Tomei a decisão. Espero que seja certa.
Nesta noite, estremeço ao contemplar todo meu plano. Creio que, de uma forma ou de outra, sairei no lucro. Ninguém poderá me aprisionar, caso dê tudo errado.
Mesmo assim, bem sei que tal coisa, tal plano...me drena as forças e me faz sentir muito medo. Mas não irei retroceder. Estou cada vez mais farta disto tudo...das coisas que fui obrigada a fazer, e das coisas que fiz por livre e spontânea vontade, mesmo indo contra todos meus príncipios, toda minha ética.
Em verdade, o procedimento que planejo realizar...para interceder na crueldade com a "paciente" que estamos trabalhando, é extremamente invasivo. Mas não vejo outra maneira de tentar salvar aquelas duas mentes que ali se encontram...
Se bem que, a esta altura, uma das mentes que habitam aquele cérebro já está provavelmnete morta. A mente original da paciente. Sinais indicam necroses avançadas em algumas partes do telencéfalo. E a coisa progride.
Entretanto, o chip biológico por nós implantado ali não mostra sinais de desgaste. O registro das ondas cerebrais ainda é forte, e típico de uma pessoa em pleno sono REM. A mente por nós transplantada tomou posse daquele cérebro. Mas o corpo dela reage fortemente contra tal invasão, mesmo sob a pena de se matar enquanto tenta, em vão combater tal agente invasor.
Os imunosupressores fortíssimos que administramos nela, facilmente matariam uma pessoa consciente. Mas, naquele estado de coma induzido que ela se encontra, não existe muita forma de reagir tão abruptamente. Creio que, na ausência de tais agentes, ela já teria sucumbido ao processo.
Mesmo assim, o corpo é uma máquina fantástica, e inventa maneiras de contornar tais impedimentos...
Creio que ela irá morrer de fato em breve. Não mentalmente falando, uma vez que creio que tal morte já tenha ocorrido. Falo da morte do corpo em si.
Não aguento mais ser testemunha e agente invasora de tal barbaridade. Não me importo com tais falsas promessas de que estamos realizando uma audaz pesquisa, que irá muito ajudar a humanidade...bem sei que tal procedimento, se algum dia for aperfeiçoado, servirá de meio de controle sob a população. O controle toatal de todos os habitantes. Por meio de uma invasão, um estupro mental.
Não farei parte desta atrocidade. Felizmente, alguns dos cientistas que comigo trabalham, estão me ajudando. Eles também discordam com toda esta porcaria, esta bárbarie.
Apalpo a cicatriz no topo de minha agora careca cabeça e me reafirmo em minha decisão. Não foi fácil, não foi indolor. Mas eu mereço.
Sim, mereço. Por ter me deixado fazer parte de toda esta merda. Amanhã faremos o procedimento. Custe o que custar. E de uma forma ou de outra, ficarei livre de toda esta angústia.
Ou ao menos assim espero. Veremos.
Esta será minha última anotação neste caderno. E espero que encontrem tal coisa, após tudo ter acontecido. Espero que alguém ache este caderno, vasculhe todas as anotações e de certa forma, se sensibilize diante destas atrocidades.
Não faço muitos votos de esperança, entretanto. A esperança é algo que quase me abandonou neste dias tão sombrios.
Mas mesmo assim, ela ainda existe, nem que seja presa por um microscópico fiozinho. Veremos o que acontece.
Até nunca mais.
Nesta noite, estremeço ao contemplar todo meu plano. Creio que, de uma forma ou de outra, sairei no lucro. Ninguém poderá me aprisionar, caso dê tudo errado.
Mesmo assim, bem sei que tal coisa, tal plano...me drena as forças e me faz sentir muito medo. Mas não irei retroceder. Estou cada vez mais farta disto tudo...das coisas que fui obrigada a fazer, e das coisas que fiz por livre e spontânea vontade, mesmo indo contra todos meus príncipios, toda minha ética.
Em verdade, o procedimento que planejo realizar...para interceder na crueldade com a "paciente" que estamos trabalhando, é extremamente invasivo. Mas não vejo outra maneira de tentar salvar aquelas duas mentes que ali se encontram...
Se bem que, a esta altura, uma das mentes que habitam aquele cérebro já está provavelmnete morta. A mente original da paciente. Sinais indicam necroses avançadas em algumas partes do telencéfalo. E a coisa progride.
Entretanto, o chip biológico por nós implantado ali não mostra sinais de desgaste. O registro das ondas cerebrais ainda é forte, e típico de uma pessoa em pleno sono REM. A mente por nós transplantada tomou posse daquele cérebro. Mas o corpo dela reage fortemente contra tal invasão, mesmo sob a pena de se matar enquanto tenta, em vão combater tal agente invasor.
Os imunosupressores fortíssimos que administramos nela, facilmente matariam uma pessoa consciente. Mas, naquele estado de coma induzido que ela se encontra, não existe muita forma de reagir tão abruptamente. Creio que, na ausência de tais agentes, ela já teria sucumbido ao processo.
Mesmo assim, o corpo é uma máquina fantástica, e inventa maneiras de contornar tais impedimentos...
Creio que ela irá morrer de fato em breve. Não mentalmente falando, uma vez que creio que tal morte já tenha ocorrido. Falo da morte do corpo em si.
Não aguento mais ser testemunha e agente invasora de tal barbaridade. Não me importo com tais falsas promessas de que estamos realizando uma audaz pesquisa, que irá muito ajudar a humanidade...bem sei que tal procedimento, se algum dia for aperfeiçoado, servirá de meio de controle sob a população. O controle toatal de todos os habitantes. Por meio de uma invasão, um estupro mental.
Não farei parte desta atrocidade. Felizmente, alguns dos cientistas que comigo trabalham, estão me ajudando. Eles também discordam com toda esta porcaria, esta bárbarie.
Apalpo a cicatriz no topo de minha agora careca cabeça e me reafirmo em minha decisão. Não foi fácil, não foi indolor. Mas eu mereço.
Sim, mereço. Por ter me deixado fazer parte de toda esta merda. Amanhã faremos o procedimento. Custe o que custar. E de uma forma ou de outra, ficarei livre de toda esta angústia.
Ou ao menos assim espero. Veremos.
Esta será minha última anotação neste caderno. E espero que encontrem tal coisa, após tudo ter acontecido. Espero que alguém ache este caderno, vasculhe todas as anotações e de certa forma, se sensibilize diante destas atrocidades.
Não faço muitos votos de esperança, entretanto. A esperança é algo que quase me abandonou neste dias tão sombrios.
Mas mesmo assim, ela ainda existe, nem que seja presa por um microscópico fiozinho. Veremos o que acontece.
Até nunca mais.