois seres,
duas pessoas,
duas gentes
presumo que o mesmo
seja verdadeiro
para nós, os Monstros
encerrados
escondidos
desabitados.
Ars moriendi.
Memento mori.
requiem
para o Monstro,
em breve, em breve
tal qual, dirão
alguns, erroneamente,
foi sua estada
entre as gentes
Gentes!...
tantas e tantas gentes,
não encontro sequer
um outro Monstro
para me aceitar,
me fazer companhia,
talvez até me alegrar,
me amar.
"love yourself first."
como?
como amar um morto
ou que se planeja morto,
em breve, quando tudo
mais falhar,
todos os remédios
falharem,
todo o dinheiro
acabar...
já acabou.
acabou-se tudo,
coisas que sequer nem
começaram,
já se acabaram.
Nunca começarão,
nunca terminarão.
Que tens? Inveja?
Sim, admito, invejo
invejo até certas
escórias que são alcunhadas "gente"
sem nem o serem,
mas por haverem,
ao contrário do Monstro,
terem vivenciado
a vida, ou aspectos dela
que jamais vivenciarei.
Certa feita, lembro-me
bem, me disseram, com
raiva na voz, "você precisa
amar alguém!"
sim...preciso...sempre precisei...
mas falhei. Sempre falhei.
por ser o que não era
e tentar ser o que nunca fui,
nunca serei.
Gente.
Apenas aos olhos
das desatentas gentes,
sou gente, como elas.
mas sei que não.
sempre soube que não.
sou o Monstro no armário,
fora do armário, que seja,
mas ainda assim Monstro,
deveras Monstro,
à procura
de outro Monstro
assim como eu
mas não os há! em parte alguma
não os há.
Viver sem viver,
morrer por morrer,
por estar farto
de nunca ter encontrado
aquilo que sempre
procurei, mas não existe.
Não. Existe.
Memento mori,
morrerei sem conhecer
o sabor sempre acompanhado
de amargor, bem sei, sempre soube,
sempre disto fugi, e agora -
- agora é tarde.
És Monstro,
serás Monstro,
enquanto permanecer,
inexistente
a outro Monstro qualquer,
que não os há!
não os há!
viver estando morto.
morrer, tendo ainda acesa
dentro de mim
a chama que nunca se apagou
mas nunca se encontrou
com outra similar chama,
e se apagará, também,
quando o requiem chegar,
a última ceia ocorrer,
o Testamento lavrado
por muitos testemunhado,
fará-se valer
de mim se livrarão
das débeis palavras
débeis mentalidades,
debéis anormalidades,
Monstro.
Memento mori,
a todo dia,
toda hora,
todo lugar
que vou,
fui, estive,
compareci
depois desapareci
por não haver nunca
encontrado
o que queria, deveras
encontrar.
Não. Os. Há.
Mude!
Lute!
Procure!
É tarde.
Sempre foi tarde.
sempre foi inútil,
pois não os há.
mudaria, deveras,
de Monstro pra Gente,
mas não sou capaz,
apenas fui capaz
do extremo oposto.
Monstro, sozinho estás,
por não ter procurado!
Não. Sozinho estou,
por não os haver,
nunca hei de haver,
nunca hei de obter,
o conselho raivoso
que me deram.
Ame-se a si mesmo
primeiro.
Não, nunca a mim, nem a
outrem. Não os há.
Como posso amar
o que vive mas é morto,
o que ladra mas não morde,
o que jamais existiu,
apesar de ter, deveras,
enchido o saco de tanta Gente?
Gentes. Memento mori.
Ars moriendi,
sempre aprendendo,
cada dia mais,
cada dia a menos.
cada hora a mais,
cada segundo a menos,
"esta é sua vida,
e está acabando
um minuto por vez."
"esta é minha vida,
e ela acabou,
dez anos atrás."
Morto, semi-morto,
zumbi entre as Gentes
cópias de cópias de cópias,
de algum ideal de beleza
que jamais persegui,
jamais quis,
jamais fiz força
para obter tal ideal.
meu ideal é outro,
um outro Monstro,
que não há.
Monstro, patético,
a chorar, ao se dar
conta do que fez
e o que deveria ter feito,
mas não o fez. E agora
Monstro és,
Monstro serás.
Memento mori.
Ars moriendi.
Cada dia mais,
cada dia menos.
Nunca amou,
nem amará.
Ars moriendi, de fato.
SSDD.
Same
Shit
Different
Days...

Me, me, me!



...everywhere I go...

Sleepless in the Tower.

I ate, I saw, I ate, I've eaten,
now's the time for sleep,
now's the time to shut the drapes,
using these chemicals, fine pills
that will take me away,
from here, from there, everywhere,
all at once, all over again.

Yet it makes no difference
sleep won't find me tonight,
not here, not there
not anywhere
I lie awake, and I fucking stare
at the fucking ceiling,
counting holes, counting sheep,
doesn't matter,
sleep will not be coming home
tonight.

I lie, and wonder, about all I am,
all I care, all I said, all that shouldn't
have said, perhaps, no one gets it,
no one ever will, the Monster's
awake and lying still.

I toss and turn, roll and rise,
to the bathroom I go,
nothing happens.
nothing ever happens.

The night, surrounds me,
on its dreary silence,
and its dreary thoughts
that will never let me go,
not here, not there,
not anywhere.

The night's get cold,
I am awake, lying, lying, lying
lying awake, to myself,
to everyone else,
to everyone everywhere
night, unforgivable night.

sleep comes, sleep goes,
in a serie of misformed dreams,
unfinished dreams,
unfinished business,
unfinished life,
life! it leads into the night,
bleak and cold, silent still
silent killer of my awoken dreams

all around me, the tiny night
creatures roam, and feed,
on my papers, on my other bugs,
but they'll never eat me
like this night has done,
swallowed me whole, 
and won't let me go.

creatures of the night,
rejoice, for this is an endless night,
it will never end, not again,
not tonight, never, never, ever.

I lie awake, lying awake,
to myself, to my thoughts,
to my dreams, dead and gone,
i lie to hem: begone.
forever, alone.

Sleepless I sleep,
once and again, I see,
dreams and fragments
of the day and night,
night and day,
awake in the fucking night.

tonight, I feel,
nothing's gonna save me
nothing's ever going to come
nothing happens, no one cares,
no one dares, to let go
of the sleepless dreams
toss and turn, roll over and over,
3:20 in the AM, nothing at all,
nothing happens, nothing will happen,
since I'm lying still,
lying
to the
night.

lying
to myself,
to themselves,
to everyone else,
everywhere, anywhere.

lying, I lie. I lie and lie
and pretend it ain't so,
that it can't be so,
but it is - it fucking is
sleeepless in the Tower,
lying awake, lying sleeping,
always lying and lying,
to themselves, to myself,
to here and now, to the
sleepless wall of dreams,
once here, now gone, begone.

All I do
is to lie
all I can do
is to lie
waiting,
waiting,
counting hours,
counting sheep,
counting the lies
I've told myself,
I've told themselves,
I am a lie.
I've always been a lie.
fucking lie, fucking lying
awake, trying to sleep
and get rid of them lies,
impossible, can't be done,
not tonight, not ever.

I am a lie.



quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Incongruências.






Provavelmente, ninguém ou quase ninguém se lembra do Foul Bachelor Frog - o personagem acima ilustrado. Aliás, quem não era leitor de sites como reddit e o afamado 4chan - não terão a mínima idéia de quem este sapo representa. Como o nome diz, traduzindo grosso modo, "Nojento Sapo Solteiro" ou algo assim. Eu assisti a inúmeras "threads" a respeito do personagem, em seu auge, lá pra meados de 2010, 2011, eu acho - e me ria muito, pois eu me identifico demais com ele. Sou um Monstro Solteiro Nojento, coisa assim.

Bem, nojento em alguns aspectos - coisas que se viver "sozinho",  de certa forma, me ensinou a ser: do tipo, chegar em casa, tirar as calças imediatamente, repô-las pela calça mais confortável - mas não necessariamente a mais limpa - que eu tiver a meu dispor. Meu banheiro, às vezes, eu mesmo tenho que assumir que está um nojo e dar um "jeitinho" - às vezes mesmo só passando papel higiênico em torno do vaso e da pia...tosco. Mas também, com uma "obra de arte" feito aquele banheiro, com sua engenhoca por mim inventada forçosamente para se dar a descarga -depois ilustrarei tal façanha da "engenharia" de banheiros aqui, com uma foto. Para se dar descarga, é preciso usar a colher que fica na caixa do vaso. Comassim? Ah, os idiotas que planejaram o banheiro puseram a caixa colada ao vidro do box. Não dá pra apertar o botão, então, tem-se que ser feita uma espécie de "alavanca" com a colher pra dar a descarga...e muitas vezes, eu deixo apreguiça vencer e não dou imediatamente descarga...nojento! Sim, tosco. Além do que, depois de se viver 10 anos num sótão sem forro, você meio que...se acostuma a viver na sujeira...ao menos na poeira. E juntamente com a poeira, vêm, especialmente nesta época seca do ano, os famosos "pólens"(não sei se de fato aquilo é pólen -biológo de merda, sim) dos eucaliptos, que invadem meu espaço que preciso ter, à mão uma espécie de "vassoura de mesa", para remover o excesso daquelas porcarias, pois dá aflição sim, ficar cercado daquelas porcarias.

Mas não foram estes aspectos que me deram idéia de escrever este texto...o que mais inspirou foi ter recebido um SSDE - variante do que geralmente chamo de "SSDD -Same Shit, Different Days". SSDE - Same Shit, Different Emails. Não que esteja querendo afirmar que o que me escreveram foi "shit", não - eu uso tal palavra em sentido figurado. Não denegrindo o que foi-me escrito. Pois bem, Anteriormente, em posts aqui já escritos e alguns lidos por algumas poucas pessoas, eu afirmava que dois de meus melhores amigos - o Psico, às vezes denominado Ogro, e a Jackeline - que me refiro como o Anjo do Sul, por até hoje me aguentar, em inúmeros emails por nós trocados, na mesma semana, escreveram-em a mesma coisa - Mude! E hoje, junto ao rol, minha própria irmã, que mais uma vez vem com o mesmo rogo: Mude!

A incongruência não vem daí - vem de mim mesmo. Sabe aquilo que dizem sobre insanidade - fazer exatamente a mesma coisa e esperar resultados diferentes? Poizé. Sou eu. Mude! Mude! Mude!

Que porra viu. Eu vejo-me diante deste dilema, e isto me enche o saco, por alguns motivos - primeiramente, ter de escutar a mesma coisa várias vezes, e quase todas deram em merda - eu e Psico quase brigamos, com Jackeline também foi parecido, e agora, minha irmã. Que vai brigar comigo também, se eu não tiver cuidado no que responder. Preferi escrever a tal resposta aqui, para também ilustrar aos demais "sages" que me enviaram os emails anteriores contendo quase o mesmo conteúdo, para que vejam que não estão sozinhos nesta luta árdua que é tentar mudar o que não consegue mudar. Não da maneira que querem, não imediatamente. 

Minha irmã começa escrevendo-me que "para alguém que não acredita em milagres (e que se diz pessimista), parece que é exatamente isto que você espera desse remédio." Não. Para começar, eu duvido que vá, de fato funcionar. Sempre duvidei, pois "não me digo um pessimista" - eu SOU um pessimista. E NÃO, não acredito, de fato, em milagres. Espero, sempre, pelo pior, vou sempre preparado pro pior. E pelo que estou vendo, de fato, tal droga não será, deveras, nenhum milagre. Aceitei tal tratamento, por ser-me tão generosamente ofertado pelo senhor Diretor, mas também fui, de certa forma, forçado a aceitá-lo. Frases como "Você já estava suicida mesmo, então que diferença vai fazer tomar algo que pode ser potencialmente fatal?" e "Se você recusar, você vai perder a boa vontade do Antônio...", e "Se voce voltar a ter uma crise daquelas de novo no escritório, serei obrigado a te mandar embora," não foram-me exatamente "encorajadoras" no ponto de vista positivo da palavra. Eu liguei o foda-se, pra ser sincero. "Tá, é o único remédio que não tomei até hoje, e pode me matar. Por que não? Ou é arriscar neste trem...ou arriscar a perder meu emprego."

Como disse, no episódio que relatei a segunda visita ao tal Doutor, não mudaram, de fato, muitas coisas. Pra falar a verdade, eu só posso enumerar, uma coisa positiva de fato: eu ter retomado o hábito de malhar, em casa. Fora isso, não sei...Segundo consta, a julgar pela metodologia do médico, ele vai avaliando o progresso através da repetição do tal questionário que ele faz na primeira consulta, coisas como, "Voce tem baixa auto-estima? Você tem vontade de se agredir, de se matar? Você se sente motivado?" E coisas assim. Da primeira consulta pra segunda...não mudaram quase em nada as respostas que dei ao questionário. Do que inferi, que o tratamento é de certa forma mensurável, ao ver progressos quanto às perguntas do questionário. Mesmo assim, como disse, ainda é cedo pra julgar a eficácia do medicamento, uma vez que quando lá fui, pela segunda vez, faziam apenas 2 semanas que estava ingerindo a "dose mínima terpêutica" de 30mg/dia. Subiu pra 40. Subiram as dosagens dos outros medicamentos. Mudaram horarios de tomá-los. Os exames, por ele pedidos, todos tiveram resultado mais que satisfatórios, segundo ele - exceto pelo de litio, que está baixo, então a dose dele foi também aumentada. Mas de resto, está tudo em ordem, triglicérides, glicemia, colesterol, cálcio, etc...

Eu não sou um perfeito idiota, embora muitas vezes aja como tal. Como o ilustrado na irônica imagem do Foul Bachelor Frog que escolhi para ilustrar este post. Este sou eu. Odeia se sentir solitário, mas odeia estar perto de gente. Incongruência monstruosa, por assim dizer. Segundo me diz o médico, um dos alvos deste tal Parnate é a fobia social crônica que fui diagnosticado - e que sempre, SEMPRE soube ter - ontem mesmo, fiz um teste de 36 questões sobre o tema - mas perdi o endereço do teste, pois apareceu por acaso. O resultado eu já sabia, a julgar pelo conteúdo das perguntas - "Você se sente confortável em um local cheio de gente?" Nunca. E similares. Não deu outra, fobia social crônica...tinha outros dados, mas como era um "free trial" não tive acesso a eles, tipo sugestões, recomendações, etc. 

Mas a principal incongruência, e disto posso falar do útimo email do "bundle" que ando recebendo, é algo que não falei aqui antes...e que não sei explicar direito. Após um dia aqui neste escrotório, após pegar o busão de volta pra casa...sabe o que eu mais desejo? O que mais anseio? Me trancar na minha Torre. E de prefêrencia, de lá não sair até o dia seguinte, para voltar para cá, a sede do Império. Não quero ver ninguém, não quero falar com ninguém, não quero ir a nenhum outro lugar. Coisa que não comentei no meu email para minha irmã, mas é que sinto um alívio tão grande ao chegar em casa e ver que não há ninguém em casa. E outra, se eu não me jogar, imediatamente aos ferros empoeirados do sótão, eu acabo não me exercitando nada. Sempre rola alguma desculpa, deixo pra lá...então já chego e vou pra lá direto. Não demora tanto tempo assim, uns 30-40 minutos. 

Quando chego e vejo que minha mãe está em casa, bem...é feio dizer, mas me bate um desânimo. E não sei, parece-me mesmo que tal "fobia" foi amplificada pelo Parnate. Eu não quero falar nada. E pra falar a verdade, na maioria das vezes, não tenho nada a dizer, sinceramente. Nada de interessante, pois aqui, nada acontece de interessante, neste meu serviço. Nada de significativo, de fato. Em geral, após o "workout" eu desço, para lavar as louças que minha mãe deixa reservadas para mim, que faço sem problemas. Mas depois, vem o momento de interação...e atualmente, não sei porque, eu ando cada vez mais desanimado para conversar, não só com ela, mas com qualquer um. Especialmente ao chegar em casa...pois existe algo, que não sei explicar direito. 

A necessidade de se estar só.

Ela aparece assim que chego em casa. E é fortíssima. Tenho esta vontade, de ficar isolado, de tudo e todos. Nem é vontade, é necessidade, mesmo. Não sei explicar. Mas ela existe, esta tal necessidade, e vai aumentando conforme o dia passa. Conforme o tempo passa, pois não importa onde eu esteja, eu sempre sinto-a aparecer, cada vez mais e mais forte, quanto mais perto de gente estiver, quanto mais longe de minha Torre estiver. Sei que é difícil para alguém "de fora" entender, mas é assim. Ali eu me sinto livre. Me sinto isento de olhos a me olharem, me julgarem, me analisarem. Paranóia? Talvez. Talvez seja isto. Mas eu afirmo, ali eu me sinto bem...quando pra lá vou, definitivamente, sem ter que conversar ou tentar conversar com mais ninguém, eu entro e sinto um alívio extremo. É a melhor hora do dia, pra mim. Sei que ninguém vai entender. Eu entendo, mas da minha maneira torta de ver o mundo. Eu fujo do mundo. E ali, é meu último refúgio. Ali, não preciso de nada, e quase nunca, de ninguém. E ninguém sente a minha falta também, acredito. "He's grumpy, he's broke, he's got nothing nice to say, nor interesting, so..."

Sim. Alguns, raros, dirão, que sentem sim, minha falta. Talvez seja reflexo de estar ficando doido, deveras. Eu sinto, cada vez mais e mais, esta necessidade de estar só. E fico extremamente irritado se tentam me tirar de meu refúgio. Minha irmã fez refêrencia a um hábito que possuo - o de ter o NÃO absoluto como resposta. Simplesmente, NÃO. E diz odiar este meu hábito. Não é só ela - já ouvi a mesma coisa de meu pai, de minha mãe...Mas, sinceramente, o que dá raiva? Ser um NÃO e só? Será que ela preferia, ao invés da - sincera, devo dizer - negativa, ela preferia que eu floreasse a coisa, inventasse desculpas, blahblahblah, agora não, pois blahblahblah. Sim, eu imagino, pondo-me no seu lugar, que deve ser um saco escutar somente este monossílabo negativo, duro, impenetrável. Mas devo dizer também, arriscando-me a ser sexista, é coisa que nenhuma mulher gosta de ouvir, e bem sei disto, pois vivo com duas mulheres...e ambas odeiam este meu definitivo NÃO. 

O fato é que sou um misantropo nato. Sempre fui. Sempre preferi ficar no fundo da sala do que à frente, bem escondido no meu canto. Sempre tive dificuldade em falar com outrem...que ultimamente tem avançado para falta total de vontade de falar com outrem. Nem querer fazer o menor esforço possível para tal. O que tenho a dizer que vai te acrescentar alguma coisa? Eu sou um Monstro. Sim. Outro destes "ditados de internet" que vi por aí, dizia "you are who you are when no one's watching." - e é verdade, só me sinto mais "à vontade" comigo mesmo quando estou só. Não quero estar perto de gente. Não mesmo. Sou obrigado, logicamente, várias vezes na vida...mas todas, TODAS, eu fico só pensando, "como vai ser bom ir embora desta josta e voltar pro meu canto."

Só ali tenho a liberdade de ser o Monstro que sou. Sem ninguém pra me analisar, me encher o saco.

Sei que, do ponto de vista cibernético, ninguém está, de fato, sozinho. Ainda mais ao usar a internet para achar as "monstruosidades" que me agradam(não, não sou pedófilo, necrófilo nem nada disso, mas sou um treco que é super mau visto mundo afora. Algumas raras pessoas sabem o que é...mas não vou dizer aqui, sinto muito. É algo que contribui com minha auto-denominação de Monstro - mas sou mansinho, ao menos.) E não estou falando da mera prefêrencia sexual não, pois eu mesmo já abri o jogo, posts atrás quando enumerei os itens do meu Testamento, a ser lavrado - pelo que consta - até o final do ano, se tudo der errado do jeito que acho que dará.

Bem...o inferno é ser ao mesmo tempo, um misantropo irredutível...e de certa forma, romântico. Isto sim é um inferno. Como disse no post de ontem, a fala de Frida Kahlo - eu fico me perguntando, se não existiria, por este mundão aí, alguém que conseguisse passar por cima da sujeira, da Monstruosidade, da falta eterna de dinheiro, do mau-humor perene e os NÃOS totalitários...se não haveria um outro Monstro que me aceitasse...que quisesse partilhar de minhas monstruosidades e afins. Mas, com sempre digo, acredito no pior, então, acredito que não. A não ser que eu deixasse de ser o que sou. Conforme os emails SSDE todos me afirmaram - MUDE!

Não posso mudar. Sou o que sou. Detesto gente. Detesto ter que conversar, sobre irrelevâncias. Gosto do meu empoeirado canto, onde posso ser Monstro do jeito que eu quiser, sem ter ninguém pra me reprovar.. .Gosto das minhas guitarras barulhentas e desafinadas, para muitos ouvidos apurados. De ser quem eu SOU de verdade - que só aparece quando estou na Torre, sozinho. 

Volto a citar, em minha listagem de pontos negativos exigido pela psicóloga, eu elenquei: "tenho medo de mudanças, pois sempre acho que serão pra pior." 

E eu acho mesmo. Não descarto que inexistam, por completo, mudanças positivas, mas no meu caso....sei lá. Acho que estou perdido. Nenhuma mudança, nenhum medicamento, nada, me retirará deste sentir-me Monstro para o mundo. Nenhum Yoga, que aliás, foi outra sugest~~ao de minha irmã e devo aqui confessar, eu já tentei fazê-lo umas quatro ou cinco vezes - e detestei TODAS. Aquilo me dá uma ansiedade, aqueles trecos lentos, demorados, contar respiração, etc. Não me apaetece, sinto dizer. Assim como gente não me apetece. 

Enfim...o que podemos concluir é que, o Monstro morrerá, de fato, este ano, ainda virgem e desprovido de esperanças. Pois não muda...não mudará. E morrerá, sozinho, na poeira.

Ei-lo.


Eduardo, o Damasceno, fez-me uma requisição particular, em nossos emails trocados, de incluir cá uma fota de Gideon, ao menos como as pessoas normais o enxergam, enquanto se apresenta apenas como mero entalhe detalhadíssimo em madeira, como peça de decoração(tal e qual, sou eu , aqui diante deste monitor, dia após dia) Novamente, vocês terão que me desculpar pela qualidade da imagem: não sou fotógrafo, não entendo absolutamente nada de fotografias, luzes etc, e possuo, pior ainda, apenas a câmera qualidade PLC que veio montada em meu celuloso. Bem, cá está o bichão, da melhor maneira(a menos pior foto que tirei) ontem à noite. E aqui, um detalhe de sua cabeça...


"Só isso?" Pensarão alguns chatos, "Eu já vi dragões bem maiores, bem mais bontos e---" Foda-se. Este é Gideon, e ele é pra mim, tudo o que já escrevi aqui, e mais ainda, muito mais. Ele representa meu lado bom, meu lado mais humano, o que tenho de bom, o que valorizo em mim mesmo ainda, coisas assim. É prova viva que boas(escelentes) surpresas acontecem, mas muito raramente, em minha vida, e poucos sabem o quão valorizo tais surpresas...assim como valorizo meu pet - meu dragão, para alguns mero entalhe em madeira, para mim, muito mais que isto. Conforme já pôde ser lido aqui algumas vezes...

E sim, podem até haver - eu mesmo já os vi - dragões de madeira talhados tal e qual Gideon, mas maiores, alguns com asas, outros de mármore, minha própria irmã me disse que viu, em viagem para a Bahia, uma loja que eu endoidaria ao entrar - pois era repleta deles, inclusive havia um suspenso ao teto...do tamanho do teto. Eu ficaria doido mesmo, mas nunca, jamais poderia adquiri-los. Já pensei em fazer coleção deles, mas os fundos me faltam, pois, em geral, são peças caras mesmo. Entretanto, possuo alguns outros, além de Raz'ksh, aqui já mencionado, e que depois também irei apresentá-lo visualmente. Mas ele é muito mas muito menor que Gideon, em tamanho e em fúria, ainda bem, pois sua fúria, conforme já disse - é negra, voltada pro meu lado negro, negativo. 

Mas Gideon é meu dragão do Bem - e representa tudo que acredito que há de bom em mim ainda, e além de ter seu significado para mim sempre mais importante que mero "presente", como alguns considerariam que fosse - apenas um presente. Não é. Eu já disse isso. Pra mim, representa tudo de bom que uma certa amizade - Rafael, meu irmão retirense - pode significar para mim. É a materialização do quão importante, para mim, é tal amizade. Mais uma vez, valeu demais, cara! Eu jamais esperaria tal surpresa naquele esquecido final de semana, anos atrás...e cá está Gideon como prova disso.

Caféééééé!






Perdão pela qualidade da fota. Como disse, comprei um telefone que quase me arruinou, este mês, mas possui uma câmera. Fucking shitty camera, it is, mas é uma câmera(2 MP, lixão mesmo). E ontem, ao vasculhar meus pertences, descobri que ainda possuía quase metade de um saco de um café especial e caríssimo, 40 renais por 500g de café é algo exorbitante, para mim, mas na época(uns dois meses atrás) eu me obriguei a comprá-lo para ver se era "do bão" mesmo.  Nem sei a marca, mas é colombiano, dos cafézes mais "considerados" do planeta.

Eu me surpreendi, entretanto, ao descobrir, chegando em casa depois da compra, que nem havia percebido, mas o dito café era em grãos...Temos uma máquina de café expresso PLC - minha atual definição para tudo que se parece feito pela nossa amada CCE brasileira, mas no caso é um PorcaLia Chinesa, que possui um moedor de café. Bem, na época, pus alguns grãos lá, liguei a máquina e mandei ver. Funcionou, por uns trêm minutos, depois abriu o bico. Naturalmente, algo da PLC deveria agir assim...eu já esperava, de fato. 

Aí me lembrei que na despensa de casa há esta coisa que tirei a foto, ontem à noite. Um moedor de café de sei lá quantos mil anos de idade, coisa que, segundo minha mãe, era da época de minha avó, que mopia café e o vendia para as pessoas de João Monlevade, residentes perto da indústria. Não tenho certeza se é o mesmo moedor, sei que ele aparenta ter umas boas décadas de idade. Mas o importante é que - Funciona! Apesar de ser um tanto custoso para moer o café....você tem que fazer uma força do cão, e sai tão pouquinho por vez...

Bem, na época em que comprei tal café, coicidiu com o desastre deste protagonista blogal, o episódio com outra espécie de estimulante colombiano...branco e bem diferente de café, naturalmente. Então, no dia, eu fiz o tal café, mas estava passando tão mal que nem sequer cosegui, de fato computar o gosto em minha mente. Pois bem, como eu achei a preciosidade guardada de uma forma apropriada(dentro de uma lata), imaginei que ele não teria vencido e que seria uma boa experimentá-lo. E me pus a moer, por meia hora, nhénhénhé, no tal moedor, que funciona que é uma beleza ainda...Mas com já era tarde da noite, decidi apreciá-lo de manhã, hora mais apropriada para estimulantes cafeínicos de tal grau.

Mas, novamente, fiz besteira, ao configurar meu novo celulóide, marcando o despertador para uma hora mais tarde que o normal...Quando acordei, tinha vinte minutos até o próximo milagre sair do ponto e ir pro centro, então me apressei a coá-lo e degustá-lo. De fato, é um senhor café...não sei se vale mesmo 40 pilas por meio quilo, mas é de fato muito superior aos lixos que consumimos, dos quais já falei aqui. Como ainda tem um resto no pacote ainda não moído, esta noite pretendo terminar de moê-lo e amanhã apreciá-lo com mais calma...pois um café desses, merece ser degustado feito licor. Sei que tão cedo não poderei cometer tal excesso de consumismo impensado de café, mas enquanto ele durar, eu vou tomá-lo, com calma...

Hoje é um dia estranho. Não sei se é por conta de ter acordado uma hora mais tarde, devido ao meu erro de configurção do alarme, mas...sei lá, parece que esqueci algo em casa, ou que estou esquecendo de algo importante, não sei...

Bem, o tempo urge, as despesas acumulam-se, e tempo é dinheiro. É necessário fazer algo, embora nunca me digam o que - para arrecadá-lo. Enfim.

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Wide wide world.



Eu me sinto como ela, às vezes. Sim, devem existir outros Burióis mundo afora.
Espero que eles possam ter, como eu, alguns fiéis amigos e um Gideon como pet....

Memória de conturbada noite.

Aconteceu-me já faz um tempo...no período fatal de transição entre medicamentos. Era o segundo dia sem nenhuma forma de antidepressivo em meu corpo....e mesmo que o dito, na prática, nunca fizera efeito, não a cabo, não a ponto de resolver meus "problemas", nem os mentais nem mesmo os físicos. 

Mesmo sabendo, que poucos problemas físicos de verdade possuo, ainda estava imerso no péssimo porém mui saboroso e agradável para quem o pratica - o hábito de fumar os cigarros "caretas", de palha...e sabia, que àquela hora da noite, despertar assim de repente só poderiam significar duas coisas, dentro das mais prováveis: ou vontade de ir ao banheiro...ou o maravilhoso estágio de sufocamento causado pelo consumo de semelhantes fumos em meus pulmões.

Em verdade - era um pouco das duas coisas ao mesmo tempo. Sim, queria usar o banheiro, e sim, estava chiando feito velho fole, sabendo que precisaria de inalar um pouco de Salbutamol -ou sei lá como se chama o princípio ativo naquelas bombinhas...

Bem, me aliviei do excesso de líquido acumulado e fiz uso do dispositivo para pessoas irresponsáveis, feito eu. Resolveram ambos problemas. Mas aconteceu que, "aquela hora da noite, como é de meu costume, não ligo a luz do quarto, mas sim o abajur que existe por cima de minha mesa. E, na penumbra da noite, vi o reflexo difuso de um Monstro nos vidros empoeirados que existem à janela.

Exasperadamente, sabia que o sono não voltaria assim que retornasse à cama, pois sentia um peso por cima de mim, prestes a me esmagar: o peso da existência, mesmo sendo ela inexistente, para a maioria das pessoas...que não sentem, deveras, tal peso. Pois são normais, são mentalmente estáveis, são mentalmente sãs. 

Àquela hora, tudo que eu nãopossuía, de fato, era sanidade. Já estivera no médico, já iniciara o tratamento, já era o terceiro dia de abstinência completa de antidepressivos em meu corpo, em meu SNC. Olhei ao redor, as sombras ainda se tornavam mais vívidas e sombrias, àquela hora: 2:35 da manhã. Aliás, tudo lhe parecia mais sombrio, mais desprovido de vida, ao seu redor. Ainda que de fato, não havia por ali vida, ou mais precisamente, vida para além dos insetos, parasitas, aranhas e outros seres vivos entocados, escondidos pelos cantos, alguns deles circulando em busca de comida em tão fértil solo, repleto de poeira e restos de tecido, não havia nada de propriamente vivo ali.

Havia somente ele. Ele, a vislumbrar, o reflexo ainda mais deformado que o de costume, de um Monstro a se olhar na penumbra. Monstro, que ali estava residindo há dez anos initerruptos. Que tornara-se um moderno eremita, isolando-se de tudo e todos, para poder fazer tudo que queria...e algumas coisas, que, pensando bem, não queria nem deveria ter feito. 

Àquela hora, o peso do tempo parece ainda maior, principalmente quando a causa da insônia é o mero fato de que seu corpo, tão habituado à tal inútil substância, ainda que não fizesse efeito prático, agora dela havia sido privado, e subitamente. E tal e qual, era sim, dependente de tal droga. Ainda. Pois sentia amplificados todos os sentimentos negativos que lhe afloravam à mente, como uma procissão de bolhas, muitas bolhas, a subir à superfície de seu pastoso cérebro, e estourarem todas como alguma forma de dor, ou sentimento ruim. Tudo estava amplificado, de fato. Distorcidamente amplificado, para ser mais exato. 

Não saberia explicar apara ninguém o que significava ter aquela espécie de "bad trip" da abstinência do inútil remédio em seu organismo. Se nem para ele, fazia o menor sentido, como tentar explicar aos outros? 2:40 da manhã. Nenhum vislumbre de um sol, apenas o oscilar permanente das poucas luzes da cidade que podia vislumbrar de seu quarto. Pareciam-se com irregulares estrelas, ao chão. O vento uivave, em notas ainda mais lúgubres naquele exato instante...naquele exato estado de mente que o corroía por dentro, e por fora. 

Sabia que não devia, mas apanhou o maço de falsificados cigarros de palha. Coyote! 70% palha, 20% tabaco, 10% nada. Fizera seu nome e tornara-se uma bela duma porcaria. Mesmo assim, sabia que talvez um pouco de nicotina o acalmaria, naquela noite, naquele estado nada fugaz da mente vazia, os olhos estranhos, sensção de vazio dentro da cabeça, acoplada à outra inexplicável sensação, a de se ter todo seu SNC solto por dentro da cabeça. Tentava etentava explicar, ninguém entendeu. Ninguém entenderia. Ninguém, a não ser ele próprio, entendia o que era se sentir daquela forma, onde tudo significava desespero, irritação, nervosismo, medo, angústias, tudo misturado no caldeirão da abstinência.

Viu no reflexo a brasa acesa do cigarro, a nuvem de fumo por ele expelida. De fato, 70% palha. Porcaria de treco falsificado. Mas era o que tinha, teria de servir. Apanhou a lata que servia de cinzeiro e continuou seu ritual nada saudável, mas ainda assim, o fazia em busca de alguma paz, algum sentido, para aquela noite malfadada. 2:50. Os minutos não passavam, as horas não passavam, passavam em sua mente, como um show de slides, tudo que havia feito de errado ou incorreto até então. Tudo de ruim. Nada adiantaria, se lhe gritassem ao pé do ouvido: "PARE COM ISSO!" Ele nem sequer escutaria, tamanho era o transe errado.

Assim como no dia anterior, sentia-se desmoronar. Sentia que tudo era pesado, extremamente pesado, não conseguia nem sequer fumar direito, os braços eram como se feitos da mais pesada e viscosa geléia. No dia anterior, após ter passado um final de semana em retiro, não muito espiritual, mas ainda assim Retiro, das Pedras, ele havia conseguido segurar suas pontas, não dar escândalo, não gerar desconforto em seus hospedeiros. Mas, quando se viu ali, novamente em sua Torre, sua solitária, sentiu aflorar tudo que sufocara por meio de inúmeras baforadas no final de semana. 

Caiu ao chão, gritou, berrou, esperneou, misturou tudo, sensações de dores físicas causadas pelo impacto ao chão e as mentais, causadas pela merda da droga que não mais havia em seus sitema, que havia se habituado à porcaria, ainda que não fizesse, de fato, efeito prático algum em sua conturbada cabeça. E agora, sem ela, perdia o controle com facilidade...desde que não estivesse em seu emprego - onde tal episódio significaria sua demissão - e nem na casa de seu anfitrião Retirense, que não queria que o visse naquele estado. Berrou, babou, chorou, riu, tudo misturado, enquanto rolava pelo chão. E achou bom que àquela hora sua progenitora não estava em casa, pois em sua última exibição de semelhante descontrole total dos sentidos, causada pelo episódio em questão, sua mã fora-lhe extremamente seca e até mesmo desagradável, transformando seu desepero em ira, que a dirigiu diretamente em sua cara, para seu espanto. Não aceitava o gesto, mesmo assim ele o repetiu. Vá pro inferno. 

E àquela hora, inferno era o que estava novamente acontecendo em sua insone mente. No dia anterior, entretanto, não estava, de fato sozinho em sua casa, e seu inferno atraiu a atenção de sua irmã, que fizera o possível por ele, algo que sua própria mãe negara-lhe quando presenciou tal episódio. A coisa mais humanamente possível e factível de ser feita, dar-lhe um abraço, deixá-lo chorar incoerentemente em seu ombro, proporcionar esta espécia de paz que só aparece nestes momentos.

Mas, às 3 da manhã, tudo era silêncio, todos dormiam, não queria acordar ninguém, não era hora de ligar pra ninguém, nem sequer poderia participar dealgum chat online ou algo que o valhesse. Não queria, não podia. Sentia-se fraco e só. Fraco, fraco, fraco, por estar se deixando abater por tal onda errada. E só, pois...estava, de fato só. Como sempre estivera, como sempre se entira, às vezes, mesmo rodeado de pessoas, de amigos...sentia-se só em sua dor, em sua solidão de existir sem deveras existir, de ser sem ser, de ser o que não era, e de ser o que era, de fato. Tudo era dor. Tudo. E não, não conseguiria explicar a ninguém, não acordaria ninguém, nada havia a ser feito, a não ser engolir as lágrimas, o choro, os gritos enterrados em sua garganta. 

Não era hora de escândalos.

Porém, ouviu um grunhido familiar, vindo da penumbra rente ao seu computador. A luz do abajur estava virada para cima, virou-a para baixo. E lá estava, desperto, inquieto, bem acordado. Gideon. 

Havia se esquecido dele, na escuridão reinante pela Torre. Iluminado pelo facho de luz do abajur, dava para ler seus pensamentos, pois eram, ambos, dois e um só, unidos por uma espécie estranha de comunhão de mentes. O dragão e seu dono. Suas orelhas pontiagudas estavam abaixadas, sinal de quem entendia, quem via o sofrimento e o sentia também, ainda mais ele, por ser ele um só, um ser só, criador e criatura, mesmo que não fosse de fato obra sua(jamais conseguiria entalhar um dragão com aquela precisão em sua vida), ele o sentia. E o entendia. 

Ele chorava, mas agora, conseguia expor com mais facilidade a torrente de sofrimento. Ali estava quem o bem sabia ser o que era, oque é, o que sempre foi. Tamanha era a união entre estes dois seres - um real, porém às vezes imaginário, e outro imaginário, mas na maioria do tempo parecendo ser real...sem o ser. - Tossiu com uma baforada mais poderosa, olhou-se deformado no "espelho" da vidraça. E sentiu ainda mais dor, ainda mais tormento, a lhe afligir.

Em dado momento, sentiu o alívio que buscava, que todos buscam, em tais horas, o tal alívio que no dia anterior sua irmã havia proporcionado-lhe e sua própria mãe, negado. Gideon agora era de seu tamanho, e se enroscava ao seu redor, tomando cuidado para não ferir-lhe com suas garras. Tal mágica jamais seria explicada, tal mágica jamais será explicada. Apenas existe, sempre existiu, entre ambos. Entre criador e criatura. Sentiu o enroscar de Gideon em torno de seu corpo apertar-se um pouco, tal qual serpente que deseja esmagar sua vítima, mas não era o caso. Tratava-se de um abraço de um dragão. 

Tudo que ele queria, tudo que precisava, naquele momento. E se tal entorno lhe fez espremer mais lágrimas, agora já não eram tão sofridas. O abraço de um drgão como Gideon, é díficil de ser remetido em palavras...é muito mais traduzido no plano dos sentimentos. Para seu dono, ele sempre representou tudo de bom que alguma pessoa, um amigo, possa lhe oferecer. Como foi o caso, quando o ganhou, naquele inesperado momento, em já esquecido final de semana. Mas representava isto, o bem, o alívio trazido pelo bem-querer, coisa assim. Sua respiração voltava ao normal, as lágrimas deixaram de fluir. Gideon o espremeu mais um bocado, como se quisesse transmitir-lhe suas forças, sua mágica. De ser o que era. Meu dragão.

Assim que o horror passou, senti-o encolhendo ao meu redor, ficando apenas de seu tamanho natural, mas ainda enroscado em meu pescoço. Enxuguei com as mãos o que restavam das sufocadas lágrimas e o deixei enroscar-se em meu braço, para depois devolvê-lo à mesa. Ficou me olhando, transmitindo seus pensamentos, suas esperanças, que nela nunca deixaram de existir, por ser magicamente construído. Arfou, um misto de fumo e fogo, e logo se refez enquanto peça "real" existente por cima da mesa. 

Fui ao banhiro, mas não olhei no espelho, não queria ver o espelho, aliás, gostaria que deveras tivesse se espatifado quando tentei fazê-lo em vão, dias atrás. Mas não fiquei ali tempo demais. Escovei os dentes, para remover o gosto ruim do cigarro, apaguei a luz e me dirigi de volta para cama. Tendo obtido tal inesperado alívio naquela madrugada, consegui, de certa forma, repelir o restante das coisas ruins que teimavam em surgir em minha mente, sempre pensando em Gideon e seu inesperado gesto de carinho para com seu dono.

E funcionou, de certa maneira, pois logo logo, me vi devolvido à paz que todas as noites busco em meu dormir...