segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Fé nunca mais!

Cá estou, segunda feira! E mais inteiro que julguei que fosse estar neste dia de hoje...Explico melhor. Hoje é a data posterior a um grande evento musical do final de semana, data em que os tios do Faith No More vieram nos visitar em esta roça imensa e asfaltada que é nossa metrópole.

Inicialmente minha irmã doida havia me afirmado que o show começaria as dez da noite no domingo, e eu já estava preparado para chegar aqui morto ou semi-morto. Felizmente não sei de onde a doida tirou que seria este hediondo horário: o show começou efetivamente as 20, sendo que eles mesmos só subiram ao palco lá pelas nove. Faziam anos, muitos anos em que eu não ia a um espetáculo de música, ainda mais de uma banda maior como FNM, mas como se diz - tudo que chega a tocar na roça grande de BH geralemente está no fim de carreira. Não sei bem se é o caso deles, uma vez que eles ficaram muito tempo separados, para enfim se reunirem no ano passado e entrarem em turnê mundial. Como costumo dizer, geralmente bandas que terminam e depois se "reconciliam" é por que estão sem dinheiro. Mas, enfim. Não vem ao caso.

O show foi fantástico, de fato. E marcou uma certa viagem no tempo pessoal. Quando FNM fez mais sucesso no Brasil, lá pelo início dos anos 90, eu estava morando num apartamento à Av. Bandeirantes, local que passamos por no caminho do show, e que me entregou a esta viagem no tempo pessoal na data de ontem. As músicas que na época fizeram mais sucesso aqui coincidiram com a queda do muro de Berlim, assunto abordado na data de hoje no jornal matinal. Achei que as coisas se encaixaram bem para completar a retrospectiva.

Minha irmã desde pirralha gostava da banda e ia comentando isto no caminho. De fato, Marcela desde nova já trazia grandes esperanças que não fosse ser mais uma patricinha inútil no mundo - eu me lembro dela com tipo cinco ou seis anos de idade e assistindo "Epic" na MTV, vibrando com as bocas e os olhos nas mãos flutuantes no clipe, e o piano explodindo no final. Marcela sempre esteve ligada no mundo da boa música, torcendo o nariz para os primórdios das boy-bands nos anos 90 e se antenando no bom rock - Pearl Jam, Nirvana, Faith No More, etc. Nada de músicas meia-boca.

O show foi no ex-Marista-Hall, que me transportou ainda mais no tempo, na época do colégio, em que estudei naquele local - época que a banda mais fez sucesso. Bons anos, os 90. De fato, de fato. Tem pessoas que se fixam musicalmente em alguma década, em alguma época. Eu me fixei nesta, e com razão, ao menos particulares. Enfim.

Fazia muito tempo que não assistia a um show de uma banda grande e de renome, e fiquei satisfeito com o que vi/ouvi. Existiram pobremas técnicos, sim - como a acústica um tanto abafada do recinto. Mas em geral, eu gostei muito. A seleção musical também me agradou muito, incluindo até uma versão ultra-canastra de "Evidence", cantada em um português muito avacalhado e incompreensível. Mike Patton, além de muita irreverência, demonstrou ter muita competência vocal também. E é é o vocalista mais carismático que já vi em um palco. A vocalização do cântico "porra, caralho", que foram inclusas em algumas finais("Ashes to Ashes" por exemplo) nas músicas comprovou isto. A galera estava em transe com o cara e com a banda. E com razão. A performance foi energética e invigorante.

Me fez muito bem ter ido no show. Foi o fechamento adequado a um final de semana um tanto chato, improdutivo. Me fez ter saudade dos palcos enquanto "performer" e enquanto apreciador de boas bandas e boa música também. Pena que aqui na roça gigante não possamos ter muitos destes exemplares presentes sempre. É necessário aproveitar quando eles aparecem.

Enfim, agora que venha a semana. Nem surdo eu estou devido ao meu patenteado truque de preservar seus zuvidos em shows...Que venha a porra da semana, e que eu dê conta de resolver o que tenho que resolver.