quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

2009.

Em 2009, eu abandonei certas coisas. Abandonei certas noções. Abandonei coisas, redigi textos e mais textos. Li coisas. Vi gente. Fiz coisas. Etissetera.

Em 2009, abandonei uma carreira promissora de DPS em um mundo que não existe, a não ser em meu computador. Evento este que me deixou sequelas que ainda estou lutando para tentar remediar, como minha fobia social, que chegou mesmo a níveis alarmantes em meados de 2009.

Em 2009, comecei o ano com grandes intenções e grandes planejamentos, em que quase todos não deram muito certo; de realização pessoal para 2009, só posso aqui listar duas coisas...este semi-diário que tanto ocupou minha atenção durante o ano....em que tanto me lamuriei por problemas tão imaginários e surreais, mesmo risíveis parar outrem, mas de tão forma tão chatos para mim.

No decorrer do ano e da redação incessante de meu dia a dia como enfeite de uma certa empresa limitadissíma, tentei inicialmente retomar as lides de meu personagem, criado por mim em 1999, que só tomou forma em 2005, para depois entrar em um hiato de quase 5 anos e de repente reaparecer meio que incompletamente em 2009.

Ele foi a única realização mais pessoal realmente palpável para o minguante ano, e muito eu deliberei, muito eu enrolei para fazer de mim o que eu esperava de mim. Coisa que ainda assim não está concretizada.

Em 2009, fui amparado por algumas pessoas que tenho em mais elevada consideração. E no final deste ano, realmente cheguei à conclusão que preciso de pessoas...ao menos as que me consideram como um não-frango, para ser eu mesmo. Para conseguir vencer meu lado mau e fazer algo de útil com as coisas que só eu faço. As coisas que me tornam diferente dos frangos.

Em 2009, entretanto, muito eu maldisse por vezes tais pessoas em meus devaneios de frustração e raiva. Peço aqui apologias a meu comportamento deplorável com as pessoas que me querem bem, que são meus amigos. Que realmente se importam comigo.

Em 2009, adquiri tecnologias e mais tecnologias. Me dei presentes, muitos presentes, e que creio que fiz por merecer todos. E se ainda não estava eu os utilizando em sua plenitude, em 2010 creio eu que tais presentes me serão bem úteis. A exemplificar:


(Rabiscos meus feitos inteiramente via Wacom, diretamente no Photochopps. Creio que isto pode vir a dar samba, eventualmente...)

Em 2009, fui impaciente e intrasigente, fatalista e radicalista. Mas tentei ser de mim o que poderia ser, o que poderia fazer, para tornar minha existência um pouco mais justificável.

Em 2009, tentei fazer muitas coisas. Falhei em várias, mas creio eu que as coisas não se acabaram em derrota, não foram consumidas pelo tempo; aqui estão em mim, presentes e querendo saltar para fora desta barreira quase intransponível deste ser escrevente que ainda assim quer ser mais.

Mais amigo, mais paciente, mais desenhante, mais produzinte, mais tolerante, mais...não sei.

Em 2009, eu quis que as coisas todas dessem certo. E ainda quero. Para 2010, 2011, 20xx. Sempre quero. Sempre quis.

E que venha 2010. Que tal ano seja(seje?) ainda mais cheio de realizações e eventos agradáveis para mim...e para todos que comigo se importem, de uma forma ou de outra.

Por um ano menos ordinário. Por uma vida menos cheia de recriminações vãs e idéias erradas. Por uma vida que se baseie na minha existência enquanto um ser que mesmo tendo que fazer parte da Grande Granja, com ela não concorda.

Enfim, o fim. Segunda feira estarei de novo incluso nas quatro paredes de meus grilhões, e a coisa retomará.

Boa virada de ano a todos que por aqui vieram durante o ano de 2009.

E até o ano que vem...



sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Bom sinal!

Eis que chegou um dia, belo dia este. E começou isento de chuvas e maldições semelhantes. Eis que chegou o dia 11. Dia em que serei isento temporariamente do maldito ruído que me obriga a abandonar o mundo de Orfeu e ter que me reconstruir enquanto cambaleio sonolentamente até o banheiro("tudo fica melhor depois da primeira mijadinha", como diz um grande desenhista que conheço.), e ter que vir a este escrotório. Férias, em suma. Abençoada palavra esta.

Eu sei que estou muito arredio estes dias, conforme ode ser lido anteriormente, mas creio que hoje isto começa mudar. Fiquei uns bons dois meses num estado de espiríto muito chato, repleto de neuras e imbecilidades. Me remeteu ao final de 2005, data nefasta em que eu e alguns amigos comparecemos a uma horrenda festa à fantasia em que deu tudo errado, e que gerou-nos uma urucubaca(doravante apenas "uruca") que perdurou meses a fio. Meus amigos foram até em missa para ver se a coisa descarregava deles. Xô!

Pois, em mim parec-me mesmo que tal coisa ainda ronda, mas nem sempre se manifesta com plena força. Eu estava pronto a dizer que ela havia voltado com força total nestes dias em que se passaram, mas...

Aconteceu ontem. No final do expediente. Inicialmente, creio que algo dentro de mim quis levar para o lado errado, o lado da raiva(irracional) e criar confusão, protestar e etc. Mas eu sei quando estou errado e quando preciso de um empurrão, um safanão, um "pedala", algo do gênero. Pois, tomei um destes ontem, quase na hora de partir daqui. Algo que me pôs no lugar, que me devolveu a uma realidade que não pretendia abandonar, mas que estava prestes a fazer, caso não acontecesse algo como o que aconteceu.

Eu sei que sou péssimo chefe de mim mesmo. Sei, que preciso ser mandado. Sei que sou um excelente pau mandado. Não acho ruim ser desta forma, contanto que haja alguém CERTO para ser meu "chefe", por assim dizer. Infelizmente, esta é minha relaidade, e foda-se também. Não estou mais em idade de tentar dar murro em ponta de faca. Sou desta forma, e tento fazer de tudo para aprender a lidar comigo mesmo. Infelizmente, não posso ser como Jack e ter um Tyler Durden dentro de si para impulsionar-me a fazer as coisas, então preciso de alguém de fora deste caos de cabeça.

Agradeço muito ao "chefe". Pois eis que ontem eu fiz duas "descobertas" - uma é que eu destravei após o "safanão" - ontem à noite eu consegui produzir, ainda que devagar. Algo é melhor que nada, enfim. A outra é que eu possuía por anos e anos uma excelente guitarra e nem desconfiava que ela era tão boa. Ah, excelente descobrida!

Enfim, o que conta é que parece que haverá uma bonança de fato, após tanta tempestade.

Bem, não sei como ficará a regularidade do blog enquanto estiver na folga. Mas acho que não pararei por completo de escrever; apenas não prometerei fazê-lo todos os dias. O ano ainda não acabou, e tenho certas considerações a fazer sobre este ano de 2009. Creio que de certas formas, foi um ano seminal, que marcou algo.

Esperemos que seja assim mesmo, de fato, deveras. Enfim.

Bem ate a vista para os "cri cri cri cri"s que por aqui ainda se aventuram. Férias! Férias!!

Férias.

Uhu.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Auto-pessiquiatra.

-Diga-me o que passa pela sua cabeça. Tudo.
-Isto é uma grande mentira.
-Quê?
-Sim. Ninguém diz tudo que se passa na cabeça.
-Bem, ao menos tente.
-Certo. Estou ficando louco.
-E por que você diz isso?
-Por que estou ficando doido. Se não estivese, aqui não estaria.
-Então você vê isto como um hospício.
-Não, não vejo. Eu sei como é um hospício. No máximo eu diria que aqui é o purgatório do hospício.
-Então o hospício seria algo a se almejar.
-Hein? Claro que não. Ninguém quer aquilo. Ninguém quer ficar louco.
-E no entanto você me afirma que está ficando louco.
-E você acha que eu QUERO ficar louco? Começamos bem.
-Como assim?
-Estas palavras, "você está assim por que quer." Eu ODEIO tais palavras em tal ordem.
-Então você...
-Cale-se. Você não sabe nada, com estes seus diplomas, regras e regulamentos.
-Mas eu...
-Não me interessa. Eu não estou aqui por que QUERO. Não estou ficando louco por que QUERO.
-Diga então por que está aqui.
-Por que eu preciso de alguma forma de ajuda. Não sei se isto vale de algo, mas não posso continuar assim, não posso.
-Assim como?
-Odiando tudo e todos ao meu redor. Eu odeio tudo e todos.
-Hmm. Prossiga.
-não sei o que acontece. Sei que estou errado, pois sempre estou errado.
-Errado em relação ao quê?
-A tudo. Estou sempre errado, mesmo quando tenho certeza de estar certo. É só esperar pra me provarem que estou errado.
-Então existe uma chance que você esteja assim por que quer.
-...

Este é apenas um exemplo dos diálogos que se passam em minha cabeça. Estou tentando ser pessiquiatra de mim mesmo, mas flahando miseravelmente. Sou um péssimo paciente. Nunca tomo minha medicação, mesmo por que não aceitam receitas inexistentes na fármacia. A coisa se estende assim por horas e horas:

-Fazem semanas que não consigo desenhar nada direito. Umas quatro ou cinco.
-E porquê não está conseguindo, você sabe?
-Não bem ao certo. Me parece que depois do entusiasmo inicial que existe em cada projeto pessoal que me disponho a fazer, me imponho uma qualidade que nunca consigo atingir, e à medida que o tempo passa, fico cada vez mais e mais frustrado por não conseguir atingir tal patamar. E acabo ficando à deriva, desanimado, derrotado.
-Mas que qualidade é esta afinal?
-Não sei definir; apenas acho tudo horrível.
-Mas você SABE que não é assim.
-Não sei se sei. Eu queria fazer algo que fosse diferente, memorável...não sei.
-Você já conversou com seu amigos a respeito disso? Com seus amigos que também desenham.
-Não. Ainda mais com eles. Falhei miseravelmente com eles.
-Como assim?
-Quando precisava mostrar algum resultado, algum serviço, eu travei e não fiz nada. Não mereço ajuda por ser idiota. Eu tenho que resolver tais coisas sozinho.
-Então você vai ficar tentando resolver seus "problemas" sozinho a vida inteira.
-Não existe lógica nisto, eu sei. Mas sinto vergonha de mim mesmo. De ser assim. Não quero incomodar meus amigos com tanta imbecilidade. Eu vejo eles pegando as coisas e resolvendo e tocando a vida pra frente e digo pra mim mesmo, "seu inútil, por que você não pode ser assim?" E evito a todo custo incomodá-los com minhas inutilidades.
-Você exige muito de si mesmo.
-Eu preciso! Sou muito mole! Eles têm problemas tão chatos quantos os meus, às vezes muito piores que os meus "probleminhas de neurótico" e fazem as coisas. Eu TINHA que ser assim. Eu TENHO que ser assim. Eu exijo isto de mim mesmo. Quem sabe um dia não poderei chegar para eles como um igual, como alguém que faz valer seu trabalho. Quem sabe se algum dia eu não conseguirei provar a eles e a mim mesmo que posso ser algo.
-Sozinho? Boa sorte.

E vai e vai, a conversa virtual e imaginária se estende, acabando geralmente em pizza, pois de uma forma ou de outra eu tento silenciar minha mente, e retorno ao começo cada manhã. Mas existem muitos e muitos exemplos a mais:

-E por que você acha que continua sozinho a esta altura do campeonato?
-Estou aquiescendo a vossa teoria de estar "assim por que quero". Deve ser isso. Fim.
-Não me satisfaz tal resposta.
-E a mim, acha que traz-me alguma satisfação ser assim? Querer ser assim? É lindo, não é?
-Não adianta se exaltar. Não posso ser agredido.
-Bem, eu sei que sou um imbecil que romantiza demais todas as coisas. Eu busco o IDEAL, sendo que esta merda de noção já foi posta por terra fazem milhões e milhões de anos, mas não adianta querer resgatar alguma lógica nisto tudo. É irracional. Eu me acho tão necessitado, tão carente, e exijo tanto, mas tanto de tudo e de todos que ninguém pode atender tais exigências.
-Já tentou rebaixar tais parâmetros?
-Já tentou nascer de novo?? Pois parece-me que é a única maneira de consertar isso.

Eu queria poder trocar de cabeça. Pôr uma que funciona melhor que esta merda.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Nada. Ninguém sabe.

Ninguém sabe nada.
Não somente no título, mas em tudo. Tudo mais. Tudo menos.
Ninguém sabia que existia
além da visão
algum local além da linha reta
dos mares, dor bares,
dos lares.

Lares alheios, onde várias e várias noites ali estive,
ali estive. Ali existo enquanto nada, enquanto tudo
tudo mais
se esvai em cinzas e tempo, tiques e taques,
cliques e claques, ninguém. Sabe. Nada.

E sempre, sempre, soube eu tudo!
Soube eu que ali não estava
que ali não deveria estar,
que nunca ali deveria eu estar,
mesmo que ali estivesse,
sempre estivesse
sempre soubesse.

De que saberia eu, se soubesse o que sei agora,
agora, em estas horas a mais tardia,
a mais arredia, a que mais irradia
nada
em tudo.

Que saberia eu se soubesse
o que hoje saberia se soubesse
o que deveria eu saber quando
precisava de fato saber? Que faria
eu
se soubesse o que deveria saber?

Que faço eu, eu que sei o devo fazer?

Que faço eu?
Que faz você, em sua redoma de alheamento
- não é de minha a parte
não é daqui que me interesso
não é aqui que me interessa -
que fazes tu, com sua inútil vida
inúteis opiniões
inúteis conselhos, que fazes?

Eu, que aqui nunca estive, sempre estarei a procurar
este mesmo local, este mesmo lugar,
estas mesmas paragens, estes mesmos ares.
Eu que não sei de nada, de nada sei enquanto aqui
não estou, não estarei, não estive

Não,
não agora, não depois,
mesmo nunca, não.

Que aqui me deixem, que aqui me enterrem, se assim o for,
se assim o valer, se assim
tiver de ser.

Que aqui exista apenas eu,
eu e minhas coisas,
eu e meus nadas, que ainda assim para mim
são tudo.

Que aqui, apenas aqui,
eu possa existir,
sem ter que ser alguém,
sem ter que ser algo,
além do que não sou.

Que aqui, apenas aqui,
eu possa ser eu,
eu possa ser aquele
que com tudo se preocupa
mas que com nada se relaciona.

Aquele que, não estando aqui
sempre estará ali, esperando,
inventando, existindo,
sendo
o que não quiseram que fossem.
Fazendo
o que nunca quiseram que fizesse.
Existindo
além da mera existência alheia.

Mas, disso o que o sei eu?
Nada.
Alguém, será que alguém sabe?

Nada?

Ninguém sabe nada.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Platôs.

Estamos todos mofados, depois de um final de semana inteiramente chuvoso e isolado. Cortaram o telefone lá de casa, e ainda não sei bem por que....Esqueci-me de meu carregador de celular aqui no serviço e cortaram meu MSN desde sexta.

Presumo que realmente esteja precisando ficar sozinho, para tentar pôr esta cabeça inoperante no lugar ou algo assim. A providência já tomou conta destes detalhes.

A semana começa, em plena véspera de feriado para os que ainda trabalham em Belzonte. E tem cara de segundo tempo de domingo. Algo assim.

Acho que doravante escreverei apenas platitudes aqui. Fazem menos mal que erradas viagens à uma psiquê chata e melosquenta.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Vregonha, parte dois.

Bem, voltando ao nada.

De posse de minha renovada convicção na inutilidade da coisa, tornei a frequentar a vida real: inócua e sem sabor. Por meses e meses nem conseguia chegar perto de uma folha em branco. Por mais que digam que trauma é bobagem, que isso e aquilo, comigo posso afirmar que não é bem assim. Naquele dia que fui usado como pano de chão do banheiro da rodoviária pelo tatuador lá, saí de lá com uma estranha sensação de nada. Eu havia me tornado um nada. Acho que quase nada em minha vida doeu tanto e ao mesmo tempo me deixou tão catatônico quanto aquele dia. Mas não foi isento de motivos que levei tal surra: as coisas que a ele mostrei eram verdadeiras porcarias, ainda mais para serem impressos definitivamente na carne de uma pessoa. De certa forma, fui salvo naquela empreitada.

Não obstante isso, desde então essa merda nunca foi removida de minha memória e...de meu ressentimento. Mas, como a coisa nunca te abandona nem te deixa em paz, uns 8 meses depois voltei a conseguir desenhar, de uma hora para outra. Mas ainda estava bem à deriva, num emprego que detestava e sem nenhuma perspectiva. Foi quando um dia encontrei um flyer no chão que percorro para aqui chegar, indicando cursos numa tal de Casa dos Quadrinhos. Lá fui ter, mas de lá saí novamente de mãos vazias: era algo além de minha alçada financeira. Minha mãe, que sempre, de uma forma ou de outra, tentou me impelir a fazer as coisas, me financiou 50% do custo e eu consegui ali entrar.

Foi uma experiência significativa. Não apenas pela prática ali realizada, mas pelas pessoas que conheci, especialmente por elas. Pois tenho amigos que conheci ali naquele local até hoje. Em relação a aprendizado, evidentemente evoluí, mas o que contou ali mesmo foi a convivência com as pessoas que ali estudavam e ensinavam. Tenho grandes amigos que dali me foram provenientes, e com eles novamente me senti uma pessoa, alguém que não simplesmente existe como um frango de granja, mas alguém que faz algo que me diferencia da manada.

Mesmo assim, nunca me senti à vontade para exercer o que supostamente perto deles deveria acontecer sem nenhum impedimento: desenhar. Principalmente com dois deles. Minto, três. Quer dizer, todos eles. Sim. Não consigo muito funcionar perto deles. Porquê?

Presumo eu que seja a boa e velha frescura, que eles tanto me disseram. Não é: acho que é questão de ego mesmo. Inutilidade do gênero: "sou muito mas muito pior que eles, eu que não vou fazer papel de idiota perto deles". Idiota, não? É mais ou menos assim. Mas, não sei bem ao certo o que fazer. Existem, de fato, dois destes meus amigos que me intimidam até a medula dos ossos, a saber: Daniel Pinheiro Lima e Eduardo Damasceno. E os dois são grandes amigos, excelentes pessoas. Mas me paralisam. Por quê? Um dia eu descubro. No momento, eu só posso me lembrar de uma coisa que aconteceu em 2004, um evento carnavalesco que reuniu quase todos estes seres desenhantes em minha casa....

Estavámos eu, Damasceno e Daniel ainda acordados numa das noites do carnaval e fomos à sala de casa, onde evidentemente, os dois começaram a desenhar. Eu, que devo dançar conforme a mpusica, ou pelo menos me forçar a ser menos fresco, tentei fazer algo também. Depois de algum tempo, cada um deles mostra para a "platéia" o desenho produzido. Daniel comenta o de Damasceno e vice-versa. Eu também. Aí me exigem ver o que fiz. Mostro, já com a relutância usual. Recebo nenhum comentário e caras de interrogação. Calo-me. "Que merda" é o que eu penso, "só desenho nada mesmo". Acho que foi desde aqui que me anulei perante eles, estendendo tal viagem errada para todos os outros integrantes da galera.

Blah. A coisa esteve sempre assim, mas tentei me forçar a ignorar estas minhas viagens erradas, mas...existe algo que age em contrário. Sempre que estou diante deles, fico tão tenso - "ah, putamerda estou diante de mestres, tenho que fazer o meu melhor. Vai dar errado. Vai dar errado. Vai dar errado." - mas tão tenso, que acabo fazendo tudo errado, duro. Tenso.

Anos se passaram, e me lembro que naquele mesmo ano eles tentaram me empurrar para o lado espontâneo e desleixado que a coisa deveria ser, fazendo uma zoação à minha triste figura na forma de um texto - foi a primeira vez que ouvi o termo que NOS define: adolescente terminal. Lembro-me que a coisa doeu - inda mais por ser verdade - mas tentei levar na boa, fazendo o tal texto de réplica, e ilustrando a coisa. Tal desenho foi "modificado" para estar melhor apresentável para o site em que os textos circulavam, sem que eu ficasse sabendo.

Não sei dizer por que fiquei tão revoltado. O desenho estava ruim, mas a "correção" me pareceu ainda pior. Me fez mal, muito mal. E mais ainda me fez mal por ter me deixado levar tal "injúria" tão a sério. Eu quase briguei com eles por conta disso. De porrada. Mas eu sei que a coisa não pode ser resolvida assim. Por que de quem foi a culpa da coisa ter inicialmente sido desqualificada? Minha, uma vez que eu não tive competência para fazer a coisa direito sem requisitar de nenhuma maquiagem posterior.

As coisas foram indo neste pé. Outra coisa horrenda que me lembro foi uma remota noite em que estes meus amigos me voluntariaram para comparecer à uma festa de uma destas universidades "boate" feito UNA e FUMAC, digo FUMEC, para fazer caricaturas ao vivo. Foi uma das piores noites de minha vida: não fiz nada direito, e fiquei com os nervos à flor da pele. Ficou tudo horrível. Mas sobrevivi, ao menos. Mas o que não me matou não me tornou mais forte.

Acho que a ironia disto tudo sempre foi esta: ao contrári odo que seria esperado, a cumulação de tais experiências apenas me tornou ainda mais desconfiado e arredio. não sei bem desde quando me tornei o "parnasiano" que sempre busca uma perfeição que é intangível. Mas sei que a vergonha ainda existe. Desde que comecei a re-fazer as tiras do Sr. Bode, que geram em torno de umas 12 hoje em dia, não mostrei a mais ninguém além do meu mais recente "patrono" - Fernando Mascarenhas - e continuo hesitando em fazê-lo. Ah, minto: mostrei-as para outras pessoas sim. Meu velho amigo Rafael, sua namorada Jade e sua irmã. Minha mãe e minha irmã. Todas pessoas que me têm em consideração, eu que gostam de mim.

Não digo que os outros mencionados neste relato não gostem de mim, mas creio que são mais, er, digamos, sinceros que os outros. Ou ao menos, não tentam pôr pano quente para apontar minhas falhas e imperfeições. Mas mesmo assim, me sinto absolutamente paralisado ainda em relação a eles.

O moral da história toda é o mais legal de todos: se eu que não tenho CORAGEM para mostrar o que faço nem para meus AMIGOS, o que quero tentando fazer algo que estará exposto a todo tipo de gente mundo afora? Evidentemente, haverão pessoas que odiarão e tantas outras que acharão massa demais. Mas parece que só as más opiniões são as que me valem. As que têm maior peso.

Por quê?

Excelente pergunta. Uma que não tenho resposta, mas excelente pergunta.

A ausência de reação também me mata, e não sei explicar igualmente. Uma das pessoas a quem mostrei, reagiu de maneira similar à narrada no Farrapostock de 2004: cara de interrogação e mais nenhum comentário. O que passa na minha cabeça nesta hora???

"Nuh, deve estar ruim demais mesmo. Puta merda. Desisto."

Assim como este diário que aqui publico e que qause não obtém comentários. Minha reação? Achar que tá tudo uma bosta, e portanto as pessoas nem comentam por que sabem que se falarem isto - "tá uma bosta!" o EMO EMA aqui vai ter um colapso nervoso, como a boa bichinha que é.

E o mais engraçado(eu tenho que achar isto engraçadamente irônico ou sarcástico)Um dos poucos que comenta, o Robot Max, fez um comentário jocoso outro dia, sem maldade nenhuma, em um de meus posts, mas que me gerou um ataque de raiva ontem. Comentei com ele, numa confissão raivosa, ao que recebia a resposta, "porra, nem vou comentar mais então."

Claro. Como fazer algum comentário a uma pessoa que reage de tal forma? Melhor ficar calado. Melhor olhar e fingir que não viu. Ou melhor nem olhar. Algo assim.

Ai ai. Creio que irei desativar isto em breve. Creio que pessoas idiotas como eu não têm o direito de fazer nada, se só esperam que sejam adulados, elogiados, que falem sempre bem, que agrade a tudo e todos. Tudo e todos. Gregos e Troianos. É possível isto??

Claro que não. Tudo o que quero, tudo que anseio são fantasias cheias de bala de goma, plumas e paetês, sendo que o mundo real NÃO é assim.

Alguém que já tenha pensado em se atirar do prédio em que trabalha por que alguém disse que um rabisco estava mal-feito, não merece viver, não merece tentar fazer algo. Não DEVE tentar fazer algo. Deve calar-se e deixar que os homens, as pessoas normais existam e trabalhem. Deve para de encher o saco delas.

Ou seja: adapte-se ou morra, seja eliminado. Lei natural. Darwin. Eu não sou assim, então tenho que ser eliminado. É muito, mas muito patético tudo isto. Sou um erro, uma aberração.

Veremos o que acontece. Mas não garanto.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Vregonha. Parte um.

Alguns temas ficam mais em minha cabeça do que outros. Não são bem temas, pra ser sincero, mas coisas recorrentes. Assuntos que me intrigam, neste caso de mim para mim. E no caso, andei pensando sobre a vergonha, o medo de se expor. De mostrar coisas que faço.

Andei pensando nisto estes dias, desde que meu amigo robô outro dia veio a ter comigo dizendo que havia entendido em parte este meu dilema, quando pela primeira vez se viu assaltado por esta insegurança, depois de ter criado uma música. Bateu a dita cuja, a apreensão de mostrar pros outros. É, pra quem nunca sentiu tal coisa, de fato, não é uma experiência agradável.

Eu sei bem o que é isso, mas não sei precisar o motivo. Imagino muitas coisas, que vão desde alguns traumas enraizados muito tempo atrás até simples empáfia, vaidade, orgulho, e quejandos. Por que eu tenho auto-crítica ferrenha o suficiente para me ferrar nestas horas; mas mesmo assim, acho que é mais uma mistura de tudo.

Eu sempre, sempre fiz o que faço, ou seja, rabiscar. Desde que me lembro, eu passava horas e horas rabiscando papéis quando estava sozinho em casa, ou na escola, ou seja lá onde. No princípio nem me importava com nada, se alguém visse tava de boa. Nunca tive problemas. Creio que com o passar do tempo, alguma espécie de ambição cresceu em mim, não sei bem dizer. Eu queria ser foda no que fazia. Acho que foi algo assim.

A medida que o tempo passava, eu ia tentando melhorar, apesar da primeira desavença que podemos pessicologicamente chamar de "trauma" ter ocorrido quando eu tinha uns 9 ou 10 anos de idade, época que a criança aqui havia decidido que queria ser desenhista, como mandavam meus genes maternos e de meu avô materno. Mas houve alguém em minha família que se apressou em mandar um banho de água fria em mim, "essa porra não dá dinheiro, largue essa merda". Isso eu com 10 anos de idade.

De fato, dizem que devemos ter cuidado com o que falamos com crianças. De fato. Eu me lembro vivamente desta minha primeira decepção, do dia, da hora, tudo. Talvez a tal ambição que tenha me referido antes tenha vindo deste acontecimento, e nem possa ser chamada de ambição de fato. Mas sim uma teimosia, uma...necessidade de provar para a outra parte da discussão que ele estava errado. Que eu poderia fazer a diferença. Não sei se é isso, mas creio que foi um agravante. Os Burians sempre foram teimosos. Mesmo que tal parte não seja propriamente um de nós(Burian), dele faço parte, por assim dizer. Infelizmente.

A medida que fui crescendo, eu fui meio que acreditando no lado errado da coisa. Eu não evoluía, travei. Apesar de um lado meu querer continuar a desenhar, eu sentia que a pessoa estava com a razão, que eu realmente tinha que abandonar algo que não dava dinheiro e....dava tanto trabalho para resultados medíocres a meus olhos.

E a olhos de outrem, é verdade.

No segundo ano do segundo grau, eu desenhava histórias toscamente desenhadas que envolviam meus colegas e os professores. Eu me divertia com aquelas porcarias. Mas sabia que não era o melhor que poderia fazer: tentei levar meu desenho para outro lado, um pouco mais "maduro", mas falhei bem em continuar a prosseguir. Pois o desenho continuava o mesmo, apesar das histórias terem ficado maiores. Cheguei às 43 páginas ilustradas. Aí, no ano seguinte, após ter definitivamente desistido de entrar em uma faculdade de Belas Artes, após ter desistido também da medicina, eu comento o caso com um amigo meu, "desenhei uma história de mais de 40 páginas". Ele: "nó, doido. Mas é naqueles desenhos fudidos seus?"

Pra quê. Não quis nem mais saber de nada. Havia uma pequena porção de mim que queria ir de novo para a tal das Belas Artes, mas aí optei pela biologia. "Chega dessa merda. Vamos à realidade."

A realidade foi que anos depois, eu me encontrava num estado de depressão icomensurável. A biologia havia sido um fracasso completo. Eu já estava tendo que trabalhar com contabilidade ara ter algum dinheiro, ainda que miserável. E neste inteirim houve o outro grande baque. Eu, por algum motivo desconhecido, seja pela teimosia latente em mim desde aquela remota discussão aos dez anos de idade, ou seja lá por que - eu estava novamente tentando fazer alguns desenhos. Nesta época, eu havia feito minha primeira tatuagem e estava empolgado com a coisa. E em minha ingenuidade imbecil, havia arquitetado um "plano".

Eu mostraria para o tatuador que eu era bom no desenho, seria contratado para ser seu ajudante e disso viveria. Hu-há. Fácil assim. Pus-me a desenhar novamente, nos horários "vagos" da empresa, ou seja - nas horas normais de trampo que não tinha absolutamente nada para fazer, apesar de ter perguntado a todos os "superiores" ao meu redor.

Evidentemente, deu tudo errado. O cara odiou os desenhos, e fez questão de me reduzir a um menos que nada enquanto me dizia porquê. E no trampo, fui de certa forma caluniado para os chefes - "ele não trabalha, só fica desenhando". Tive que me explicar para o dono da empresa. Deu tudo errado, de fato.

Depois dessa, mais uma vez tornei à realidade - sou um bosta e desenho é um cu. Algo que não serve pra nada, só rende dissabores e faz falta quando não o faço. Grande merda isso.

Bem, irei continuar a epopéia amanhã. Tenham um tiquinho de paciência, ou tenha um pouquinho de paciência. Parece que só o Robô tem lido ultimamente minhas muralhas de lamentações. Enfim, fazer o quê.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Canseira.

Tem dias que estamos mais cansados que outros.

Acordei já cansado de estar cansado, e fui cansado para o mijatório matinal, que como diria um amigo meu, faz melhorar bastante qualquer manhã. Mascontinuei cansado, e fui fazer o restante das coisas cansado. Depois, muito cansado, fui para baixo, arrumar outras coisas, cansando-me mais um tanto. Tomei o café sem café, cansando-me de estar cansado, e logo em segida rumei cansadamente para o ponto de ônibuso, onde fiquei ali me sentindo um pedaço de grama, enquanto aguardava cansado a chegada do autocarro, que logo veio e portava duas canseiras de profissionais do trânsito urbano, os quais me odeiam, pois havia mandado um deles tomar no cu dias antes, e o trocador tomou as dores de seu amante. Canseira.

Sem muita paciência, segui cansado para o centro, onde fui à padaria, apanhando dois pães na cesta e os entregando cansado para a atendente que também tinha cara de sono; para o caixa, é necessário pagar o pão nosso de cada dia, não com o suor da canseira, mas o vale refeição do chip.

Esperar, mais um ônibus, este amarelo. Todos com a mesma cara. Mesmo cansaço, imagino. Não: a canseira dos outros deve ser diferente em algum grau ao menos, da minha canseira. A minha é por não conseguir fazer algo. A deles é de outras fontes, talvez semelhantes, mas nunca iguais, imagino eu.

Cansado, cumprimento o motorista e o trocador do amarelo, uma vez que estes eu conheço bem e me simpatizam, não me abandonando no meio da rua enquanto poderiam muito bem abrir a porra da porta. Foda-se. Estou cansado de ter que sentir raiva por idiotas, mas estou cansado de saber tais teorias e mais cansado ainda de saber que a mim não se aplica tais metodologias. Saco.

Aqui, chego, verifico cansadamente que não está na hora legal, e apanho os pães, passo-lhes manteiga demoradamente - cansadamente - e bebo uma água para ver se me animo. Nada. Água na cara, portanto. Nada. Canseira. Saco. 7:45. Dedo no leitor, suba escadas. Estou cansado demais para esperar algum elevador. Andares, degraus. Um. Dois. Foda-se. Sexto andar, contabilidade.

Canseira.

Sala. Clic, liga. Computador. Café. Mais café. Café. De novo. Repita. Café. Café.

Blog. Blog? Sobre o que, hoje. Sobre a canseira. Cansaço.

Contabilidade. Cu de saco dos infernos.

Preciso de férias.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Mudãças.

Difíceis estas horas, em que somos obrigados a ver as coisas com outros olhos, com outra visão. Horas em que somos literalmente surpreendidos pela vida. Aconteceu com minha irmã na data de ontem: o afamado bilhete azul foi-lhe oferecido por chefas que não mediram mesuras em afirmar que "você não possui o 'perfil' compatível com nossa empresa e blah blah blah", merdas do gênero, coisas que todos ouvimos nestas horas. Maravilhas da hipocrisia humana.

Como eu mesmo afirmei, que seja para melhor, ao menos. Falei esta mesma frase para outro amigo cuja namorada se tornou ex, novamente: que seja para melhor. Por vezes, não enxergamos como certas perdas são mais que necessárias. O emprego era uma merda; a namorada de meu amigo uma vagabunda que achava que o havia decifrado e que o tinha na coleira, por ser pessicóloga. Mau negócio se ver livre de tais coisas? Não.

Ao menos para nós, os "de fora" né. É o outro lado que esquecemos nestas horas e que só nos lembramos quando vivenciamos tais situações. E por mais fria e racional que seja uma pessoa, todos sentimos o baque na hora que acontece. E é difícil tentar manter uma perspectiva otimista nestas horas de negrume mental. Difícil lembrar-se das merdas que passamos por conta de tais coisas eo tanto que será bom se ver livre de tais empecilhos.

A não ser, claro, que você seja um robô, como descobri que um de meus amigos mais próximos o é. Eu não sou, Marcela não é, o Gandaia não é. O Max é. Nuh. Se é. Mas, como casos como o dele são à parte da realidade contemplada em todos os outros participantes desta narrativa, eu nem me preocuparei em estender demais qualquer discussão sobre o assunto; ao menos não hoje.

Enfim, que a mudança tenha vido para melhor, como re-afirmo. Talvez o Gandaia ache uma mulher menos mala que a anterior, talvez Marcela encontre um emprego menos horrível que o anterior. Em ambos os casos, creio não ser tão difícil, uma vez, que - ao menos em minha opinião - eles aguentaram tais merdas até demais.

Boa sorte para todos que porventura se encontrem diante de tais situações...E que as mudanças venham, para melhor.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Faxina.

Estou em um sábado, novembro. 2009. É preciso arrumar minhas paragens, meus aposentos, meu irredutível reduto. Coloco algo que soa como 2009, apesar de em 2005 ter sido gravado, enquanto me preocupo em remover eventuais lixos removíveis pela ação das mãos, isentas de outros aparatos de limpeza. A mesa reina o caos, lápis espalhados em meio aos papéis, tantos papéis, tantos rabiscos. É preciso reunir tudo, averiguar o que pode ser eventualmente avaliado por outrem e o que deve - na concepção deste - ser escondido aos olhos alheios.

Termino de apanhar todos os ciscos de maior porte, enquanto sou transportado continuamente ao mesmo ano em que descobri tal banda, 2009. Música rola solta, alta e animada, repleta de overdubs bem sacados, bem sincronizados. Paro por um instante de remover a poeira dos móveis para deixar-me arrepiar por um certo momento musical que faz-me um sentido especial. Ah, como é possível que traduzam de tal forma esta alma, em formas tão inusitadas como esta.

É chegada a hora de acrescentar ruído não-musical à faxina, uma vez que para uma adequada limpeza do sótão irredutível, faz-se necessário usar o aspirador de pó. Desligo o computador e o som, resignado em não poder competir com o ruído de tal aparato, mas triunfante enquanto sei de outra alternativa para poder ainda assim vencer. Apanho meu pequeno iPod e meu fone de ouvido cancelador do mundo externo, e parto para o segundo round.

Faxinas devem existir, mas devem ser devidamente acompanhadas de algo que as torne mais toleráveis. Música para os ouvidos, música que vence até um aspirador. E como estou ouvindo através de um aparato em que o modo randômico faz-se necessário, sou transportado continuamente em várias viagens no túnel do tempo, enquanto limpo minha área. Começo em 1996, fico ali me recordando de como eu resolvi mudar a medicina por outra linha, e fui bem-sucedido, ainda que tenha me fudido no processo. Depois, vim parar novamente em 2009, com outro duo minimalista de som completo os quais fui apresentado em meados deste ano.

Enquanto prossigo, volto para 1993, ano do declínio da economia familiar. A música é boa, mas a lembrança não. Passo adiante, e volto para 2003, época do carnaval. Época em que com tal trilha sonora, fiz minhas primeiras experimentações com resultados agradáveis em guache na minha vida. Bons tempos, boa música. Permaneço ali por uns quatro minutos, depois indo para 2006, ano que descobri que o navio estava mais uma vez naufragando diante da ruína das promessas de um certo edifício localizado perto da lagoa da Pampulha e tão fedorento quanto. Tão podre quanto. Não muito boa lembrança, porém muito boa música. Deixemos rolar.

Metade do assoalho de madeira cru está limpo, e tornamos para 1994. Grandes promessas abundavam em tal época, e a maior de todas era este disco que escuto, que foi um grande disco de uma grande banda, em um ano bastante interessante. Retorno imediatamente ao segundo ano do colégio, onde durante várias aulas eu passava caricaturando de maneira bem simplória as desventuras ocorridas em sala de aula, com seus professores estranhos e alunos um tanto irrequietos. Dali volto para 2009, ano que uma ex-banda reformada no ano anterior resolveu lançar um escelente disco duplo, repleto de canções inéditas e ao vivo, com solos de guitarra nada desprezíveis e bem diferente daqueles horrendos solos de beira de penhasco que o hard rock e o metal tanto insiste em cuspir em seus discos. Aquilo sim é solo.

Nesta nota, estou quase acabando, e volto para 1998, bom ano em que o outro curso superior devidamente completado ainda parecia que iria fazer algum sentido. Fazia tempo que não era remetido a tal época, e que não escutava tal canção, então paro de pensar na poeira e volto a tal reflexão. Nada de muito bom impera ali, e volto para a poeira. Dali volto para meados de 2007, época que ainda estava completamente imerso em um mundo paralelo, comprado por 15 dólares mensais e que me trazia uma possibilidade, ainda que irreal, de ser alguém de importância na vida.Figura de peso, ainda que não existisse além da fantasia. Apresso-me em mudar a faixa: ainda não estou 100% recuperado de tal época.

Aspiro as poeiras existentes no teclado de meu aparato computadorístico e dou por encerrado a tarefa. Desligo o aparato, religo o computador e ligo o som para todos. E volto para 2009, ouvindo mais novidades adquiridas neste ano, mas que são de outras datas. Mas que irão marcar, em minha memória, este final de semana do ano de 2009. Os nada extraordinários eventos do final de semana estarão inclusos nas notas de tal banda, nesta época por mim descoberta.

E assim prosseguirei na vida, com minhas lembranças musicais, sempre me remetendo à memória acossiada à música da ocasião.

E já tá na hora de parar de escrever.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Musga.

Mais uma vez, mais uma sexta. As férias estão chegando e há júbilo em meu ser, por conta disto. Mas não somente por isto. Estou hoje meio que embasbacado, sem nem mesmo saber se posso chamar isto de embasbacação. Será que existe esta palavra? Enfim.

Conforme dito desde o início desta semana, fui apresentado a uma dupla de músicos no passado final de semana que atendem pelo nome de El Ten Eleven. Acho que posso afirmar que foi uma daquelas coisas que te dão uma chacoalhada, fazem ter uma reviravolta em sua vida. Não, não chega isto tudo: é a penas meu lado exagerado falando. Mas mesmo assim, eu estou cada vez mais abismado com aqueles dois, e ontem à noite, após ouvir uma das músicas mais legais desta dupla - a saber, "Connie" - eu resolvi desenterrar uma de minhas muitas aquisições de mim para mim que adquiri ao longo deste ano de 2009(o menor loop station já inventado pela Boss) e resolvi tentar imitar, na medida do possível, o baixista/guitarrista de tal banda.

Evidentemente, não sou nada em comparação com tal cara, mas fiquei um tanto entusiasmado enquanto ia construindo em meu pedalzinho certos fragmentos que iam crescendo, se tornando cada vez mais interessante, mais sonoro. Eu gostei muito do que fiz ontem, ainda que tivesse sido apenas eu e o ar ali presentes.

Mas acho que é assim que deve ser, por mais que pra mim a coisa tenha feito muito, mas muito sentido, eu já meio que cheguei à conclusão que as coisas que eu invento no âmbito musical só fazem sentido para mim. Faz parte de meu universo autista, por assim dizer. Creio que passou muito perto de não ter nascido um portador desta infeliz síndrome. Já verifiquei isto ao tocar perto de pessoas muitas vezes, enquanto eu acho as coisas que faço completamente legais, o resto me olha com cara de interrogação.

Acho que faz parte também de ser um "músico" de meia tigela, que só toca por tocar, sem nem saber o que está fazendo. Nunca consegui ir muito adiante nos estudos teóricos musicais, infelizmente. Por falta de tempo e falta de ânimo, devo admitir. A parte teórica da música é algo que demanda muito tempo e paciência. Coisas que nunca tive em abundância.

Mesmo assim, dane-se. Se é pra fazer a música de mim para mim que assim seja. O tal pedal me permite explorar bem as minhas viagens autistas musicais sem necessariamente precisar de uma banda para tentar entender o que o viajandão aqui está querendo fazer. Irei adquirir um modelo melhor de loop station em breve para integrar ao meu pedal já existente, e fazer um treco mais estranho ainda. Eu quero, eu posso.

Eu posso até dizer que preciso disso, tamanha foi a satisfação que tomou conta de mim ao fazer coisas um pouco mais complexas, mais cheia de camadas, como as bagunças que fiz ontem À noite. Acabou que não fiz mais nada além disso ontem à noite, mas teve bão.

E que venha o final de semana. Irei continuar fazendo minhas bizarrices. De mim para mim, que posso fazer? É bem estranho meu mnundo, mas daqui não saio. É mais musical que essa bagunça dos outros.

Que venha o final de semana. Que seja musical. E rabiscal. E outros tantos "als".

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Internétis.

Cá estou, novamente, um tanto atrasado, por motivos de TI. BIOS no sistema afetou em muito a conectividade em esta manhã, pondo frangos em geral a cacarejar desesperadamente pelo seu tão amado acesso vital à rede de blahblahblah mundial.

Engraçado isto né. Anos atrás, lá pra 2001, 2002, de quando minha primeira estada em esta empresa se processava, não tínhamos acesso a nenhuma internet neste local. A única conexão permitida aqui era para se retirar extratos de banco. Apenas um computador tinha modem - a famosa e temida conexão DISCADA - e só se entrava pelo tempo necessário para fazer a operação.

Sete anos mais tarde, a coisa está completamente diferente. Mesmo antes; a internet banda larga e disponível para todos os computadores da empresa tomou forma em 2003. Neste princípio de manhã que ficamos momentaneamente desconectados da tal rede, o caos começou a imperar aqui. Em questão de minutos todos estavam deseperados.

É estranho como em menos de uma década a coisa mudou tanto. Não que a internet não existisse naquela época, em 2001, 2002. Eu mesmo tinha meu famoso cabo de 30 metros de fio telefônico que tinha que esticar pela casa para ligar numa tomada pra coisa funcionar, a partir da meia noite em dias de semana. Mas nem cogitava a possibilidade de ficar o dia inteiro conectado. No serviço então, era ainda menos plausível.

Agora, se ficarmos dez minutos sem a coisa, sentimo-nos incomodados, literalmente. E por mais que se diga que a rede mundial é isto e aquilo, ela também é uma excelente fonte de perda de tempo. Como um amigo meu me disse esta semana, citando uma frase que ele leu na própria internet, "A internet é o altar onde sacrificamos nosso tempo."

E é verdade, pois este tanto de informações tão facilmente disponível a todos é algo extremamente viciante. Entretanto, eu não condeno de forma alguma a existência desta moderna "necessidade vital". Aprecio muito conseguir ter acesso a informações e conteúdos que de outra maneira nunca chegaria às minhas mãos, aos meus ouvidos. Quando, eu me pergunto, quando eu iria saber algo a respeito de bandas como El Ten Eleven(que cada vez mais aprecio e me surpreendo quando vejos seus vídeos de shows ao vivo)?

Acho que nunca.

Não nego entretanto, que se nos deixarmos levar, perdemos horas e horas vendo bobagens na rede. Quer coisa que te leva mais à perda de tempo que um site como o YouTube? Você vê um clipe duma banda que você gosta, olha os links relacionados, resolve clicar em um, que abre outras tantas recomendações, que vão se ramificando ad infinitum. Dez horas depois, o que começou com uma simples pesquisa sobre um vídeo legal se transformou em uma torrente de inutilidades. Começou no clipe, terminou em receita de chucrute em alemão com legendas em português, ou coisa parecida, horas mais tarde.

Mas enfim, como adicto da coisa que sou, não devo negar que sinto falta dela quando ela falha. Quando afirmo que não assisto mais televisão escondo o hábito irremediável que tenho de chegar em casa e automaticamente ligar o computador e o acesso à tal da rede mundial.

A tecnologia de fato muda nossos hábitos.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Demônios.

Existem noites mais profundas que outras.

Não sei bem quanto tempo fiquei ali, matutando sobre tudo que tinha me acontecido até então. Nada de muito agradável, pela minha contabilidade. Mas, olhando ao redor, eu achei que ali seria o local mais ideal para fazer o que eu tinha que fazer.

Eu só precisava saber o que seria isso. Olhei para o balcão, me perguntando quantas pessoas já teriam passado por ali hoje...quantos copos teriam corrido por aquele descascado acabamento. Olhei adiante, direto nos olhos de meu demônio, que ali estava, ali pousava. Ali me tentava. Bastava dizer a palavra: uma.

Mas nada veio. Eu olhava tudo aquilo, toda aquela atmosfera que me tinha sido tão familiar por tanto tempo...e que agora, quase mais nada significava para mim, além de recordações nada agradáveis. De longe, os únicos olhos familiares e fraternos que ali existiam me analisavam, sem muito entender o que estava acontecendo.

Eu mesmo não sabia. As coisas tinham finalmente começado a andar, o que estava eu ali fazendo? Sim, haviam muitas chatices ainda reinantes, mas nem de longe eu tinha em mim a antiga ânsia de procurar meu demônio para nele me expurgar de todos meus problemas. A causa e a solução. De tudo que havia me acontecido.

Não...não deveria eu impor culpa em algo que por si só nada faz, nada vale, nada ameaça. Todos eles me encaravam, na prateleira adiante. Algo dentro de mim não me permitia emitir a tal palavra, que acabaria com toda esta minha presente angústia. Algo que não saberia dizer o que era.

Talvez a necessidade de não me repetir. Por uma vez, somente uma vez, não fazer o que eu plenamente sabia que não poderia fazer. Não deveria fazer. Não seria a primeira vez que tal coisa aconteceria, pois já tinha visto tal cena acontecer muitas e muitas vezes ao longo dos anos que ali frequentei.

Anos que ali desperdicei. Anos que ali não existi, apesar de ali sempre estar, presente. Ciente. Cliente. Fiel cliente.

Não. Não seria desta vez. Me levantei lentamente, e olhei ao redor. A fraternidade daqueles olhos comigo estiveram por um breve instante, comunicando muito mais que palavras, milhares delas. um novo respeito surgiu ali, mesmo uma certa simpatia. Sorri timidamente para eles, e me dirigi para a porta, desviando-me das alegres pessoas que ali se divertiam ou se perdiam. Não cabia a mim dizer. Não saberia dizer, também. E mesmo assim, não poderia muito fazer.

Diante da porta, me voltei uma última vez para a tal prateleira.

Nada além de meros objetos sem voz. Sem ação.

Demônios somos nós mesmos, concluí enquanto dali saia.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Saudável, ável.

Está fazendo muito calor por estes dias. Não que isto me desagrade tanto...eu prefiro o tal do calor a frio por razões alérgicas: frio me põe doido de tanto espirrar; sabe-se lá por que motivos o corpo da gente se comporta de tal maneira. Eu apenas sou assim, e conforme aprendi em imunologia na época da biologia, ninguém sabe nada. (Ninguém sabe nada!!) Então, eu tenho mais é que gostar do calor.

Mesmo assim, não há nada que possa se tornar incômodo quando em excesso, e é o que vem acontecendo nestas dias. Quando aqui chego, só escuto chororô dos frangos a respeito de como eles nem conseguiram dormir, de como as lojas devem estar vendendo ventiladores a torto e reveria, blah blah blah. Eu mesmo acedi a um desejo "consumista" na semana passada comprando para mim um pote grande de sorvete de creme da Kibon. Fazia muito, mas muito tempo que não comprava um treco daqueles, só pra mim.

Mas...ao chegar em casa e ler, na embalagem do mesmo que o sorvete agora tinha "nova fórmula", com "70% de leite, mais cremosidade!" e etc, já desconfiava que haveria algo errado ali. E dito e feito. A tal da nova fórmula estragou o sorvete por completo, arruinando de quebra toda minha vã esperança de me remeter a tempos remotos em que a eventualidade de um pouco de sorvete à sobremesa era um evento digno de reis. Ao menos na minha infância.

Agora, me vêm com esta merda de "nova fórmula" e estragam tudo. O sorvete ficou aguado, e a tal da "cremosidade" deu textura de raspadinha ao sorvete. Ficou de fato parecido com um daqueles sorvetes genéricos, que são mais baratos porém piores que o tal da Kibon, que era a marca de sorvete do brasil. Não mais, pelo visto. Talvez seja a hora de comprar dos genéricos mesmo, já que vai dar no mesmo. Não sou trouxa de gastar 25 reais num pote de sorvete da Haägën-Däszzijfdiösztjy09u709sr575r(sic), que eu acho além de inumanamente caro, meio ruim também. Nem fudendo.

Depois de discutir o fato com outras pessoas lá de casa, que provaram e também acharam que a mudança veio pra pior, chegamos à conclusão que este negócio de mudança de fórmula só dá errado mesmo, ao menos no quesito alimentos que sempre foram bons, até que alguma ANTA resolve mudar a fórmula.

Já tinha visto isto antes. Aconteceu com os chocolates Nestlé, que mudaram de fórmula e se tornaram uma josta. O Alpino da Nestlé era um dos melhores chocolates que existia no planeta; aí eles mudaram a fórmula. Ficou parecido com o chocolate da Hershey's, que é tipo um doce de leite marrom, em minha opinião. Só a Lacta está prestando ultimamente, pois acho que não mudaram a tal da fórmula.

Agora, veio a outra questão: por que fizeram isto? Por que mudar a fórmula de algo que está funcionando meravilhosamente bem? Minha irmã supôs que talvez tenha sido para retirar a tal da grodura trans da fórmula. Pode ser, uma vez que alguém descobriu o anticristo na fórmula de alimentos, na figura da tal "trans".

Eu digo, foda-se a trans. Se ela fazia o sorvete ser bom, tragam ela de volta. "Ah, mas que ela faz isto e aquilo", foda-se! Alguém daí me diga qual é o alimento realmente saudável que consumimos diariamente. Qual? Existe algum? Existe algo que só faça bem? Só se fora aquelas coisas horríveis tipo giló e outras tantas "maravilhas" do reino vegetal. Não que eu repudie salada, mas há que se admitir que não existe NENHUM vegetal que vença um doce, uma picanha, um bacon, e outras tantas coisas saborosas, porém venenosas do ponto de vista alimentício-fisiológico-medicinal. Bleh.

Enfim, todos preocupamos demais em "melhorar nossa saúde" privando-nos de tanta coisa boa. Não sei se vale muito a pena. Alguém de fato quer viver até os 120 anos?? Eu sei que eu não quero. Alguém me contou um caso outro dia, uma entrevista com Chico Anísyo, se não me engano, que ele afirmava que "o que mata é o esporte. Eu fumo, fico deitado na rede tardes a fio e estou vivo até agora, enquanto meus amigos que praticavam esportes regularmente já morreram."

Sei que isto não funciona sempre nem com todos, mas mesmo assim. Por vezes, fico farto com estas pesquisas da área de saúde...Só servem para mudar as fórmulas de nossos mais amados quitutes e nos encher ainda mais de nóias. Blah. Uma outra pessoa me diria, "Para morrer, basta estar vivo."

Enfim, fazer o que né. Se bobear ainda economizo no sorvete, uma vez que não é mais necessário comprar o da Kibon para estar consumindo um bom sorvete.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

23.

Bom dia a todos os segundeiros. Quem está com sono? Vamos ver estas mãos. Ah, todos com sono. Isso, isso. Acho que é unanimidade em todas estas datas. Como a gente sente falta destes dois diazinhos seguidos em que nos é permitido não ter que acordar mais cedo que as galinhas para ter que vir à nossa luta diária...

Estes dias, ando pensando numa coisa que um amigo me disse quando o horário de verão começou, e que estou julgando ser verdade. Não importa o quão adaptável seu corpo é, o quão rápido você se acostuma com este estranho horário de nula economia que todos os anos somos obrigados a tolerar. Por mais que o corpo se adapte, parece que ele sabe direitinho que está sendo enganado. Digo isto porque antes desta porra de horário começar, estava acordando todos os dias no mesmo horário que continuo acordando, com a diferença que no horário "normal", o dia já estaria brilhando lá fora. No horário de imbecilão, digo, verão, a hora é a mesma mas a luminosidade....Quase zero. O que fazer? Acender a luz(bela economia essa) e tentar se enganar. Mas o corpo sabe - "tá escuro ainda, porra! tá na hora de acordar não!!"

Presumo que seja por isso que ficamos ainda assim cansados. Ou, como é meu caso, a necessidade das férias anda gritando em mim. A necessidade de descanso é grande.

Bem, fora estes pensamentos inúteis, as coisas andaram até bem no final de semana. Nada de mais, nada de novo, ou ao menos nada de muito novo. A única coisa que de fato chamou minha atenção foi a descoberta de mais uma banda digna de mênção, que são os caras do El Ten Eleven. Uma dupla, cujos integrantes são gigantes no que fazem. Um cara que vale por uns 4 na guitarra/baixo plugada ao maior stack de pedais que já vi na vida, e um baterista de mão cheia, fazem um som muito legal. O guitarrista/baixista faz coisas que eu sempre quis fazer nos instrumentos que porta dependurados ao corpo(uma guitarra/baixo, juntamente construídos, sem serem gambiarrados.) Basta assistir um vídeo deles para se ter noção. O "cordista" é um cara que me deixou embasbacado, de fato.

Apesar da sonoridade deles estar carregada de um espírito que normalmente abomino - os anos 80, aquela merda de década perdida - eu achei muito bom de se escutar, apesar de que as gravações não fazem jus ao espetáculo que esses dois caras conseguem fazer ao vivo. É preciso ser muito competente para fazer o que esses dois caras fazem. Até eu ontem desenterrei meu modesto loop station pra brincar um pouquinho, depois de ter visto o cara dos milhares de pedais brincando nos vídeos do Youtube.

Outras coisas de menor importância ocorreram, mas nem vale a pena delas dizer alguma coisa, tal sua trivialidade. Felizemente, uma coisa foi bem aplicada, a grana que gastei comprando bicos de pena caríssimos e raros de serem encontrados aqui na Roça Gigante.

De resto, tá passando da hora de ficar em modo de descanso de tela aqui. Dez longas horas ainda estão à minha espera....


sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Perspectiva.

Ah, as diversidades humorísiticas, as minhas ao menos, por vezes me surpreendem. Outro dia mesmo estava eu aqui num chororô inexplicado, e hoje....hoje tá tudo tão legal. E por quê? Bem, por motivos diversos, eu diria. Talvez mesmo por às vezes a gente parar pra pensar e analisar nossa vida. Eu maldigo tanto as coisas por vezes, mas como diz um amigo meu, "Perspectiva! Olhe as coisas por outro lado, cara!" E é verdade, não é mesmo? No último final desemana eu cheguei a pensar nisso, olhando a vista de meu sótão. É um dos lugares mais legais do mundo, com uma vista muito bacana, muito pitoresca, por assim dizer.

E eu me surpreendi. Pois, às vezes, a gente olha pras coisas mas não para pra pensar e analisar o tanto que temos coisas boas, muito boas, rolando ao nosso redor. Na nossa cara, por vezes. Fiquei alguns minutos ali entretido com a vista, e parei pra pensar nessas coisas. Acho que são estas coisas que dão raiva às pessoas que tão "de fora." Você vê o tanto que a pessoa tá reclamando de barriga cheia, e se enerva, facilmente, "que cara imbecil!"

De fato. Acho que um bom exercício a ser estipulado para nossas vidas é tal análise. Parar e pensar, ver por outro ângulo. Por mais que eu seja isso e aquilo, e não consiga fazer isso ou aquilo, e blah blah blah, eu moro num lugar do caralho, com meu próprio reduto, um dos locais mais excelentes que já tive o privilégio de estar em toda minha vida.

Ah, viver. É complicado aprender a viver certo, mas deve-se aprimorar a tal arte. E dela extrair o que pudermos para melhorarmos ainda mais o que pode ser melhorado, o que pode ser aprimorado. Eu sei que não preciso de muito para ficar de boa.

Mas, no momento, mais do que nunca, tenho que aprender a parar para pensar, e parar de ficar nesse nhemnhemnhem que não leva à nada e só azeda, paralisa, amarga a nossa vida.

Hu-hu. Consegui escrever um treco mais bem-humorado, com alguma perspectiva positiva.

É algum começo, eu diria. Que venha o final de semana, dele todos precisamos.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

All apologies.

Sim, sim. Este post é um pedido de desculas a quem porventura ainda estiver se aventurando a tentar decifrar meus hieróglifos aqui escritos. Como diria um amigo meu, recentemente, este treco se transformou em um "diário emo" de Marcos, o Buriol. E sei, melhor que ninguém, o tanto que é chato ficar ouvindo apenas lamentações e chororô alheios, ainda mais por que por mais que seja duro, é verdade: "pimento no cu dos outros é refresco."(prefiro esta versão, a de João Ubaldo Ribeiro, do provérbio. É mais autêntica e mais tosca, ehehehe).

Mas enfim, eu reconheço que estou muito, mas muito reclamão. É má fase, ou melhor dizendo, é uma fase de transição que estou passando, tentando reformar minha vida, rever certos conceitos e quejandos. E geralmente, tais fases em nossas vidas dependem muito mais de nós mesmos do que dos outros para dar certo. E isto gera tensão, que acumula com outras tensões e faz-me um tanto mais rabugento do que de costume.

E, como já disse tantas e tantas vezes - eu sou uma espécie de Álvares de Azevedo ressucitado em uma época errada. Eu odeio este poeta, mas devo admitir que sou feito ele, romântico. Não(apenas) no significado imediato do termo, mas em outros aspectos do romantismo per se - a idealização da vida e dos objetivos, das coisas e pessoas, de tudo em geral. Idealizar é estar errado, por que sabemos que coisas ideais só existem em comerciais. Então, sou este cara que sabe bem que está errado e ainda assim insiste em continuar sendo assim, não por que necessariamente quer, mas por que já vim de fábrica com este defeito.

E sinceramente, por vezes, isto me deixa à beira de um ataque de nervos. Por que meu lado racional é muito pronunciado também, e nem é preciso dizer que tais coisas batem de frente a 300 km/h. Um desastre dentro de minha cabeça. Quase todos os dias.

Enfim, tentarei me corrigir doravante, mesmo por que sei que já tenho escassa audiência aqui, e se continuar sendo este chato insuportável que me tornei, vou é de fato ficar aqui feito louco falando sozinho. Mas posso afirmar que não foi minha intenção provocar ninguém, nem ofender ninguém, excluindo-se os frangos, evidentemente. Mas creio que frangos passam longe daqui.

Estive conversando com um de meus melhores amigos, a respeito do tanto que estes dias venho passando por tais "crises", ao que ele me afirmou que também já passou por perrengues semelhantes, mas que hoje em dia está quase curado de passar por tais crises, eis que de repente ele se tornou uma pedra. Explico. Ao que me parece, ele deixou de ter sentimentos. Raiva, culpa, tristeza, etc - foi tudo ou quase tudo expurgado de seu sistema, de um dia para outro. Era um detalhe que até então desconhecia em sua personalidade, mas que fez muito sentido. Explicou muita coisa, e me deixou um pouco até meio que atordoado.

Eu tenho a sensação que nasci com um excesso de sensibilidade a tudo, embora normalmente eu não manifeste muito tais coisas, ao menos fisicamente. Todas as sensações em mim são exageradas e até teatrais, eu diria. Foi uma das coisas que me inspirou criar o Sr. Bode, pois afinal de contas ele sou eu; mau-humorado, rabugento, com reações hilárias diantes de simples picuinhas. Sim, eu tenho auto-crítica o suficiente para saber que eu sou assim, exagerado diante de coisas ridículas. E sei que isto costuma ser engraçado, ao menos para alguém que esteja assistindo. Daí o personagem. Creio que pode vir a dar certo, eventualmente.

Mas, tornando a mim mesmo, eu sinceramente não sei se gostaria que tal coisa acontecesse comigo. Me tornar um autômato, um andróide. Mesmo por que acho, ACHO, que tal coisa não irá acontecer comigo, mesmo nunca. Sou passional demais para de repente me tornar uma estátua, um robô. E é exatamente isto que me incomoda, pois por mais que eu saiba que não irei me tornarei desprovido destes meus excessos de sensibilidade, eu preciso encontrar uma maneira de ao menos gerenciar um pouco tal coisa. Existia um professor que falava uma frase, que por mais clichê que seja, faz muito sentido, "Aprenda a dominar suas emoções ou elas te dominarão."

É verdade, por mais clichê que seja. Creio que tal frase tem origem em terras orientais, onde a filosofia reinante é muito mais voltada ao auto-controle, à paciência e disciplina que esta loucura ocidental que vivemos. Some-se tudo isto a um cara com a cabeça feita a minha e o que você tem?

Um Noiado No Sótão.

Enfim, verei se ao menos aqui eu tento ser menos imbecil e mais produtivo. Verei também se busco alternativas para tentar expurgar meu stress, minha rabugentice, meus hediondos e repelentes ataques de nervos. Sei que não será fácil, mas creio ser mais factível que simplesmente me tornar uma pedra.

Que fique bem claro também, não estou aqui criticando este meu companheiro; por mais estranho que possa parecer, tal resolução que com ele se processou faz muito sentido para mim, mas é simplesmente algo que sei que não irá acontecer comigo, mesmo por que somos todos pessoas diferentes neste praneta. O que acontece com alguém não necessariamente acontecerá com você. Não comigo, ao menos. Não creio nisso.

Enfim, tornemos ao nossos afazeres. Amanhã tem mais.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Reporte. Nada extraordinário.

Nada de muito novo a declarar. Desde ontem, desde a derradeira conversa de ontem, estou completamente à deriva. Supostamente, tenho isto somente para reclamar, assim como todos que já leram e daqui vazaram afirmam. Assim como eu mesmo o sei, bem sei. De nada me adianta saber estas coisas, entretanto. A única dúvida que tenho de fato que pesa hoje é: quanto tempo uma pessoa consegue se manter na sanidade, sendo esta coisa que eu sou?

Alguém me responde? Cri cri cri cri. Alguém sabe? Cri cri cri cri.

Não sei. Gostaria de aqui escrever coisas mais amenas, menos chatas, mais palatáveis de se ler. Mas as coisa vão mal, aparentemente, para este que a ninguém escreve. Estou impressionado com o estado de prostração completa que me encontro desde ontem. A derradeira conversa foi a gota d'água, mas mesmo antes disso eu já estava em estado de desgraça.

Loucos são pessoas que falam sozinhas, e aqui estou fazendo-o de maneira escrita. Loucos supostamente não conseguem lidar com a realidade, e cá estou eu sem conseguir fazê-lo, por 33 anos. Loucos são aqueles que só enxergam o lado negativo das coisas e para mim "positivo" é uma ficção científica. Louco, louco.

Loucos são aqueles em que vivem em um mundo à parte do real, e cada vez mais me sinto neste mundo. Não é idealizado, entretanto. Apenas solitário, bastante solitário. Loucos são aqueles que se odeiam, virtualmente até a medula dos ossos, por serem o que são. Muito inteligentes, estes loucos, que se isolam do mundo por não entendê-lo, não o compreenderem.

Até quando se manterão vivos, os loucos?

Cri cri cri cri.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Cachorro.

Tem dias que, logo ao acordar, já sei que vai dar tudo errado. Tá certo, este é o pensamento reinante neste cabeção todo e qualquer dia do ano, da semana, do mês, etc, mas não é o caso contemplado hoje. Tem dias, que logo ao acordar, você sabe.

Sabe que o dia será uma merda. Completa, total.

Hoje acordei com essa sensação. Sem ter motivo algum além dos triviais, para se ter este humor do capeta, eu tive esta sensação. Possa ser que esteja errado, eu mesmo quero que esteja errado, pois não quero estar extremamente mau-humorado neste dia de hoje. Já me encontro cansado o suficiente, a ponto de me sentir como geléia na hora de levantar da cama. Tudo em câmera lenta, e pacinência zero para picuinhas tradicionais.

Chegando aqui neste antro de nada, a sensação se amenizou um tanto, mas mesmo assim parece-me que o dia será lento, extremamente lento, no passar das horas, dez horas que devo aqui estar preenchendo esta cadeira e aqui permanecendo, por horas. Horas. Horas. Dez delas. Sem fazer nada que realmente me apeteça ou me incite ou valha de alguma coisa. Números, números, estrondosos números, icomensuráveis números, números.

Fazem-me rir de meu número. Que esteve mirrando ainda mais para fomentar o outro lado, o lado da esperança de algum dia me ver livre de tais visões, números, números, números, malditos números, malditos sejam todos aqueles que por eles nutram alguma sentimento, além do seu mirrad número em comparação com estes números que tanto alentam, tanto passeiam por contas e trâmites e caem em outra conta, esta que nunca sabe de fato seu valor.

Pare, pare, cale-se,cale-se. E ainda me perguntam por que sou sozinho. Por que devo ser sozinho. Por dias, nem eu mesmo dou conta de tanta rabugentice, tanto mau humor, tanta idiotice, tanta burrice e imbecilidade reunida num só ser. O maior favor que faço a todas as mulheres é me manter distante delas, o maior favor que faço aos homens é morrer sem deixar descendentes, semente do demônio esta, que nunca germinará em terra alguma, nunca.

Dias de cão. Eles existem, e muito me apoquentam. Desde seu primórdio.

E dizem que deles não devemos escrever, não devemos fomentar. Ah. Pimento no cu dos outros é refresco, já dizia o Sargento Getúlio, meu herói. Quem além de mim mesmo vai se importar.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Dois.

Não sei bem o que dizer hoje, em plena segunda feira, 16/11. Não saberia dizer se houve algo de muito significativo por estes dias, em estes momentos. Nada de muito novo. O calor anda massacrando mesmo os eremitas de minha região bolhal. Antes ele que o frio, já me dizem meus receptores anti-friais, que com o frio muito se irritam e me embarcam em intermináveis sessões de incontáveis espirros. Deve ser a idade, talvez. Com o tempo, muito se passa, muito se passa. Passa bem, passa quatro. Nascem feijões na pia, na pia.

Feijão. Tive que fazer uma experiência com feijões na faculdade. Deu tudo errado. Feijão de saco não nasce, diz a lenda. Saco de feijão é o que é famoso, ho ho ho. Assim como na biologia tudo é complicado. Quem é o cavalinho paraguaio? É cada uma que escuto por aqui, neste local de loucos, de doidos. Ah, futebol, claro. O que mais poderia ser? A droga nossa de todos os dias do brasileiro padrão. Que se preza, que paga seus impostos, que está em dia.

Na casa, existiram dois grandes momentos, mas nenhum deles daqui partiu; vieram do interior, do âmago da coisa, sem nem mesmo o saber o que se fazia, o que se bramia, o que se poderia dizer, assim sendo.

Aqui, tudo funciona de maneira incorreta, graças ao TI inexistente, incompetente. Que se diz mas não se acha; ao menos isso? Não sei se assim é, mas não sei de muita coisa - tenho que me render à desconfiança de muita coisa.

Hoje nada flui muito, deve ser o calor, deve ser por que aqui estou, a me perguntar até onde funcionará estas coisas aqui, uma vez que o TI de nada presta por aqui. Devo-me desconectar inadvertidamente de toda esta surrealidade, sem nem mesmo me perguntar ao certo por que. Tanto faz, tanto fez; nada faz muito sentido hoje mesmo.

Veremos depois...

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Boate.

Música estranha, música chata. Luzes estranhas, chatas.

O que estava eu fazendo ali? Seguindo o fluxo, evidentemente. Se você sai para um final de semana no interior com seus amigos, você supostamente tem que fazer tudo que eles também fazem, claro. Ao menos foi o que me pareceu quando para cá me arrastaram.

Para este estranho recinto onde pessoas consomem drogas legalizadas e ficam na tal da azaração, pegação, sei lá como se chama isto nestes dias de hoje. Não creio que exista outra razão para se acotovelar em um local como este, abafado e pouco espaçoso. Tampouco pode ser pela qualidade musical. Já é a décima ônzima música que soa como um liquidificador ligado ao pé de meu ouvido.

Com meus confrades vim, para este local hediondo, com o suposto intuito de pegart, de morder, de beijar, de agarrar - palavras deles - e aqui estou, contando minhas moedinhas para comprar alguma sorte de coisa alcóolica. Quando em Roma....

Ainda mais se Roma, neste caso, é um local completamente agressivo para este que narra; tudo ali me soava gritante, atordoante, agressivo. Nunca, desde meus dias mais infantes, consegui entender locais como este. Mas cá estou, com meu amigos, em busca do...

De algo que eu sabia que ali não encontraria. De antemão, eu já sabia. Mas ali estava. Com meu jeito sem-jeito. Com minha lábia inexistente e meu interesse zero em ali estar. Mas...um gole da coisa amarga, que desce queimando e muito custa, pra baixo, pra dentro. Olhar ao redor. Faces, milhares de faces, sem rostos, sem caras. Sem sentido.

Me sinto mais sozinho que se estivesse em plena pradaria da Sibéria, no glacial inverno...e tão confortável quanto.

Olhares se cruzam mas nada significam, olhares são desviados, mensagens são ignoradas. Mais um gole, mais uma careta. Será que tenho o suficiente para outro anestésico destes? Talvez. Mais um gole, mais uma careta. Olhar ao redor, não ver nada, não entender nada.

O que estava fazendo ali?

Qual era o sentido de tudo aquilo?

Ninguém entende, e não querendo ser o rabugento, o chato da festa, cá estou, em busca de nada, colhendo em erradas viagens os pensamentos que me atordoam a cabeça, que já começa a ficar alterada pelo efeito da droga - em todos os sentidos - que continuo sorvendo afoitamente de meu copo, em busca de algum sentido, em busca de algum conforto que não encontrarei na noite que apenas começa.

Um de meus companheiros passa por mim, rindo até as orelhas, por que "tá cheio de tchutchucas aqui esta noite", afirmação que para mim nada significa. Sei que ali não encontrarei nada semelhante àquelas que em minha mente existem. Só ali existem, pelo visto. Só com elas consigo eventualmente me comunicar.

Lá vêm elas, as viagens erradas. Me viro para buscar uma reposição de meu extinto drinque e me deparo com uma mentira, que sorri com dentes disparatados para mim. Não consigo esconder o susto, e saio de perto correndo, temendo alguma retaliação nervosa de tal monstro.

Ao mesmo tempo que sigo adiante, sigo com remorso de ter tido tal reação. Era uma pessoa, como outra qualquer, por que fui agir como idiota? Por que? Por que? Por que? Minha estonteada cabeça teima em me torturar com as coisas mais idiotas em estas horas. Moedinhas ao homem do bar, mais uma dose da droga. Mais um gole, outra careta.

Tudo gira ao meu redor, e mais nada faz sentido. Continuo me sentindo um alienígena do planeta Zonthar que caiu de pára quedas numa estranha reunião de humanos, neste estranho planeta, nesta estranha dimensão, que teima em girar ao meu redor. Bebo, bebo. Olhares não se cruzam, não significam nada, não dizem nada. Me sinto o pior dos seres vivos por estar ali, em tal festa, em tal aglomeração, sem ali estar de fato. Tentando escapar de tudo me afogando em uma droga de drinque que tem gosto de remédio, mas que não age como tal.

Ninguém ali se encontra, além de anônimos estranhos, seres abjetos, que desejam me execrar, me destruir. E giram ao meu redor, me provocando, me tentando, me alucinando. De detrás de meus óculos, vejo tudo embaçado, deformado, estranho. E assim me sinto, deformado, estranho, abjeto. Tentando me esconder das pessoas alegres ululantes, por ser eu o chato da festa, o estranho, o feio, o esquisito.

Tudo gira, e meu estômago se revolta. Perfeito. Fui tentar obter alguma resposta no fundo do copo, encontrei mais um motivo para me sentir um imbecil completo. Cambaleio por entre normais, entre gente bonita que faz e acontece, e tento encontrar um alento, um alívio, um banheiro. Uma privada. Dedos na goela, devidamente acompanhados das involuntárias contrações. Ah, aspectos fisiológicos que não me deixam esquecer. A esta altura, o alcóol já deveria estar sendo depurado, encaminhado para o fígado e....BLARGH. Lá se vão tantas moedinhas gastas em algo líquido que só me fez mal.

O que estava eu fazendo ali?

Vomitando, em um infecto banheiro de um hedionde recinto no interior de Minas. Tentando entender por que as coisas parecem ficar borradas em sua visão quando o volume de distribuição do alcóol atinge o patamar superior da meia-vida da....como é mesmo o nome daquele bicho, aquele que estava no laborá.....BLARGGGGGHHH.

Bile, só sai bile agora. Puta merda. E ainda preciso expurgar mais, expurgar minha alma. Expurgar minha existência, vil existência sendo o chato da festa. Ouço uma voz familiar me chamando por cima da porta do banheiro. Um de meus normais me avistou indo ter à reunião com o orelhão de louça, e partiu em meu encalço.

Muito consternado, me permito ser resgatado, transportado ao carro, passando a vergonha de ser o cara que não sabe beber, não sabe se divertir, e estraga tudo. meu anfitrião me leva até a casa, me larga ali e retorna ao covil dos normais que curtem tudo aquilo que para mim parece ser um círculo interno do inferno. Não sem antes rir de minha triste figura, evidentemente.

Cambaleio até a sala, tento beber alguma água para tentar me hidratar, uma vez que o efeito do álcool é desidratante, e a ressaca é causada por tal "ressecamento" cerebral. Mas a ânsia de devolvê-la para o exterior é mais forte que minha sede; corro para meu banheiro, vomito mais uma vez, nada sai, mas muito me contrai. Fico ali minutos, horas, nem sei, tentando entender algo. Tentando fazer algum sentido em ser eu esta coisa tão idiota, tão imbecil.

Depois de inumeráveis minutos ou momentos que não são exatamente mensuráveis, consigo me levantar e me dirigir para minha cama, onde me deito mas não encontro muito conforto. Ao meu redor, as paredes ainda giram. E minha cabeça não para de me destruir, de me recriminar. Idiota. Vai ficar um solteirão rabugento para sempre. Para sempre serás aquele que é o chato da festa, o que não pega nada e só chia, um rádio velho!! Ha ha ha.

Em momentos como este, me lembro e me conformo com o fato que aqui não pertenço, a este planeta de loucos, que uma pessoa deve se submeter a tal ritual do acasalamento se quiser obter algo. Se quiser não conversar sobre nada, se quiser ser bombardeado por sônicas ondas de inúteis sons emitidos por grandes caixas falantes. Se quiser se divertir, aparentemente.

Se quiser ser gente, segundo a concepção deles. Se quiser ser normal.

Não sou normal. É a última coisa que me lembro ter pensado naquela derradeira hora em que fianlmente, por algum golpe de misericórdia, meu cérebro resolveu se desativar, e tentar pôr um pouco de ordem em meus frangalhos internos, em meu estômago atormentado e meu ocupado fígado.

Não sou normal, e amanhã terei que escutar as jocosidades e recriminações de todos os normais, que se acotovelam em boates, se divertem em tais lugares; dali saem sempre com alguém a tiracolo, e se dão bem.

Não sou normal, de fato.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Moritude.

O que resta, depois da morte?

O que resta é quase nada, em especial quando a pessoa que morreu era alguém como ela, rico de espírito, pobre de dinheiros. Assisti a tudo calado, oferecendo com consternação e gravidade as condolências a todos os seus familiares. Anestesiado. Atordoado. Não sei. Não conseguia dizer quase nada além das inócuas sentenças típicas que constam em momentos como este.

Não me aproximei do esquife, entretanto. Desde que ouvi a notícia, desde que foi selada a sentença, minha última decisão consciente foi a de não ver a face sem vida, o corpo sem sentido, o ponto final. Ao menos isso eu devia a ela, não a ver depois que a vida ali deixasse de existir.

E o que mais existia agora?

Uma parte de mim caiu na gargalhada. Uma parte de mim sempre foi sarcástica e cruel. Mas ela estava longe de estar errada. Uma vida inteira, uma existência inteira, sabendo bem o que eu queria, o que eu deveria ter feito, o que deveria eu fazer.

Não fiz nada. Agora ali estava eu, trajando preto em uma terça feira à tarde. Anos, tantos anos depois de chegar a conclusão que eu sabia o que eu queria. Mas nada foi feito. Nada mudou.

Não soube, nem nunca saberei se ela também sabia. Se era algo além de simples desconfiança de minha parte, ou se era algo mais sério...será?

Nunca saberei. Não agora.

As pessoas continuavam a ir e vir, e eu continuava ali, em pé, absolutamente sozinho no meio de todas aquelas pessoas. Absolutamente sozinho, mesmo estando apenas a alguns passos dela. Mas não era mais ela que estava ali deitada em um ataúde. Era uma sombra do que havia sido.

Meus olhos subitamente me trairam e se voltaram para a direção dela, mas eu consegui afastá-los antes que vislumbrasse algo além das hécticas flores e do véu que cobria tudo.

Desde que eu soube, meus olhos se mantiveram secos, em um estranho estado de estupefação, creio eu. Tudo que havia em mim de esperança havia sido atirado ao chão, e seria enterrado juntamente com aquele corpo que ali estava deitado e inerte.

Se ela ali estivesse, ela estaria me enervando, "Seu fatalista, fatalista, pare com isso"

Fatalista? Longe de ser outra realidade, ainda mais agora. Quantas vezes na minha vida, em minha patética vida eu temi aquele momento, ainda mais ao longo de tantos arrastados anos que estive aqui neste mundo. Poucas foram as pessoas que obtiveram algum lugar tão especial em minha alma quanto aquela que ali estava sem estar. E agora...

Não sei. Não saberei.

Com ela quis estar, com ela queria eu trocar de lugar. E eu procederia, com sorrisos à mostra, com serenidade na mente. Mas não era possível barganhar tal coisa.

Me voltei para vislumbrar uma de suas irmãs, aos prantos perto do caixão. Nunca as conheci muito bem, as irmãs. Não sei se quem se aproximou ternamente dela e a afastou da visão da morte era seu marido, ou apenas alguém. Não sei.

Muitos minutos se passaram depois desta cena, a última que me lembro antes de ver algo se aproximando, algo rangendo. As rodinhas daquela coisa em que põem caixões por cima para transportá-los ao túmulo. Pude ouvir alguns choros se intensificando quando a coisa chegou. Vi homens desconhecidos tampando a última morada dela e a pondo por cima de tal carrinho.

Dentro de mim crescia algo, mas era além da dor. Era um grito. Eu podia sentir ele ecoando por dentro de todo o meu vazio. De toda minha obsolescência, minha covardia. Algo que não podia ser ignorado.

Neste momento, eu comecei a sentir as águas crescendo. Impróprio momento, evidentemente. Tentei me afastar mas minhas pernas não obedeceram, e eu fiquei ali plantado. Todo meu corpo se paralisou. O fúnebre cortejo começou a seguir as rangentes rodas, mas eu não fui. Não pude. Não conseguia me mover. Eu sentia as tórridas águas caindo em minhas roupas, mas eu não conseguia fazer mais nada além disso.

Eu estava sozinho, eu estava completamente sozinho.

Toda a minha inutilidade caiu sobre mim como chumbo, e eu dei alguns passos para trás. Senti uma parede, e me deixei escorrer para o chão, enterrando minha cara nos joelhos. O ranger era cada vez mais distante, mas eu não conseguia fazer nada além de ali ficar, inútil, inútil.

Mais nada havia ali. Nada.

Não mais ouvia o rangido, mas eu conseguia ovir o grito dentro de mim.

O que mais poderia eu fazer agora?

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Sastifassão.

Satisfação é ler quadrinhos. Principalmente quadrinhos com abordagens toscas, toscas abordagens. Vide Laerte, vide Angeli. Vide Niquel Náusea. Acho que em termos nacionais, estes são meus preferidos. Mas devo re-afirmar, com hífen e tudo, que Laerte continua sendo meu herói nacional. Continuo embassbacado com o cara.

Agora, em termos de vivências, propriamente ditas, quer um cara mais minha cara que Fernando Gonsales? Um biólogo bem-sucedido como cartunista. O meu sonho concretizado. Agora, em termos de tosqueira, Angeli bate muito, e bate forte. Desde que me tornei um ser mais monetariamente viável enquanto escravo, ando consumindo mais quadrinhos que nunca. E isto é bom, pois sempre precisamos de inspiração e exemplos.

Eu digo que estou sempre a trabalhar, mesmo quando aqui não estou a me escravizar, pois sendo esta minha nova(velha) ambição de vida, presumo que seja uma de minhas obrigações ficar antenado a tudo que se passa ao meu redor, e com outros caras que compartilham de minhas ditas afinidades. Portanto, quando estou aqui a ver milhares de quadrinhos nas internetis, eu estou também trabalhando, apesar de a união não aprovar.

Mas eu aprovo o foda-se! E fico aqui cogitando a satisfação que é criar algo de fato engraçado, usando exemplos reais e banais, mas que devidamente ilustrados, tornam-se verdadeiras jóias. Ao menos para nós, os que riscamos.

Satisfação é chegar em casa e trabalhar, e de fato render. Foda-se o tempo, foda-se o mau tempo. Foda-se a demora que levo para fazer algo, se gosto deste algo. Fodam-se os que acham que é apenas uma brincadeira o que existe em mim de mais sério...ou não. Não? Ah ha ha. Foda-se foda-se.

O importante é curtir. E ao mesmo tempo idiotizar ainda mais os idiotas ao meu redor, de forma ilustrada. E ainda escutar, "ah ah ah ha, que engraçado, eu conheço um cara que é assim" Eu também. VOCÊ. Sua anta. Ahahahahah.

Nada faz muito sentido, e tenho cansaço. Quero ferias da escravidão, para propriamente trabalhar, devidamente. Dito, dito. Feito, feito. Aguarde um mês, entretanto, pois os trâmites escravo...trabalhistas não nos permite liberação prévia.

Foda-se. o importante é que a concretização de Astolfo Rodolfo Pires Lemos de Sá agora existe, sim. Existe e vai existir, para sempre concretizado, devidamente ilustrado. Infelizmente não bem escaneado a ponto de aqui ilustrar o que acabo de escrever.

Mas existe, e isto me causa satisfação.

Quero férias, quero mais tiras. Férias. Tiras. Etisseteras. E tal.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Canseira.

Dias e dias se passam, feriados e finais de semanas, folgas e folgas, na medida do possível. Por mais que existam tais datas - abençoadas datas - de descanso, estou me sentindo completamente destruído por estes dias. É verdade que meus dias de folga se tornaram dias de trabalho, por assim dizer, trabalho propriamente dito, meu trabalho. Meus lápis, meus papéis, meus rabiscos. E não números inúteis e alheios espalhados em minha mesa, em minha tela...tela de monitor, do computador. Contabilidade. Tabelas de co-senos. Funcionários exemplares, a dar seu sangue para nunca, jamais serem reconhecidos pelos chefes. Salvo em horas que dá merda; nestas horas, você se torna uma celebridade instantânea no escrotório.

Enfim. Ando muito, mas muito cansado mesmo estes dias, e bem sei que é a mistura de uma vida dupla se iniciando, de fato. Ontem mesmo já agendei meu descanso, que infelizmente não será tão privilegiado como o de um amigo, que tem o curioso advento de ter férias contadas por dias úteis, e não corridos. Blá, enfim. Eu sou apenas um funcionário de enfeite desta repartição, bem o sei, e pretendo tentar mudar isto a partir destes dias. Aqui não dá para ser feliz, não mesmo.

Sei que agora, mais que nunca, a coisa depende de mim, e é algo muito estranho ter em mente tal constatação. Por que ando brigando comigo mesmo, mais que o de costume, para tentar sair fora desta subvida, sem entrar para a mamata medíocre das "férias privilegiadas" dos "púbicos" serviços brasilão das mamatas gerais afora. Algo que dependa de mim e de meu contínuo trabalho e esforço. Algo que venho tentando aplicar desde que venho tentando EXISTIR, enquanto este Buriol que sou; enquanto não-frango.

Mas afirmo que é díficil, bem difícil ter sucesso nessa empreitada, principalmente quando vocÊ de repente se vê com 33 anos e com a vida completamente estagnada. É como se eu estivesse acordando de um coma, e bem sabemos que não é de uma hora para outra que uma pessoa que sai de um coma volta a ser uma pessoa propriamente dita. Mesmo porque meu como foi auto-inflingido: por anos e anos estive tentando achar algum caminho de fuga deste caos que se tornou minha vida, minha cabeça, minha existência per se - e sem muito sucesso.

Porque, no final das contas, por mais que estivesse eu de coma induzido, eu tinha consciência, eu sabia e sei BEM o que eu precisaria fazer. O problema era fazê-lo. "The solution is the problem", de fato.

Não sei, ainda não sei se desse mato sirá algum cachorro, se dessa fonte beberei. Mas ando tentando fazer, acontecer. Eu devo isto a mim mesmo. Estou farto de me negar em minha essência e tentar viver a vida que outros planejaram para mim. Me tornei sozinho, imensamente sozinho, mas dono de mim mesmo, por assim dizer. E sabendo o que eu quero, irei mais uma vez tentar contornar tais coisas. Que seja pela última vez, que seja válido. Eu sinceramente prefiro a morte à mediocridade da vida frangal e fácil.

Mas há que vencer a mim mesmo, primeiro. Vencer-me, derrotar-me em meus mais obscuros aspectos, aqueles que me desafiam, me paralisam, me privam de criatividade e de vida propriamente dita. Por isso estou tirando férias, mas pretendo não descansar de meu trabalho. Trabalho, vejam bem, e não uma existência assalariada enquanto enfeite de contabilidade, peso de papel, artigo de luxo de escritório.

Enfim, que venha o tal "descanso", sem interrupções, sem hesitações. Que eu consiga fazer de mim algo que possa olhar no espelho sem ter ânsias de vômito. Que eu consiga fazer de mim algo que preste, algo que justifique minha existência. Algo que eu possa mostrar e me orgulhar. Não números alheios. Não metas inúteis. Não a esforços despendidos para nenhum reconhecimento no mundo dos alheios números, das vis somas, das obtusas mediocridades contábeis, tributáveis, isentas de ICMS, dedutíveis no PIS e no COFINS.

Algo que esteja traçado num papel, mas que eu não saiba o que é...ainda.

Que seja meu caminho, por fim.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Fé nunca mais!

Cá estou, segunda feira! E mais inteiro que julguei que fosse estar neste dia de hoje...Explico melhor. Hoje é a data posterior a um grande evento musical do final de semana, data em que os tios do Faith No More vieram nos visitar em esta roça imensa e asfaltada que é nossa metrópole.

Inicialmente minha irmã doida havia me afirmado que o show começaria as dez da noite no domingo, e eu já estava preparado para chegar aqui morto ou semi-morto. Felizmente não sei de onde a doida tirou que seria este hediondo horário: o show começou efetivamente as 20, sendo que eles mesmos só subiram ao palco lá pelas nove. Faziam anos, muitos anos em que eu não ia a um espetáculo de música, ainda mais de uma banda maior como FNM, mas como se diz - tudo que chega a tocar na roça grande de BH geralemente está no fim de carreira. Não sei bem se é o caso deles, uma vez que eles ficaram muito tempo separados, para enfim se reunirem no ano passado e entrarem em turnê mundial. Como costumo dizer, geralmente bandas que terminam e depois se "reconciliam" é por que estão sem dinheiro. Mas, enfim. Não vem ao caso.

O show foi fantástico, de fato. E marcou uma certa viagem no tempo pessoal. Quando FNM fez mais sucesso no Brasil, lá pelo início dos anos 90, eu estava morando num apartamento à Av. Bandeirantes, local que passamos por no caminho do show, e que me entregou a esta viagem no tempo pessoal na data de ontem. As músicas que na época fizeram mais sucesso aqui coincidiram com a queda do muro de Berlim, assunto abordado na data de hoje no jornal matinal. Achei que as coisas se encaixaram bem para completar a retrospectiva.

Minha irmã desde pirralha gostava da banda e ia comentando isto no caminho. De fato, Marcela desde nova já trazia grandes esperanças que não fosse ser mais uma patricinha inútil no mundo - eu me lembro dela com tipo cinco ou seis anos de idade e assistindo "Epic" na MTV, vibrando com as bocas e os olhos nas mãos flutuantes no clipe, e o piano explodindo no final. Marcela sempre esteve ligada no mundo da boa música, torcendo o nariz para os primórdios das boy-bands nos anos 90 e se antenando no bom rock - Pearl Jam, Nirvana, Faith No More, etc. Nada de músicas meia-boca.

O show foi no ex-Marista-Hall, que me transportou ainda mais no tempo, na época do colégio, em que estudei naquele local - época que a banda mais fez sucesso. Bons anos, os 90. De fato, de fato. Tem pessoas que se fixam musicalmente em alguma década, em alguma época. Eu me fixei nesta, e com razão, ao menos particulares. Enfim.

Fazia muito tempo que não assistia a um show de uma banda grande e de renome, e fiquei satisfeito com o que vi/ouvi. Existiram pobremas técnicos, sim - como a acústica um tanto abafada do recinto. Mas em geral, eu gostei muito. A seleção musical também me agradou muito, incluindo até uma versão ultra-canastra de "Evidence", cantada em um português muito avacalhado e incompreensível. Mike Patton, além de muita irreverência, demonstrou ter muita competência vocal também. E é é o vocalista mais carismático que já vi em um palco. A vocalização do cântico "porra, caralho", que foram inclusas em algumas finais("Ashes to Ashes" por exemplo) nas músicas comprovou isto. A galera estava em transe com o cara e com a banda. E com razão. A performance foi energética e invigorante.

Me fez muito bem ter ido no show. Foi o fechamento adequado a um final de semana um tanto chato, improdutivo. Me fez ter saudade dos palcos enquanto "performer" e enquanto apreciador de boas bandas e boa música também. Pena que aqui na roça gigante não possamos ter muitos destes exemplares presentes sempre. É necessário aproveitar quando eles aparecem.

Enfim, agora que venha a semana. Nem surdo eu estou devido ao meu patenteado truque de preservar seus zuvidos em shows...Que venha a porra da semana, e que eu dê conta de resolver o que tenho que resolver.