quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Garoto Enxaqueca!

Ontem, uma certa senhora, ausente em minha vida desde os 13 ou 14 anos de idade, resolveu reaparecer, muito para meu desconforto. Sim, foi uma reaparição nada agradável: enxaquecas, são coisas terríveis. Nem me lembrava o tanto que esta coisa era debilitante.

Como é típico de minha vida, tenho o azar de ser um homem acometido por tal extreme headache. Uma breve consulta sobre o artigo Wikipedico sobre a coisa me revelou que poucos são os caras sorteados mundo afora com tal aflição. E pelo que li ali, a minha não é das piores: existem casos de duração de até 72 horas de enxaquecas. E me lembro do depoimento da ex-namorada de um amigo meu, que me afirmava que, quando a coisa batia em sua cabeça, somente remédios da faixa de Tylex conseguiam amainar sua fúria.

Eu comecei a me sentir estranho logo pela manhã, com excesso de bocejos. Pode parecer idiota, mas é sintoma de que a coisa está por vir. Também estava com o pescoço todo travado, e lá fora, a luz do dia parecia gritar em minhas retinas; os sons ordinários do trânsito, se tornaram agulhas em meus tímpanos. Lá pelas nove e meia eu procurei em minha mochila pelo medicamento de emergência para estes casos, o tal Ormigrein, que é o único que me valia quando tinha episódios mais regulares desta merda.

Neste ano infame de 2010, eu voltei a ter esta indesejada em minha cachola; já é a terceira ou quarta vez que ela me agracia com sua presença. Só que até a data de ontem, eu não havia experimentado uma com tal intensidade. A dose inicial de dois comprimidos do medicamento, recomendada pela bula do mesmo, não adiantou. Mandei mais um pra dentro, mas ao meio dia eu já tinha a nítida certeza que meu dia estava encerrado. Eu quase não aguentei comer, me forçando a fazê-lo para não piorar ainda mais a coisa, mas senti que a comida não desceu legal. E como a náusea é outro sintoma dessa porcaria, eu tive que me segurar para não visitar a Celite e pôr para fora tudo.

Lá pela uma e meia da tarde, eu desisti de permanecer aqui no escrotório e me mandei para casa, lamentando muito não ter óculos escuros em minha posse: a luz do dia machucava mesmo. Os sons dos carros e das pessoas eram metralhadoras em meu córtex. Cheguei em casa, apanhei a bolsa de gelo no freezer e me deitei, posicionando o gélido aparato por sobre meus olhos. Em passadas crises de minha adolescência, eu me recordava que quando ela batia com tal intensidade, o gelo na cabeça era a única coisa que de fato melhorava os sintomas...não sem antes quase me matar de tanta dor, uma vez que o que se sente inicialmente quando temos que apelar para o tratamento gelado é o aumento de pelo menos dez vezes na dor de cabeça causada pela enxaqueca.

Segurei as ondas, fechei meus ouvidos com os famosos tamões industriais da 3M e consegui dormir um pouco. Lá pelas cinco da tarde, a crise passou, mas me deixou completamente retardado pelo resto do dia. Era outra coisa que não me lembrava. Depois de uma crise dessas, você fica meio catatônico até o dia seguinte.

Bem, agora cá estou, me perguntando se esta indesejada vai voltar a se tornar algo constante em minha vida...sinceramente não sei dizer. Espero que não. Quando uma coisa deste naipe acomete uma pessoa, somente uma coisa é certa: seu dia irá pro espaço. Enquanto a crise não passa, sua cabeça vira um deserto completo. Somente a dor e a náusea existem em seu corpo, e seu único pensamento é: um quarto, por Mitra. Um quarto escuro, uma cama silenciosa. E a tal bolsa de gelo.

Bem, voltando ao mundo dos vivos, vejamos o que vem a seguir.