segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Ode às moças do final de semana.

Antes da dor, diante do dissabor,
existem tantas cordas,
tanto captadores,
tantos frets, tantas notas,
escalas, maple ou rosewwod,
corpos, madeiras diversas,
esculpidas em objetos
objetos de arte,
para se fazer arte,
para se obter a salvação
de um final de semana que
vei o foi, um piscar de olhos,
distorção espaço-temporal,
segundos viram milesimos
de segundo, enquanto cá estamos,
cada segundo se torna uma
semana inteira, a nos esperar, espreitar,
mostrar oque há de novo - não
há nada de novo, não aqui,
mas talvez lá, nas cordas,
nas tarrachas, nos pedais
e pedaleiras, nas notas - tantas notas!
ainda não encontradas, sempre
procuradas, por este ser que
possui, novamente calos nos dedos,
para em suas moças tocar,
sem machucar nem ser machudado,
deveras, após tantos e tantos
bends, tantos acordes, sonoros
ou nao - tudo está ali, a me esperar,
tudo que já ouvi, tudo que já gostei,
está ali, escondido ali, no emaranhado
de cordas e notas, frets e tarrachas,
pedais e pedaleiras, me fazendo bem,
me fazendo esquecer as horas do
as horas minguantes da noite,
tudo em seu lugar, tudo conectado,
tudo arranjado porem empoeirado,
assim como eu, empoeirado,
enferrujadao, desgastado, mas
lentamente, fazendo sentido de
tantas e tantas notas, todas encerradas,
escondidas, às vezes revelada,
para um ouvido surpreso ou desconfiado
"já ouvi isto em algum lugar" -
mas continuar, continuar, desgastar,
criar pele sobre pele, pele sobre calo,
calos em cima de calos, e ainda asim,
tanto tempo restante a definir! para deveras
encontrar, escondidas, desarrumadas,
subitamente arranjadas, o perfil de tal
tom encontrar! o som a vibrar, soante
e sereno, encontrado, depois de tanto tempo,
tanto tempo a procurar, tanto dempo
a desgastar-se, tocar e tocar,
afinar e desafinar,
regular e precisar,
encher de sons
o vazio da Torre,
encher de música,
as entranhas da Torre,
encher de sentido,
os vazios de minha silente vida.