quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Monkey wrench. A blunt tool.

Ontem, foi um dia atarefado, movimentado. Após um longo e tenebroso inverno de quase dois anos, fui ao médico dos zói para verificar o estado de minha cirurgia de correção de miopia, realizada em 2008. Era pra ter ido no ano passado, mas forças ocultas me preveniram de lá comparecer, feito assuntos de memória falha e falta de vagas. Enfim. Descobri, para meu imenso júbilo, que novamente, caso minha córnea esquerda o permita, terei de entrar na faca. O grau residual neste olho foi maior do que o esperado.

Certo, certo. Fazer o quê. Toda cirurgia envolve riscos, mas acho que vale a pena se valer desta ciência para consertar tal falha de percurso. Terei de lá comparecer novamente na data de hoje, para exames de topografia e paquimetria da tal córnea sejam realizados e averiguada seja a possibilidade de refazer a coisa.

Nestas horas, eu paro para pensar e me surpreendo com o mundo científico em que vivemos. No mesmo ano em que fiz a cirurgia, o médico em questão corrigiu um outro defeito de minhas vista, o descolamento de minhas retinas, normal para pessoas com muitas dioptrias na vista. Minha avó já havia tido que fazer tal procedimento, anos atrás. Meu pai fazia terrorismo a respeito disso para que nós não lêssemos revistinhas em trânsito, uma vez que na época circulava a lenda de que isto causava este descolamento. O procedimento envolvia ter de abrir o olho todo no bisturi, coisa que nos causava arrepios.

Quando tive de fazer tal coisa, logo já arrepiei todo. Mas, graças aos avanços da ciência, hoje em dia, um laser direcionado ao fundo do olho resolve tudo sem a necessidade de procedimentos invasivos. E a cirurgia de correção da miopia é outra maravilha: quem diria que tal feixe de luz unidirecional poderia fazer tanta coisa? Eu amo a ciência e suas vantagens oriundas de seus progressos. Acredito que realmente melhore a vida de todos nós.

Ou não, aparentemente.

Ontem tive um certo dissabor aqui no escrotório que me deixou perplexo pelo resto do dia e me impeliu a ter de escrever algo a respeito. Inadvertidamente postei a seguinte frase em meu MSN: "Creationism is the opium of the people who did poorly in science class." Achei a frase genial quando a vi neste bem-humorado site, e apreciei muito também o argumento apresentado pelo autor.

Pra quê. Esqueci-me(imbecil) que o colega de sala, aqui do meu lado, pertence a alguma igreja adventista ou algo que o valha. Em suma: é crente. Tive de ouvir algo semelhante ao que Darwin escutou logo ao publicar sua Origem das Espécies:

-Eu não venho de nenhum macaco!!

O que me deu ganas de responder algo do naipe:

-De fato. Você É um macaco, seu imbecil.

(da série: respostas que eu gostaria de dar)

As coisas que a gente tem de aguentar de frangos...ainda mais frangos cegos pela sua fé. Não quis saber de discutir, pois não obterei nenhuma vantagem ao fazê-lo, muito pelo contrário: tal pessoa faz parte da panelinha secreta que planeja sua ruína, que faz parte daquela corja de traíras daqui desta empresa, que usam tudo que puderem contra você, para te ver no olho da rua.

Compaixão pelo próximo, de fato. Valores morais, de fato. Tudo isto protegido pelo véu da igreja, que tanto nos ensina coisa maravilhosas, como proteger pedófilos, propagar a idéia que contracepção é algo do capeta, de quebra auxiliando para que a AIDS e a superpopulação se torne coisas cada vez mais sérias. Não só isso: propagam a intolêrancia, o ódio contra pessoas de orientação sexual diferente da imposta por eles(e que ironicamente é tão execrável quanto: pedófilos e homossexuais, uma vez que comem os pobres coroinhas e quejandos), a violência contra aqueles que, como eu, não acredita nesse monte de imbecilidades.

E o que mais quero dar ênfase: propagam o obscurantismo, o atraso da ciência. Se não fossem tais dogmas e regras transviadas, o progresso científico não teria quase deixado de existir na famosa fase negra que aconteceu na idade média. Se você fizesse alguma descoberta oriunda da observação e de métodos científicos, os tribunais da Santa Inquisição lhe agardariam, para tratá-lo a pão de ló em suas masmorras. Tudo isto com direito a toda sorte de tortura e atos abjetos para que você confessasse seus pecados de tentar ser cientista. Mortes horrendas agardavam estas pobres almas. Não matarás, de fato.

O que mais me indigna é pensar que este cara tem uma filha, que será convenientemente cegada pela fé de seus pais. Aprenderá que deus criou o homem à sua imagem e semelhança...Que criou os animais, um a um e tudo mais. Que a Terra é o centro do universo. Que a Terra é achatada.

É mesmo?


Eu creio mais nisto. E que religião nada mais é que uma forma de controlar as massas, perante o medo e diante da intolerância. Que ciência é algo perigoso, que deve ser execrado.

De fato. Uma vez que ameaça a supremacia destas instituições. Que ameaça seu reinado de terror e ignorância. Ameaça seu controle sobre tais massas, de gnus ignorantes, apropriadamente, confortavelmente cegos por tal fé.

Certo, admito que existem pessoas que prestam no meio de tantos obscurantistas. Existem alfuns engajados que realmente ajudam seu próximo, ainda que obedeçam cegamente às palavras de um livro milenar, traduzido e retraduzido e extintas línguas e que deve ter tido 99% de seu conteúdo original alterado para favorecer a tais instituições - se é que houve mesmo uma bíblia original. Sim, existem boas pessoas ali. Mas a somatoria de tudo é algo que não posso conceber. Não é à toa que até hoje existe o index livrorum proibitorum. Desafio um desses enfáticos religiosos a lerem O Evangelho Segundo Jesus Cristo, do falecido Saramago e me virem provar que tal livro não é tão válido quanto a bíblia.

Como disse o ceguinho aqui do meu lado: "-Isto é só uma teoria!"

Certo, certo. Assim como o livro de Saramago. Que lhe rendeu uma excomunhão. Porquê será né.

Enfim, minhas palavras são murros em ponta de faca, são palavras atiradas ao vento, por assim dizer. Mas sei que exitem algumas pessoas que são "almas perdidas" feito eu. Que encontrarão alguma razão no que digo. E que sentem a necessidade, nem que seja de escrever algo que quase ninguém lerá, a respeito de tais absurdos que ainda reinam neste manicômio que é a Terra.