Alguns temas ficam mais em minha cabeça do que outros. Não são bem temas, pra ser sincero, mas coisas recorrentes. Assuntos que me intrigam, neste caso de mim para mim. E no caso, andei pensando sobre a vergonha, o medo de se expor. De mostrar coisas que faço.
Andei pensando nisto estes dias, desde que meu amigo robô outro dia veio a ter comigo dizendo que havia entendido em parte este meu dilema, quando pela primeira vez se viu assaltado por esta insegurança, depois de ter criado uma música. Bateu a dita cuja, a apreensão de mostrar pros outros. É, pra quem nunca sentiu tal coisa, de fato, não é uma experiência agradável.
Eu sei bem o que é isso, mas não sei precisar o motivo. Imagino muitas coisas, que vão desde alguns traumas enraizados muito tempo atrás até simples empáfia, vaidade, orgulho, e quejandos. Por que eu tenho auto-crítica ferrenha o suficiente para me ferrar nestas horas; mas mesmo assim, acho que é mais uma mistura de tudo.
Eu sempre, sempre fiz o que faço, ou seja, rabiscar. Desde que me lembro, eu passava horas e horas rabiscando papéis quando estava sozinho em casa, ou na escola, ou seja lá onde. No princípio nem me importava com nada, se alguém visse tava de boa. Nunca tive problemas. Creio que com o passar do tempo, alguma espécie de ambição cresceu em mim, não sei bem dizer. Eu queria ser foda no que fazia. Acho que foi algo assim.
A medida que o tempo passava, eu ia tentando melhorar, apesar da primeira desavença que podemos pessicologicamente chamar de "trauma" ter ocorrido quando eu tinha uns 9 ou 10 anos de idade, época que a criança aqui havia decidido que queria ser desenhista, como mandavam meus genes maternos e de meu avô materno. Mas houve alguém em minha família que se apressou em mandar um banho de água fria em mim, "essa porra não dá dinheiro, largue essa merda". Isso eu com 10 anos de idade.
De fato, dizem que devemos ter cuidado com o que falamos com crianças. De fato. Eu me lembro vivamente desta minha primeira decepção, do dia, da hora, tudo. Talvez a tal ambição que tenha me referido antes tenha vindo deste acontecimento, e nem possa ser chamada de ambição de fato. Mas sim uma teimosia, uma...necessidade de provar para a outra parte da discussão que ele estava errado. Que eu poderia fazer a diferença. Não sei se é isso, mas creio que foi um agravante. Os Burians sempre foram teimosos. Mesmo que tal parte não seja propriamente um de nós(Burian), dele faço parte, por assim dizer. Infelizmente.
A medida que fui crescendo, eu fui meio que acreditando no lado errado da coisa. Eu não evoluía, travei. Apesar de um lado meu querer continuar a desenhar, eu sentia que a pessoa estava com a razão, que eu realmente tinha que abandonar algo que não dava dinheiro e....dava tanto trabalho para resultados medíocres a meus olhos.
E a olhos de outrem, é verdade.
No segundo ano do segundo grau, eu desenhava histórias toscamente desenhadas que envolviam meus colegas e os professores. Eu me divertia com aquelas porcarias. Mas sabia que não era o melhor que poderia fazer: tentei levar meu desenho para outro lado, um pouco mais "maduro", mas falhei bem em continuar a prosseguir. Pois o desenho continuava o mesmo, apesar das histórias terem ficado maiores. Cheguei às 43 páginas ilustradas. Aí, no ano seguinte, após ter definitivamente desistido de entrar em uma faculdade de Belas Artes, após ter desistido também da medicina, eu comento o caso com um amigo meu, "desenhei uma história de mais de 40 páginas". Ele: "nó, doido. Mas é naqueles desenhos fudidos seus?"
Pra quê. Não quis nem mais saber de nada. Havia uma pequena porção de mim que queria ir de novo para a tal das Belas Artes, mas aí optei pela biologia. "Chega dessa merda. Vamos à realidade."
A realidade foi que anos depois, eu me encontrava num estado de depressão icomensurável. A biologia havia sido um fracasso completo. Eu já estava tendo que trabalhar com contabilidade ara ter algum dinheiro, ainda que miserável. E neste inteirim houve o outro grande baque. Eu, por algum motivo desconhecido, seja pela teimosia latente em mim desde aquela remota discussão aos dez anos de idade, ou seja lá por que - eu estava novamente tentando fazer alguns desenhos. Nesta época, eu havia feito minha primeira tatuagem e estava empolgado com a coisa. E em minha ingenuidade imbecil, havia arquitetado um "plano".
Eu mostraria para o tatuador que eu era bom no desenho, seria contratado para ser seu ajudante e disso viveria. Hu-há. Fácil assim. Pus-me a desenhar novamente, nos horários "vagos" da empresa, ou seja - nas horas normais de trampo que não tinha absolutamente nada para fazer, apesar de ter perguntado a todos os "superiores" ao meu redor.
Evidentemente, deu tudo errado. O cara odiou os desenhos, e fez questão de me reduzir a um menos que nada enquanto me dizia porquê. E no trampo, fui de certa forma caluniado para os chefes - "ele não trabalha, só fica desenhando". Tive que me explicar para o dono da empresa. Deu tudo errado, de fato.
Depois dessa, mais uma vez tornei à realidade - sou um bosta e desenho é um cu. Algo que não serve pra nada, só rende dissabores e faz falta quando não o faço. Grande merda isso.
Bem, irei continuar a epopéia amanhã. Tenham um tiquinho de paciência, ou tenha um pouquinho de paciência. Parece que só o Robô tem lido ultimamente minhas muralhas de lamentações. Enfim, fazer o quê.
Andei pensando nisto estes dias, desde que meu amigo robô outro dia veio a ter comigo dizendo que havia entendido em parte este meu dilema, quando pela primeira vez se viu assaltado por esta insegurança, depois de ter criado uma música. Bateu a dita cuja, a apreensão de mostrar pros outros. É, pra quem nunca sentiu tal coisa, de fato, não é uma experiência agradável.
Eu sei bem o que é isso, mas não sei precisar o motivo. Imagino muitas coisas, que vão desde alguns traumas enraizados muito tempo atrás até simples empáfia, vaidade, orgulho, e quejandos. Por que eu tenho auto-crítica ferrenha o suficiente para me ferrar nestas horas; mas mesmo assim, acho que é mais uma mistura de tudo.
Eu sempre, sempre fiz o que faço, ou seja, rabiscar. Desde que me lembro, eu passava horas e horas rabiscando papéis quando estava sozinho em casa, ou na escola, ou seja lá onde. No princípio nem me importava com nada, se alguém visse tava de boa. Nunca tive problemas. Creio que com o passar do tempo, alguma espécie de ambição cresceu em mim, não sei bem dizer. Eu queria ser foda no que fazia. Acho que foi algo assim.
A medida que o tempo passava, eu ia tentando melhorar, apesar da primeira desavença que podemos pessicologicamente chamar de "trauma" ter ocorrido quando eu tinha uns 9 ou 10 anos de idade, época que a criança aqui havia decidido que queria ser desenhista, como mandavam meus genes maternos e de meu avô materno. Mas houve alguém em minha família que se apressou em mandar um banho de água fria em mim, "essa porra não dá dinheiro, largue essa merda". Isso eu com 10 anos de idade.
De fato, dizem que devemos ter cuidado com o que falamos com crianças. De fato. Eu me lembro vivamente desta minha primeira decepção, do dia, da hora, tudo. Talvez a tal ambição que tenha me referido antes tenha vindo deste acontecimento, e nem possa ser chamada de ambição de fato. Mas sim uma teimosia, uma...necessidade de provar para a outra parte da discussão que ele estava errado. Que eu poderia fazer a diferença. Não sei se é isso, mas creio que foi um agravante. Os Burians sempre foram teimosos. Mesmo que tal parte não seja propriamente um de nós(Burian), dele faço parte, por assim dizer. Infelizmente.
A medida que fui crescendo, eu fui meio que acreditando no lado errado da coisa. Eu não evoluía, travei. Apesar de um lado meu querer continuar a desenhar, eu sentia que a pessoa estava com a razão, que eu realmente tinha que abandonar algo que não dava dinheiro e....dava tanto trabalho para resultados medíocres a meus olhos.
E a olhos de outrem, é verdade.
No segundo ano do segundo grau, eu desenhava histórias toscamente desenhadas que envolviam meus colegas e os professores. Eu me divertia com aquelas porcarias. Mas sabia que não era o melhor que poderia fazer: tentei levar meu desenho para outro lado, um pouco mais "maduro", mas falhei bem em continuar a prosseguir. Pois o desenho continuava o mesmo, apesar das histórias terem ficado maiores. Cheguei às 43 páginas ilustradas. Aí, no ano seguinte, após ter definitivamente desistido de entrar em uma faculdade de Belas Artes, após ter desistido também da medicina, eu comento o caso com um amigo meu, "desenhei uma história de mais de 40 páginas". Ele: "nó, doido. Mas é naqueles desenhos fudidos seus?"
Pra quê. Não quis nem mais saber de nada. Havia uma pequena porção de mim que queria ir de novo para a tal das Belas Artes, mas aí optei pela biologia. "Chega dessa merda. Vamos à realidade."
A realidade foi que anos depois, eu me encontrava num estado de depressão icomensurável. A biologia havia sido um fracasso completo. Eu já estava tendo que trabalhar com contabilidade ara ter algum dinheiro, ainda que miserável. E neste inteirim houve o outro grande baque. Eu, por algum motivo desconhecido, seja pela teimosia latente em mim desde aquela remota discussão aos dez anos de idade, ou seja lá por que - eu estava novamente tentando fazer alguns desenhos. Nesta época, eu havia feito minha primeira tatuagem e estava empolgado com a coisa. E em minha ingenuidade imbecil, havia arquitetado um "plano".
Eu mostraria para o tatuador que eu era bom no desenho, seria contratado para ser seu ajudante e disso viveria. Hu-há. Fácil assim. Pus-me a desenhar novamente, nos horários "vagos" da empresa, ou seja - nas horas normais de trampo que não tinha absolutamente nada para fazer, apesar de ter perguntado a todos os "superiores" ao meu redor.
Evidentemente, deu tudo errado. O cara odiou os desenhos, e fez questão de me reduzir a um menos que nada enquanto me dizia porquê. E no trampo, fui de certa forma caluniado para os chefes - "ele não trabalha, só fica desenhando". Tive que me explicar para o dono da empresa. Deu tudo errado, de fato.
Depois dessa, mais uma vez tornei à realidade - sou um bosta e desenho é um cu. Algo que não serve pra nada, só rende dissabores e faz falta quando não o faço. Grande merda isso.
Bem, irei continuar a epopéia amanhã. Tenham um tiquinho de paciência, ou tenha um pouquinho de paciência. Parece que só o Robô tem lido ultimamente minhas muralhas de lamentações. Enfim, fazer o quê.