segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Sessão Cineplex 2010 de cinema em casa: #4.

Ach. O ano está acabando, graças a Mitra. E vemos por aqui em terras mineiras, toda esta chuva que cai, cai, cai, e faz cair coisas, casas, favelas, frangaiadas diversas espalhadas pela crosta terrestre. Nem bem pensei em nada disso ao acordar hoje. A chuva cá está, e felizmente não faço parte do time das pessoas que foram "vítimas" dela: a única lamentação pela manhã de hoje é não poder ficar em casa, dormindo, esperando o tempo clarear, ficar menos mole, menos derretido.

Estou um tanto quanto quebrado, pois na vida de um Noiado como eu, que possui amigos que muito nos requisitam a fim de fazermos mais uma sessão de cinema em casa, existem estes entraves de natureza de tempo, ter de ficar acordado maravilhando pérolas da sétima arte, películas que quase a elevam ao oitavo nível de grandeza, pós-nec-meta-modernismo com flocos crocantes e o delicioso chocolate...er...Enfim, meus compatriotas lá em casa compareceram em massa na data em questão, e mais uma vez nos reunimos defronte a um aparato televisivo. Boa noite, aquela de sábado para domingo.

A reunião teve toques de requinte nunca dantes vistos, como a degustação de fondue de queijo, mesmo soando um absurdo para o calor excepcional que ocorreu na data. Não obstante o fato do prato principal da noite ser um tanto inadequado para o clima reinante, não tivemos quase nenhum problema em consumir tanto queijo derretido com gosto de vinho e mais outrso tantos frufrus de tal requintado prato.

Forrados os estômagos, fomos ao que realmente interessava. A exibição contou com cinco títulos, listados a seguir:

1 - Machete
2 - Piranha 3D(sem 3D, evidentemente)
3 - A Fera Assassina
4 - Sharktopus
5 - A Ilha Dos Mortos

E coincidentemente, a ordem dos filmes desta vez praticamente coincidiu com o ranking dos mesmos, em termos de preferência para nós, patronos da sétima e meia arte, por assim dizer. Vamos às sinopses mais detalhadas e a classificação.

1 - Machete(2010) Eu já esperava muito deste filme, desde que havia visto o trailer, na época supostamente fictício, do mesmo em conjunto com aqueles dois clássicos que compunham a dobradinha Grindhouse. Dirigida por Robert Rodriguez, e estrelada por um dos heróis mais infames de todos os tempos, encarnado pelo "belíssimo" ator Danny Trejo, que neste título tirou a barriga da miséria. Trejo já havia participado de muitos filmes mexicanizados, como A Balada do Pistoleiro e Era Uma Vez no México. Sua fisionomia sempre foi mui inspiradora para produzir um vilão convincente(o cara é feio pra carai), mas neste filme, ele foi o herói, o mocinho, aquele que levou todas as mulheres(literalmente). O filme é absurdamente divertido. Eu, que nutria grandes esperanças mas costumo ser um tanto cético quanto a elas, não me desapontei. Com cenas de esquartejamento gratuitas e muita ação hilária, os 105 minutos do filme passaram voando. Existem tantos destaques no filme, que fica difícil até escolher um em particular, mas creio que o momento mais memorável foi quando Machete abre a barriga de um malfeitor, agarra uma tripa do infeliz e a usa como corda para pular pela janela e chegar no andar de baixo, evitando assim uma explosão, numa cenma que me remeteu ao primeiro Duro de Matar, apenas com a hilariedade acrescida de uns duzentos mil pontos. Não consigo achar pontos negativos no filme, apesar de ter pescado um pouco(muito fondue e poucas horas de sono dá nisso)nas partes mais discursivas do filme, que foram poucas. Contando com um elenco memorável, hilárias sequências e muita mas muita diversão, este foi o campeão definitivo do evento. Eu dou nota 9,9.

2 - Piranha 3D(2010) - Este filme é como Machete, que nem de longe é um filme que possa ser levado a "sério", no sentido de apenas ser um filme dedicado a aficionados dos bons e velhos filmes trash(inclusive o fato de ter sido lançada no formato que se tornou a coqueluche dos cinemas atuais, o 3D). Nada errado nisso, pois eu e meus companheiros muito nos deleitamos ao assistir à épica história de como a população ribeirinha de um paraíso tropical subtropical norte-americano pode ser aterrorizada por um cardume gigante de pré-históricas e vorazes piranhas, encerradas desde epócas remotas da evolução do globo terrestre, em um lago subterrâneo, sobrevivendo apenas pelo consumo de si mesmas em um ciclo aparentemente initerrupto de canibalismo e reprodução desenfreada(só esta descrição já renderia um filme.) Pois bem, no filme, elas são libertas de sua prisão subterrânea eterna por...uma garrafa de cerveja tombada de um pescador incauto, que a deixa cair de seu bote ao pescar. Assim que o vasilhame "bate" no leito do lago, a hecatombe acontece: há um tremor, a crosta se fende, e as piranhas são libertas e partem em direção ao mais próximo porto local, não sem antes terem elas devorado de forma desordenada seu inadvertido libertador. O filme é mui gratificante aos olhos de seres cultos como nós, que tanto aprecia esta variedade de cinema, e quase nos levou às lágrimas(de riso), especialmente na parte em que o "garanhão" do filme é castrado de uma forma não muito tradicional, e as vorazes piranhas saem brigando pelo falo decepado. Poucas vezes me deparei com cena tão bela, tão poética, tão...tão, mesmo não tendo maneiras de a apreciar em sua plenitude, tamanha era a convulsão de riso que me encontrava. Em geral, é uma película altamente recomendada para reuniões deste tipo. Nota final? 9,5 no mínimo.

3 - A Fera Assassina(The Big Bad Wolf, 2006) Neste momento, o Noiado se encontrava em franco declínio de consciência, e teve de se retirar à cama mais próxima. Fui informado pelos meus compatriotas que o filme que deixei de ver não foi dos melhores. Me disseram coisas como "protagonista deveras efeminado" e "fantasia de lobo de borracha absurdamente ridícula". Em seus pareceres principais, meus amigos deram nota 7 ao filme, e vindo isto deles, que são muito menos chatos que eu para dar nota, acredito que o filme seja uma bomba mesmo. Ainda bem que não me esforcei para vê-lo...

4 - Sharktopus (2010) Este foi outro filme que vinha eu esperando muito tempo para poder assistir e avaliar, desde a época em que havia sido apresentado a seu maravilhoso trailer. Infelizmente, o que aconteceu foi um caso clássico de que o trailer realmente concentra o que o filme tem de melhor, não restando muito mais além das cenas ali exibidas. Foi mais um exemplo de filme aparentemente feito para agradar exclusivamente platéias ansiosas por sua dose de cinema 7.5 mas, infelizmente, não sobreviveu muito. A patética história de um animal "construído" em laboratório, misturando-se um tubarão e um polvo, feito por encomenda pelo "exércio" americano para ser "uma arma letal porém controlada remotamente por si só já seria chamariz suficiente para um bom filme, mas contando com "defeitos especiais" risíveis - o CGI do sharktopus em si é dos mais horrendos que já vi; acho que eu mesmo faria melhor - e com péssimas atuações em geral, uma história enfadonha e devagar demais para um título como este, o filme desapontou um bocado. As cenas de morte são absurdamente mal-feitas, mais uma vez graças à péssima computação gráfica empregada. Teria sido muito mais engraçado se tivessem tentado fazer a coisa funcionar com fantasias de borracha e cordinhas. Nota? Dou uns 8, no máximo.

5 - A Ilha Dos Mortos(The Survival Of The Dead, 2009) - Este é mais um exemplo clássico de como um filme de zumbis pode ser prejudicado por vãs tentativas de se fazer alguma história mais profunda com o tema. Até agora não entendi direito a premissa básica do filme, onde dois homens, arqui-rivais desde a sua mais tenra infância, se degladiam para ver quem tem mais razão na sequinte querela: se zumbis podem ser educados a consumirem algo que não seja cérebros humanos, como por exemplo, carne de cavalo. Teoricamente assim, não precisaríamos matar nossos entes queridos porém para sempre infectados pela "doença zumbi", podendo apenas trancá-los num curral e de tempos em tempos lá dentro atirar um pobre cavalo. A história é muito arrastada e confusa, e flerta de tempos em tempos com discussões filosóficas e desenvolvimento de personagens absolutamente desnecessários para um bom filme de zumbis. Mesmo tendo sido escrito e dirigido por um dito mestre do gênero, George Romero, o filme não é dos melhores. Não fossem sequências engraçadas e absolutamente toscas(de nojentas mesmo) de mutilação de cadáveres reanimados ou não, o filme teria sido um desastre completo, mesmo para nós. Nota final? 7,5.

Em geral, a reunião foi muito proveitosa, no sentido de se libertar um pouco das amarras da vida séria e exigente dos tempos modernos, modernos. Apesar de não ter visto um dos títulos da exibição, eu me diverti horrendamente, mesmo tendo ficado um tanto quanto destruído no final de domingo. Hoje terei um dia cheio de pescarias por aqui. E já passa da hora de encerrar o expediente blogal.

Vejamos o que vem em seguida...