Provavelmente, ninguém ou quase ninguém se lembra do Foul Bachelor Frog - o personagem acima ilustrado. Aliás, quem não era leitor de sites como reddit e o afamado 4chan - não terão a mínima idéia de quem este sapo representa. Como o nome diz, traduzindo grosso modo, "Nojento Sapo Solteiro" ou algo assim. Eu assisti a inúmeras "threads" a respeito do personagem, em seu auge, lá pra meados de 2010, 2011, eu acho - e me ria muito, pois eu me identifico demais com ele. Sou um Monstro Solteiro Nojento, coisa assim.
Bem, nojento em alguns aspectos - coisas que se viver "sozinho", de certa forma, me ensinou a ser: do tipo, chegar em casa, tirar as calças imediatamente, repô-las pela calça mais confortável - mas não necessariamente a mais limpa - que eu tiver a meu dispor. Meu banheiro, às vezes, eu mesmo tenho que assumir que está um nojo e dar um "jeitinho" - às vezes mesmo só passando papel higiênico em torno do vaso e da pia...tosco. Mas também, com uma "obra de arte" feito aquele banheiro, com sua engenhoca por mim inventada forçosamente para se dar a descarga -depois ilustrarei tal façanha da "engenharia" de banheiros aqui, com uma foto. Para se dar descarga, é preciso usar a colher que fica na caixa do vaso. Comassim? Ah, os idiotas que planejaram o banheiro puseram a caixa colada ao vidro do box. Não dá pra apertar o botão, então, tem-se que ser feita uma espécie de "alavanca" com a colher pra dar a descarga...e muitas vezes, eu deixo apreguiça vencer e não dou imediatamente descarga...nojento! Sim, tosco. Além do que, depois de se viver 10 anos num sótão sem forro, você meio que...se acostuma a viver na sujeira...ao menos na poeira. E juntamente com a poeira, vêm, especialmente nesta época seca do ano, os famosos "pólens"(não sei se de fato aquilo é pólen -biológo de merda, sim) dos eucaliptos, que invadem meu espaço que preciso ter, à mão uma espécie de "vassoura de mesa", para remover o excesso daquelas porcarias, pois dá aflição sim, ficar cercado daquelas porcarias.
Mas não foram estes aspectos que me deram idéia de escrever este texto...o que mais inspirou foi ter recebido um SSDE - variante do que geralmente chamo de "SSDD -Same Shit, Different Days". SSDE - Same Shit, Different Emails. Não que esteja querendo afirmar que o que me escreveram foi "shit", não - eu uso tal palavra em sentido figurado. Não denegrindo o que foi-me escrito. Pois bem, Anteriormente, em posts aqui já escritos e alguns lidos por algumas poucas pessoas, eu afirmava que dois de meus melhores amigos - o Psico, às vezes denominado Ogro, e a Jackeline - que me refiro como o Anjo do Sul, por até hoje me aguentar, em inúmeros emails por nós trocados, na mesma semana, escreveram-em a mesma coisa - Mude! E hoje, junto ao rol, minha própria irmã, que mais uma vez vem com o mesmo rogo: Mude!
A incongruência não vem daí - vem de mim mesmo. Sabe aquilo que dizem sobre insanidade - fazer exatamente a mesma coisa e esperar resultados diferentes? Poizé. Sou eu. Mude! Mude! Mude!
Que porra viu. Eu vejo-me diante deste dilema, e isto me enche o saco, por alguns motivos - primeiramente, ter de escutar a mesma coisa várias vezes, e quase todas deram em merda - eu e Psico quase brigamos, com Jackeline também foi parecido, e agora, minha irmã. Que vai brigar comigo também, se eu não tiver cuidado no que responder. Preferi escrever a tal resposta aqui, para também ilustrar aos demais "sages" que me enviaram os emails anteriores contendo quase o mesmo conteúdo, para que vejam que não estão sozinhos nesta luta árdua que é tentar mudar o que não consegue mudar. Não da maneira que querem, não imediatamente.
Minha irmã começa escrevendo-me que "para alguém que não acredita em milagres (e que se diz pessimista), parece que é exatamente isto que você espera desse remédio." Não. Para começar, eu duvido que vá, de fato funcionar. Sempre duvidei, pois "não me digo um pessimista" - eu SOU um pessimista. E NÃO, não acredito, de fato, em milagres. Espero, sempre, pelo pior, vou sempre preparado pro pior. E pelo que estou vendo, de fato, tal droga não será, deveras, nenhum milagre. Aceitei tal tratamento, por ser-me tão generosamente ofertado pelo senhor Diretor, mas também fui, de certa forma, forçado a aceitá-lo. Frases como "Você já estava suicida mesmo, então que diferença vai fazer tomar algo que pode ser potencialmente fatal?" e "Se você recusar, você vai perder a boa vontade do Antônio...", e "Se voce voltar a ter uma crise daquelas de novo no escritório, serei obrigado a te mandar embora," não foram-me exatamente "encorajadoras" no ponto de vista positivo da palavra. Eu liguei o foda-se, pra ser sincero. "Tá, é o único remédio que não tomei até hoje, e pode me matar. Por que não? Ou é arriscar neste trem...ou arriscar a perder meu emprego."
Como disse, no episódio que relatei a segunda visita ao tal Doutor, não mudaram, de fato, muitas coisas. Pra falar a verdade, eu só posso enumerar, uma coisa positiva de fato: eu ter retomado o hábito de malhar, em casa. Fora isso, não sei...Segundo consta, a julgar pela metodologia do médico, ele vai avaliando o progresso através da repetição do tal questionário que ele faz na primeira consulta, coisas como, "Voce tem baixa auto-estima? Você tem vontade de se agredir, de se matar? Você se sente motivado?" E coisas assim. Da primeira consulta pra segunda...não mudaram quase em nada as respostas que dei ao questionário. Do que inferi, que o tratamento é de certa forma mensurável, ao ver progressos quanto às perguntas do questionário. Mesmo assim, como disse, ainda é cedo pra julgar a eficácia do medicamento, uma vez que quando lá fui, pela segunda vez, faziam apenas 2 semanas que estava ingerindo a "dose mínima terpêutica" de 30mg/dia. Subiu pra 40. Subiram as dosagens dos outros medicamentos. Mudaram horarios de tomá-los. Os exames, por ele pedidos, todos tiveram resultado mais que satisfatórios, segundo ele - exceto pelo de litio, que está baixo, então a dose dele foi também aumentada. Mas de resto, está tudo em ordem, triglicérides, glicemia, colesterol, cálcio, etc...
Eu não sou um perfeito idiota, embora muitas vezes aja como tal. Como o ilustrado na irônica imagem do Foul Bachelor Frog que escolhi para ilustrar este post. Este sou eu. Odeia se sentir solitário, mas odeia estar perto de gente. Incongruência monstruosa, por assim dizer. Segundo me diz o médico, um dos alvos deste tal Parnate é a fobia social crônica que fui diagnosticado - e que sempre, SEMPRE soube ter - ontem mesmo, fiz um teste de 36 questões sobre o tema - mas perdi o endereço do teste, pois apareceu por acaso. O resultado eu já sabia, a julgar pelo conteúdo das perguntas - "Você se sente confortável em um local cheio de gente?" Nunca. E similares. Não deu outra, fobia social crônica...tinha outros dados, mas como era um "free trial" não tive acesso a eles, tipo sugestões, recomendações, etc.
Mas a principal incongruência, e disto posso falar do útimo email do "bundle" que ando recebendo, é algo que não falei aqui antes...e que não sei explicar direito. Após um dia aqui neste escrotório, após pegar o busão de volta pra casa...sabe o que eu mais desejo? O que mais anseio? Me trancar na minha Torre. E de prefêrencia, de lá não sair até o dia seguinte, para voltar para cá, a sede do Império. Não quero ver ninguém, não quero falar com ninguém, não quero ir a nenhum outro lugar. Coisa que não comentei no meu email para minha irmã, mas é que sinto um alívio tão grande ao chegar em casa e ver que não há ninguém em casa. E outra, se eu não me jogar, imediatamente aos ferros empoeirados do sótão, eu acabo não me exercitando nada. Sempre rola alguma desculpa, deixo pra lá...então já chego e vou pra lá direto. Não demora tanto tempo assim, uns 30-40 minutos.
Quando chego e vejo que minha mãe está em casa, bem...é feio dizer, mas me bate um desânimo. E não sei, parece-me mesmo que tal "fobia" foi amplificada pelo Parnate. Eu não quero falar nada. E pra falar a verdade, na maioria das vezes, não tenho nada a dizer, sinceramente. Nada de interessante, pois aqui, nada acontece de interessante, neste meu serviço. Nada de significativo, de fato. Em geral, após o "workout" eu desço, para lavar as louças que minha mãe deixa reservadas para mim, que faço sem problemas. Mas depois, vem o momento de interação...e atualmente, não sei porque, eu ando cada vez mais desanimado para conversar, não só com ela, mas com qualquer um. Especialmente ao chegar em casa...pois existe algo, que não sei explicar direito.
A necessidade de se estar só.
Ela aparece assim que chego em casa. E é fortíssima. Tenho esta vontade, de ficar isolado, de tudo e todos. Nem é vontade, é necessidade, mesmo. Não sei explicar. Mas ela existe, esta tal necessidade, e vai aumentando conforme o dia passa. Conforme o tempo passa, pois não importa onde eu esteja, eu sempre sinto-a aparecer, cada vez mais e mais forte, quanto mais perto de gente estiver, quanto mais longe de minha Torre estiver. Sei que é difícil para alguém "de fora" entender, mas é assim. Ali eu me sinto livre. Me sinto isento de olhos a me olharem, me julgarem, me analisarem. Paranóia? Talvez. Talvez seja isto. Mas eu afirmo, ali eu me sinto bem...quando pra lá vou, definitivamente, sem ter que conversar ou tentar conversar com mais ninguém, eu entro e sinto um alívio extremo. É a melhor hora do dia, pra mim. Sei que ninguém vai entender. Eu entendo, mas da minha maneira torta de ver o mundo. Eu fujo do mundo. E ali, é meu último refúgio. Ali, não preciso de nada, e quase nunca, de ninguém. E ninguém sente a minha falta também, acredito. "He's grumpy, he's broke, he's got nothing nice to say, nor interesting, so..."
Sim. Alguns, raros, dirão, que sentem sim, minha falta. Talvez seja reflexo de estar ficando doido, deveras. Eu sinto, cada vez mais e mais, esta necessidade de estar só. E fico extremamente irritado se tentam me tirar de meu refúgio. Minha irmã fez refêrencia a um hábito que possuo - o de ter o NÃO absoluto como resposta. Simplesmente, NÃO. E diz odiar este meu hábito. Não é só ela - já ouvi a mesma coisa de meu pai, de minha mãe...Mas, sinceramente, o que dá raiva? Ser um NÃO e só? Será que ela preferia, ao invés da - sincera, devo dizer - negativa, ela preferia que eu floreasse a coisa, inventasse desculpas, blahblahblah, agora não, pois blahblahblah. Sim, eu imagino, pondo-me no seu lugar, que deve ser um saco escutar somente este monossílabo negativo, duro, impenetrável. Mas devo dizer também, arriscando-me a ser sexista, é coisa que nenhuma mulher gosta de ouvir, e bem sei disto, pois vivo com duas mulheres...e ambas odeiam este meu definitivo NÃO.
O fato é que sou um misantropo nato. Sempre fui. Sempre preferi ficar no fundo da sala do que à frente, bem escondido no meu canto. Sempre tive dificuldade em falar com outrem...que ultimamente tem avançado para falta total de vontade de falar com outrem. Nem querer fazer o menor esforço possível para tal. O que tenho a dizer que vai te acrescentar alguma coisa? Eu sou um Monstro. Sim. Outro destes "ditados de internet" que vi por aí, dizia "you are who you are when no one's watching." - e é verdade, só me sinto mais "à vontade" comigo mesmo quando estou só. Não quero estar perto de gente. Não mesmo. Sou obrigado, logicamente, várias vezes na vida...mas todas, TODAS, eu fico só pensando, "como vai ser bom ir embora desta josta e voltar pro meu canto."
Só ali tenho a liberdade de ser o Monstro que sou. Sem ninguém pra me analisar, me encher o saco.
Sei que, do ponto de vista cibernético, ninguém está, de fato, sozinho. Ainda mais ao usar a internet para achar as "monstruosidades" que me agradam(não, não sou pedófilo, necrófilo nem nada disso, mas sou um treco que é super mau visto mundo afora. Algumas raras pessoas sabem o que é...mas não vou dizer aqui, sinto muito. É algo que contribui com minha auto-denominação de Monstro - mas sou mansinho, ao menos.) E não estou falando da mera prefêrencia sexual não, pois eu mesmo já abri o jogo, posts atrás quando enumerei os itens do meu Testamento, a ser lavrado - pelo que consta - até o final do ano, se tudo der errado do jeito que acho que dará.
Bem...o inferno é ser ao mesmo tempo, um misantropo irredutível...e de certa forma, romântico. Isto sim é um inferno. Como disse no post de ontem, a fala de Frida Kahlo - eu fico me perguntando, se não existiria, por este mundão aí, alguém que conseguisse passar por cima da sujeira, da Monstruosidade, da falta eterna de dinheiro, do mau-humor perene e os NÃOS totalitários...se não haveria um outro Monstro que me aceitasse...que quisesse partilhar de minhas monstruosidades e afins. Mas, com sempre digo, acredito no pior, então, acredito que não. A não ser que eu deixasse de ser o que sou. Conforme os emails SSDE todos me afirmaram - MUDE!
Não posso mudar. Sou o que sou. Detesto gente. Detesto ter que conversar, sobre irrelevâncias. Gosto do meu empoeirado canto, onde posso ser Monstro do jeito que eu quiser, sem ter ninguém pra me reprovar.. .Gosto das minhas guitarras barulhentas e desafinadas, para muitos ouvidos apurados. De ser quem eu SOU de verdade - que só aparece quando estou na Torre, sozinho.
Volto a citar, em minha listagem de pontos negativos exigido pela psicóloga, eu elenquei: "tenho medo de mudanças, pois sempre acho que serão pra pior."
E eu acho mesmo. Não descarto que inexistam, por completo, mudanças positivas, mas no meu caso....sei lá. Acho que estou perdido. Nenhuma mudança, nenhum medicamento, nada, me retirará deste sentir-me Monstro para o mundo. Nenhum Yoga, que aliás, foi outra sugest~~ao de minha irmã e devo aqui confessar, eu já tentei fazê-lo umas quatro ou cinco vezes - e detestei TODAS. Aquilo me dá uma ansiedade, aqueles trecos lentos, demorados, contar respiração, etc. Não me apaetece, sinto dizer. Assim como gente não me apetece.
Enfim...o que podemos concluir é que, o Monstro morrerá, de fato, este ano, ainda virgem e desprovido de esperanças. Pois não muda...não mudará. E morrerá, sozinho, na poeira.