quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

2010.

Comecei o ano de 2010 entre amigos, recebi o número novo com esperança, fé. E de repente, me vi cercado por outros números, decorrentes de outras fontes, estas mais complexas, mais obscuras. De repente me vi embalado em papel alumínio, pronto para ser assado: era o começo de abril que se iniciava, mais uma vez. Fui até Marte, onde fui informado que em Vênus teria mais sorte.

Embarcando no micro-ônibus espacial, tive a sorte de me encontrar com Sid, o Barret, mais uma vez. Trocamos veementes idéias sobre o futuro do mundo, da música e do complexo de Golgi. Nada soube dizer, entretanto, para confortar o morto, que apodrecia a olhos vistos. Mas ele não se importava! Até se divertia com isso, ora bolas. De que vale a pena ser morto se não se pode nem ao menos fazer em morte o que não se pode fazer em vida?

Assim, me tornei astro-físico-químico-sólido-gasoso-ozônio e fui passear na estratosfera. Mas nada havia ali a não ser gases nobres, estes mui infames e arrogantes, nem sequer se misturavam, não se juntavam a nada. Diante de tamanha injustiça, decidi doar meus rins para uma criança pobre na Sérvia. Mas lá chegando, fui informado que à Bulgária tal criança estaria residindo, não mais ali. E como todos sabem que a Bulgária, assim como o Acre, não existem, eu deixei de acreditar na pessoa e o espanquei, para que assim aprendesse a não contar infames mentiras assim, à plena luz do dia.

Mais adiante, me deparei com muitos matos, matos, originários dali mesmo, apenas ervas daninhas locais, mas sendo elas variantes da planta de Jah, muito me regozijei em aspirar infusões vaporosas de tais plantas. De repente, tudo fez sentido. A terra era quadrada, o sol não era mais o sol e Plutão não era mais um planeta. Assim como o triceratops não era mais um dinossauro. Tal revelação quase me levou às lágrimas, e muito bem fiz em fugir dali, apanhando carona num zéfiro qualquer que por ali passou.

Dias depois, fui encontrado morto à casa do trinta mais dois mais um, e fui devidamente ressucitado depois de três dias. A porra do servidor tinha um lag do caralho e o spawn era cretinamente imbecil. Saindo de minha caverna, declarei para a multidão de quinhentos e cinquenta e sete mil milhares de reportéres que a páscoa seria ilegal este ano, que as pessoas eram todas idiotas e que os homofóbicos, os religiosos ortodoxos, os políticos, os pedófilos e os professores de educação física eram igualmente ilegais, uns chatos da porra. A turba me criticou e queria me devolver à cruz, mas arrumei uma maneira sorrateira de apontar numa direção: "olhe! o que é aquilo??" e seguir em outra assim que eles olharam. A vida de ninja tem dessas coisas.

Meses mais tarde, fui apresentado ao mais novo téologo da lógica local, mas como a incongruência de tal idéia é simplesmente insuportável, ele se converteu em um saco de café descafeinado. Ainda assim, o paradoxo da nova idéia era igualmente fisicamente impossível, e um buraco negro se abriu no local, me tragando para as profundezas sinistras de uma realidade onde nenhum Stephen Hawking jamais se aventurara antes. Lá chegando, vi que havia uma preguiçosa borracharia com uma "praca" dizendo: "VÊNDIS COCO" e um caboclo deitao à rede. Perguntei quanto eram os cocos, mas o caboclo simplesmente me olhou e me disse, hoje tem não sinhô, e fui obrigado a transitar para outro local.

A realidade paralela era desta forma: paralela. Tudo igual, mas com algumas diferenças. As pessoas continuavam não tendo bom senso, nem discernimento. Muito me desapontei, mas também, o que deveria eu esperar de um universo paralelo gerado por um saco de café descafeinado??

Fui até londres, roubei o Big Ben. Não coube em meu quarto, joguei-o pela janela, cometendo o ledo engano de não checar antes se estavam chovendo ovos. O imenso relógio caiu por cima de um sobrevivente da gripe aviária, matando-o instantaneamente. Novamente procurado pela polícia, bati em retirada em direção à Abu Dhabi, onde consegui asilo juntamente com um bando de velhas taradas, que houveram por mal em tentar me possuir à força. Novamente fui obrigado a utilizar minhas habilidades samurais, e me apoderei da bengala de uma delas, enchendo de porrada as vetustas taradas.

Fugi o mais rápido possível, e quando vi já estava novamente em Azeroth. Maldição. Ainda assim, soube que meu coração dali nunca houvera saído, então apenas acendi mais um palhoso, comi batatas fritas, bebi pepsi e me sentei defronte ao monitor, exigindo menos latência e mais processamento. Dias depois, comprei novo computador.

E daí em diante, não sei bem o que aconteceu, pois quando assustei, já eram trinta os dias de dezembro, e deveria eu dizer adeus a este infame ano. Novamente, me vi rodeado de amigos, e senti que havia tomado a decisão certa. Ao menos na data em que apenas comemoro o fim deste número amaldiçoado, tive a sabedoria de não fazê-lo acompanhado apenas de minhas vozes na cabeça. Os amigos silenciariam tais espectros, nem que fosse por um dia apenas. Assim seria.

E assim acabou-se o ano, acabaram-se os posts deste diário de um louco, na data em questão. Iremos retornar ano que vem, assim o esperamos, não é mesmo? E todos os outros números, todas as outras datas, estas seriam mais marcantes, mais significativas. Que a uruca iniciada em 2006 tenha término no vindouro novo número.

Que assim seja. Para mim e para todas as pessoas importantes para mim.

Os 99% restantes podem ir à merda.

Que assim seja.

Ameim.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Nowhere.

So I was going. Didn't know how the hell I was supposed to pull this one through, but I was determined to make it happen. I went to hell and back again; I wasn't afraid anymore.
-Yo.
-Hey buddy. Name yer poison.
-White Russian.
-Ah, nice one. Coming up.
As the bartender pour, I looked around. No sign, no evidence. Nothing. A lot of people, but I just felt like I was there all by myself. "Sucks to live this way," one of my so-called friends told me. "You're not helping. Get the fuck away," I told it.
-Slow night?
-Not really. Last night was the night of the dead. Tonight's much better.
-I see.
-Here's you drink, pal.
-Thanks.
I took a sip of the beverage, sneering a bit. A little bit stronger than I would make, but not that much of a problem. There were bigger ones dancing around me. "What a dump," another one said out loud. "I know." I just nodded.
Hours went by slowly, and people came and went, a lot of people. As the night grew older, the amount of smiles, clinking glasses and sideways looks increased accordingly.
But no sign of something or someone worthy.
I ordered two more Russians, and was already quite tipsy at this moment. The bartender wasn't very talkative, or at least he wasn't the type that would start conversations, so I basically kept to myself. I smoked three cigs at the outside lounge, and kept on looking. Kept staring at the ground.
What the hell was I doing there?
You're searching.
For what?
You're trying.
To do what?
I'm not at home, I'm not alone. I'm not spending the night wasting my time in front of a computer. I'm not laughing at useless nonsense off forums or playing a role in a fictional universe.
And to what avail? What good could I get from standing here, drinking my ass off, being with all these people, all these nameless faces, these bland smiles, all that nonsense?
Try to fit in. Be yourself. Talk.
I got nowhere to fit in. No myself to be proud of. No interesting things to talk about, except internet fucking memes or some similar bullshit - topics of no relevance whatsoever to everyday people, normal people, so to speak.
Another Russian. Another cigarette. Repeat.
After a while, I found myself staring at the counter, counting scratches on the beaten wood finish, or just playing with the ice on my empty glass. All my 'friends' were talking to me simultaneously, and it was driving me crazy. I looked up, only to find the barman's face staring at me with a funny look.
-Had enough?
-I think so. Here it is, keep the change.
-D'you need a cab?
-Nah, I can manage it. it's not that far, I'll just walk it off. Thanks anyway.
-Right. See ya.
I walked off the bar, leaving all those empty shells, those nameless, anonymous people behind me. The street was desert, the wind was howling and cold.
"Why dind't you--"
Shut up.
"You could have gone and talked to--"
Shut up.
"You should have--"
Shut up.
"It's all your fault, you know."
I know. Shut up.
"Go home, go back to the prison you created."
Shut up. Shut up. Shut up.
Just shut up. Leave me alone.
"You are alone."
The streets seemed to be screaming at me, the lamp posts dancing, the ground shuffling. And my head wouldn't just shut the fuck up. Never before that walk felt so endless. A few blocks seemed to have transformed into a long, slow, endless desert.
But I got home.
I went upstairs.
I locked the door behind me. Lit a cigarette, fell on the couch, stared at the ceiling.
Everywhere was nowhere. Everywhere felt like nowhere.
Nowhere.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Choose.


But why would I want to do a thing like that?
I chose not to choose life: I chose something else. And the
reasons? There are no reasons. Who need reasons when you've got heroin?

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

G'argh.

Gluh.

Estou aqui mas não estou. Ressaca.

Quero minha cama. E mais doze feriados.

Quero não. To com sono; tô mal.

Segunda. Blah.

Ultima semana desse ano maldito da porra. Morra.

Morri.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Dia.

Mais uma manhã. O Adevogado abriu os olhos e espreguiçou, usando uma nota de cem dólares novinha para limpar as remelas do canto de seus olhos. Mais um dia, mais processos, mais falcatruas e enganações. O Adevogado se sentia tão bem. Gostava do que fazia, tinha imenso prazer em achar buracos na malha fina da lei, sacanear as pessoas, se dar bem, ganhar muito dinheiro impondo a justiça, como era chamado a moeda de seu trabalho. "Ah," pensou ele, "hoje é dia de realizar audiências no fórum, sacanear aqueles pobres imbecis que acham que podem se dar bem apenas sendo corretos aos olhos da lei; mal sabem eles que já tenho toda minha estratégia elaborada, vou me dar é muito bem." Foi ao banheiro, fez suas abluções triviais, fez aquela barba impecável com sua navalha de diamante importada, banhou o rosto com a colônia pós-barba feita sobe encomenda, usando lágrimas reais de adversários jurídicos, apanhou seu terno mais esnobe, sua gravata mais nobre da mais pura seda italiana(apesar das letras miúdas acusarem secretamente a procedência sinológica da mesma), admirou sua figura impecável no espelho e se dirigiu para a garagem, não sem antes apanhar um desjejum preparado no dia anterior.

Entrou em sua BMW X-4-A-12-f-56-ZZ-45-e-o-caralho-a-quatro e acionouo possante motor de quinze mil cavalos, quinze centímetros por litro de combustível, e sentiu o ronco possante do motor, acordadno de supetão todo o resto do prédio. Tomou de assalto as ruas, e se dirigiu para seu escritório, enquanto mordiscava o sanduíche a cada sinal vermelho que encontrava no caminho. Se sentia bem, imensamente bem, era o dono do mundo, dono da verdade, agente da justiça! Sentia o fluxo sanguíneo trazer boas ondas, bons pensamentos à sua cabeça, podia fazer de tudo, podia comprar tudo e todos, era o dono do mundo.

Chegou no escritório, teve um ligeiro contratempo ao abrir a pasta e verificar que havia um certo rumor vindo de dentro de um envelope de um cliente. Não se importou, enquanto abria caminho por entre os papéis, em busca da chave da sala. Existiam certos insetos dentro da pasta, meio arroxeados, que faziam rumores estranhos, como se fossem viloinos ambulantes, esvoaçantes a realizar algum movimento sinfônico de Vivaldi, coisa assim. Ah! Ali estava chave, atrás de uma fola de plátano roxa que inexplicavelmente se encontrava por meio dos papéis. Adevogado estranhou, mas não pestanejou demais. O tempo corria, e ele tinha muito o que fazer.

Adentrou a sala, fechando a porta por trás de si. Foi saudado por uma imensa miscelânea de estranhas bolhas verdes que pairavam no ar da sala. "Como o dia está difícil hoje," lamentou em voz alta o pobre Devogado. Afastou rudemente de seus ouvidos as freiras esvoaçãntes que cantavam uma ária em dó maior sustenido bemol da Silva, e se dirigiu para a cozinha. A secretária lá estava, fazendo café, e saudou veementemente o Adevogado em húngaro. Ele respondeu com um breve aceno de cabeça. O dia, que começara tão bem, estava se tornando cada vez mais incômodo. Apanhou sua caneca, que se tornara misteriosamente gelatinosa e um tanto quanto translúcida, e encheu de café. Estranhou o tom magenta do café, mas não perguntou nada À Secretária, uma vez que não entendia bem o húngaro. Tomou um gole generoso da infusão, mas sentiu gosto de provolone à provençal, se é que tal variedade de queijo sequer existia. Suspirou profundamente.

Emn sua sala, as coisas não melhoraram. Suas poltronas teimavam em conversar em sumérico, e de forma desagradavelmente estridente. O telefone batia boca com aquele brinquedinho ridículo em que bolinhas de aço batiam umas contra as outras em movimentos pendulares. Adevogado começou a se impacientar. Precisava organizar a papelada, categorizar tudo aquilo, pôr tudo em ordem. Gritou com o telefone e o brinquedinho, que se calaram mas não deixaram de continuar a discussão por telepatia. Tentou abrir uma gaveta, mas ela se recusava a obedecer. Disse que não abriria nada antes de, no mínimo ele lhe pagar um jantar e um cineminha. Ele se exasperou: todos os dados estavam naquela gaveta, era preciso abrir a gaveta, ora bolas, como é que poderia trabalhar sem os dados. Mas a gaveta estava irredutível. Ele perdeu a paciência. Chamou a Secretária pelo interfone, mas não conseguiu entender nada do que ela leh disse. Maldito dia! Nada dava certo.

Naquele momento, o ventilador de teto resolveu que estava preso demais àquele ambiente, e que precisava de novidades, se deprendeu do teto e voou serenamente pela janela. Assim não dava! Era preciso tomar providências. Abriu a pequena geladeira miniatura e serviu-se de dose nervosa de uísque, mas o gosto estava intragável! Era como se tivessem substituído o tradicional aroma de suco alcóolico de papel mofado que todos os uísques carregam e tivessem substítuido por mera coca-cola. Ora! Assim não dava. Arremessou o copo contra a parede, estilhaçando-o em milhões de pedacinhos, que gritaram em uníssono lamento de mau agouro. A parede tambem gemeu. O telefone e as poltronas se escandalizaram! Adevogado acabara de cometer brutal assassínio, e precisava ser levado às autoridades competentes da justiça!

O telefone discou para a polícia, e as poltronas começaram a cercar ameaçadoramente aquele assassino. Adevogado se exasperou e avançou contra a primeira poltrona que quis dominá-lo, chutando-a bem no saco, se é que tal acessório existia em poltronas. Com efeito, a mobilia atingida em cheio tombou ao chão, e Adevogado aproveitou a brecha para obter a pistola semi-automática que trazia devidamente escondida em sua pasta. A Secretária adentrou o recinto, atraída pelo burburinho de toda aquela confusão, e Adevogad vislumbrou ali sua salvação: correu na direção dela, e a apanhou pelo pescoço, empunhando a arma em riste. Agora tinha uma refém, tudo se resolveria. "Calem-se todos vocês, ou ela leva chumbo na cabeça!"

A Secretária estava em pânico crescente, mas mesmo assim, desenvolveu instantaneamente um caso raríssimo da Síndrome de Estocolmo, e se apaixonou perdidamente pelo seu captor. Beijou apaixonadamente a boca surpreendida de Adevogado e já ia arrancando suas roupas. Ele arregalou os olhos e repeliu a mulher com força. Ela começou a chorar, se lamentando em romeno por que ele não mais a amava? Se tudo que conheciam, todas as experiências que haviam tido juntos nada mais significavam?

Adevogado estava aturdido, e ouviu o rumor sorrateiro dos agentes da polícia que entraram às pressas no recinto, empunhando salames de borgonha e pizzas calabresas. Secretária afirmou, em tcheco, que preferia um strudel e um autêntico goulash. Adevogado não quis saber de conversa, se arremessando de supetão contra à janela aberta, "Jamais me apanharão vivo!!"

Como os Adevogados não voam - mesmo um tão intoxicado por tantas drogas em seu sanduíche implementadas na noite anterior pelo funcionário da loja de produtos Naturais e Curiosamente Caros, que havia por bem lhe agraciado de tal maneira, depois de ter sido rudemente maltratado por tal agente da lei, da moral e dos bons costumes - ele simplesmente caiu em queda livre em direção ao solo, se esborrachando de maneira grotesca por cima do asfalto, que lamentou o ocorrido com o poste de luz. E assim acaba a história excitante de Adevogado, este fedaputa.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Inequação.

Noite mal dormida + abstinência de drogas virtuais + abstinência de drogas nicotínicas + ataque inexplicável de alergia + 1 dose de antialérgico + analgésico + "porra que merda de alergia que não passa" + outra dose de antialérgico + insônia por conta disso tudo + uma porção de pequenas encheções de saco = x.

Encontre x.

Resposta:

Um dia de sensação extremamente letárgica e anestesia generalizada nas extremidades e nebulosidade cerebral.

Será um dia tããããão produtivo...

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Bom dia.

(Chega o Neurado no serviço. A secretária do Chefe o recebe com aquele sorriso de nota de três reais.)
-Bom dia.
-Bom dia é o caralho. Vá pra merda.
-Mas o que é isso.
-Isso sou eu de saco cheio.
-Coimo ousa falar assim comigo! Exijo respeito!!
-Respeito de cu é rola. Pra merda, já disse.
-Senhor Neurado!!
-Senhor é a puta que o pariu. Senhor é o corno do seu chefe, que trai a mulher dele com você e é chifrado pelo Antunes da contabilidade. Chifrudo dos infernos. E você é uma bela duma pistoleira, sua puta.
(A secretária entra em desespero e começa a chorar. Entra Fagundes, e novamente a formatação muda de rumo.)
FAGUNDES
Dona Secretária! Mas o que foi que aconteceu!

SECRETÁRIA
Esse pilantra me chamou de puta.

NEURADO
Puta é pouco pra você, sua vagabunda dos infernos. Dá sem dó pra qualquer figurão aí, só pra subir no conceito deles, e nem se importa com o que está fazendo, com a família que está arruinando, com a vida que está destruindo, só pra se fazer valer, pra dar um pingo de valor a sua existência inexistencial. Vadia, vaca, puta!

FAGUNDES
Mas o que é isso, senhor Neurado! Controle-se!

NEURADO
Controlo porra nenhuma, seu biltre. E você é outro, um puxa-saco de primeira, um lambe-botas miserável, capacho dos grandes, baba ovo pra caramba desses cretinos todos no poder e fica aí se achando, crente que é amigo deles. Porra nenhuma, mané! Eles não estão nem aí pra um merda feito você. Te usam como espião, pra saber do que falam a respeito deles. E você, um bosta completo, dedura todo mundo que fala mal desse filhos da puta donos dessa empresinha de merda do caralho da puta que o pariu.

FAGUNDES
(Fica boquiaberto. Não sabe como reagir, pois acaba de ouvir uma pá de verdades)

(A Secretária continua chorando numa cadeira, aos gritos. O tumulto chama a atenção de mais empregados, que se acotovelam para ver o circo pegar fogo, atividade preferida deles. Nisso, entra o Sub-chefe.)

SUB-CHEFE
Mas o que diabos está acontecendo aqui?

NEURADO
Lavação de roupa suja, senhor filho da puta.

SUB-CHEFE
O quê?? DO QUE FOI QUE VOCÊ ME CHAMOU??

NEURADO
Filho duma puta, filho de puta com gambé, sem-mãe, enjeitado sub-chefe de merda. Isso e mais nove. Quer ouvir mais?

FAGUNDES
Vamos juntar nesse cretino, senhor Sub-chefe!

(O sub-chefe e Fagundes avançam para o Neurado, que calmamente retira de sua maleta um Uzi e metralha os dois, que tombam irremediavelmente mortos. A secretária começa a berrar como nunca se ouviu antes. Os demais bisbilhoteiros, digo, funcionários, fogem em disparada)

NEURADO
Alguém mais vai querer umas azeitonas? Tenho muitas aqui! É só pedir. Bando de covardes filhos de cabritas enjeitadas.

(A Secretária continua berrando. O Neurado nem olha para ela enquanto descarrega o resto das balas do clipe nela)

NEURADO
Cale a boca, piranha. Agora sim você não frita mais ninguém.

(Lá de fora o X-9 grita:)
Neurado! Chamei a polícia! Eles estarão aqui em instantes! Se renda agora e talvez eles sejam misericordiosos!!

(O Neurado simplesmente suspira, enfia a mão em sua valise e retira uma granada, que tira o pino e arremessa na direção da voz.)

X-9
---puta que o pa--
(BOU! A sala adjacente vai pelos ares, juntamente com o bisbilhoteiro X-9, cujos pedaços ensaguentados decoram toda a sala de forma grotesca.)

NEURADO
Agora sim, isto é o que eu chamo de decoração de natal! Veja só, que tom vivo de vermelho. Se bem que o tom é mais morto que vivo, ha ha ha! Feliz natal!

(Lá fora, os agentes da polícia começam a chegar. Um deles empunha um megafone e começa a anunciar:)

PULIÇA
Neurado! O senhor está cercado! Largue as armas e saia com as mãos atrás da cabeça!

NEURADO
Quanto mais eu rezo, mais assombração me aparece.
(Ele apanha um bloco de C-4, 2kg, em sua maleta e conecta despreocupadamente um detonador ao mesmo. Feito isso, calmamente arremessa-o pela janela.)

PULIÇA
--Mas o quê--

(O barulho da explosão de 2 kg de C-4 é meio que inexpressável em onomatopéias. Mesmo assim, o exterior do prédio é obliterador instantaneamente. E, com a onda de choque, a estrutura do prédio do Neurado começa a ceder também.)

NEURADO
Que maneira mais grandiosa de ser demitido de um emprego de merda!
(ele tira mais uma pá de granadas e explosivos e sai correndo pelo prédio desmoronante, gritando alegremente e disparando tiros contra quem quer que fosse que ainda estivesse por ali. Ri como um maníaco desenfreado.)




SECRETÁRIA
Eu disse bom dia!

NEURADO
Ahn? Ah, desculpe(sorriso de nota de três reais.) Estava distraído aqui.

SECRETÁRIA
Já pensando no final de semana? Pelo seu sorriso, deve ser, não é?

NEURADO
...mais ou menos.

(Nisso chega o Sub-chefe e já vai passando a mão na bunda da secretária, que ri como uma cadela no cio, e o acompanha até sua sala. O Neurado assite a tudo e suspira. E assim continua mais um dia normal no escritório.)

NEURADO
É o fim, mesmo.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Pequena resenha de festividades.

Festas. Festas, reuniões. Gente. E álcool. Muito álcool, à la vonté, como se dizem.

A festa, teve lugar na sexta feira, depois do expediente. Reuniu todos os elementos, gente e álcool.

Resultado: briga entre peixe pequeno e peixe grande. Em termos empresariais, quem irá à fila do seguro desemprego?

Vejo que não perdi muita coisa me ausentando, mais uma vez, da confraternização empresarial...eu sempre sinto o cheiro de confusão e falsidade em excesso neste tipo de reunião...Dessa vez, o anti-social saiu na vantagem, trocando a infâmia de ter de ser testemunha de tal briga, pelas seis cordas e microfones. Não; a noite não foi completamente nerd, no sentido absoluto.

Agora, é esperar pela chegada das doze cordas. Esperei em vão pelo final de semana, posso esperar mais um pouquinho. Enquanto isso, espero também pela liberação da poupança do ano, para comprar meu outro presente de natal, de mim para mim. Não são os melhores presentes que uma pessoa pode ganhar? Aqueles de si para si?

Ah, a segunda feira só começou e o burburinho das gentes que se envolveram de alguma forma na confusão pública cada vez mais reverbera neste prédio. Ao menos disso estou livre. Nada vi, nada sei, apenas o que me diz a vox populi, que nem sempre(nunca) é confiável.

Esperemos pela chegada das coisas boas. Coisas ruins já temos demais, não é mesmo?

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Arqueologia.

Queria eu comprar artigos, estes para o ofício de transcriptor reverso do desconexo se conectando ou desconectando-se ameaçadoramente da realidade. Pois, se queres da vida fugir, arrume um emprego onde os detalhes, os detalhes são tão absolutamnete necessários, tão indispensáveis e inumeráveis, que a coisa desanda caso sua atenção seja desviada do cuneiforme por mais de cinco segundos. Em verdade, na cidade morta, existiam vidas, mas sabia eu que apenas importava seguir a morte, uma vez que assim me garantiria a vida, o pão nosso que estais no céu ou coisa assim, sendo, fondo.

Artigos, loja de. Departamento de sumérico. Departamento de hieróglifos, arqueologia mundana. De fundo de quintal. Não, não, meu caso é outro, minha fuga é por demais escapista para poder ser quantizada, somada, acrescentada de números e cifras. Vou direto para a tumba do rei Xenops III, esse rei que nunca houve mas que inventei em tese para provar em vida que a sua vida foi algo digno de nota, ainda que esta nota seja em uma escala não-existente na pauta, na cifra musical humana. É preciso ganhar tempo, é preciso adiar a vida, ainda que com isso adiantemos a morte.

Em esta loja, encontramos procrastinadores das mais diversas funções, agentes da polícia que não querem mais ver sangue, agentes do governo que não querem mais governar, donas de casa que não têm nada de donas, designers modernos que descobriram que a arte é uma fraude, e aqueles que, como eu, tentam encontrar no passado alguam explicação para o presente, estes arqueólogos da vida, da morosidade dos dias mais nefastos, da existência mais inexistente. Estes, normalmente nao se falam, não tiram suas dúvidas, apesar de elas existirem, em profusão dentro de suas mentes um tanto quanto desajustadas.

Entre as prateleiras de artigos para a moderna compreensão do passado, encontramos perdidos artefactos, a roseta de Zyo, a pedra fndamental de Alexandria, o dedo mindinho de um desavisado mentiroso que circulou em Roma. Coisas, que existem ou não, mas que tanto preenchem a vida dos arqueólogos. Habilmente nos desviamos de questões menos relevantes, como a saúde, o bem-estar da presença onipotente da vida que se desfaz cada vez mais, cada dia mais, cada momento menos, cada macaco no seu galho, ora bolas. Desviamos o olhar dos demais colegas de profissão, mas procuramos por novas e mais justificáveis justificativas para a obtenção da licença, da permissão de adiar a vida, enquanto se espera a morte.

Alguns deles vêm em pares, têm suas razões para isto - ou tentam se unir em alianças de ouro maciço mas com nenhum peso real, ou procuram adiar a vida eterna obtida através da perpetuação da espécie. Eu, busco somente a justificativa fundamental para aqui estar, pesquisando o passado, sondando o pó, escovando pedras carcomidas pelo tempo e pela memória. Revirando ossos, procurando se achar no meio do passado, enquanto o futuro, cada vez mais próximo, se torna mais e mais curto. Vislumbro lágrimas nos olhos de alguns de meus colegas, mas eles apenas fungam em silêncio, olhando para a prancha diante de seus olhos, o papiro debaixo da luz ultravioleta, os óculos de proteção se tornam baços das pequenas cascatas de gotas amargas que dos olhos saem. É a idade. É a crise. É a vida.

Pesquisa, pesquisa. Procurar as chaves do presente no passado, nas areias já há tanto esquecidas, varridas pelo tempo, água por debaixo da ponte, líquidos que não mais movem moinhos. Procurar, procura. Lá no fundo está a resposta, a solução. É preciso pesquisar, decifrar o passado, com ele aprender, enquanto o futuro, cada vez mais próximo - e tão distante, eis que nunca chega - se torna cada vez mais escasso. Pesquisar. Decifrar. Encontrar.

A chave, a chave. Não tentar entender, mas mesmo assim procurar, aceitar. Engolir, sem regurgitar. Lá no fundo estão as respostas e a morte, mas com ela não nos preocupamos, dela nunca lembramos; mesmo sabendo, tendo a plena certeza que irá nos alcançar, fazemos de conta que somos ignorantes, que não sabíamos.

Enganar-se.

E todos nós, nestes corredores da loja de arqueólogos, não nos falamos. Somos unidos pela espécie mas afastados pelas circunstâncias de sermos a espécie de espécie que somos. Unidos, mas irremediavelmente distantes, cada um na sua busca pessoal, cada qual e tal como deveria ser, não me interrompa, não me grite! Cá estou, atarefado em tentar ignorar tudo isto, em busca do que já nem sei mais o que é.

Mas já não importa, pois tudo assim o é. Tolos são os que pensam como penso. Sozinhos, amargurados, alijados por suas próprias ações e convicções. Tentando provar que a busca irá gerar frutos, e tudo será a mais plena glória quando a chave obtivermos, as respostas estarão à palma da mão.

A mão, que estará velha e carcomida, enrugada e entrevada, retesada por artrites e artroses. Dependeremos de todos os outros que negligenciamos enquanto buscávamos a resposta. E a verdade é que nada mais importará, pois a resposta vem com o tempo, a busca será frutífera mas a maçã estará podre, fossilizada. E tombaremos, pois lá no fundo, juntamente com as respostas, ela também se encontra, a iniludível, a inescapável.

Daí, nada mais importará. E serviremos de matéria para futuras explorações, futuros fundos de pesquisa. Tentarão nos decifrar, dando continuidade ao ciclo eterno que é esta vida, esta morte. A cada dia que passa, a cada segundo que no ralo da espécie escoa, líquido viscoso e inútil.

E assim será.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Chama o técnico!

-Assistência técnica.
-Sim. Eu quero uma assistência, de preferência que seja técnica, de fato.
-Pois não.
-Quero dizer que ontem, chegeuei em casa e o artefato não funcionava.
-Mas o senhor o conectou?
-Sim, é claro. Não sou dessas pessoas idiotas que não sabem usar o artefacto e ficam importunando a técnica assistência.
-Ainda bem, não tenho muita paciência com idiotas.
-Pois então, o que devo fazer? Como deverei proceder?
-Qual é o modelo do artefacto?
-Setembro de 1977.
-Hmmm. Modelo raro e tinhoso este, aparentemente. Data?
-Dezessete.
-Puta merda. Você tinha logo que escolher o mais complicado??
-Aparentemente, gosto de desafios.
-Gostas é de encheção de saco. Este modelo veio com um defeito de fabricação grave. Houve um recall de todos os modelos de tal linhagem em outubro de 2002, caso não tenha sabido.
-De que me adiantaria um recall depois de tantos anos? Agora não quero nem saber. Quero que resolvam meu problema.
-Senhor, a garantia de tal produto já caducou faz tempo.
-Não perguntei nada sobre garantia. Quero solução, não importa quanto custe.
-Bem...tenho que dar uma olhada no artefacto. Vou ter de comparecer ao local para melhor examinar o defeito.
-Pois sim. Venha.
-Vou.
(Tcham)
-Pronto.
-Ora! Já chegastes? Como é eficaz esta tecnologia de falar sozinho.
-Sim, sim. Mas vejamos o artefacto. Onde está?
-No Sótão. Joguei-o para lá assim que o defeito se manifestou.
-Pois bem. Senão vejamos. Hmmmm. Como suspeitava. O fabricante fez merda no módulo de compatibilidade com a humanidade. Vejo também que o índice de tolêrancia está a níveis absurdamente baixos. E se observamos aqui...sim...vejo que existe um módulo adicional instalado, de misantropia crescente. E está "setado" para crescer exponencialmente, ora veja!
-Imaginei que seria algo deste naipe que estivesse desconfigurando a máquina.
-Senhor, sinto lhe dizer, mas creio que de nada adiantará manutenção neste artefacto. O defeito parece ter consumido reservas vitais de humanidade, deixando tal faculdade permanentemente desabilitada no setup da mesma. A BIOS está muito corrompida, e o sistema operacional Buriol 1.0 é incompatível com Universo X.xx. Creio que chegamos a um impasse.
-Como assim?
-Sendo estes dois sistemas absolutamente incompatíveis, assim se torna impraticável o gerenciamento do módulo de humanidade. O artefacto está se degradando rapidamente, e faz por onde; adquiriu comportamento inusitadamente auto-destrutivo.
-Mas, não é verdade que "self destruction might be the answer?"
-Não neste caso, uma vez que isto não é um filme, e sim um delírio.
-Delírio?
-Sim, uma vez que aqui não estou, nem estás, e estamos todos.
-Hein?
-Não reparastes? Estamos mas não estamos, uma vez que nada mais somos que vozes, ecos no interior de tal artefacto.
-Ah! Pois então estamos todos falando juntos dentro da máquina?
-Algo assim, ao menos do ponto de vista manicomial.
-E o que fazer então?
-Bem....eu poderia tentar "setar" o volume das vozes, e acionar o "mute" em algumas delas, ou tentar "rotear" as mesmas para porções menos cognitivas do processador central. Mas, pelo que vejo aqui, o botão de "mute" está permanentemente danificado. E o roteador está quebrado. Mas que merda de máquina!
-Não xingue seu progenitor!
-Ora. Que vantagem existe em ser apenas uma voz no interior de um artefacto defeituoso destes?
-Ao menos não somos nós que tem que lidar diretamente com o Universo X.xx. Ouvi dizer que lidar com tal OS é realmente complicado.
-Tudo depende da versão da máquina. Mas concordo que neste caso, deve ser o inferno na terra, de fato.
-O inferno não é na terra, pois Universo X.xx é absolutamente indiferente a estas configurações externas e internas dos artefactos que com ele interagem. O inferno é interior. E neste caso, creio que talvez seja irremediável. Buriol 1.0 está cada vez mais instável.
-Eu sei, eu sei. E todos nós sabemos, desde o lançamento.
-Pois é.
-O que podemos fazer então?
-Creio que nada. Um dia tal artefacto será desativado permanentemente, e a julgar pelo tamanho da corrupção dos arquivos mais vitais do mesmo, talvez o mesmo entre em colapso auto-inflingido.
-Que péssima perspectiva.
-Sim...mas assim deve ser, aparentemente. Pelo que posso ler aqui nos medidores e mostradores, o módulo Insanidade 6.66 está quase todo instalado.
-Putz. É o famoso fudeu.
-Sim. Assim que a compilação dos dados se completar, só a Insanidade irá imperar aqui dentro. E lá fora, a idiferença Universal tratará de aniquilar o engano evolutivo.
-Assim está escrito?
-Assim me parece. Acho que o núcleo de semi-compatibilidade foi deliberadamente esfrangalhado naquele primeira tentativa de auto-destruição.
-E agora?
-Não sei. Acho que só nos resta esperar. Bom Senso 30.3 não está funcionando, Auto-Estima falhou desde a versão 12.0 e diversos outros módulos foram destruídos ao longo do uso deste artefacto.
-Vejo que existe intermitência em vários outros módulos de destruição também.
-Sim. Veja este aqui, por exemplo. Deveria funcionar para defender o artefacto de ataques virais de Idiotas X.xx, Frangos X.xx e outros tantos vírus criados por Universo X.xx, mas a coisa ficou tão doida que eles se voltaram contra Buriol 1.0. A máquina está se atacando.
-Por Mitra.
-É....a coisa vai mal aqui. A Humanidade está completamente destruída nesta interface de integração entre o artefacto e o OS do universo. Por outro lado, Preguiça X.xx está a pleno vapor, Misantropia evolui para uma versão icomensurável, algo em torno da versão 9000+.
-O que faremos então?
-Bem...estou tentando ver se consigo ao menos gerenciar os módulos da memória, para tentar desviar a rotina de autodestruição. Hmmmm...complicado. A memória está quase cheia, e somente de arquivos corrompidos. Humilhações, raivas, tristezas. Tudo acumulado e indelével.
-E quanto aos outros artefactos que interagem com este? Eles não poderiam prestar assistência?
-Já tentaram. A maioria já desistiu, tamanha é a funcionalidade da sub-rotina de autodestruição. Acho que chegaram à conclusão de que se o artefacto em questão quiser de facto se auto-destruir, o problema não é deles. E pelo que vejo aqui...existe mesmo um arquivo Rancor X.xx dominando o Bom Senso 30.3, causando confflitos inconciliáveis entre a máquina e as outras...vejo que isto só legva o artefacto a aumentar ainda mais o reinado de Misantropia 9000+.
-Não existe esperança, então?
-Não vejo muita. Mas pode ser apenas que seja um efeito colateral da sub rotina de autodestruição também. E a arquitetura de outro módulo está quase 100% implementada em uma área cognitiva vital de interação entre Universo X.xx e Buriol 1.0.
-Qual seria?
-Loucura 3.5. Aparentemente, a data para implementação definitiva para tal módulo está determinada.
-Ou seja, em questão de duas atualizações da versão atual da loucura, estaremos todos condenados.
-Todos, não. Certos módulos irão prosperar definitivamente em tal cenário. Mas o custo será alto, pelo que posso constatar. Poderíamos voltar para a estaca zero, ou seja, Paletó de Madeira 1.0, para depois revertemos tudo a pó 0.0.
-Ai ai.
-É...lamento não poder ser de maior assistência.
-Sei como é. Estamos todos em risco, e isto é uma merda.
-De fato.
-Esperemos então. Vejamos o que acontece, uma vez que aparentemente trata-se de um caso realmente perdido...
-Bem, não dira perdido, mas o problema maior é que Auto-destruição e Loucura 3.5 se tornarão imperantes, e daí, só o diabo saberia dizer o que aconteceria.
-Puta merda. Bem, agradeço a atenção.
-Disponha. Estarei ali, juntamente com vozes autodepreciativas, caso necessites de mais assistência e/ou informações sobre o quadro técnico reinante.
-Pois sim. Até a vista, então.
-Até.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Caducagem. Ou mais um nada.

Devo realmente estar precisando de férias. Ou acho que é este o motivo d'eu estar tão improdutivo quanto aos escreitos. Doze meses por ano, direito a trinta dias de férias, e os doze meses vingaram e por motivos de novas contratações, não pude tirar os tais dias de folga dezembrais.

Meu cérebro mosta muitos sinais de cansaço. Não somente da rotina de trabalho mas de todo o ambiente escrotorial, as pessoas trabalhistas e seus amigos ocultos e festas de confraternização que hei por bem ou por mal me ausentar. Não tenho muitos motivos reais para celebrar nada, somente os presentes de natal nerds de mim para mim que costumo comprar.

Cansaço. Férias, eu quero férias.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Demissão.

A tarde caía com vagareza incomum.

E mesmo assim, ele sentia que as horas não estavam sendo suficientes. Dias e dias, sem emprego, sem amarras. Decisão sua, decisão da vida, acasos. Não saberia precisar se tinha sido adequado ou não. Tinha se fartado de aguentar, tolerar aquele absurdo, tempo demais se passou ali, no local onde as horas não passavam, escorriam. Coisa viscosa, matéria para muita perda de tempo, perda de todo o sentido.

A bomba havia explodido alguns dias atrás, com a inesperada notícia de que estariam reduzindo isto e aquilo, enxugando quadros de funcionários, organizando despesas, coisas assim, entendo, entendo, há que se gastar dinheiro para se fazer dinheiro, preparar a auditoria, determinar aqueles que são dispensáveis e os que são valiosos.

Dizem.

Recebeu com sobriedade a novidade, tratou de conjecturar planos, de adquirir coisas, preparar o terreno para o ocaso que viria em seguida. Sim; por mais que ele sinceramente desejasse sair dali, não estava preparado para nada que viria em seguida. E com tanta coisa na vida, tanta despesa, tanto orçamento pululando em suas finanças, não pôde deixar de se sentir aturdido.

O caminho, sempre tão claro e ao mesmo tempo sombrio, insípido, desprovido de excitamento e de motivação, agora se tornara um buraco negro indefinido, onde tudo era possível mas somente as más perspectivas tomavam as rédeas de sua imaginação. Daí tanto escapismo. Tanta farmacologia, dita ilegal, aos olhos caducos da lei e da moral, dos bons costumes, da puta que o pariu, por assim dizer.

Quem estava na merda não eram eles.

Dias e dias de desfocada realidade, de horas a escorrer pelas paredes, pelo reboco inacabado do quarto. Aromas mofados, visão turva. Muita comida mas nenhum nutriente, apenas calorias e mais calorias. Todo o tempo do mundo, todas as horas do universo, à sua disposição.

Sentado, escornado na cadeira, sentia o sangue viscoso a passar por ali, captar oxigênio, alcalóides que não deveriam ali estar mas que alegremente eram distribuídos ao restante dos órgãos, em especial aquela massa cinzenta como seu dono, que tanto ansiava, mais e mais, mais um gole, mais um trago, mais fumaça.

Horas e horas. Sentia o formigamento dos dedos, sentia os olhos das paredes a espreitar, por todos os lados, olhos. Tempo, que tanto era disponível agora, passando, minutos gosmentos a emperrar o final de tarde.

Libertação, mas a alto custo, pois sim.

Sabia, entretanto, que estava na hora. Mais uma dose, mais um pouco, e lá estava, no fundo de sua mente, a comichão cerebral necessária. E ali, logo ali, encerrada em um estojo, aguardando por seu toque, estavam as seis cordas. Bastavam seis.

Para isso existe o tempo livre, para isso existe a inspiração mesmo bioquimicamente corrompida. Para isso existe a razão de ser que sentia ao fazer tal coisa. Tantos equipamentos, comprados ao longo dos anos mal remunerados.

Cambaleantemente apanhou o instrumento, fez as conexões sem nem saber como, não deixando de se perguntar por que ainda não haviam instrumentos sem a necessidade daqueles cabos que tanto lembravam esguias serpentes, elétricos ofídios. Ligar na tomada, sentir a eletricidade.

Música, para sempre ela, aquela coisa, aquele arrepio que somente ela sabia surtir sobre aquele homem esquecido naquele canto por todos e si próprio. Morreria um dia, mas deixaria sua música, deixaria suas tentativas sonoras de produzir calafrios em ouvintes alheios.

Caía a tarde, mas crescia a luz que das cordas emanavam. Ou talvez só seria mais um efeito do estado inebriado? Não saberia dizer, mas não importava.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Who the fuck is...

Segunda feira de manhã é um porre.

Mas se anime, veja.

Só isso pra me fazer rir em manhãs como esta....Ah, segundas! Como é misterioso seu poder.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

404 #6578674856E+48.

Estou me sentindo atordoado hoje. Coisas, muitas coisas estranhas acontecendo ao meu redor.

Não sei se foi só comigo, mas o ano de 2010 está sendo dos mais bizarros e implacáveis de minha vida...E o final dele, tá cada vez mais estranho. Ontem à tardinha, recebi uma inesperada notícia , das mais sérias. Gente que eu conheço e gosto desenvolvendo uma moléstia em seu corpo deveras jovem para este tipo de doença.

E fico tão confuso que nem sei o que fazer, como agir. O que fazer, quando o corpo de alguém decide se voltar contra seu dono?? Maldita biologia, que não ensinou nada que pudesse erradicar tal maldita doença.

Sei muito menos o que escrever.
Espero apenas que a coisa não seja tão séria quanto aparente ser...

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

AniversáriommMax.

Não sei se acontece com todo mundo. Não sei se a maioria das pessoas trata a data especial com o mesmo desdém, ou o mesmo receio. A gente vai vivendo e vivendo, e se depara com estes momentos, estes números, divisores de águas, não somente por sua numeração especial, mas pelo efeito psicológico que tais números nos dizem.

Falo daqueles momentos únicos na vida de uma pessoa, aqueles macabros aniversários, em que os mútiplos de dez aparecem. Certo, imagino que aos dez anos de idade ninguém vá ter uma crise existencial. Se existirem crianças de dez anos que se lamuriam pela primeira década vencida, estas crianças já não estão vivas, ou pelo menos estão moribundas. Normalmente, ninguém tem muitos problemas com este primeiro decênio, ao menos não no sentido de se sentar e ficar rememorando seus dias já passados. Imagine só. "Aos sete, eu deixei de ir ao parque para ficar em casa vendo aquele desenho. Naquele remoto dia, em que as árvores estavam tão verdejantes, meu coleguinha foi agraciado com a sorte grande, pois encontrou enterrado na areia do parque um comandos em ação muito antigo. Porque eu não fui lá naquele dia. Teria sido eu a achar."

De fato, preocupações não costumam habitar a mente de infantes. Ao menos não este tipo de procupação, de ver o tempo passar, a vida correr, e a gente sempre tentando alcançá-la. Aos vinte, a coisa já muda. Seria o primeiro divisor de águas mentais. Apesar de que, a maior parte das gentes não tem muitos dramas, nós que pertencemos ao time dos eternos pensadores em excesso, sempre gostamos de encontrar mais lenha para nosso fogo de pensamentos, aquela chama eterna em nossas cabeças. Eu me lembro que ao chegar neste ano fatídico, a crise abundou em minha cabeça. Mas dizer isto sobre mim é o mesmo que afirmar que para viver precisamos respirar. Aos vinte, a maioria das pessoas ainda não quer saber muito de se preocupar. O corpo está em forma, a energia está no auge, podemos passar noites em claro sem nem sentirmos, festas, festas. Diversão.

Daí em diante, a coisa só vai piorando, pois o tempo é inexorável, por mais que nos afirmem que não parecemos ter os anos que nos são devidos, o relógio não para. Aos trinta, sabemos que a vida anda cada vez mais e mais depressa, que o tempo cada vez mais urge, que as coisas estão acontecendo, e que deveríamos fazer isto e aquilo, e que emprego e dinheiro e família e que não sei mais o quê, responsabilidades, chatices. Cada vez mais e mais é difícil ignorar a somatória de todos nossos dias. Ainda temos pique, ainda temos energia, mas já não é possível negar que não são iguais ao pique e a energia de dez anos atrás. Eu, que já passei por este divisor, sei que a coisa é inegável, que a pilha vai mesmo acabando, e mesmo nossa mentalidade muda. Existe a trrível prenda da madureza sempre espreitando, roubando nossa diversão, e acrescentando uma pá de coisas com que se preocupar. Eu devria dormir mais. Eu deveria ganhar mais. Eu deveria ter filhos, eu deveria me casar, eu deveira comprar uma casa, um carro. Escolher a vida.

Aí chego no cerne do pensamento do dia. A data de ontem foi destas "ocasiões especiais" para um de meus melhores amigos, um destes irmãos não-de-sangue que todos nós temos. Ontem, ele atingiu o célebre e tão temido dia em que se completam mais um destes marcadores especiais de idade. Ao que sei, meu companheiro não a recebeu com bons olhos, e não posso deixar de concordar com ele. Este número é muito agressivo, opressivo.

Ele é destes amigos para se guardar a sete chaves mesmo, daquelas pessoas que agradecemos à vida por ter nos permitido encontrar, aquele tipo de pessoa que simpatizamos de imediato, e um "kindred spirit", por assim dizer. Um companheiro que sempre está por perto, nem que seja para encher nosso saco. Sim, mesmo irmão de sangue brigam, mesmo em cossanguinidade encontramos pontos de vista diferente, mesmo sendo irmaos, tão parecidos, tão diferentes. Assim acontece também com nossos irmãos por nós eleitos. Tão parecidos, tão diferentes.

Sei que o cara já segurou minha onda, minha barra, muitas e muitas vezes. E já me fez passar muita raiva. Ouvi a mãe daquele meu aluno, sobrinho torto que possuo, afirmar que a chegada nesta idade pode ser traumática, sim, mas existe uma vantagem que, caso aconteça com meu companheiro, será o ouro. Falo do fato do "fôdas" de repente se ativar em toda sua plenitude. Segundo ela, "nesta idade, você sabe quem é, faz de tudo que quer fazer, e manda o resto pra merda, o resto e todos que não gostarem, não concordarem."

Pois, tal habilidade me pareceu estar cada vez mais presente na compleição de meu amigo. E caso o tal dispositivo, tal interruptor mental realmente se desenvolva e fique permanentemente ligado em tal idade, isto seria um excelente presente de aniversário, creio eu. Eu sei que gostaria que tal coisa acontecesse comigo. E até onde sei, meu companheiro também ansia por esta libertação, esta alforria.

Sei também que digo tudo isto e posso estar passando a quillômetros de distância do que realmente passa na cabeça do cara. Não sou vidente, mesmo tendo me enganado em muitas de minhas profetizações. E não sou o cara. Não sei o que se passa, mesmo sendo nós tão companheiros, amigos.

Sei que há quase dez anos somos companheiros na luta pela vida, e sei que muitas vezes nos deixamos abalar por bobagens. Sei que o cara costuma se refugiar, esconder do mundo em tais datas. E sei que não é nada de anormal ficar viajando errado nesta ocasião, ainda mais uma tão "especial" como esta.

Enfim, desejo a Max um excelente divisor de águas; que sua vida se torne mais leve, que as famosas "cocotas" apareçam para ficar em sua existência, e que o passar dos dias sejam-lhe aprazíveis. Sei que o cara merece, mesmo que tenham lhe dito, em sessão "cartomante"(aquela amiga que diz ler vidas passadas) anos atrás; sei que graças a ele os frangos existem como frangos, em nossa definição, que sempre que bebemos rum imitamos piratas, que sempre que nos encontramos na vida real temos boas conversas e que ele é outra pessoa caso você queira conversar via internet com o sujeito. Uma pessoa mil vezes mais má e mala que ele é na vida real...

Enfim, se você tem destes amigos que deseja tudo de bom e um pouquinho de sacanagem, beba comigo. Erga sua xícara matinal de café, ponha duas doses de rum e beba. Eca! E estou trabalhando. Não possho ficar bebo. Num possho, tenho qui trablhhar...hic!

À sua saúde, Max. Seu fedaputa. Mas nem tanto quanto o Daniel.Dinheiro e cocotas. Rum e Campari(eca, eca eca, só um doido como ele pra gostar desta merda.)

E agora, de volta a nossa programação normal de pós feriado...

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Nonsense da vida.

Mataram um torcedor do time X; torcedores do Y acharam que a cabeça dele seria muito mais bem decorada com placas, sinais de trânsito, descidas com força por cima de seu crânio.

Injetaram vaselina na veia de uma menina, que morreu.

Chove lá fora, pra caralho, e um monte de frangos que entupiu os bueiros todos com seus lixos, seus pequeninos papéis de bala, tão inofensivos, e outros dejetos, agora culpa a prefeitura, o governo, os policiais, todos menos o papa e seus líderes religiosos, por sua imbecilidade. Agora, perderam todos seus pertences na chuva que carregou seus barracões construídos em um local que iria ceder com a primeira gota de chuva. Não que se preocupem com isso: é só solicitar um crediário e ficar xingando o governo, os vizinhos, sei lá mais quem.

O trânsito está uma merda, ainda mais em dia de chuvas eternas. Como qualquer um agora que passar defronte a uma concessionária é imediatamente elegível para um financiamento, o número de carros imensos contendo apenas um frango cresceu pra dedéu. Junte a isto a precipitação pluviométrica e o fato que frangos desaprendem a dirigir em dias úmidos e terás o caos por completo.

Abra um papelote, dito jornal, de vinte e cinco centavos e se delicie com as mortes e assassinatos mais abjetos jamais descritos, que o povão tanto adora ler e reler, e se acotovelam feito frangos catando milho que lhes foi jogado.



Depois estranham que eu prefira ficar em casa no meu Cataclysm.



Nonsense é viver num mundo destes.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Sessão Cineplex 2010 de cinema em casa: #4.

Ach. O ano está acabando, graças a Mitra. E vemos por aqui em terras mineiras, toda esta chuva que cai, cai, cai, e faz cair coisas, casas, favelas, frangaiadas diversas espalhadas pela crosta terrestre. Nem bem pensei em nada disso ao acordar hoje. A chuva cá está, e felizmente não faço parte do time das pessoas que foram "vítimas" dela: a única lamentação pela manhã de hoje é não poder ficar em casa, dormindo, esperando o tempo clarear, ficar menos mole, menos derretido.

Estou um tanto quanto quebrado, pois na vida de um Noiado como eu, que possui amigos que muito nos requisitam a fim de fazermos mais uma sessão de cinema em casa, existem estes entraves de natureza de tempo, ter de ficar acordado maravilhando pérolas da sétima arte, películas que quase a elevam ao oitavo nível de grandeza, pós-nec-meta-modernismo com flocos crocantes e o delicioso chocolate...er...Enfim, meus compatriotas lá em casa compareceram em massa na data em questão, e mais uma vez nos reunimos defronte a um aparato televisivo. Boa noite, aquela de sábado para domingo.

A reunião teve toques de requinte nunca dantes vistos, como a degustação de fondue de queijo, mesmo soando um absurdo para o calor excepcional que ocorreu na data. Não obstante o fato do prato principal da noite ser um tanto inadequado para o clima reinante, não tivemos quase nenhum problema em consumir tanto queijo derretido com gosto de vinho e mais outrso tantos frufrus de tal requintado prato.

Forrados os estômagos, fomos ao que realmente interessava. A exibição contou com cinco títulos, listados a seguir:

1 - Machete
2 - Piranha 3D(sem 3D, evidentemente)
3 - A Fera Assassina
4 - Sharktopus
5 - A Ilha Dos Mortos

E coincidentemente, a ordem dos filmes desta vez praticamente coincidiu com o ranking dos mesmos, em termos de preferência para nós, patronos da sétima e meia arte, por assim dizer. Vamos às sinopses mais detalhadas e a classificação.

1 - Machete(2010) Eu já esperava muito deste filme, desde que havia visto o trailer, na época supostamente fictício, do mesmo em conjunto com aqueles dois clássicos que compunham a dobradinha Grindhouse. Dirigida por Robert Rodriguez, e estrelada por um dos heróis mais infames de todos os tempos, encarnado pelo "belíssimo" ator Danny Trejo, que neste título tirou a barriga da miséria. Trejo já havia participado de muitos filmes mexicanizados, como A Balada do Pistoleiro e Era Uma Vez no México. Sua fisionomia sempre foi mui inspiradora para produzir um vilão convincente(o cara é feio pra carai), mas neste filme, ele foi o herói, o mocinho, aquele que levou todas as mulheres(literalmente). O filme é absurdamente divertido. Eu, que nutria grandes esperanças mas costumo ser um tanto cético quanto a elas, não me desapontei. Com cenas de esquartejamento gratuitas e muita ação hilária, os 105 minutos do filme passaram voando. Existem tantos destaques no filme, que fica difícil até escolher um em particular, mas creio que o momento mais memorável foi quando Machete abre a barriga de um malfeitor, agarra uma tripa do infeliz e a usa como corda para pular pela janela e chegar no andar de baixo, evitando assim uma explosão, numa cenma que me remeteu ao primeiro Duro de Matar, apenas com a hilariedade acrescida de uns duzentos mil pontos. Não consigo achar pontos negativos no filme, apesar de ter pescado um pouco(muito fondue e poucas horas de sono dá nisso)nas partes mais discursivas do filme, que foram poucas. Contando com um elenco memorável, hilárias sequências e muita mas muita diversão, este foi o campeão definitivo do evento. Eu dou nota 9,9.

2 - Piranha 3D(2010) - Este filme é como Machete, que nem de longe é um filme que possa ser levado a "sério", no sentido de apenas ser um filme dedicado a aficionados dos bons e velhos filmes trash(inclusive o fato de ter sido lançada no formato que se tornou a coqueluche dos cinemas atuais, o 3D). Nada errado nisso, pois eu e meus companheiros muito nos deleitamos ao assistir à épica história de como a população ribeirinha de um paraíso tropical subtropical norte-americano pode ser aterrorizada por um cardume gigante de pré-históricas e vorazes piranhas, encerradas desde epócas remotas da evolução do globo terrestre, em um lago subterrâneo, sobrevivendo apenas pelo consumo de si mesmas em um ciclo aparentemente initerrupto de canibalismo e reprodução desenfreada(só esta descrição já renderia um filme.) Pois bem, no filme, elas são libertas de sua prisão subterrânea eterna por...uma garrafa de cerveja tombada de um pescador incauto, que a deixa cair de seu bote ao pescar. Assim que o vasilhame "bate" no leito do lago, a hecatombe acontece: há um tremor, a crosta se fende, e as piranhas são libertas e partem em direção ao mais próximo porto local, não sem antes terem elas devorado de forma desordenada seu inadvertido libertador. O filme é mui gratificante aos olhos de seres cultos como nós, que tanto aprecia esta variedade de cinema, e quase nos levou às lágrimas(de riso), especialmente na parte em que o "garanhão" do filme é castrado de uma forma não muito tradicional, e as vorazes piranhas saem brigando pelo falo decepado. Poucas vezes me deparei com cena tão bela, tão poética, tão...tão, mesmo não tendo maneiras de a apreciar em sua plenitude, tamanha era a convulsão de riso que me encontrava. Em geral, é uma película altamente recomendada para reuniões deste tipo. Nota final? 9,5 no mínimo.

3 - A Fera Assassina(The Big Bad Wolf, 2006) Neste momento, o Noiado se encontrava em franco declínio de consciência, e teve de se retirar à cama mais próxima. Fui informado pelos meus compatriotas que o filme que deixei de ver não foi dos melhores. Me disseram coisas como "protagonista deveras efeminado" e "fantasia de lobo de borracha absurdamente ridícula". Em seus pareceres principais, meus amigos deram nota 7 ao filme, e vindo isto deles, que são muito menos chatos que eu para dar nota, acredito que o filme seja uma bomba mesmo. Ainda bem que não me esforcei para vê-lo...

4 - Sharktopus (2010) Este foi outro filme que vinha eu esperando muito tempo para poder assistir e avaliar, desde a época em que havia sido apresentado a seu maravilhoso trailer. Infelizmente, o que aconteceu foi um caso clássico de que o trailer realmente concentra o que o filme tem de melhor, não restando muito mais além das cenas ali exibidas. Foi mais um exemplo de filme aparentemente feito para agradar exclusivamente platéias ansiosas por sua dose de cinema 7.5 mas, infelizmente, não sobreviveu muito. A patética história de um animal "construído" em laboratório, misturando-se um tubarão e um polvo, feito por encomenda pelo "exércio" americano para ser "uma arma letal porém controlada remotamente por si só já seria chamariz suficiente para um bom filme, mas contando com "defeitos especiais" risíveis - o CGI do sharktopus em si é dos mais horrendos que já vi; acho que eu mesmo faria melhor - e com péssimas atuações em geral, uma história enfadonha e devagar demais para um título como este, o filme desapontou um bocado. As cenas de morte são absurdamente mal-feitas, mais uma vez graças à péssima computação gráfica empregada. Teria sido muito mais engraçado se tivessem tentado fazer a coisa funcionar com fantasias de borracha e cordinhas. Nota? Dou uns 8, no máximo.

5 - A Ilha Dos Mortos(The Survival Of The Dead, 2009) - Este é mais um exemplo clássico de como um filme de zumbis pode ser prejudicado por vãs tentativas de se fazer alguma história mais profunda com o tema. Até agora não entendi direito a premissa básica do filme, onde dois homens, arqui-rivais desde a sua mais tenra infância, se degladiam para ver quem tem mais razão na sequinte querela: se zumbis podem ser educados a consumirem algo que não seja cérebros humanos, como por exemplo, carne de cavalo. Teoricamente assim, não precisaríamos matar nossos entes queridos porém para sempre infectados pela "doença zumbi", podendo apenas trancá-los num curral e de tempos em tempos lá dentro atirar um pobre cavalo. A história é muito arrastada e confusa, e flerta de tempos em tempos com discussões filosóficas e desenvolvimento de personagens absolutamente desnecessários para um bom filme de zumbis. Mesmo tendo sido escrito e dirigido por um dito mestre do gênero, George Romero, o filme não é dos melhores. Não fossem sequências engraçadas e absolutamente toscas(de nojentas mesmo) de mutilação de cadáveres reanimados ou não, o filme teria sido um desastre completo, mesmo para nós. Nota final? 7,5.

Em geral, a reunião foi muito proveitosa, no sentido de se libertar um pouco das amarras da vida séria e exigente dos tempos modernos, modernos. Apesar de não ter visto um dos títulos da exibição, eu me diverti horrendamente, mesmo tendo ficado um tanto quanto destruído no final de domingo. Hoje terei um dia cheio de pescarias por aqui. E já passa da hora de encerrar o expediente blogal.

Vejamos o que vem em seguida...

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Re-encontro.

Não é engraçado?

Você passa dois anos num ocaso tremendo...e depois, se acha.

No mesmo local que você tinha abandonado. No mesmíssimo local.

Aí você se dá conta de que tentar ser algo que não é, só faz mal.

Dirão muitas coisas, conjecturarão muitas hipóteses, me criticarão até o final de meus dias.

Mas, faziam aproximadamente dois anos que não me sentia tão bem.

Absurdo? Talvez, para todos ou quase todos os de fora.



Pra mim não.




Viva a nerdice. Seja quem você é. E foda-se o resto.




E que venha o final de semana e mais nerdice....

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

N. A.

-Boa noite. Bem vindos à mais uma reunião dos Noiados Anônimos. Estamos recebendo hoje vários novatos nas artes de ser Noiado. Vamos receber o primeiro senhor Novato.
-Novato é o caralho.
-Ah, ha, ha. Calma, meu senhor. Mas conte para nós.
-Meu nome é Medo. E existo desde 1977. Setembro.
-Achei que o medo existisse antes. Mas enfim, conte-nos.
-Cale-se, primeiramente. Eu tenho medo de tudo. Medo de ser ridículo, medo de não passar, medo de passar, medo de alturas, medo de falar demais, de fazer brincadeiras e soar estúpido, medo de falar com quem eu não conheço, medo de desenhar e ficar uma merda(sempre fica), medo de atrapalhar os outros, medo de andar sozinho altas horas da noite, medo de que sempre me abandonem, medo de--
-Ah, medo. Mas a fila deve andar. Devemos pegar os depoimentos de todos os membros, nesta reunião semanal. Vá para seu lugar.
-Tenho medo de me sentar ao lado de um mala, de um neurótico. Medo de que me perguntem demais e--
-Vá logo. Muito bem, quem virá em seguida? Que tal você, senhor.
-Meu nome é Raiva, e tenho raiva de tudo; eu odeio as pessoas, em geral. Odeio joguinhos idiotas que as pessoas fazem. Odeio aqueles que jogam lixo no chão, entopem os bueiros todos e depois, quando seu barracão é inundado, afirma que a culpa é da prefeitura que não limpa os bueiros; odeio todos que são fingidos, odeio crentes. Odeio religião. Odeio burocracia, burrocracia, estúpidos processos inerentes a se obter qualquer permissão especial para fazer isto, odeio relacionamentos falsos, casamentos por simples acomodação...
-Ah sim, a raiva pode ser algo muito--
-Não me interrompa! Odeio quem faz isso!
-Mas o senhor deve odiar também quem não deixa os outros falar.
-Sim. Droga. Tá certo. Irei me calar. Odeio estar errado. Saco. Cu dos infernos.
-Bem, quem mais? Que tal você?
-Eu só enxergo cinza.
-Hein?
-É. Só vejo monocromáticos cinzas. Tons de cinza, por todos os lados. Vejo as cores, mas só interpreto os cinzas. O céu pode estar sem nuvens, mas eu só vejo um tom de aguada suja no firmamento, todos os dias. As ruas, todas cinzas. As pessoas. As cores, parecem não existir além de meu monitor de vídeo.
-Que saco deve ser isso, hein? Mas vamos prosseguir. Você.
-Eu sou um chato. Reclamo de tudo. Tudo está ruim. Dizem que tenho tudo, mas me sinto como se não tivesse nada. E bem sei que estou errado, e só faço reclamar. Não consigo agir, não consigo sair do marasmo. E reclamo, reclamo. Escrevo todos os dias, reclamando. E reclamo que me abandonam por reclamar demais. E fico puto com todos eles que o fazem! Para mim isto é abominável, um abandono. Mas não posso fazer nada, pois sei que estou errado. E odeio isto!
-Me parece que já vi o senhor antes por aqui.
-Sim. Não! Nego. E acho ridículo que me acusem de tal coisa!
-Sim, sim. Vejo bem.
-Vê nada.
-Pois bem. Prossigamos. Você lá no fundo.
(o cara lá do fundão quase cai de sua cadeira. E sacode a cabeça, não quer subir de maneira alguma ao pódio. O Orador novamente o exorta, mas ele estampa pânico nos olhos. Alguns dos Noiados mais chegados se reunem em torno dele e com ele conversam. Após muito falarem e falarem, ele finalmente é convencido, e avança hesitantemente ao pódio, andando duro feito um robô ou um padrinho de casamento engravatado que morre de vergonha de estar ali.)
-Não se acanhe, meu caro. Diga.
-Eu...eu tenho vergonha. (esconde a cara nas mãos) Sou tímido demais.
-Calma, estamos aqui para discutir tais coisas. Pode falar.
-Eu tenho vergonha de falar.
(o Raivoso dantes se exalta:)
-Fale logo, ô caralho!
-Bem...eu tenho muita vergonha. De falar. De dizer o que penso. De ser eu mesmo. De falar merda. De mostrar as coisas que eu faço, as músicas que componho, os rabiscos que elaboro. Tenho medo de ser arrogante quando me elogiam, tenho desconfiança de elogios, pois sempre acho que estão falando por falar, e me dá muita vergonha ser tratado assim. Mas sei que é difícil lidar com alguém que é tímido como eu. Eu não consigo chegar perto de uma pessoa atraente, sem ter ânsias de sair correndo. Olho para o chão enquanto ando, para não encontrar os Olhos, sempre eles, sempre me olhando, sempre me analisando. Sempre, sempre. E--
-Certo, certo, mas a fila deve andar.
-Falei demais né? Que vergonha!
-Volte para seu lugar. Quem mais? Você, de azul aí.
-Eu sou triste.
-Ah, uma condição nada agradável, por vezes. Mas diga.
-Eu fico triste todos os dias. Não existe um dia que eu não me sente a olhar para minhas mãos e imaginar o que poderia fazer com elas. Não existe um dia que eu não analise a situação do mundo, das pessoas, e não me sinta arrasado por isto. Vejo pessoas se enganando o tempo inteiro, mentindo umas para as outras, e fico triste. Fico triste por que me acham tanta coisa mas bem sei que nada sou; me entristece ter de ser um ator na vida, para se chegar à algum lugar. Me entristece ver que pessoas que se amam fazem joguinhos, especialmente as mulheres, para "testar" o amor de seus companheiros, e muito se espantam quando eles não recebem tal teste com alegria e entusiasmo. Me entristece ver que está tudo errado, e que só vai piorar.
-Complicado. Fico triste só de te ouvir.
-Normal. Todos saem de perto de mim depois de alguns minutos de conversa. Todos me abandonam. E nem mesmo posso culpá-los.
-Ah, é complicado ser Noiado. Estamos aqui para tentar te ajudar.
-Porra nenhuma. Isto não é nada além de um embuste; é apenas uma conversa interna, uma conversa com o espelho, uma tentativa vã de expor de maneira engraçadinha suas neuroses internas, seu babaca.
-Opa! Que é isto. O senhor está soando como o outro membro ali, o da raiva.
-Seu imbecil. Eu sei de tudo. Sei que você se formou numa coisa, que não serviu para nada, e tentou fazer outro curso, mas largou no meio, por ter tomado ódio mortal aos "artistas flácidos" modernos que tanto falams e só expoem lixo, lixo, lixo, por cima de um palanque, de uma falácia, de um discurso idiota e execrável. Sei que trabalhas com algo que não gostas; mas de que gostas?? O senhor não gosta é de nada!
-O quê?? Como sabe destas coisas? Quem te falou estas coisas? Você andou me espionando??
-Porra nenhuma, seu mané.
-Então...
-Seu idiota. Sei que você, no dia de ontem, se olhou no espelho e enxergou um borrão indefinido, uma sombra de pessoa. Algo que poderia ser mas não foi nem nunca vai ser, pois tens raiva de tudo, medo de tudo, só enxerga o cinza, ficas triste com tudo, questiona a tudo e todos, mas bem sabe que faz parte do mesmo monte de bosta que é a humanidade, e que recentemente resolveu desistir de tudo.
-Mas...
-Mas nada, mas nada. Detestas todos, detesta ter crescido com a esperança que as coisas fossem melhorar, e na verdade elas só pioram, você só mais e mais envelhece e cada vez mais se aborrece. Estás diante de um espelho, mas não enxerga nada, falas sozinho na frente do reflexo, dentro das quatro paredes. Quer ser isso e aquilo, mas não consegue sequer se motivar nem a estudar, a melhorar. Pegaste sua lista de "top 5 dream jobs" e a rasgou, queimou, tudo, tudo. Noves fora, coisa nenhuma, oras.
-E também não se esqueças! Odeias tanto as coisas, se revolta tanto contra o mundo que nem mesmo dentro de sua solitária estás achando consolo, paz. Paz? Nunca soube o que é isto! Nem mesmo dormindo, onde os sonhos que ali abundam são de natureza psicopata, olhos cortados, vinagre e limão espalhado por cima das feridas abertas, empurrar o cara no rio de lava.
-Isto, isto. Deixe pra fora, ponha tudo pra fora.
-E também me pergunto, o que as pessoas são? Todas se enganm, todas fazem mal umas as outras. E é normal, normal. Anormal é pensar que isto é anormal. Anormal é não quere nunca machucar ninguém, e ser tachado de idiota bonzinho por ser assim. Anormal é quere não ser o chato, mas sempre ser o chato por não querer ser. Anormal é não querer fazer mal a ninguém, e por isto ser rejeitado, rechaçado, inferiorizado. Por todas as pessoas de quem já gostei, todas me julgam "bonzinho demais", tedioso demais.
-E não é uma merda? Não te dá raiva? Não te deixa triste?
-É um inferno na terra. Odeio tudo isso! Odeio essa merda de mundo, onde tudo dá errado, onde todos se esforçam para atrapalhar os outros, por esporte, por mera diversão doentia. Onde as mulheres reclamam eternamente que não encontram os famosos "homens ideiais", porque simplesmente rejeitam todos os caras "bonzinhos" em prol de idiotas que as tratam feito cães sarnentos, para depois procurarem os tais "bonzinhos" e em seus ombros chorarem, ao passo que afirmam que nenhum presta, nenhum. Idiotas são as pessoas, que se casam, aos olhos de um deus, aos olhos de uma sociedade idiota, de branco, sendo que branco de cu é rola. Grande pureza, pois sim. E foda-se a pureza também, fodam-se os casamentos, toda esta hipocrisia.
-E fodam-se também as pessoas falsas, os frangos miseráveis que te dão amigáveis tapinhas nas costas, exibindo um sorriso de 146 incisivos brancos e polidos, para depois enfiarem a faca nas suas costas.
-E danem-se os empregos, as ocupações de sonho, que só dão trabalho, e só rendem hilários comentário por parte de todos os outros frangos, que julgam que música não é trabalho, que desenhar é coisa de criança. Que o emprego bom é aquele público, púbico, ora bolas.
-E odeio o fato que estou cada vez mais frango por tudo isso. Por estar me tornando cansado de tentar, e somente falhar. Por estar propenso a me tornar um zumbi, trilhar o caminho à zumbilândia pública, onde terei dinheiro, mas nenhuma alma.
-E você é um preguiçoso também né.
-Por não enxergar nenhum caminho. Não ver nenhuma motivação, neste imenso Admirável Mundo Novo que se tornou o mundo moderno. Tenho preguiça, pois no final das contas, nada vale a pena, nada. Se esforçar, para quê?? Para comprar tralahas? Para consumir melhor? Para me exibir diante de pessoas, e assim angariar uma companhia que só se unirá a mim por interesse? Por conta de meu carro, de minha conta, de meu frigobar, de minhas posses, de minha estética corrigida por Photoshop, digitalmente ampliado, melhorado? Para depois ter que me crismar, para casar numa igreja por que a noiva assim o quer, e a sociedade assim o exige?
-E família, o que é uma família. Tirando algumas exceções, todos querem te ver pelas costas. E você sempre se revolta contra seus pais, mas mal sabe que é apenas uma versão estendida deles, dele, de seus comportamentos, suas tolas obsessões. Sempre ser o fracassado, a exceção, aquele que se refugia em meios ilícitos ou lícitos aos olhos caducos da lei idiota que rege os homens; o cara que se esconde de tudo e de todos.
-De tudo e de todos.
-Por simplesmente não aceitar nada, questionar tudo e todos, e mesmo a si mesmo, por masi estranha e idiota que a frase possa parecer.
-Por não querer sair de casa, enfrentar a noite e seus olhos, suas avaliações idiotas, seus valores imbecis.
-Por não querer nunca mais se envolver com NINGUÉM, por achar que tudo sempre dá errado, que egoístas somos todos, eu tu eles, nós vós eles, por saber que o que resta no final de todos relacionamentos é um armistício, uma união onde a grande diversão é apurrinhar o cônjuge, a moeda de troca de favores é o sexo, e para quê? Para transmitir aos filhos o legado de minha miséria? Minha visão distorcida - dizem - do mundo??
-Não quero deixar isto para ninguém. Ningué merece mais de um Noiado.
-Ninguém. Porquê o senhor não se mata?
-Porque não consigo ser tão egoísta a ponto de abandonar uma certa pessoa, que já foi abandonada por um certo marido e será abandonada posteriormente pelo primogênito, pelo preferido.

-Encerremos aqui a reunião dos Noiados Anônimos, de nome Buriol. Mui anônimo, de facto.

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E depois ainda estranham o fato que eu prefiro um mundo menos real e menos chato...Porquê será?

O que me resta, sendo esta merda toda?

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

404 #6578674856E+47.

Penso, penso e penso, e só me vêm à cabeça pensamentos nefandos.

Normal.

Mas, em dias cinzas como este, melhor seria não exercer minha habilidade de somente encontrar lado ruim nas coisas, pra não piorar tudo, mais do que já está. Lá fora chove, céu abaixo, e isto basta para aborrecer as pessoas.

Estou precisando de férias, e urgente...