Manhã, de novo, manhã.
Eu, que já nela me encontrava desde às quatro da matina, por indefinível insônia, me levantei e fui cuidar de meus afazeres matinais, desta vez sem a presença daquela que me pôs no mundo; eis que ela se encontra em outras paragens, encarando viagens, visitando seu irmão, que longe de Minas se instalou, Campinas, campinas. No meio da grande Sumpaulo, campinas? Irônico dizer, irônico de ser.
Há que se comer, o pequeno-almoço português fazer, consumir, beber. Ovo quente, dia sim dia não, colesterol saudável de menos, albumina de mais? Nem mais sei dizer, eu que sou biológo sem o ser. Com azeite, com pimenta, seca pimenta, não às malaguetas, viva o reino, o reino. Escutar o chiado agradável da cafeteira, com seu líquido suco de acordar por passar, passando, passou. Entornar, café, entornar na caneca, mascavo açúcar misturar, e na posse de tal infusão dali me retirar.
Manhã. Bela manhã que se estende além de minha vista, apesar dos pesares, apesar de meu pesar, de ser o que sou e não o que querem que seja, alvo de tudo e todos, alvo na pele e nas descoradas íris que sempre me acompanharam. Alvo, de mim mesmo. Acender-me uma combinação letal de fumo e palha, saborear a sublime, estranha, abjeta combinação. Cai bem, vai muito bem, na insone manhã presente diante desstas retinas, tão malfadadas retinas, que enxergam tal beleza mas nem sempre as demais sutilezas, as demais espertezas, de ser o que se é sem disso se importar, sem disso fazer copo d'água onde reinam tempestades, tão ilusórias, tão fúteis, tão insalubres.
Beber e aspirar, baforar. Contemplar a pintura que minha vista me proporciona, de meus olhos e de minha janela, que até conseguem enxergar, mais adiante, além da cidade e seus muros e prédios, a Administrativa Cidade que meu ilustre vizinho postiço ali construiu, meses atrás, e que fui me dar conta semanas atrás. Estender a visão, com lentes e adereços, para saber que o endereço daquele lugar ali existe, ali pode ser visto, a quem quiser comprovar.
Manhã, com cores e ares, matizes e matrizes, que se estende por todos os lados. Mais um gole, mais uma careta, mais uma fumaça que de mim se esvai, juntamente com minha saúde, minha determinação de não mais o fazer. Esquecer, anular. Arrotar, levemente, soando sonante, por todos os lados do vazio recinto em que me encontro, reduto irredutível de minha teimosia, deste ensaiado, fingido estoicismo que teima em comparecer nesta genética compleição, nesta familía de loucos que parece tão normal, tão serena, tão afortunada aos olhos de outrem. Suspirar. Encerrar a bebida, terminar o consumo destes dois agentes, tão presentes, tão oniscientes, na vida deste louco que ali reside, que ali se esconde.
Atender ao chamado fisiológico da natureza, aliviar a pressão, tirar água do joelho, ao banheiro entrar, e não se olhar, pois espelho não existe ali, apesar de em algum lugar do sótão ele estar escondido, esquecido, empoeirado, envelhecido. Brigar consigo mesmo dá nisto, ojeriza a este que tanto me persegue, que tanto me retrocede. Apesar dos pesares, apesar dos olhares, apesar disto e daquilo. Não gostar deste inimigo, não gostar de sua cara, de seu olhar, de seu lugar inconfundível na paisagem lunar em que reside este inquieto espírito, este patético selenita, que tanto busca seu lugar mas não o consegue encontrar. Blah blah blah.
De meu lar me retirar, bater em retirada, há que se trabalhar, que suar, que fazer valer o pão meu de cada dia que consumo diante de toda esta humanidade, direito aos olhos de outrem, errado aos olhos do inimigo. Música! Em meus ouvidos, músicas, melodias, quase sinfonias, roqueiras, pauleiras, pela manhã afora escutar, calar esta mente que tanto pensa, merda após merda, joça após jossa, como dizem, uns e outros. Música! Pela manhã adentro, pela pintura que se estende diante de meus olhos, me salvar, de mim mesmo. Me fazer esquecer, aquilo que teima em morrer.
Manhã, bela manhã, bela montanha, belo canto do mundo é este que reside este ser que canta sem cantar, que mímicas faz, que dança conforme sua música, tentando ignorar as alheias sinfonias, atonais, estranhas, bizarras, música do mundo. Bela montanha, belos pedaços de nuvens que naqueles picos se enroscam, tal qual uma etérea vestimenta que se desprende do corpo de imaginária pessoa, imaginária mulher. Evereste, meu evereste, que ali existe, tão longe, tão perto, tão real, tão surreal, sendo sem ser, mas muito torturando aquele que quer ser. Inacessível, inatingível, intangível.
Encontrar-me, com aquela que esteve sumida, que parece-me ter feito de mim semelhante montanha, inatingível façanha, para aqueles que nestes picos de pouca sanidade querem chegar. Muito conversar, muito realizar, novidades a se trocar. Saúde e a falta dela, superiores e inferiores cursos a se cursar, a estar cursando, sem nem mesmo saber por quê. Artes e partes, nem sempre aceitáveis, nem sempre palatáveis. Sombrias confissões fazer, e dela escutar semelhantes relatos, viagem afora, manhã adentro.
Despedir-mo-nos, com a certeza de ali voltar a nos ver, a tentar nos conhecer, mesmo que sem ser pelos motivos que me querem fazer, que me propõem fazer, que me propõem ser. Não ser. Não ser, não saber. Não é ali, infelizmente, que se encontra o Evereste, este pico nada salutar em que homens como eu se propôem a conhecer, nunca conhecendo, nunca saboreando, nunca dele se esquecendo, dias e dias, horas e horas, minutos e segundos, vida afora, manhã adentro. Não é o Evereste, não sou cafajeste, por assim dizer, não uso apenas por usar, não escalo aquilo que não quero, que não almejo, em minha torta essência.
Fingir, ter de fingir, que está tudo bem, que está tudo azul, neste tom de azul que somente Van Gogh soube imaginar, soube realizar, sem que nem ao menos valor lhe dessem em vida, mas grandes monetários serem por ele negociados, por seu azul, por toda sua vida, que poderia ter sido e que não foi, negada por eles, e agora almejada, após sua morte. Grandes ironias, grandes sarcasmos da vida, esta desconhecida. Bom dia a todos, boa manhã, bela manhã esta que nos circunda, não? Sorrir, exibir dentes, gengivas, mastigar o mofado pão que ali no armário se embolorou, apesar dos pesares, apesar dos lugares. Sorver o chafé, fraca infusão que me é ofertada por ser este ser, que tanto se esconde, que tanto não existe, manhã afora, vida adentro.
E continuar, para sempre continuar, sem ao menos saber por quê, sem nem ao menos saber pra quê. Nunca para mim, sempre para eles, sempre aos olhos deles, nunca aos olhos do pior dos inimigos, que somos nós mesmos, por vezes.
Pelas manhãs afora. Até que a noite nos arrebate e o sono venha, sem que nem ao menos isto possamos contar, em dias como este, em vidas como esta, em erradas cabeças como esta, que a tudo vêem. tudo têm e nunca disto se dão conta, aparentemente, insapiente.
Manhã, bela manhã. Aos meus errados olhos e aos olhos alheios, que comigo tanto brigam, tanto se revoltam, tanto tentam fazer de mim...algo que não sou.
Até amanhã.
Eu, que já nela me encontrava desde às quatro da matina, por indefinível insônia, me levantei e fui cuidar de meus afazeres matinais, desta vez sem a presença daquela que me pôs no mundo; eis que ela se encontra em outras paragens, encarando viagens, visitando seu irmão, que longe de Minas se instalou, Campinas, campinas. No meio da grande Sumpaulo, campinas? Irônico dizer, irônico de ser.
Há que se comer, o pequeno-almoço português fazer, consumir, beber. Ovo quente, dia sim dia não, colesterol saudável de menos, albumina de mais? Nem mais sei dizer, eu que sou biológo sem o ser. Com azeite, com pimenta, seca pimenta, não às malaguetas, viva o reino, o reino. Escutar o chiado agradável da cafeteira, com seu líquido suco de acordar por passar, passando, passou. Entornar, café, entornar na caneca, mascavo açúcar misturar, e na posse de tal infusão dali me retirar.
Manhã. Bela manhã que se estende além de minha vista, apesar dos pesares, apesar de meu pesar, de ser o que sou e não o que querem que seja, alvo de tudo e todos, alvo na pele e nas descoradas íris que sempre me acompanharam. Alvo, de mim mesmo. Acender-me uma combinação letal de fumo e palha, saborear a sublime, estranha, abjeta combinação. Cai bem, vai muito bem, na insone manhã presente diante desstas retinas, tão malfadadas retinas, que enxergam tal beleza mas nem sempre as demais sutilezas, as demais espertezas, de ser o que se é sem disso se importar, sem disso fazer copo d'água onde reinam tempestades, tão ilusórias, tão fúteis, tão insalubres.
Beber e aspirar, baforar. Contemplar a pintura que minha vista me proporciona, de meus olhos e de minha janela, que até conseguem enxergar, mais adiante, além da cidade e seus muros e prédios, a Administrativa Cidade que meu ilustre vizinho postiço ali construiu, meses atrás, e que fui me dar conta semanas atrás. Estender a visão, com lentes e adereços, para saber que o endereço daquele lugar ali existe, ali pode ser visto, a quem quiser comprovar.
Manhã, com cores e ares, matizes e matrizes, que se estende por todos os lados. Mais um gole, mais uma careta, mais uma fumaça que de mim se esvai, juntamente com minha saúde, minha determinação de não mais o fazer. Esquecer, anular. Arrotar, levemente, soando sonante, por todos os lados do vazio recinto em que me encontro, reduto irredutível de minha teimosia, deste ensaiado, fingido estoicismo que teima em comparecer nesta genética compleição, nesta familía de loucos que parece tão normal, tão serena, tão afortunada aos olhos de outrem. Suspirar. Encerrar a bebida, terminar o consumo destes dois agentes, tão presentes, tão oniscientes, na vida deste louco que ali reside, que ali se esconde.
Atender ao chamado fisiológico da natureza, aliviar a pressão, tirar água do joelho, ao banheiro entrar, e não se olhar, pois espelho não existe ali, apesar de em algum lugar do sótão ele estar escondido, esquecido, empoeirado, envelhecido. Brigar consigo mesmo dá nisto, ojeriza a este que tanto me persegue, que tanto me retrocede. Apesar dos pesares, apesar dos olhares, apesar disto e daquilo. Não gostar deste inimigo, não gostar de sua cara, de seu olhar, de seu lugar inconfundível na paisagem lunar em que reside este inquieto espírito, este patético selenita, que tanto busca seu lugar mas não o consegue encontrar. Blah blah blah.
De meu lar me retirar, bater em retirada, há que se trabalhar, que suar, que fazer valer o pão meu de cada dia que consumo diante de toda esta humanidade, direito aos olhos de outrem, errado aos olhos do inimigo. Música! Em meus ouvidos, músicas, melodias, quase sinfonias, roqueiras, pauleiras, pela manhã afora escutar, calar esta mente que tanto pensa, merda após merda, joça após jossa, como dizem, uns e outros. Música! Pela manhã adentro, pela pintura que se estende diante de meus olhos, me salvar, de mim mesmo. Me fazer esquecer, aquilo que teima em morrer.
Manhã, bela manhã, bela montanha, belo canto do mundo é este que reside este ser que canta sem cantar, que mímicas faz, que dança conforme sua música, tentando ignorar as alheias sinfonias, atonais, estranhas, bizarras, música do mundo. Bela montanha, belos pedaços de nuvens que naqueles picos se enroscam, tal qual uma etérea vestimenta que se desprende do corpo de imaginária pessoa, imaginária mulher. Evereste, meu evereste, que ali existe, tão longe, tão perto, tão real, tão surreal, sendo sem ser, mas muito torturando aquele que quer ser. Inacessível, inatingível, intangível.
Encontrar-me, com aquela que esteve sumida, que parece-me ter feito de mim semelhante montanha, inatingível façanha, para aqueles que nestes picos de pouca sanidade querem chegar. Muito conversar, muito realizar, novidades a se trocar. Saúde e a falta dela, superiores e inferiores cursos a se cursar, a estar cursando, sem nem mesmo saber por quê. Artes e partes, nem sempre aceitáveis, nem sempre palatáveis. Sombrias confissões fazer, e dela escutar semelhantes relatos, viagem afora, manhã adentro.
Despedir-mo-nos, com a certeza de ali voltar a nos ver, a tentar nos conhecer, mesmo que sem ser pelos motivos que me querem fazer, que me propõem fazer, que me propõem ser. Não ser. Não ser, não saber. Não é ali, infelizmente, que se encontra o Evereste, este pico nada salutar em que homens como eu se propôem a conhecer, nunca conhecendo, nunca saboreando, nunca dele se esquecendo, dias e dias, horas e horas, minutos e segundos, vida afora, manhã adentro. Não é o Evereste, não sou cafajeste, por assim dizer, não uso apenas por usar, não escalo aquilo que não quero, que não almejo, em minha torta essência.
Fingir, ter de fingir, que está tudo bem, que está tudo azul, neste tom de azul que somente Van Gogh soube imaginar, soube realizar, sem que nem ao menos valor lhe dessem em vida, mas grandes monetários serem por ele negociados, por seu azul, por toda sua vida, que poderia ter sido e que não foi, negada por eles, e agora almejada, após sua morte. Grandes ironias, grandes sarcasmos da vida, esta desconhecida. Bom dia a todos, boa manhã, bela manhã esta que nos circunda, não? Sorrir, exibir dentes, gengivas, mastigar o mofado pão que ali no armário se embolorou, apesar dos pesares, apesar dos lugares. Sorver o chafé, fraca infusão que me é ofertada por ser este ser, que tanto se esconde, que tanto não existe, manhã afora, vida adentro.
E continuar, para sempre continuar, sem ao menos saber por quê, sem nem ao menos saber pra quê. Nunca para mim, sempre para eles, sempre aos olhos deles, nunca aos olhos do pior dos inimigos, que somos nós mesmos, por vezes.
Pelas manhãs afora. Até que a noite nos arrebate e o sono venha, sem que nem ao menos isto possamos contar, em dias como este, em vidas como esta, em erradas cabeças como esta, que a tudo vêem. tudo têm e nunca disto se dão conta, aparentemente, insapiente.
Manhã, bela manhã. Aos meus errados olhos e aos olhos alheios, que comigo tanto brigam, tanto se revoltam, tanto tentam fazer de mim...algo que não sou.
Até amanhã.