Tem dias que, logo ao acordar, já sei que vai dar tudo errado. Tá certo, este é o pensamento reinante neste cabeção todo e qualquer dia do ano, da semana, do mês, etc, mas não é o caso contemplado hoje. Tem dias, que logo ao acordar, você sabe.
Sabe que o dia será uma merda. Completa, total.
Hoje acordei com essa sensação. Sem ter motivo algum além dos triviais, para se ter este humor do capeta, eu tive esta sensação. Possa ser que esteja errado, eu mesmo quero que esteja errado, pois não quero estar extremamente mau-humorado neste dia de hoje. Já me encontro cansado o suficiente, a ponto de me sentir como geléia na hora de levantar da cama. Tudo em câmera lenta, e pacinência zero para picuinhas tradicionais.
Chegando aqui neste antro de nada, a sensação se amenizou um tanto, mas mesmo assim parece-me que o dia será lento, extremamente lento, no passar das horas, dez horas que devo aqui estar preenchendo esta cadeira e aqui permanecendo, por horas. Horas. Horas. Dez delas. Sem fazer nada que realmente me apeteça ou me incite ou valha de alguma coisa. Números, números, estrondosos números, icomensuráveis números, números.
Fazem-me rir de meu número. Que esteve mirrando ainda mais para fomentar o outro lado, o lado da esperança de algum dia me ver livre de tais visões, números, números, números, malditos números, malditos sejam todos aqueles que por eles nutram alguma sentimento, além do seu mirrad número em comparação com estes números que tanto alentam, tanto passeiam por contas e trâmites e caem em outra conta, esta que nunca sabe de fato seu valor.
Pare, pare, cale-se,cale-se. E ainda me perguntam por que sou sozinho. Por que devo ser sozinho. Por dias, nem eu mesmo dou conta de tanta rabugentice, tanto mau humor, tanta idiotice, tanta burrice e imbecilidade reunida num só ser. O maior favor que faço a todas as mulheres é me manter distante delas, o maior favor que faço aos homens é morrer sem deixar descendentes, semente do demônio esta, que nunca germinará em terra alguma, nunca.
Dias de cão. Eles existem, e muito me apoquentam. Desde seu primórdio.
E dizem que deles não devemos escrever, não devemos fomentar. Ah. Pimento no cu dos outros é refresco, já dizia o Sargento Getúlio, meu herói. Quem além de mim mesmo vai se importar.