quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

2010.

Comecei o ano de 2010 entre amigos, recebi o número novo com esperança, fé. E de repente, me vi cercado por outros números, decorrentes de outras fontes, estas mais complexas, mais obscuras. De repente me vi embalado em papel alumínio, pronto para ser assado: era o começo de abril que se iniciava, mais uma vez. Fui até Marte, onde fui informado que em Vênus teria mais sorte.

Embarcando no micro-ônibus espacial, tive a sorte de me encontrar com Sid, o Barret, mais uma vez. Trocamos veementes idéias sobre o futuro do mundo, da música e do complexo de Golgi. Nada soube dizer, entretanto, para confortar o morto, que apodrecia a olhos vistos. Mas ele não se importava! Até se divertia com isso, ora bolas. De que vale a pena ser morto se não se pode nem ao menos fazer em morte o que não se pode fazer em vida?

Assim, me tornei astro-físico-químico-sólido-gasoso-ozônio e fui passear na estratosfera. Mas nada havia ali a não ser gases nobres, estes mui infames e arrogantes, nem sequer se misturavam, não se juntavam a nada. Diante de tamanha injustiça, decidi doar meus rins para uma criança pobre na Sérvia. Mas lá chegando, fui informado que à Bulgária tal criança estaria residindo, não mais ali. E como todos sabem que a Bulgária, assim como o Acre, não existem, eu deixei de acreditar na pessoa e o espanquei, para que assim aprendesse a não contar infames mentiras assim, à plena luz do dia.

Mais adiante, me deparei com muitos matos, matos, originários dali mesmo, apenas ervas daninhas locais, mas sendo elas variantes da planta de Jah, muito me regozijei em aspirar infusões vaporosas de tais plantas. De repente, tudo fez sentido. A terra era quadrada, o sol não era mais o sol e Plutão não era mais um planeta. Assim como o triceratops não era mais um dinossauro. Tal revelação quase me levou às lágrimas, e muito bem fiz em fugir dali, apanhando carona num zéfiro qualquer que por ali passou.

Dias depois, fui encontrado morto à casa do trinta mais dois mais um, e fui devidamente ressucitado depois de três dias. A porra do servidor tinha um lag do caralho e o spawn era cretinamente imbecil. Saindo de minha caverna, declarei para a multidão de quinhentos e cinquenta e sete mil milhares de reportéres que a páscoa seria ilegal este ano, que as pessoas eram todas idiotas e que os homofóbicos, os religiosos ortodoxos, os políticos, os pedófilos e os professores de educação física eram igualmente ilegais, uns chatos da porra. A turba me criticou e queria me devolver à cruz, mas arrumei uma maneira sorrateira de apontar numa direção: "olhe! o que é aquilo??" e seguir em outra assim que eles olharam. A vida de ninja tem dessas coisas.

Meses mais tarde, fui apresentado ao mais novo téologo da lógica local, mas como a incongruência de tal idéia é simplesmente insuportável, ele se converteu em um saco de café descafeinado. Ainda assim, o paradoxo da nova idéia era igualmente fisicamente impossível, e um buraco negro se abriu no local, me tragando para as profundezas sinistras de uma realidade onde nenhum Stephen Hawking jamais se aventurara antes. Lá chegando, vi que havia uma preguiçosa borracharia com uma "praca" dizendo: "VÊNDIS COCO" e um caboclo deitao à rede. Perguntei quanto eram os cocos, mas o caboclo simplesmente me olhou e me disse, hoje tem não sinhô, e fui obrigado a transitar para outro local.

A realidade paralela era desta forma: paralela. Tudo igual, mas com algumas diferenças. As pessoas continuavam não tendo bom senso, nem discernimento. Muito me desapontei, mas também, o que deveria eu esperar de um universo paralelo gerado por um saco de café descafeinado??

Fui até londres, roubei o Big Ben. Não coube em meu quarto, joguei-o pela janela, cometendo o ledo engano de não checar antes se estavam chovendo ovos. O imenso relógio caiu por cima de um sobrevivente da gripe aviária, matando-o instantaneamente. Novamente procurado pela polícia, bati em retirada em direção à Abu Dhabi, onde consegui asilo juntamente com um bando de velhas taradas, que houveram por mal em tentar me possuir à força. Novamente fui obrigado a utilizar minhas habilidades samurais, e me apoderei da bengala de uma delas, enchendo de porrada as vetustas taradas.

Fugi o mais rápido possível, e quando vi já estava novamente em Azeroth. Maldição. Ainda assim, soube que meu coração dali nunca houvera saído, então apenas acendi mais um palhoso, comi batatas fritas, bebi pepsi e me sentei defronte ao monitor, exigindo menos latência e mais processamento. Dias depois, comprei novo computador.

E daí em diante, não sei bem o que aconteceu, pois quando assustei, já eram trinta os dias de dezembro, e deveria eu dizer adeus a este infame ano. Novamente, me vi rodeado de amigos, e senti que havia tomado a decisão certa. Ao menos na data em que apenas comemoro o fim deste número amaldiçoado, tive a sabedoria de não fazê-lo acompanhado apenas de minhas vozes na cabeça. Os amigos silenciariam tais espectros, nem que fosse por um dia apenas. Assim seria.

E assim acabou-se o ano, acabaram-se os posts deste diário de um louco, na data em questão. Iremos retornar ano que vem, assim o esperamos, não é mesmo? E todos os outros números, todas as outras datas, estas seriam mais marcantes, mais significativas. Que a uruca iniciada em 2006 tenha término no vindouro novo número.

Que assim seja. Para mim e para todas as pessoas importantes para mim.

Os 99% restantes podem ir à merda.

Que assim seja.

Ameim.