domingo, 10 de agosto de 2014

Vanitas.

"Vanitas, nas Artes, é um tipo de obra de arte simbólica especialmente associada com o estilo de pintura Still-life, do norte da Europa e dos Países Baixos, nos séculos XVI e XVII, embora também seja comum em outros lugares e períodos. A palavra em latim significa "vacuidade, futilidade"1 ; na história da Arte é interpretada como "vaidade", e pode ser compreendida como uma alusão à insignificância da vida terrena e à efemeridade da vaidade.
Motivos "Vanitas" foram comuns na arte funerária medieval, com exemplos mais duradouros em esculturas. No século XV os motivos podiam ser mórbidos e explícitos, refletindo uma intensa obsessão pela Morte e pelo apodrecimento, também vista na Ars Moriendi (A arte de morrer), na Danse Macabre (Dança da morte) e no tema superposto do Memento mori (Lembra-te que morrerás). Da Renascença tais motivos tornaram-se gradualmente mais indiretos, e o gênero "Still-life", que se tornou popular, encontrou morada lá. Pinturas feitas no estilo "Vanitas" querem lembrar a efemeridade da vida, da futilidade de agradar, e da certeza da morte. Também forneceram uma justificativa moral para várias pinturas de objetos atrativos.
Símbolos "Vanitas" geralmente incluem caveiras, lembretes da inevitabilidade da morte; frutas apodrecidas, que simbolizam a decadência trazida pelo envelhecimento; bolhas, que simbolizam a brevidade da vida e a subitaneidade da morte; fumaça, relógios e ampulhetas, que simbolizam a brevidade da vida; e instrumentos musicais, que simbolizam a brevidade e a natureza efêmera da vida. Frutas, flores e borboletas podem ser interpretadas da mesma forma, e um limão descascado acompanhado por frutos do mar podem ser, como a vida, atrativos em si quando se olham, mas amargos quando se experimentam. Há um debate entre historiadores sobre quanto e quão sério o tema "Vanitas" é implicado nos "Still-lifes" sem imagens como caveiras. Como em gêneros moralísticos de pintura, o aproveitamento evocado pela descrição sensitiva do objeto está de certa forma em conflito com a mensagem moral."
(trecho extraído diretamente da Wikipedia)

Vanitas. Vacuidade, futilidade. Memento mori. Ars Moriendi.

É domingo. Primeiro dia da semna...mas que para muito, principalmente os que como eu, são obrigados a trabalhar - ou seja, 97% ou mais da população do mundo - significa, o último dia. Ao menos, o último dia antes de termos que retomar às nossas lides. Novamente, nada de novo. Coisa absolutamente normal. Para 97% da população mundial.

Para mim...significa o último dia...que permaneço longe daquelas paredes odiosas, daquele prédio em que é da propriedade do Imperio do qual faço parte, embora seja apenas uma reles engrenagem - defeituosa - e não uma mola mestre. Ars Moriendi. Tal arte, aprendo mais e mais sobre ela a cada dia que passo ali. Mas...não só ali. Em todos os lugares que vou, que estou. Aqui mesmo em minha "segura" Torre. Aprendo mais e mais sobre o tal Memento Mori. Em cada cigarro que fumo. Em cada momento que deixo-me vencer, por meu mal eterno. 

O pessimismo.

Na semana - que para mim, termina hoje - que passei, esta última semana, fui severamente advertido em relação a este meu "ser", permanente. Ser pessimista. Estado permanente. Que conheço, e nele permaneço, desde...sei lá, desde os 14 anos de idade, pelo que me lembre, embora não saiba precisar, exatamente, o porquê de assim sempre me sentir. Pessimista. Curiosamente, tal semana, que teve seus dias dominados por tal sentimento, fui até elogiado por aquele que chamo de meu Dono. Que disse-me estar com ótimo aspecto, ao menos em referência do anterior encontro com o mesmo, em que estava no auge de minha crise causada pela troca de meus medicamentos...a crise causada pela abstinência daquilo que usei, em vão por quatro anos como antidepressivo. E volto a dizer, tal crise foi-me deveras severa, e pelo próprio Dono meu confirmada - ele que já experimentou, muito mais que esta que vos escreve, diversas mudanças em seus medicamentos, e teve que passar, muito mais que uma vez por tais crises. Como já disse, foi terível para mim...mas não somente para mim...mas aos outros que ainda são, não sei bem porque, meus amigos. 

Exemplo claro disto eu vi na madrugada de hoje, em que novamente despertei para ir ter ao banheiro, aliviar a bexiga, e fui tomado pela insônia. Vim, ter ao meu "centro de entretenimento", este computador em que escrevo estas linhas...e fui verificar minha "inbox" do Gmail, para ver se havia alguma mensagem nova. E lá havia, uma mensagem daquela benevolente criatura, que me tolera desde o ínicio deste blog, em 2009. O Anjo do Sul. Pois bem. Abri tal mensagem...e fui surpreendido, deja vu. O queela me escrevia, era praticamente o mesmo que quase causou, novamente o término de outra amizade, quase. Mas que devo confessar, achei que tinha sido a última gota d'água para este meu companheiro...devido ao seu silêncio desde minha última mensagem, por email a ele endereçada. E aos impróperios, agora deletados para sempre do acervo deste meu diário de lamentações, que publiquei durante esta malfadada semana. Felizmente, hoje de manhã abri novamente meu email e verifiquei, para meu alívio, que não, não fui atirado ao lixo, conforme temia. Pois lá havia mensagem dele. E se, durante tal período de silêncio eu fui dominado pelo que sente, deveras, Raz'ksh, meu símbolo de eterno sofrimento(e que nesta madrugada, senti novamente seus rubros olhos me fixarem e inflamarem de negras chams, meu coração, ao ler a mensagem de Jackeline), hoje de manhã, ao ver tal mensagem em minha caixa postal eletrônica, eu senti tais chamas negras diminuírem, ao menso um pouco - pois ainda não desistiram, por completo de mim, se ainda me mandam emails.

Mas...li a mensagem, e novamente senti o sarcasmo malévolo de Raz'ksh inflamar-me de labaredas negras o coração. Não por ter sido ofendido, não. Tais "ofensas", que achei terem sido sarcasticamente a mim endereçadas, eram muito mais fruto desta mente perturbada, que vos escreve. Que, às vezes, quando tomada pela negra e irracional ira que me consome, em tais momentos que me sinto, distorcidamente, agora evidenciado pelo decorrer de tal semana e as conclusões que pude dela tirar, não são ofensas, nunca foram ofensas. Foram opiniões sinceras de duas pessoas que ainda não desistiram do Monstro. E ambas coincidem, ambas me sugerem o mesmo curso de ação, embora com palavras diferentes.

"Deixe de ser pessimista."

Ofensa? Nenhuma, de fato. Mas o que sinto ao ler tais palavras é algo que faz, exatamente neste momento, sentir-me trespassado pela lança perpétua qeu a figura quase imóvel de Raz'ksh exibe. E que não consegue retirar, arrancar de si mesmo. Não consegue se livrar de tal dor. Olho para sua figura em estanho, e ele olha diretamente para mim, sarcástico. E o rubor de seus olhos torna-se ainda mais vivaz. Assim como as chamas negras que me consomem, por dentro. Que, antes mesmo de tal representação acurada de meu lado negativo - Raz'ksh em si - ter sido-me ofertado como presente, sempre, sempre, sempre, estiveram presentes em mim, embora agora eu tenha esta imagem, pictórica e acurada do que sempre senti, em meus mais negros momentos. A tal lança, trespassada em meu torso - e as chamas negras, que sim, foram invenção minha para dar mais vida ao personagem que tenho representado por tal miniatura em estanho, residente ao lado de meu monitor.

Deixe de ser pessimista...ambos amigos me recomendam, me urgem a fazê-lo. Com textos bem diversos um do outro, mas contendo a mesma essência. E, como disse, ao ler nesta madrugada, o email de minha companheira desta terra, presente desde 2009, eu vi as mesmas palavras, a mesma acusação, que tamanha ira me causou contra meu outro amigo, este mais próximo de mim, ao menos do ponto de vista físico. "Você está tentando?"

Está tentando....lutar contra si mesmo, lutar contra o pessimismo, sair do buraco, são tantas as extensões a esta acusação, este questionamento, que fico confuso ao tentar fazer sentido delas. Ambos me acusam, entretanto, de NÃO estar tentando. De estar onde estou, apenas porque quero. MAS, ambos também me dizem: lute! Lute! Contra isto. Contra seu pessimismo. Aprenda a apreciar os pequenos avanços que têm(dizem) acontecido em seu novo tratamento. Aprenda a dar mais valor para eles. Lute!

Lute. Como? 

Como?

Isto ninguém me explica. Ambos dizem que deve partir de mim mesmo, tal iniciativa, tal tentativa. E, que, conforme minha psicóloga firmou-me durante esta malfadada semana, antes mesmo do que quase foi um desastre completo, oriundo de meu negramente inflamado coração, ela me disse que sim, não me enxerga como se estivesse preso à lama que existe em meu buraco. Que estou me movendo...Mas, conforme disse a mbos que me endereçaram os emails por mim referidos, a lentos, lentíssimos passos. "Se cobre mais," me diz um e outro. "dê mais valor aos pontos positivos...." 

Ambos não entendem, o que eu mesmo não entendo. De onde vem tamanho pessimismo. De onde vem, esta necessidade latente, de sempre esperar pelo pior. De não apreciar, deveras, as tais "dádivas" que tenho - ou que me dizem que tenho. Que "ainda" sou novo(o caralho, 37 anos, novo??), de ser "bem-apessoado", embora o reflexo no espelho me indique o contrário(tanto no aspecto físico quanto no pessoal, por assim dizer). De ter um trabalho! De não estar absolutamente sem grana, eu traduzo. Tenho trabalho, que, conforme me foi dito carinhosamnete, "qualquer imbecil faz" - infelizmente não é tipo outro tipo de trabalho "que qualquer imbecil faz" - de ser concursado púbicamente, e ganhar rios de dinheiro por isto. Sem ofensas para os meus amigos concursados, que sim, tenho-os. Mas, continuo a ser "imrpodutivo" e "anti-social". Improdutivo, não somente por ser engrenagem quebrada do Império, mas do ponto de vista que deveras deveria ser "produtivo" - "artisticamente" falando. E "anti-social", por dois motivos. 1 - I fucking hate people. E 2 - qualquer saída não sai a menos de uns 50-80 reais, dependendo do lugar, dependendo da hora de se voltar, pois esperar pelo "milagre" chamado 4103, único busão que vem ao "bairro de rico" que moro, simplesmente inexiste, depois das onze, ou coisa assim. Aí voce tem que morrer nuns 30 renais de táxi. E ainda me acusam de ser materialista...pessimista, de fato. 

LUTE!!!

Eu repito a pergunta, que ambos não sabem me responder. Como?? Estou tentando sim, ao menos dar um "reboot" no meu avariado "célebro" com o tal tratamento...e sim, tem havido progressos, a lentos passos. Tenho ido na tal psicóloga, que sim, está me fazendo bem, admito. Mas é coisa que ainda não tem nem dois meses que estou no tal tratamento...Tudo pode mudar, pode dar certo, sim, eu concedo isto, esta possibilidade. Mas ambos me dizem, e não só eles, meu prórpio Dono me disse, tempos atrás: "Tem que partir de você tal mudança..." 

Decerto, deveras. Mas ninguém, ora bolas, ninguém me explica COMO. Lutando! E como lutar, contra você mesmo? Da maneira que fiz, meses atrás? Me dando uma surra? Não, isto somente me privará do pouco que já tenho, uma vez, que, se voltar a acontecer, deixarei de ser propriedade de meu Dono, para ser propriedade do olho da rua.Uma perspectiva ainda pior. 

Memento Mori. Sim, morrerei, morreremos todos. Todos. A pergunta maior é "E o que voce fez da vida," na hora da morte. Nada. Ou quase nada, enchi pra caralho o saco de muita gente, que enxerga em mim o que chamo de Monstro, mas que pra eles, pessoas mais "normais", não passo de um bebê chorão. Estão errados? Não, absolutamente. Não mesmo. 
"Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime."

Ninguém soube traduzir-me melhor em versos como este tal de Fernando, o Pessoa. 

Memento Mori. Lute. Lute. Lute.

E a esta altura, eu me pergunto, para quê? Para novamente, falhar? Como sempre, falhar? Ou como diriam os meus remetentes de emails igualmente impacientes com este que escreve, "Você tenta?"

E meu defeituoso cérebro responde, a mais absurda das respostas - para eles, para outros, para 97% da população mundial, que assim como eu, terá que amanhã despertar-se forçadamente ir "ganhar o pão", eu respondo o que sempre me vem como resposta a esta pergunta.

Para que tentar...se vou falhar?

Pessimismo, de fato. 

Ars Moriendi. Cada dia mais. Ou menos. 
Memento Mori. Vanitas. Vaidade, orgulho. De falhar. Como sempre, falhar. Desapontar. 
E hoje, mesmo Gideon se recusa a me fazer companhia. Pois nega-se a se aproximar das negras chamas, que não só no coração, mas no que restou de minha alma, está inflamada. De negras chamas. Raz'ksh hoje venceu. E anula a presença benéfica de seu irmão...

"Você tenta?"

Tento. Mas em vão. 

Pra quê tentar...se vai dar tudo errado? Sempre deu, porque justamente agora, irá ser diferente?