quarta-feira, 29 de setembro de 2010

A fazer.

Lista do dia:

1 - Acordar.
2 - Lasik.
3 - Arder olho pra carai.
4 - Dormir.
5 - Dormir.
6 - Fazer auto-crítica; mudar de posição na cama e dormir.
7 - Dormir.

É, por uns dias aqui não comparecererei...Até a volta, senhores e senhoras.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

C-3.

Era agora.

Enquanto os pés batiam silenciosamente no chão, aproximando-se cada vez mais do local onde a folha ainda dançava ao sabor de um ilusório vento, ele tinha a nítida certeza de que aquilo era algo importante. Não saberia precisar bem por quê, mas tinha certeza disto.

Ao seu redor, todas as cinzentas construções abandonadas nada diziam. Eram silentes testemunhas de todo aquele absurdo que desenrolava perante seus olhos.

E agora, que estava a segundos de apanhar aquele enigma flutuante, parecia que o tempo havia entrado em marcha lenta também. Momentos se passavam feito horas, imersos na estranha viscosidade de toda aquela abstração excessiva ao seu redor.

Estava logo ali. à Distância de um braço ou menos, agora.

Estendeu o braço, abriu os dedos e se preparou. Como se apanhar aquele fragmento fosse significar sua vida ou morte. E de certa forma, era isto que aquilo significava. No meio daquela miríade de absurdos que havia se tornado sua vida, aquele papel significava o derradeiro fio de esperança.

Fechou os olhos e ordenou seus músculos do ombro, do braço, da mão a realizarem a tarefa.

Sentiu o quase inexistente volume do papel roçar em seus dedos e apertou com força. Pôde sentir a deformação causada pelo desproporcional esforço causado pela ação.

Abriu os olhos.

O papel, amarelecido pergaminho, estava firmemente preso entre seus dedos. Tudo era silêncio. Sentiu um certo medo de levá-lo aos olhos. Sabia que não se tratava apenas de um fragmento em branco, uma vez que já havia vislumbrado escritos em sua superfície.

Chega, disse sua voz interior. Dane-se tudo. O que teria a perder?

Olhou firmemente para a folha. De fato, havia um texto ali. Algo parecido com a escrita cursiva de uma pessoa...Trazendo-a mais perto de seus olhos, parecia algo escrito por uma mulher, a julgar pela elegância das letras, suaves e bem desenhadas.

Mas...não conseguia entender nada do que estava escrito ali. Eram escritos ininteligíveis, apesar de toda sua finesse gráfica. Não saberia dizer quantas vezes correu os olhos de cabo a rabo por toda a extensão daquela carta, procurando desesperadamente por algo que fizesse sentido no meio de todos aqueles grafismos.

Nada.

Sentiu um imenso peso em sua alma. Caiu de joelhos ao chão, sem nem ao menos sentir o rude impacto deles ao solo. Queria gritar, queria chorar, mas nada fez; sabia que de nada lhe valeria.

Estava tudo acabado. O mundo ao seu redor não existia, um labirinto falso de ilusões, de fantasmas há muito extintos de algo que algum dia fora tudo em sua vida...e que agora nem ao menos volume possuía.

Deixou a folha cair de sua mão enquanto mirava o vazio. Tudo ao seu redor. Vazio.

A folha rodopiou levemente, e foi pousar ao solo.

Olhava, atonitamente para aquilo. Quão frágil fora sua última dose de esperança. Sentia os olhos secos, a garganta extinta em um protesto aos céus, ao universo, que não conseguia expurgar.

Piscou. E viu.




A folha. Estava de cabeça para baixo.



Vislumbrou, entre os garranchos, um desenho familiar, não escrito. Os hieróglifos se uniam de uma forma que não sabia definir, mas que agora faziam sentido. Aquelas linhas se fundiam, vistas por aquele ângulo...

Formando o desenho de uma árvore. O que eram aparentemente letras repetidas nos versos iniciais daquele poema visual, eram em verdade, folhas. Folhas brancas.



Uma árvore branca.



Sentiu um arrepio percorrendo sua espinha. Sentiu tremores em seu corpo. Mas não vinham de seu interior, de seu âmago. Vinham do solo em si. Tudo tremia, e a sensação se tornava cada vez mais nítida. O chão embaixo de seus joelhos era cada vez mais sacudido por uma força indefinida, mas inexorável, cada vez mais absoluta.

Levantou-se de supetão. Vislumbrou rachaduras se formando debaixo de seus pés. Viu que muitos dos cinzentos prédios ao longe, tombavam silenciosamente, uns sobre os outros, dominós gigantes e mudos.

As fissuras aumentavam de tamanho. Mas não sentia nenhum medo.

O tremor era cada vez mais forte, mas nenhum som havia no ar. Nenhum rumor lhe chegava a seus ouvidos.


Do chão cinzento, viu uma forma estranha brotando. Uma forma orgânica.




Um galho.


Folhas...brancas.





Fechou os olhos e sentiu apenas o tremor. Não havia nenhum receio dentro de si. Não havia motivo para se ter medo, apesar de toda a incongruência, todo o absurdo do espetáculo que se desenrolava ao seu redor.

Abriu os braços em gesto de redenção. Não temia nada.

Não soube dizer quanto tempo ficou com os olhos fechados, mas sentia o apelo visual a lhe chamar. Levantou lentamente as pápebras e viu.



A árvore branca. Imensa. Onipotente em sua vista.


Todo o restante, todos aqueles ilusórios prédios haviam desaparecido. Estava como se suspenso numa imensidão, vazia por todos os lados, se enegrecendo progressivamente, num degradê lento até onde sua visão alcançava. Era como se estivesse suspenso em um imenso vazio, um vácuo de escuridão, onde a única fonte de luz....vinha da árvore.



Mas não se importava.



Tudo que lhe significava, tudo que lhe fazia sentido era a imensa árvore.


Sabia que nada daquilo lhe fazia sentido, lhe dava resposta alguma a todo o absurdo que precedera semelhante espetáculo. Mas não se importava também.


Inspirou fundo. E deu o primeiro passo em direção ao bizarro vegetal.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Será?

Saboreie seu café. Aproveite o dia, aproveite a segunda feira. Não haverão infames cegos por suas crenças pessoas em amigos imaginários para adultos ao seu redor na data de hoje. Aproveite para parar e pensar, sem ter de responder, sem se sentir inspecionado por alguém que parece ser mas não é, informante de outrem, agente do mal que apregoa o bem, a virtude e valores por sua doutrina tanto repisados, mas nunca cumpridos, nunca levado a cabo e a rabo, por assim dizer.

Hipocrisia. Abunda entre nós. Bem sei.

Pare para pensar no que aprendeste no final de semana; no caso particular, diria que luthiers cobram mui caro por serviços que qualquer um que saiba manusear uma chave de fenda possa fazer por conta própria, ao custo de zero reais. Cobram muito caro para girar tal chavinha. Presumo que seja devido a seus maus caráteres de tanto lucrar por cima de inadvertidos guitarristas e semi-músicos de plantão.

Ainda assim, encerram em si a resposta para o enigma da não manutenção do tom de certa Fender Stratocaster que tanto me judia, que tanto me agride aos olhos de vê-la parada devido a tal infâmia, tal defeito. O que fazer? Ir ter aos profissionais que acabo de execrar? Talvez, em um tempo futuro. O tempo dirá.

Café, para sempre café, em todas as manhãs. Que assim seja.

Veja também o quanto fêmeas do sexo feminino gastam com cremes e perfumes e quejandos. Se embasbaque com semelhantes cifras. Fique servindo de "segurança" em um evento quase exclusivamente feminino, e veja mais uma simpatizante de dragões permanentemente marcados em suas peles, bela imagem, bela imagem. Desta vez não precisei procurar por ninguém, mas mesmo assim que alento me traz, ao saber que não prezas a infidelidade masculina e ainda assim estás a procura a fidelidade onde ela simplesmente não existe, na figura de um primo que desde sua mais tenra idade já tinha vocação para a lorota, para o papo-furado, para a persuação e enganação através de infame jogo de palavras? Assim o é, e sou erroneamente acusado de assim o ser também. Não.

Enfim.

Maravilhe-se com a negra beldade recém adquirida por um de seus mais fiéis companheiros, veja o padrão, veja a beleza, o som por ela proferido, e as possibilidades abertas pelos chineses. A vontade aflora, a mão coça e a pesquisa na rede mundial me leva a crer que, se possível for, irei realizar o sonho tão adiado de um dia possuir semelhante instrumento, em formato bem diferente, é verdade, mas com um preço infinitamente mais compatível com minha realidade de ser o assalariado menos assalariado da equipe recrutada por um amigo que mal sabe do que que se passa em seu extenso império.

É a vida.

Aproveitemos o momento antes da tempestade, antes das chuvas que prometem assolar nossa área, em retaliação aos pedidos incessantes de algumas pessoas que, misteriosamente apreciam de fato tais eventos, tais precipitações aquíferas. Não é meu caso: me lamento muito que a humanidade, tão avançada tequinologicamente, não tenha inventado uma maneira de irrigar os solos sem depender de tais infames chuvas. Onde está a água canalizada nestas horas? Por que depender ainda de algo tão incômodo para os seres a pé feito eu? Onde está a climatização independente e controlada por computador?

Access denied.

Aguardemos, aproveitemos o pouco que nos resta também do horário normal de passagem das horas, que em breve será modificado para aquela porcaria que ano após ano insistem em implantar, ao alarde de economias de mundos e fundos, que se traduzem em um simples número: zero.

É segunda. Já para o trabalho; e aproveitem o que quiserem aproveitar.




sexta-feira, 24 de setembro de 2010

C-2.

O papel.

Só conseguia ver aquele pedaço de papel a esvoaçar no espaço morto à sua frente. À medida que seus pés iam alternando largas passadas, seus olhos estavam fixos na única coisa que parecia de fato existir naquele estranho mundo que o circundava, que havia se tornado ainda mais bizarro devido aos acontecimentos dos últimos minutos.

Estranha também, era a distância que o separava de tal papiro. Parecia não encurtar, por mais que ele usasse as pernas. Redobrou o esforço, ordenava mentalmente que as pernas voassem. Seus pés batiam no chão secamente, mas não conseguia ouvir o som das passadas. Olhou rapidamente para eles e constatou que apesar de baterem violentamente no empoeirado chão, nenhum grão de pó era levantado.

Era como se aquele já parado mundo houvesse subitamente tornado inerte. Pausado. Afastou todos os ambíguos pensamentos decorrentes de tal constatação. Sabia que o diferencial de todo aquele absurdo estava à sua frente, metros adiante. Na folha que dançava no ar.

Mas não conseguia nunca chegar lá, por mais que ofegasse, por mais que sentisse que suas pernas estivessem bombeando ácido. Por mais desesperado que estivesse. Sentia vontade de gritar, de se esgoelar para os cinzentos céus. Tentou se acalmar. Focar. A folha. A folha.

Momentos se passavam, minutos, horas, talvez. Nada mais fazia sentido, nem mesmo a passagem do tempo. Estaria sonhando? Estaria em um pesadelo?

Fechou os olhos, sem parar de usar as pernas. Reparou que não escutava o menor ruído em seus ouvidos. Não sentia o ar batendo em seu rosto. Nada. Ainda sem abrir as vistas, levantou a mão direita e desferiu seco golpe contra seu próprio rosto.

Sentiu. A dor.

Parou de correr.

Ofegante, dobrou seu corpo em direção ao solo. Sentia sua sanidade a lhe abandonar. O que diabos era tudo aquilo? O que significava? Tantas perguntas. Nenhuma resposta. Nada de concreto. Tinha receio de tentar vislumbrar a folha, o único diferencial que parecia existir naquela cinzenta e caótica realidade.

Medo.

De repente, uma supostamente extinta torrente de sentimentos lhe invadiu a mente. Sentiu medo, ódio, fúria. Tristeza. Sentia imensa vontade de chorar, mas sabia que de nada lhe valeria se curvar, se resignar. Parte dele sentia que deveria abandonar seu controle das pernas, que deveria relaxar todos seus músculos, abandonar toda a esperança. Cair ao chão e esperar pela morte.

Algo assim.

Mas não. Havia ainda alguma teimosia naquela anônima cabeça. Naquela mente sem identidade.

Levantou a cabeça, suspirando fundo e retesando seu maxilar enquanto o fazia.

A folha estava muito mais perto dele agora. Voando ao sabor de um vento que seu corpo parecia não poder mais sentir. Não procurou entender, não teve nem tempo para entender. Seu impulso já o dominava, ordenando imperativamente que voltasse a fazer uso das pernas.

Na rua, atapetada pelas agora inertes folhas amarelas e brancas, haviam alguns obstáculos. Ruínas de carros, pilhas de indefinidos escombros, tudo parecia estar em seu caminho, tentando impedi-lo de apanhar tal papel.

Ignorou tudo. Passou reto, por dentre tais aparentes entraves em seu caminho. Não existiam.

Via agora a folha com cada vez mais nitidez.

Adiante. Adiante. Era tudo que conseguia pensar. Era tudo que sabia pensar.

Apanharia aquela coisa, ou morreria tentando.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Dia novo!

I see a blue lake folding
I hear a new age dawning

there's a new direction in the way we see our lives to be
mysteriously, everything's changing making way for spring

I see a new day dawning
I feel a new wave forming

there's a new place we can take
among the leaves, among the trees
but until we leave, all in all, all is all that we perceive

-Olivia Tremor Control, A New Day.


Dias auspiciosos. Ao menos em parte.

Fico satisfeito de ver mudanças acontecendo ao meu redor. Muitas delas, para melhor, aparentemente. Muitas delas, afetam diretamente certas pessoas, más pessoas, falsas pessoas, que se julgavam reis da cocada preta...e descobriram que o buraco é mais embaixo.

Acho doido. Gente deste naipe tem mais é que se fuder. Pessoas que têm ambição, muita ambição, a ponto de pisarem por cima da ética - e de você - para "subirem" no conceito de certas figuras no poder.

Geralmente, generalizo a vida tendo o foco errado. Sou um pessimista nato, e sei disso. Nunca neguei tal aspecto de minha personalidade. Agora, como costumo dizer aos otimistas irremediáveis que vejo por aí, "é impossível para um otimista ter uma surpresa agradável."

Eu estou tendo uma certa sequência de tais surpresas nestes dias; sendo o pessimista irredutível que sou, as recebo com desconfiança, pois quanto mais alto você sobe...mais doído é o tombo, caso dê tudo errado, segundo a lei da vida(lei de Murphy, evidentemente).

Mesmo assim, acho doido que haja espaço para pessoas de bem suplantarem os desígnios malévolos dos aproveitadores, dos traíras, dos "políticos" - aqueles que venho citando porraqui nos últimos dias.

De resto, a maior novidade é que semana que vem, 6 dias a partir de hoje, para ser mais exato, terei de me submeter à nova intervenção cirúrgica em minha vista esquerda, de fato. Sentir aquele cortezinho na córnea e sentir aquele cheirinho delicioso de córnea queimada por laser. Hu-há.

Que venha, também: além de corrigir meu problema de tal olho, ganharei um descanso merecido deste ambiente opressivo de trabalho, ainda mais tenso devido ao duro golpe que os oportunistas, os espertinhos daqui levaram essa semana. Ha, ha, ha!

Vejamos o que vem em seguida...

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Monkey wrench. A blunt tool.

Ontem, foi um dia atarefado, movimentado. Após um longo e tenebroso inverno de quase dois anos, fui ao médico dos zói para verificar o estado de minha cirurgia de correção de miopia, realizada em 2008. Era pra ter ido no ano passado, mas forças ocultas me preveniram de lá comparecer, feito assuntos de memória falha e falta de vagas. Enfim. Descobri, para meu imenso júbilo, que novamente, caso minha córnea esquerda o permita, terei de entrar na faca. O grau residual neste olho foi maior do que o esperado.

Certo, certo. Fazer o quê. Toda cirurgia envolve riscos, mas acho que vale a pena se valer desta ciência para consertar tal falha de percurso. Terei de lá comparecer novamente na data de hoje, para exames de topografia e paquimetria da tal córnea sejam realizados e averiguada seja a possibilidade de refazer a coisa.

Nestas horas, eu paro para pensar e me surpreendo com o mundo científico em que vivemos. No mesmo ano em que fiz a cirurgia, o médico em questão corrigiu um outro defeito de minhas vista, o descolamento de minhas retinas, normal para pessoas com muitas dioptrias na vista. Minha avó já havia tido que fazer tal procedimento, anos atrás. Meu pai fazia terrorismo a respeito disso para que nós não lêssemos revistinhas em trânsito, uma vez que na época circulava a lenda de que isto causava este descolamento. O procedimento envolvia ter de abrir o olho todo no bisturi, coisa que nos causava arrepios.

Quando tive de fazer tal coisa, logo já arrepiei todo. Mas, graças aos avanços da ciência, hoje em dia, um laser direcionado ao fundo do olho resolve tudo sem a necessidade de procedimentos invasivos. E a cirurgia de correção da miopia é outra maravilha: quem diria que tal feixe de luz unidirecional poderia fazer tanta coisa? Eu amo a ciência e suas vantagens oriundas de seus progressos. Acredito que realmente melhore a vida de todos nós.

Ou não, aparentemente.

Ontem tive um certo dissabor aqui no escrotório que me deixou perplexo pelo resto do dia e me impeliu a ter de escrever algo a respeito. Inadvertidamente postei a seguinte frase em meu MSN: "Creationism is the opium of the people who did poorly in science class." Achei a frase genial quando a vi neste bem-humorado site, e apreciei muito também o argumento apresentado pelo autor.

Pra quê. Esqueci-me(imbecil) que o colega de sala, aqui do meu lado, pertence a alguma igreja adventista ou algo que o valha. Em suma: é crente. Tive de ouvir algo semelhante ao que Darwin escutou logo ao publicar sua Origem das Espécies:

-Eu não venho de nenhum macaco!!

O que me deu ganas de responder algo do naipe:

-De fato. Você É um macaco, seu imbecil.

(da série: respostas que eu gostaria de dar)

As coisas que a gente tem de aguentar de frangos...ainda mais frangos cegos pela sua fé. Não quis saber de discutir, pois não obterei nenhuma vantagem ao fazê-lo, muito pelo contrário: tal pessoa faz parte da panelinha secreta que planeja sua ruína, que faz parte daquela corja de traíras daqui desta empresa, que usam tudo que puderem contra você, para te ver no olho da rua.

Compaixão pelo próximo, de fato. Valores morais, de fato. Tudo isto protegido pelo véu da igreja, que tanto nos ensina coisa maravilhosas, como proteger pedófilos, propagar a idéia que contracepção é algo do capeta, de quebra auxiliando para que a AIDS e a superpopulação se torne coisas cada vez mais sérias. Não só isso: propagam a intolêrancia, o ódio contra pessoas de orientação sexual diferente da imposta por eles(e que ironicamente é tão execrável quanto: pedófilos e homossexuais, uma vez que comem os pobres coroinhas e quejandos), a violência contra aqueles que, como eu, não acredita nesse monte de imbecilidades.

E o que mais quero dar ênfase: propagam o obscurantismo, o atraso da ciência. Se não fossem tais dogmas e regras transviadas, o progresso científico não teria quase deixado de existir na famosa fase negra que aconteceu na idade média. Se você fizesse alguma descoberta oriunda da observação e de métodos científicos, os tribunais da Santa Inquisição lhe agardariam, para tratá-lo a pão de ló em suas masmorras. Tudo isto com direito a toda sorte de tortura e atos abjetos para que você confessasse seus pecados de tentar ser cientista. Mortes horrendas agardavam estas pobres almas. Não matarás, de fato.

O que mais me indigna é pensar que este cara tem uma filha, que será convenientemente cegada pela fé de seus pais. Aprenderá que deus criou o homem à sua imagem e semelhança...Que criou os animais, um a um e tudo mais. Que a Terra é o centro do universo. Que a Terra é achatada.

É mesmo?


Eu creio mais nisto. E que religião nada mais é que uma forma de controlar as massas, perante o medo e diante da intolerância. Que ciência é algo perigoso, que deve ser execrado.

De fato. Uma vez que ameaça a supremacia destas instituições. Que ameaça seu reinado de terror e ignorância. Ameaça seu controle sobre tais massas, de gnus ignorantes, apropriadamente, confortavelmente cegos por tal fé.

Certo, admito que existem pessoas que prestam no meio de tantos obscurantistas. Existem alfuns engajados que realmente ajudam seu próximo, ainda que obedeçam cegamente às palavras de um livro milenar, traduzido e retraduzido e extintas línguas e que deve ter tido 99% de seu conteúdo original alterado para favorecer a tais instituições - se é que houve mesmo uma bíblia original. Sim, existem boas pessoas ali. Mas a somatoria de tudo é algo que não posso conceber. Não é à toa que até hoje existe o index livrorum proibitorum. Desafio um desses enfáticos religiosos a lerem O Evangelho Segundo Jesus Cristo, do falecido Saramago e me virem provar que tal livro não é tão válido quanto a bíblia.

Como disse o ceguinho aqui do meu lado: "-Isto é só uma teoria!"

Certo, certo. Assim como o livro de Saramago. Que lhe rendeu uma excomunhão. Porquê será né.

Enfim, minhas palavras são murros em ponta de faca, são palavras atiradas ao vento, por assim dizer. Mas sei que exitem algumas pessoas que são "almas perdidas" feito eu. Que encontrarão alguma razão no que digo. E que sentem a necessidade, nem que seja de escrever algo que quase ninguém lerá, a respeito de tais absurdos que ainda reinam neste manicômio que é a Terra.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Saco.

Falta de idéias + pessoas "traíras" perto de sua mesa + cansaço = 404 post not found.

Infelizmente, hoje tá assim. E como tá tenso aqui, cheio das facadas nas costas advindas deste indivíduo perto de mim, melhor não dar matéria prima presse bosta.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Abobras e quejandos.

E lá vamos nós, para mais uma semana. Mais uma sumana, mais cinco dias até que possamos ter a liberdade de podermos nos divertir. Sim, a passada semana deu seus dias, culminou na data especial que foi a sexta feira, e acabou ointem as nove e quinze da noite, hora em que simplesmente me falaharam todas as forças.

Porquê?

Pelo simples fato de ter comemorado a data em questão da maneira mais inusitada de todas; não falo do encontro casual com os Farrapos e companhia no nosso tradicional ponto de encontro desde 2004, o butecão que fica atrás da igreja da Boa Viagi daqui de BH. Não: o inusitado foi ter saído dali, não para ir para meu sótão, minha cama, mas...para ter ido à Abobra, o bar dançante, por assim dizer. Não que ele(o bar) estivesse se movimentando freneticamente e desajeitadamente ao som do bom e velho roquenrou, não.

Quem muito o fez foi este véi de 33. Muito para a surpresa de alguns que para lá conseguiram me arrastar na data especial em ocasião. E teve bão, muito bão. Fiquei bêbado, como era de se esperar, fiz papel de idiota, assim como todos que nas "artes" dançantes se aventuraram, e vislumbrei o topo do Everest.

Foi o suficiente para que eu ficasse bobo alegre por horas a fio. Foi o suficiente para que me servisse de presente de aniversário. Foi o suficiente...para que a data se elevasse ao topo da lista de aniversários mais legais que já tive nestes trinta e três anos.

E foi o suficiente para vislumbrar algo: não a solução de todas minhas agruras, mas uma nova fonte de forças para que eu não me torne uma versão paralela de certas pessoas acometidas pela pior das mortes, "death by marriage" e/ou para que eu não me torne um morto-vivo carrancudo mesmo antes dos cinquenta.

Em verdade, o que concluí é que idade de cu é rola. Que imaturidade é a puta que pariu, e que o que eu quero, o que eu anseio, está logo ali. Sempre esteve logo ali. Não é caro, não é impossível de ser feito: basta parar de deixar com que a presença constante de más influência em minha vida - os contadores, os crentes, os colegas de trabalho e os amigos mortos vivos e tombados aos trinta por se imporem tal noção em suas cabeças inglesas - e deixar com que a boa influência das pessoas divertidas dominem a má parte, a má influência.

Não é-me possível me ver livre das más influências, uma vez que meu atual emprego, minha fonte de renda traz inexoravelmente anexado a presença de tais comportamentos e pessoas em 80% de meu tempo durante a semana. Mas creio que seja possível não deixar com que tais coisas me arrastem para o fundo do poço, como estava acontecendo...

De posse de tal noção, cabe a mim fazê-la ser efetiva. Creio não ser muito difícil, pois duas noites em um final de semana qualquer em presença das boas influências foram o suficiente para levantar meu Esprito até as alturas de passar mal de rir. Me fez muito mas muito bem. Se me cansei? Muito. Ontem à noite meu corpo se desativou por completo às nove e quinze.

Mas a pergunta central é: valeu a pena?

Ô. E como valeu. Milhares de vezes mais que qualquer pessiquiatra picareta que atenda pela unimerd, meia hora por mês, tome este remédio e me procure daqui a um mês. Mil vezes mais que qualquer droga.

Fodam-se todos vocês, seres mortos que só fazem fofocar. Todos os seres que desistiram de se divertir. Imaturo? Que seja, na visão idiota que vocês têm de nós, que ainda prezamos, e muito, a necessidade de não levar a vida tão a sério quanto vocês querem que levemos.

Eu não. Eu quero é rir. Falar merda. Ouvir boa e má música, em presença das pessoas certas. Aquelas que são como eu. Vão pra merda todos vocês que já desistiram de ter diversão em suas vidas. Enfiem seus filhos, hipotecas, cachorrinhos de madame, geladeiras, contas, barrigas e tudo o mais...em seus cus. Nos cusseus, mané! Ahahahahahaha! Fodam-se! Eu NÃO quero ser como vocês. Eu NÃO sou como vocês, e nunca serei. Achou ruim?




Confesso que quase deixei que sua nefasta influência me arrastasse para minha tumba antecipada, mas a partir do dia 17 de setembro do Ânus Domini de 2010, não mais deixarei com que isto aconteça.

Tenho dito. Que assim seja.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Três. Ponto. Três. (oficialmente)


-Ei, Mortimer. Quem é aquele cara ali? No meio daquele galerão?
-Você falarr da sujeito com aquele blusa xadrez, bem à estilo Highlands?
-Sim, aquele com cara de gringo, barba Abraham Lincoln.
-Não saberr ao cerrta, mas acho que serr a Buriol.
-Buriol?? O criador? Que tanto se esquece de nós e quando se lembra só me sacaneia? Aquele é o fedaputa que resolveu me inventar e nem ao menos consegue fazer nada a respeito, só pondo esboços tipo este em gavetas?
-Yes, eu crerr que ser ele mesma.
-Era o que me faltava, este maldito aparecer no bar do José.
-Ser dia dele. Ele terr esta direito. E eu beberr a saúde dele. Cheers.
-(resmungos)

-Birthday-
(Jesus & Mary Chain)

Everybody loves me goes away
And I'd kill myself if that would make them stay
And I'm drinking to the day that I was made
And I'm sucking on my grown-ups lemonade

Yeah I'm a mean motherfucker now but I once was cool
Yeah I'm a bad motherfucker now but I once was cool
And I was born a long time ago today
And everybody loves me goes away

And it's Christmas time again
Yeah it's Christmas time again
And it's Christmas time again again and again

In my head
In my head
Am I dead
In my head

Curse the light that laughter shines on me
And I couldn't care if I'm never on TV
I'm fine and fit, I'm wasted, and I'm free
And everybody loves me lets me be

Yeah I'm a mean motherfucker now but I once was cool
Yeah I'm a bad motherfucker now but I once was cool
And I was born a long time ago today
And everybody loves me goes away

And it's Christmas time again
Yeah it's Christmas time again
And it's Christmas time again again and again

In my head
In my head
Am I dead
In my head

In my head
In my head
Am I dead


É. Ficar velho dá nisso. Você fica meio que cada vez mais e mais gagá. E você começa a achar que está sozinho, cada vez mais sozinho, porque sua misantropia te faz viajar cada vez mais e mais errado, a ponto de você ficar de tal forma tão resmungão que, pela sua lógica senil, você se julga tão insuportável aos outros que prefere se isolar num empoeirado sótão. E quando se assusta, nove meses do ano se passaram, você não fez quase nada que presta e ninguém tem conhecimento de suas dores...simplesmente porque pessoas não são telepatas, oh espanto, caro senhor véi do sótão. Noiadão dos infernos.

Ontem eu já pensava em postar a música e um desenho digital, mas como é de praxe, não deu tempo de fazer a coisa então arrebatei este rabisco de um dos milhares de bloquinhos por mim confeccionados com os restos de papel aqui desta empresa. E a música, por mais deprê que possa soar, é de minhas preferidas desta banda...

Mas, aparentemente, ela não se aplica tanto ao contexto reclamão que possa ser interpretado. Aparentemente, o dia vai ser de bombança. Bem, não especificamente o dia, mas a noite....afinal de contas:


É sexta feira! Dia de alforria de todas estas lides capitalistas infames. E meus bons compatriotas, ausentes devido à minha prórpia imbecilidade, já me convocaram ao bar. Então, vamos lá. Homem ao bar, homem ao bar! Caminhando, sorridente, feliz ao menos por uma noite, que assim seja:


Ehehehe, eu adoro as bobagens da interneta. Salvam a vida deste Noiado. E já que hoje é dia de postar bobagens sobre a data dita "especial", eu prefiro ter um aniversário no estilo Sttrutin' Leo do que algo deste naipe:


Uahahahaha. Cheer up, Sad Keanu!


Assim como a presença da galera que se lembrou de mim neste dia que poderia tanto passar batido e aumentar minha misantropia e meus resmungos. Algumas das pessoas que realmente importam se lembraram já. Aqui no trampo? Eu tô rindo comigo mesmo. Nada ainda. Fodam-se deles também, eheheheh.

Agora é só esperar dar as dezoito batidas no relógio....e aproveitar a presença das pessoas que salvam minha vida, por vezes. Sou este ser turrão, mas sei ser grato àqueles que comigo se importam.

E olha só, além de não estarem se lembrando, querem que eu faça uma picaretagem de grátis por aqui! Uahahahah. Que povo idiota o deste escrotório....tudo bem, quem vai se ferrar lá pra frente não vai ser eu....

Que venham as 18. Que venha o finds. Meu presente, minhas dívidas, eu mesmo já me encarreguei de arrumar, muito para meu desespero bancário. Fôdas também. É dia de se inebriar, e de esquecer. E se alguém quiser contribuir, send complimentary alcohol & dope to: Buriol, ET, telefone, minha casa.

Blah, blah blah, já tá tarde e eu nem ao menos troquei de roupa aqui. Xô correr ali porque senão me mandam embora sem motivo....

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

I love it.


-Vittorio E-

I Took A River And It Wouldn't Let Go
I Want You To Stay And I Want You To Go
I Took A River And The River Was Long And It Goes On

I Want To Be There Tonight
I Want To Get There But It's Just Out Of Sight
I Took A River And Felt So Slight So Hold On

So Hold On
Hold On
It Goes On

I Took A River And The River Was Long
I Want You To Stay Course I Want You To Go
I Took A River And The River Was Long And Goes On

It Goes On
Ooh It Goes On
It Goes On



E também adoro ver filmes que me fazem sentir bem. E que, por "coincidença" têm uma trilha sonora que me apanhou de jeito...

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Garoto Enxaqueca!

Ontem, uma certa senhora, ausente em minha vida desde os 13 ou 14 anos de idade, resolveu reaparecer, muito para meu desconforto. Sim, foi uma reaparição nada agradável: enxaquecas, são coisas terríveis. Nem me lembrava o tanto que esta coisa era debilitante.

Como é típico de minha vida, tenho o azar de ser um homem acometido por tal extreme headache. Uma breve consulta sobre o artigo Wikipedico sobre a coisa me revelou que poucos são os caras sorteados mundo afora com tal aflição. E pelo que li ali, a minha não é das piores: existem casos de duração de até 72 horas de enxaquecas. E me lembro do depoimento da ex-namorada de um amigo meu, que me afirmava que, quando a coisa batia em sua cabeça, somente remédios da faixa de Tylex conseguiam amainar sua fúria.

Eu comecei a me sentir estranho logo pela manhã, com excesso de bocejos. Pode parecer idiota, mas é sintoma de que a coisa está por vir. Também estava com o pescoço todo travado, e lá fora, a luz do dia parecia gritar em minhas retinas; os sons ordinários do trânsito, se tornaram agulhas em meus tímpanos. Lá pelas nove e meia eu procurei em minha mochila pelo medicamento de emergência para estes casos, o tal Ormigrein, que é o único que me valia quando tinha episódios mais regulares desta merda.

Neste ano infame de 2010, eu voltei a ter esta indesejada em minha cachola; já é a terceira ou quarta vez que ela me agracia com sua presença. Só que até a data de ontem, eu não havia experimentado uma com tal intensidade. A dose inicial de dois comprimidos do medicamento, recomendada pela bula do mesmo, não adiantou. Mandei mais um pra dentro, mas ao meio dia eu já tinha a nítida certeza que meu dia estava encerrado. Eu quase não aguentei comer, me forçando a fazê-lo para não piorar ainda mais a coisa, mas senti que a comida não desceu legal. E como a náusea é outro sintoma dessa porcaria, eu tive que me segurar para não visitar a Celite e pôr para fora tudo.

Lá pela uma e meia da tarde, eu desisti de permanecer aqui no escrotório e me mandei para casa, lamentando muito não ter óculos escuros em minha posse: a luz do dia machucava mesmo. Os sons dos carros e das pessoas eram metralhadoras em meu córtex. Cheguei em casa, apanhei a bolsa de gelo no freezer e me deitei, posicionando o gélido aparato por sobre meus olhos. Em passadas crises de minha adolescência, eu me recordava que quando ela batia com tal intensidade, o gelo na cabeça era a única coisa que de fato melhorava os sintomas...não sem antes quase me matar de tanta dor, uma vez que o que se sente inicialmente quando temos que apelar para o tratamento gelado é o aumento de pelo menos dez vezes na dor de cabeça causada pela enxaqueca.

Segurei as ondas, fechei meus ouvidos com os famosos tamões industriais da 3M e consegui dormir um pouco. Lá pelas cinco da tarde, a crise passou, mas me deixou completamente retardado pelo resto do dia. Era outra coisa que não me lembrava. Depois de uma crise dessas, você fica meio catatônico até o dia seguinte.

Bem, agora cá estou, me perguntando se esta indesejada vai voltar a se tornar algo constante em minha vida...sinceramente não sei dizer. Espero que não. Quando uma coisa deste naipe acomete uma pessoa, somente uma coisa é certa: seu dia irá pro espaço. Enquanto a crise não passa, sua cabeça vira um deserto completo. Somente a dor e a náusea existem em seu corpo, e seu único pensamento é: um quarto, por Mitra. Um quarto escuro, uma cama silenciosa. E a tal bolsa de gelo.

Bem, voltando ao mundo dos vivos, vejamos o que vem a seguir.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

C-1.

Por todos os lados, a cidade cinza se estendia, diante de seus olhos. E ele ainda estava ali, sem conseguir ao menos ter forças para tomar a única decisão que tomava todos os dias. Andar ou não andar? Continuar a seguir o caminho interminável das folhas amarelas, ou apenas permanecer ali, ficar.

Ele olhava para uma folha amarela que era embalada pelo vento, indo de lá para cá, uma dança aérea, etérea como seus pensamentos, como sua existência naquele lugar. Nada mais fazia muito sentido. Em sua cabeça, ululavam as contradições. Não se lembrava de muitos detalhes sobre sua vida.

Não tinha nome. Já não sabia quem era. O que estava fazendo ali.

Como poderia fazer alguma coisa, se ele mesmo não era nada? Que esperança poderia ter, sabendo disso? Era o mesmo de estar preso, permanentemente trancafiado em uma diferente espécie de inferno, bem diferente daquele apregoado por todos os entusiastas da danação eterna por cozimento em fogo lento, por capetas armados de tridentes que torturavam todas aquelas pessoas que ali estariam pelo simples fato de serem humanas.

O inferno dele era bem diferente. Em tons de cinza. Ao invés de demônios, havia somente prédios arruinados. Já havia perdido a conta de quantos dias passara sem sequer pensar em se alimentar de qualquer coisa, e isto em nada importava. Não sentia fome nem sede. Era um imortal caminhando pelo deserto infindável de uma cidade fantasma.

De fato, um inferno bem diferente do normal. Com um único habitante.

Ultimamente, parecia que tal lugar estava passando por sutis mudanças, começadas desde que as árvores amarelas perderam todas as folhas. As noites eram mais opressivas, silenciosas. O vento não mais assobiava por entre os escombros. E, vez ou outra, alguma coisa parecia mudar de lugar de repente, como se fosse uma ilusão.

Ele não se importava com mais nada. Havia perdido quase toda a esperança e motivação. Alguns dias, ele nem sequer abria os olhos. Ficava esticado no chão onde tinha se deitado na noite anterior e ali ficava, esperando não sabia nem bem o quê.

Se é que havia algo a esperar ali.

Suspirava enquanto relembrava tudo que havia acontecido ali, tentando em vão buscar alguma conexão com suas escassas e ambíguas memórias. Se lembrava de tanta coisa, de treinamentos, de sonolentas tardes assistindo palestras...mas não se lembrava dos rostos de ninguém. Não se lembrava de nada que lhe fora dito. Era como se tudo aquilo fossem anônimos cartazes circulando por sua cabeça, imagens estáticas, escondendo algo por detrás.

Que idéia mais maluca.

Mas naquele dia, havia algo estranho no ar, e ele nem ao menos sabia dizer o que era. Podia sentir, mas não sabia definir o que era. Ainda assim, o desânimo reinante em sua mente, não lhe dava forças o suficiente para se levantar e tentar vislumbrar alguma diferença naquele inferno cinza. Olhava a folha que ia de lá para cá, e apenas respirava.

Mas, de repente, a coisa aconteceu. A folha parou no ar.

Não saberia precisar quanto tempo ficou olhando. E levou um certo tempo até que percebesse de fato que aquela folha pairava no ar. Franziu a testa e se pôs de pé, aproximando-se lentamente. De fato, ela havia parado no ar. Esticou o braço, procurando tocá-la.

Sua mão atravessou a folha.

Ele ficou ali olhando, sem saber o que pensar. Repetiu a operação na direção contrária, obtendo os mesmos resultados. A folha era um fantasma. Um holograma.

Sentiu o coração dispara pela primeira vez em muitos dias. Aguçou os sentidos, e olhou ao redor. O restante do cinza inferno permanecia intocado, aparentemente. Mas foi aí que se deu conta. Outras folhas amarelas estavam paradas no ar.

E assim como a primeira, elas eram meras imagens paradas no ar, como se fossem de fato imagens vindas de alguma espécie de projetor holográfico. Sem massa. Imagens tridimensionais pausadas no ar.

Sentiu sua cabeça girando. O que era aquela nova forma de sortilégio?

Sentiu que precisava de apoio, como se sua pressão houvesse repentinamente baixado até níveis perigosos. As pernas bambearam e ele buscou suporte em uma coluna cinzenta ao seu lado.

Tomou um susto quando sentiu que a coisa não estava ali, e se desesperou ao sentir-se em queda. A coluna não existia.

Felizmente, o chão ainda estava ali, e recebeu seu corpo com a dureza esperada. Fechou os olhos enquanto deixava que a dor amainasse um bocado, mas quando os abriu, tomou outro susto. A imagem da coluna atravessava seu corpo, como se lhe houvesse empalado. Levantou-se de supetão, e se afastou daquilo.

Que diabos estava acontecendo agora?

Olhou ao redor. Tudo parecia normal, mas ele sabia que não era o caso. Tudo que o vento havia levantado, folhas amarelas e pó, estava parado no espaço. Se aproximou lentamente de outra coluna, e tentou tocá-la, obtendo o mesmo resultado. Era uma imagem projetada. As tábuas no chão. As folhas espalhadas no chão. As paredes dos prédios.

Nada existia.

Sentiu um súbito pânico se apoderando dele. O que já parecia por vezes ser apenas um sonho, agora era um pesadelo. Seu coração estava disparado e ele ofegava sofregamente diante de todo aquele absurdo. Fechou os olhos com força e se estapeou para ver se conseguia se livrar da visão.

Quando abriu os olhos de novo, tudo estava do mesmo jeito que estava segundos atrás. Mas...

Havia algo parecido com uma folha de papel metros adiante, sendo levada pelo vento. Se é que havia de fato algum vento ali.

Correu naquela direção.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Velcro.

O que fazer, o que fazer.

Certos dias são mais irrequietos que outros. Certas vidas são mais complicadas que outras. Como diria - e como aqui já citei - Albert Camus, "Ah, mon cher, for anyone who is alone, without God and without a master, the weight of days is dreadful." De fato, eu diria.

Meses e meses de desinspiração absoluta, e uma misantropia cada vez mais crescente, estão a deteriorar cada vez mais este Noiado, que tanto fala sozinho consigo mesmo dentrodesta realidade que só ele entende. Minto: nem mesmo ele entende, uma vez que lhe faz mal e mesmo assim tornou-se imperativa diante de todo o resto.

Distorceu todo o resto.

Enfim, é a vida. Inda mais numa segunda feira. Ao menos tenho uma fontezinha de renda, e um lugar onde posso me acabar sem encher o saco de ninguém, a não ser o meu próprio. É a vida.

E enquanto durar esta má fase, creio que nada muito brilhante surgirá. É estranho isto: dizem que certas pessoas têm seus lampejos mais rentáveis de inspiração e produtividade enquanto estão passando por más fases. Não está acontecendo comigo, entretanto.

Talvez seja apenas um reflexo da realidade a qual não estou enxergando: achando tudo ruim, enquanto em verdade não está tão fudido assim. Como diria Tyler, o Durden, "Where you are now, you have no idea what the bottom will feel like."

Tudo bem, se for para aumentar minha produtividade, se for para me tirar deste marasmo, que venha, que seja.

Contemplemos o hipócrito dizer, sempre existe gente pior que você. Fiquemos de boa sabendo isso, não. Sim. Não?

Talvez.

Como as coisas ficam estranhas às segundas feiras.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Sonhastes.

Sonhei. Sonhei muito esta noite passada. Não me lembro direito de quase nada, apenas que era um sonho - ou sonhos - de época, com aqueles carros antiquados tão mais legais que estas jostas estilo novo Uno que por aí circulam nos dias de hoje, e outros detalhes tipo elevadores com portas de treliça e quejandos.

Fora isso, nada de novo sob a luz das letras escritas, dos dizeres deste ser único que tanto escreve e escreve, pensa em parar mas se força a continuar, sabe-se lá por quê, uma vez que nem aqui nada existe além de mim mesmo. Tipo a definição de twitter de minha irmã("um hospício, onde você fica falando sozinho"). Enfim.

Divagações à parte, em dado momento do sonho, enquanto estava dentro de um estranho quarto, observando a janela, eu tive a nítida certeza que já havia estado ali antes...em sonhos passados.

Não sei se acontece com todos, mas em meus sonhos, isto acontece, de tempos em tempos. É como se a realidade ali existente fosse um universo paralelo, onde a mente só se lembra das coisas que já aconteceram em sonhos passados apenas quando estou imerso nesta onírica realidade.

De tempos em tempos, acontece também de sonhar com uma espécie de continuação de sonhos passados. E dentro desta realidade, eu de repente exclamo para mim mesmo, "Então era isso que iria acontecer depois." Mas quando acordo, raramente me lembro de tais conexões, deste sentimento de familiaridade que só acontece quando estamos sonhando.

Mesmo antes de ter assistido ao filme Inception - o qual gostei muito mas muito mesmo - eu já estava me aventurando neste tema na estranha história que ando inventando porraqui nestes dias. E o tema sempre me intrigou. Muitas vezes, fiquei perturbado com o conteúdo nada ameno de alguns de meus sonhos. Exemplos: sonhar que havia um cara na beirada de um rio de lava, o qual eu dei uma rasteira e fiquei lá observando o infeliz queimar na torrente incandescente. Ou a vez em que sonhei com alguém tendo suas pápebras cortadas, estando ainda consciente, para depois ainda despejarem suco de limão por cima.

Coisas assassinas do gênero. Houveram muito outros.

O que eu estranhao é esta minha tendência a saber que estou em um sonho. Me deixa puto também, por vezes, pois estraga tudo. Explico: existem sonhos que são realmente fantásticos, que variam de pessoa pra pessoa(insira aqui seu tema preferido de sonho). Por exemplo, eu já sonhei estar em uma espécie de loja de guitarras, e eu podia levar todas para mim. Eu apanhava uma e outra da parede, me exultando de finalmente poder ter a posse de uma Gibson SG, ou uma Fender Jazzmaster. Mas em dado momento, eu me dei conta: "Isto é um sonho, só pode ser. Não quero acordar, porra. Saco!"

Para logo em seguida retornar à tosca realidade. Saco.

Como somos seres imbecis que preferem usar 90% do orçamento bruto mundial para idiotices feito armas e guerras, creio que nunca iremos de fato entender a experiência que é sonhar, a fundo. Nunca entenderemos por completo o que nos causa ter tais devaneios. Eu gostaria muito de descobrir uma maneira de ali permanecer, no mundo onírico, para sempre.

Mas, sendo a vida o que ela é - uma grande bosta - a gente tem que aturar frio, aturar gente, aturar nós mesmos, desejar ter isto e aquilo e estar sempre frustrado ou se iludindo com ____________ (insira aqui seu ativador de realidade paralela de prefêrencia). Uns usam drogas - legalizadas ou não - outros usam sexo, outros usam dinheiro.

Mas todos têm sua forma de sonharem acordados. Todos. Me diga uma pessoa que não se desliga desta josta de realidade de uma forma ou de outra. E eu te chamarei de mentiroso deslavado.

Felizmente, o final de semana aqui está a chegar, e estes dois dias também servem de desligamento da vidinha ordinária que cada um de nós conduz.

Enfim, vamos a ele, logicamente depois de sermos todos enrabados por nossos chefes no dia de hoje, até as seis da tarde. Que venha a efêmera alforria de toda esta merda.

Bons sonhos a todos. Quem sabe algum dia não inventam algo que realmente presta e nos fazem ficar para sempre num universo mais legal que este fudido por natureza?

Eu bebo a isto.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

A-12.

Acordar. Olhar para cima.

Hoje, não me sinto com vontade de andar. Não me sinto com vontade de fazer nada.

Para quê? Por quê?

Não preciso fazer mais nada. Não sinto vontade de fazer nada. Não existem motivos. Não existem razões.

Minha vida, desde que saí daquele treco, foi privada de sentido. E se nem fome eu sinto, se nem precisar de comer eu sinto, existe algo de errado por aqui. Isto não é vida.

Sou somente eu e esta cidade em ruínas. E toda a porção de certa forma ainda inteligente, racional dentro de mim sabe que iusto não é certo. Que isto não é...real, eu diria. Mas a mesma porção me develve uma pergunta que não tenho resposta.

Então, que diabos é isso afinal de contas? O inferno? Purgatório? Algo assim? Uma espécie de pós-vida ditada por alguma religião ainda desconhecida...ou simplesmente o pós-vida seria de fato isto....este vazio, este nada?

Algo dentro de mim, que não sei definir o que é, me põe de pé, ainda que o restante de mim não queira nem sair daqui. Mas o que mais posso fazer?

Não sei, não me lembro direito se, na época em que ainda estava...vivo, propriamente vivo, não me lembro se eu costumava ser assim, se a vida cera feita de momentos como este. Cinza e cinzas, nada e silêncio quase absoluto. Ninguém em volta.

Minhas pernas se poem a andar, mesmo contra minha vontade de apenas permanecer ali e morrer. Tento me insuflar de vã esperança: quem sabe, hoje irei encontrar algo diferente. Hoje, irei ver alguém. Hoje encontrarei algum sentido para tudo isto.

Hoje, hoje hoje...

Tento desligar minha mente, mas é impossível. Nunca entendi pessoas afirmarem que conseguiam de fato ficar sem pensar em nada, meditar. Tá bom viu.

Ando e ando, tentando me concentrar apenas em contar os passos: mil e doze, e treze...

Quando dou por mim, estou de novo na tal praça. Não adianta. Por mais que ande, nunca consigo chegar a lugar algum. Existe algo errado com este lugar, como se ele fosse um loop eterno, um labirinto sem fim. Ou isto, ou meu senso de orientação é o pior possível.

De repente, tneho um surto de memória e me lembro de comentar isto com um amigo, "se eu caísse numa selva, eu ficaria rodando em círculos até morrer de fome."

Amigo...quem era ele? Que momento foi este? Não consigo me lembrar direito. Quando isto aconteceu?

Qual é mesmo meu nome?

Não me lembro.

Foi aí que percebi. Não tinha a menor idéia de quem eu era, de fato. Minha cabeça começou a latejar. Continuei tentando me lembrar de coisas, de fatos, de datas, mas nada me vinha à cabeça que fizesse sentido. Como foi que ingressei no tal programa criogênico? Qual eram os nomes das pessoas que comigo estivera, que me treinaram?

As imagens em minha cabeça eram cada vez mais imprecisas, embaçadas. Seria isto um efeito colateral do processo em si? Ou eu estaria de fato e finalmente, ficando louco de vez?

Em certo momento, precisei me apoiar na beirada de um extinto monumento da praça. Estava tonto, perplexo. Minha cabeça era tão confusa quanta a realidade ao meu redor. Esta cidade, esta praça. Qual eram seus nomes? Me lembrava de aqui ter estado antes, mas...não fazia sentido.

O silêncio reinava estrondoso ao meu redor. Não encontrarás resposta em lugar algum, era tudo que minha cabeça ainda tentava me dizer, pare de pensar, pare. Mas não conseguia. Nomes, todos eles se perdiam em minha cabeça. Meus pais...meus amigos...quem eram eles?

Fechei os olhos...forçadamente. O que acontecia? O que tinha acontecido? Onde eu estava, onde estavam todos? Amnésia, esta palavra me veio à cabeça. Amnésia.

Eu estava completamente sozinho naquele labirinto arruinado, estava completamnete sozinho em minha mente. Escuro, sombrio. Sozinho.

E cada vez mais louco.

De repente, algumas cores pularam na escuridão. Imagens, um tanto distorcidas, de gente. Um cachorro, Max. Max! Era este o nome do cachorro! Eu me lembrava do nome dele! O nome do cachorro!

Que cachorro?

Eu nunca tinha tido cães. Eu era alérgico a eles, não? Alérgico a cães...visitas ao hospital...injeções...picadas nos braços, teste anti-alérgico. Max. Max. Mad Max. Em homenagem ao...ao quê? Alergia. Soro. Passeata. Jornais. Jornais e mais jornais.

Letras garrafais estampando a quebra do sigilo dos membros da FAARF. Que diabos era aquilo? O cachorro...eu ganhei o cachorro....de natal....Me torturaram...agulhas por debaixo de minhas...unhas...que eram compridas....e quebradas...o cão, o cão. Max.

As cores se tornaram cada vez mais abjetas em minha cabeça. As imagens dançavam, e eu me sentia cada vez mais tonto. Abri os olhos.

As cores dançavam nos cinzas, se intercalavam com eles, com os prédios, que agora pareciam ser meio disformes. As folhas amarelas, se tornando violetas, se tornando verdes, subindo aos céus. Agora sim, tinha certeza de estar ficando louco de vez. Não havia tomado nenhuma droga, não havia visitado o quartinho secreto do álcool.

Alguém...alguém...me ajude. Era tudo que eu tentava pensar, mas em vão. Mesmo minha voz interna era sufocada pela confusão mental de imagens e sons desconexos em minha cabeça, em minhas vistas.

Acho que gritei antes de sair correndo. Para onde, não sabia, não queria saber.; Queria fugir daquilo tudo. Basta, basta, por Mitra. Me deixem em paz. Que espécie de inferno é este, eu gritava e gritava, e não via para onde ia.

Tropecei em alguma coisa e caí, ou acho que caí. Apaguei.

Ao menos, a confusão parou. Em seu lugar, apenas a dor de cabeça insuportável.

Rolei meu corpo e abri de novo os olhos, vendo o céu cinza.

Cinza, tudo cinza.

Alguém. Alguém.

Existe alguém ainda aí? Alguém?

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

De repente, II.

E de repente, veio a chuva na madrugada. Forte, espessa, fechada. Densa, carregada da imensa carga de poeira acumulada no ar depois de tantos meses da mais absoluta seca. Não que a seca me perturbasse. A humidade me atrapalha muito mais, mesmo que venha para o bem da vida da terra. Das plantas. De seja lá o que for.

Certo, necessário para a manutenção da vida, para a continuidade de tudo. Da sobrevivência de nós todos. Sem as chuvas, onde estaríamos nós, seres humanos? Sem vida, o que mais seríamos além de um amontoado de rochas superpostas orbitando o espaço sideral? Sem vida, quem se preocuparia com a vida? Com o que tudo isto representa, todos estes repentes da vida. Tudo que poderia ter sido e não foi, por meros medos, meras incertezas.

Porque na vida existem tais repentes, assim como a chuva que chega de surpresa ou o frio que do nada vem nos congelar. E quando você se vê, de repente, mais sozinho do que nunca, jamais esteve em toda sua vida, os outros repentes lhe assustam, me amedrontam, me paralisam. É o famoso "E agora?" exclamado por tantas pessoas que no decorrer da história se depararam com este tipo de isolamento, irremediável, terrivelmente irremediável, diante de tudo aquilo que achávamos que era e que acabou não sendo.

Deste tipo de solitária, não existem fáceis saídas, por mais que me digam o contrário. E não posso recriminar quem vem me fomentar tais falsas ilusões. Esta prisão é de um só, e para dela sair...a vida toda teria de ser reinventada.

De repente, estou sozinho. Mais, infinitamente mais do que jamais estive. 2010 está sendo o ano de ser só, exatamente ao contrário do que esperava. Ah, ironia cósmica. Sempre ao meu lado.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Intermission.

Interrompemos o seu feriado para apresentar: 10 horas de inutilidade em plena segunda feira. E apesar de dizerem que todos que não sejam parasitas, digo, funcionários púb(l)icos, a gente se sente feito o único idiota a ter que se sujeitar a não-emenda de um feriado potencialmente fantástico...mas negado por aqueles que gerenciam nossa vida, ou seja, nossos empregadores.

Ai ai, vida de gado.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Tensão.

Quando, do nada, resolvem demitir uma colega de trabalho, as coisas parecem que ficam um tanto quanto instáveis ao nosso redor. A sensação de impotência diante deste fato é meio que aterradora. Depositamos tanta fé no futuro, tanta esperança, que as coisas irão melhorar...e por vezes a vida nos dá tais rasteiras. Complexo.

Fiquei sabendo do ocorrido somente nesta manhã. Acoisa em si aconteceu ontem, vinte minutos antes do término do segundo tempo. E somente agora consigo identificar a tensão que pressenti no ar, assim que cá cheguei. E sou tão desinteressado nas alheias vidas daqui do escrotório(não entro em fofocas e fujo dos fofoqueiros), que só fui informado de fato sobre o ocorrido hoje. E cá estou, meio que estupefato.

Coisas assim nos fazem lembrar que nada é 100% garantido. A única certeza que todos nós temos é tambem a mais mórbida de todas. Aquela que nós evitamos pensar a todo custo. Mas, quando coisas como esta aparecem, isto serve de catalisador para que pensemos mais cudadosamente a respeito da vida e do que fazemos.

Não sei nada a respeito dos fatos que desencadearam tal demissão inesperada, e para ser sincero, não quero muito saber, pois como já disse, a fofocaiada não me seduz. Ainda mais em uma empresa de pequeno porte como esta em que trabalho, onde a fofoca corre solta feito se fosse uma cidadezinha do interior.

E por vezes, tais coisas, por mais terríveis que possam parecer, vêm para nosso bem, para nos impulsionar a melhorar de vida, refletir sobre nossas atitudes, repensar atitudes e valores, etc. Muito pode ser dito, mas nada amortece o impacto do golpe sobre a pessoa afetada. Nestas horas, nem sei como agir. Em momentos difíceis como este, as palavras podem soar erradas, e em geral soam. Assim como naqueles momento horrendos antes da despedida final de alguma pessoa. Sim, enterros. Como agir em enterros? Eu sempre fico absolutamente perdido nestas ocasiões.

Certo, ninguém morreu, e como já disse, às vezes o mal veio para o bem da pessoa. Mas é complicado, por demais. É algo que realmente nos priva do chão quando acontece. Como fazer?

Bem, o clima reinante é de tensão, e de certa forma, por mais doentio que possa ser, mas porém humanamente falando, o clima reinante é também de alívio: "ainda bem que não foi comigo."

Tosco, não? Mas é o que sentimos, querendo ou não, em tais horas.

Tosco também é pensar que isto nada mais é também que uma forma de certas pessoas encontram para afirmar: "QUEM MANDA AQUI SOU EU, LEMBREM-SE DISSO, MEROS MORTAIS", pensamento típico de chefes.

Ah, humanos. Me fazem pensar mais do que deveria, de fato.

Bem, que venha o final de semana. Que seja bom para todos nós. Mas bem sei que para uma pessoa será um inferno.

Enfim, sejamos humanos: "não é comigo."

Tosco, muito tosco. Mas acontece.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

B-4.

Tomei a decisão. Espero que seja certa.

Nesta noite, estremeço ao contemplar todo meu plano. Creio que, de uma forma ou de outra, sairei no lucro. Ninguém poderá me aprisionar, caso dê tudo errado.

Mesmo assim, bem sei que tal coisa, tal plano...me drena as forças e me faz sentir muito medo. Mas não irei retroceder. Estou cada vez mais farta disto tudo...das coisas que fui obrigada a fazer, e das coisas que fiz por livre e spontânea vontade, mesmo indo contra todos meus príncipios, toda minha ética.

Em verdade, o procedimento que planejo realizar...para interceder na crueldade com a "paciente" que estamos trabalhando, é extremamente invasivo. Mas não vejo outra maneira de tentar salvar aquelas duas mentes que ali se encontram...

Se bem que, a esta altura, uma das mentes que habitam aquele cérebro já está provavelmnete morta. A mente original da paciente. Sinais indicam necroses avançadas em algumas partes do telencéfalo. E a coisa progride.

Entretanto, o chip biológico por nós implantado ali não mostra sinais de desgaste. O registro das ondas cerebrais ainda é forte, e típico de uma pessoa em pleno sono REM. A mente por nós transplantada tomou posse daquele cérebro. Mas o corpo dela reage fortemente contra tal invasão, mesmo sob a pena de se matar enquanto tenta, em vão combater tal agente invasor.

Os imunosupressores fortíssimos que administramos nela, facilmente matariam uma pessoa consciente. Mas, naquele estado de coma induzido que ela se encontra, não existe muita forma de reagir tão abruptamente. Creio que, na ausência de tais agentes, ela já teria sucumbido ao processo.

Mesmo assim, o corpo é uma máquina fantástica, e inventa maneiras de contornar tais impedimentos...

Creio que ela irá morrer de fato em breve. Não mentalmente falando, uma vez que creio que tal morte já tenha ocorrido. Falo da morte do corpo em si.

Não aguento mais ser testemunha e agente invasora de tal barbaridade. Não me importo com tais falsas promessas de que estamos realizando uma audaz pesquisa, que irá muito ajudar a humanidade...bem sei que tal procedimento, se algum dia for aperfeiçoado, servirá de meio de controle sob a população. O controle toatal de todos os habitantes. Por meio de uma invasão, um estupro mental.

Não farei parte desta atrocidade. Felizmente, alguns dos cientistas que comigo trabalham, estão me ajudando. Eles também discordam com toda esta porcaria, esta bárbarie.

Apalpo a cicatriz no topo de minha agora careca cabeça e me reafirmo em minha decisão. Não foi fácil, não foi indolor. Mas eu mereço.

Sim, mereço. Por ter me deixado fazer parte de toda esta merda. Amanhã faremos o procedimento. Custe o que custar. E de uma forma ou de outra, ficarei livre de toda esta angústia.

Ou ao menos assim espero. Veremos.

Esta será minha última anotação neste caderno. E espero que encontrem tal coisa, após tudo ter acontecido. Espero que alguém ache este caderno, vasculhe todas as anotações e de certa forma, se sensibilize diante destas atrocidades.

Não faço muitos votos de esperança, entretanto. A esperança é algo que quase me abandonou neste dias tão sombrios.

Mas mesmo assim, ela ainda existe, nem que seja presa por um microscópico fiozinho. Veremos o que acontece.

Até nunca mais.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Extreme mau humor.

Ah, pessoas:



Gotta love 'em.


Adultice?




Fala que num é.