Psico-tera-pia. Não a terapia de tentar, em vão, ser tratado por alguém que não seja, de fato um médico, mas um amigo, com opiniões e realidades completemante opostas às minhas. Racional, dizem ser. Diz ser. Racional. O que me torna, sendo seu perfeito oposto, o ápice da irracionalidade.
Sim, sim. Irracionalidade. E a briga eterna de si contra si, sempre. Sempre existiu, acho que jamais deixará de existir, não neste derradeiro ano - por mim mesmo escolhido - de minha vida, caso tudo mais falhe. 2014, pode ir se fuder, ano dos infernos, ano que achei ter achado o famoso "rock bottom", mas que constatei por experiência própria,, que o fundo ainda está longe. E continuam, diversas pessoas, diversas realidades, diversos temas recorrentes feito disco riscado em minha mente, a me atirarem pás e mais pás ao buraco que ainda me encontro. O chão é de lama, ainda dá pra cavar.
Covardia! me dirão, os sobreviventes, mesmo o meu desconhecido "pai", que falou-me seriamente, que se levar a cabo tal empreitada, não irá no meu enterro...Fucking good riddance, says I. Uma presença que jamais me deixa feliz, não me fará falta, ainda mais estando deveras morto, enterrado, juntamente com meus dragões...
Meus dragões...este final de semana, Assisti, pela primeira vez, "A Viagem de Chihiro", antes mesmo de ter escrito meu último texto mais animado, sobre meu próprio dragão, Gideon, sobre a fantasia de voar no lombo de um destes seres místicos. Que tanto me agradam, não sei por que. Talvez seja deveras, mera obsessão, desde o "episódio Marcão", do qual fui, mais uma vez jocosamente criticado pelo Sr. Racional.
Como estou aqui, esperando que os minutos de quinhentos ou mais segundos passem, até dar a hora final das cinco, tenho tempo para relatar o que aconteceu comigo, em meados do ano tão distante de 2000...e que me afetou, me marcou para sempre, feito um daqueles ferros de marcar gado marca as reses que circundam nos pastos...de antigamente, pois hoje em dia, creio eu - tal processo nem é mais utilizado, tendo sido substítuido por práticas menos dolorosas, para tais animais.
Pena que comigo não foi bem assim. Bem, para quem não conhece a história ainda, lá vai: no ano de 1998, me enamorei com o mundo das tatuagens, tendo sido-me ofertado - ironicamente, por uma pessoa que, com o passar dos anos e das circunstâncias, veio a se tornar uma espécie de meu "arqui-inimigo", mesmo sem o ser, propriamente dito, um presentão: uma tatuagem com o melhor tatuador, da época em qustão, de nossa cidade. Ou assim achávamos que era, pois isto faz muito tempo...e naquela remota época, não existiam estúdios de tal arte subcutânea espalhados por cada esquina da cidade. Bem, lá fui, temendo a dor, temendo me arrepender, mas não aconteceu: fui agraciado com um trabalho de primeira qualidade, e nem preciso dizer qual era o tema. Dá pra adivinhar, me conhecendo, conhecendo como falo de Gideon, meu dragão de estimação(e muita estimação).
Bem, os anos foram passando...e eu tomei gosto, como se diz, por ter tais artes subcutâneas no corpo - em sua grande maioria são dragões, mas existe um caso à parte que merece a mênção aqui: eu queria, logo depois de ter tatuado o que eu considero "simbolicamente," a representação de minha vida, a ouroboros, que nada mais era que um dragão asteca em tal forma, eu quis variar. Queria uma fênix. Escolhi uma pequena porém graciosa fênix em seus catálogos, com meu curto orçamento para tal, e combinei dia e hora com o famoso "melhor" de BH.
Pois bem, chegado o dia, ele me olhou sério, procurou no catálogo a pequena fênix e me disse: "Você gosta de tatuagens né? Mas vai quere virar álbum de figurinhas? Pois você está fazendo uma porção de tatuagens estilo "ploc", pequenas demais....ainda mais com este tom de pele, você devia fazer algo deste naipe," e me exibiu um enorme desenho de uma bela fênix. Eu olhei, e disse, "Sim, eu bem queria, mas...não tenho grana pra isso." Eu sabia que algo assim custaria muito mais que os 200 reais pela pequena. E ele, "Pra você, eu faço por 200."
E fez mesmo. Lembro-me de como saí dali me sentindo bem, me sentindo, sei lá, até amigo do cara, que era uma pessoa complicada, com poucos amigos, e sabidamente "sujêra" - não sei se foi no término da sessão da fênix, ele me exibiu, como se eu fosse achar a coisa mais doida do mundo, uma série de fotos de...er, pedofilia. Não exatamente crianças, mas meninas de uns 14, 15 anos. Sim. Eu olhei, pensando, Puta que pariu, o cara é mesmo "sujêra"! E saí dali, sem graça. Credo.
Bem, o tempo foi passando, eu e meu...meu...er..."arqui-amigo" fomos empolgando, fazendo mais e mais tatuagens, tipo em uma disputa. O braço que continha a fênix, foi "fechado", com uma enorme cabeça destes seres místicos chinese que tanto aprecio, por preços módicos para mim. Eu me considerava amigo deveras do cara. Pois bem, nesta época, eu já tinha me naufragado no mar da biologia, estava sem rumo. Do nada, comecei a tentar voltar a fazer algo que não fazia há muito tempo(e que se tornou meu pesadelo até hoje) - desenhar. E aí, do nada, veio a idéia mirabolante. Todos me diziam que eu sabia desenhar bem. Arquitetei, então um plano audacioso para a época: eu desenharia minha próxima tatuagem, evidentemente um dragão, e tentaria convencer o "fodão" a me tornar seu aprendiz.
Bem, nesta ´´epoca, eu já havia vendido minha alma para o Sr. Adam Smith, e como ainda o é, tinha muitos minutos de quinhentos ou mais segundos diante de mim, completamente livres de obrigações. Digo isto e repito - eu tentava, antes de sequer tirar meus materiais de desenho para fora das pastas, eu tentava, obter algum serviço para a empresa, para o Império. Mas todos me respondiam a mesma coisa: "Não, por enquanto, não tem nada pra você", então não via mal algum em passar os infinitos minutos a desenhar. Fiz o melhor que pude, na época. Num grande A3, sonhava que aquilo me abriria portas em uma realidade muito mais condizente com minha vendida alma. Antes de levar ao severo Marcão, eu mostrei para dúzias de pessoas, todas falaram o mesmo, que estava muito bom, muito legal, etc. Então, juntei minha coragem e fui lá, fazer a tal proposta ao cara.
Momentos depois, eu saí dali completamente arrasado. Havia sido comparado à desenhos infantis. Coisas que demorei meses pra fazer, escama por escama, detalhe por detalhe. E logo depois de tal derrota, eu me lembro que tinha sessão de meu psiquiatra da época, outro dos que havia elogiado o que havia sido detestado pelo tal fodão. Pus fogo em tudo, pois havia feito mais de um desenho. E depois, não mais me atrevi a encostar em um lápis, por oito meses. Mas nunca mais fui o mesmo, depois de tal episódio. E vou falar o que eu acho, até hoje, o que muitos talvez não entendam. E ainda me critiquem por pensar assim.
Todas as pessoas que eu mostrei os tais desenhos, acharam bons, acharam bonitos, elogiaram, mas quem foi o único a me dar "a real"(expressão que detesto), foi o fodão lá. Depois disso, nunca mais acreditei em nenhum elogio, ou sempre desconfiei deles. Pois hojeem dia eu admito, os desenhos, ao menos na época que os fiz, estavam RUINS de fato. Então, porque todo mundo fez média comigo, ao invés de dar a real? Dó, eu suponho. Medo de minhas reações, sempre negativas às críticas. Sempre. Ao contrário do Golem, eu não sou desses que questiona as coisas, como ele me disse. Pois bem, como ele isse, "esse cara rea dono da verdade de fato?" Bem, ao menos da verdade apresentada na ocasião, sim. Era sim.
Bem, fiquei anos num limbo, muito semelhante ao que ando experimentando estes dias, neste nefasto - e derradeiro - ano de 2014. Até encontrar, por acaso, um flyer da Casa Dos Quadrinhos. Pois bem, mesmo tendo vendido minha alma, como disse antes, a quantia foi irrisória ao Sr. Adam Smith. E na época, eu era um mero contínuo na empresa, ganhava uma miséria ainda mais miserenta que a atual, e não tinha nem vale alimentação, o que me limitava ainda mais, pois eu continuava, com a dieta que havia começado em 1997, ano que entrei para a biologia: pão e água, literalmente. Financiado em breve momento, em breve segunda chance que meu "pai" obteve na ocasião(e que já adianto, fez a mesmíssima merda que fez em sua carreira anterior, mandou tudo pro alto e nos abandonou, pela segunda vez, em emados de 2003) - eu comecei a frequentar a tal escola. Devo admitir, que, a príncipio, apesar de muito me divertir, o primeiro "período" eu mais aprendi a beber do que desenhar. Pois as aulas se pareciam mais com uma espécie de "arquitetura" da figura humana.
Dali em diante, a partir do segundo período, ministrado por Ed, o Bernardes, foi tudo bem diferente, e as coisas fluiram mais. Aí veio À minha mente, ainda enclausurada no necrotério denominado Funchato, eu comecei a ter a audaciosa vontade de dali me mandar - eu continuava me sentindo cada dia mais e mais miserável ali dentro - e tentar cursar o curso superior que havia até me tentado na ocasião da escolha - "qualq vestibular você vai fazer," em 1996. Em que errei feio, duas vezes: a primeira, por desistir da medicina, e a segunda, por escolher algo como a biologia.
Não sei como seriam as coisas se tivesse escolhido medicina - que tive, deveras, nota alta osuficiente para passar em tão árdua prova, em 1996. Não sei mesmo, o que teria acontecido. Talvez eu já estivesse morto, com alguma overdose de morfina. Sei lá. E tampouco sei o que teria acontecido se tivesse escolhido a tal das "Belas Artes"...não sei mesmo. Fiz a biologia, me fudi por completo, e subsequentemente vendi minha alma por uns trocados ao Sr Adam Smith.
Sabia que estava num "dead-end job" na fucnhato. Então, decidi arriscar tudo em uma aposta audaz: abandonei tudo, com o acerto paguei um cursinho ultra-vagabundo, em companhia do bom e velho (sumido, também) Serginho, e acabei passando, por um milagre, no tal vestibular, pois quase fui eliminado pela matemática. Prova que olhei e olhei...e não sabia sequer começar a resolver NENHUMA das questões. E vai chutar errado assim na casa do carái, viu. Tirei 2. Acho que não fui eliminado por ser o curso de "Belas Artes" tão importante quanto o de biblioteconomia.
Bem, passei, achei que doravante, tudo estaria em ordem. Mas, novamente, fui enganado. Como era meu segundo curso superior, e por ter passado pelo universo universal da picaretagem denominado FAE de conta, no processo de obtenção da licenciattura em biologia, eu já era macaco velho pra detectar picaretagens. E foi o que mais detectei, em tal curso, infelizmente. Então, novamente, me vi traído pelo destino: estava novamente em uma canoa furada. Tentei aguentar até onde deu, mas, depois de certa aula de pintura, ministrada por uma picareta de marca maior, saí no intervalo, fui ao colegiado, e perguntei, "onde tenho que assinar para trancar esta porra?"
Nunca mais voltei ali. E como digo, se algum dia voltar, será com uns quatro quilos de C-4 e um detonador.
Entrementes, pulei um pedaço importante ao relato desta tediosa tarde. Na épóca que ainda cursava a Casa, eu ouvi dizer que existia um curso de tatuagem, em um muquifo na parte "baixa" do centrão de BH. Pois bem, lá fui, desta vez com mais experiência e um pouco mais de qualidade nos meus desenhos, e comecei a fazeras tais aulas...cheguei mesmo a comprar a máquina. Parecia um sonho.
Que se tornou pesadelo. Não por falta de tentativa, mas por ter, as mãos trêmulas feito um velho com Parkinson. A primeira vez que, de fato, tatuei alguma coisa, em pele de porco, saíram milhares de linhas tremidas. Pois sim. Quem irá quere um cara com Parkinson para tatuador?? Larguei tudo no meio, nunca mais voltei lá, "emprestei" - para nunca mais voltara ver - minha máquina para um de nossos amigos da falecida Môco, o Pablo - que tive péssimas notícias, alguns meses atrás. Dizem que ele recaiu com força no submundo das dorogas. Não sei se é verdade, mas foi o que me disseram. Então, presumo que tal máquina se foi para todo o sempre. Assim como, outra coisa que me lembro agora, a câmera de mini-DV que emprestei para outro cara que era meu amigo, na epoca das Feias Artes, mas que desapareceu para sempre. Casualties of a lost war, I presume.
Enfim...nem sei direito se havia um ponto, algo central, nisto que acabo de escrever. Mas preciso escrever, nem que seja para expurgar estes demônios de meu vazio, deste cancêr que está tomando conta de mim...outra parte que pulei, foi que, depois de ter mandado à merda aquela porra de "faculdade" onde desenho era a última coisa que importava, eu fiquei vagando num limbo que durou de maio a outubro daquele ano, 2006. E não tenho receios de contar o que eu fazia. Nada. Eu acordava, antes das sete, ia pro "point" dos maconheiros da Praça do Papa, catava todas as guimbas de baseado que encontrava - que eram muitas, acreditem - e voltava pra casa, onde ficava na minha inexistência dopada. O único contato que ainda tinha com o submundo dos desenhos e única "fonte de renda" que tinha eram as aulas para Gabriel, o nazista, que nesta época, estava no auge de seu pior comportamento - ontem mesmo, em visita extraordinária, falamos a respeito de tal época. E ele admite que era uma pessoa chata. Então, no feriado do dia 12 de outubro, eu fui introduzido a outra droga, esta das mais fortes que já experimentei até hoje, suplantando o tabaco e a maconha, ao mesmo tempo: o universo virtual denominado World of Warcraft, que me possuiu por completo, por muito tempo. Ali, eu tive novamente uma "turma", ainda que unida virtualmente, por meio de conversas via TeamSpeak, programa que nosso amigo mais "nerd" possuía até um servidor dedicado a este fim.
Ali fiquei, por ano e meio, sem emprego, continuando a ter como única e escassa fonte de renda as tais aulas pro nazista - que eram o suficiente para me financiar no submundo virtual. Bem, mas eu não era de todo burro, eu sabia que tal situação era insustentável, mesmo por que novamente havíamos sido abandonados por aquele que se diz pai - que mais uma vez, chutara o balde, mandou todos pra merda e se mandou. Aí, em uma visita a casa do Sr. Adam Smith, ele, de novo, me ofertou a venda da alma. Aceitei, de imediato, de tão desesperado que estava.
Bem...o resto acho que vocês sabem, se leram alguns dos textos anteriores. A única coisa que posso afirmar cm certeza é que estou no buraco, com lama aos pés, cheio de gentes me jogando pás para que eu encontre o tal "rock bottom", que creio que será encontrado, deveras, antes que o ano presente termine, esta desgraça que está sendo 2014. A última cartada foi feita, aparentemente não está dando resultado, mas ainda darei temp oao tempo antes de realizar meu plano final, para o qual deixei bem claro aqui, deixei já lavrado o testamento.
Enquanto isto, vou aguentando, os minutos de quinhentos segundos, as horas que se parecem meses, os dias que se parecem anos. Ainda estou, à espera do tal milagre, mas por ora, tudo que me gerou foi a insônia que me inspirou o infeliz texto da noite anterior.
Veremos no que isto vai dar. Chegarei aos 40? Acho que não.