segunda-feira, 11 de abril de 2011

O psicopata ausente.

Curioso. Chego aqui neste antro de rotina pós-escravocrata-moderna, e me deparo com um bando de frangos, todos com olhos vidrados na pequena tela de quatorze ou menos polegadas de arcaico aparelho televisivo, todos mui atentos às palavras e imagens ali proferidas e difundidas, uma ou outra, tanto faz. Todos, todas, indignados, aterrorizados com as imagens, depoimentos, sobre a mais nova coqueluche dos telejornais do nosso paíseco de merda. Falo do massacre realizado em escola pública a la Columbine; nossa versão tupiniquim do massacre é agora difundida por todos os lados.

Eu, em minha típica conformidade inconformista de toda segunda feira, quase três semanas sem dormir direito, com vários problemas particulares e familiares me infernizando os dias, olhei aquilo, aquele bando de idiotas boquiabertos diante da exploração da mídia por cima da dor alheia, da incongruência humana, da publicação do desastre, de tudo mais, me senti com ímpetos de re-encenar, na prática, tal atentado, ali na cozinha. Livrar o mundo de alguns frangos. E depois estourar minha insone cabeça.

Sim. Que mau humor, que coisa terrível de se dizer, seu cínico, seu maldoso, seu pecador! Quem é você para julgar os outros, tu que fazes o que não deve, que propaga o mau humor, que se esconde do mundo, etc etc e tal?

Grandes merdas ser adevogado, como diz o refrão do trote divulgado na internet anos atrás. Bem sei que jamais faria tal coisa. Mas tenho imaginação, muita imaginação, e tenho raiva, muita raiva, tenho vontades que jamais farei, tenho ganas que jamais darei asas. Como diz outro poular "deitado", que atire a primeira pedra o que jamais matou outrem em imaginação, em momentos que amis pura raiva fez com que os dentes rilhassem de ódio. Se algum hipócrita se apresentar, creio que poderei matá-lo sem maiores problemas. Uma junta de mil e quinhentos "assassinos hipotéticos" me isentará da culpa. Alegarei legítima defesa perante o conjunto vazio que é um ser humano que jamais sentiu raiva, jamais sentiu-se frustrado.

Como é bom ter esta faculdade, poder fazer churrasco de frango sem chegar mesmo a mover sequer um dedo, sem ter que se impor ao julgamento da nação e se submeter às sanções da lei. Dia outro, cá esteve um amigo que nem mais bem sei por que assim ainda o chamo, "amigo", a me fazer chacota, me humilhar perante os outros funcionários de seu império de merda. Enquanto dizia seus impropérios, matei-o mentalmente umas três vezes, cada qual de maneira mais criativa que outra, enfiando sua cara no vidro estilhaçado por seu corpo, segurando sua cabeça e enfiando-a no monitos ligado à minha frente, quebrando um teclado em suas fuças, e...

Céus, todos dirão. Céus, todos se horrorizarão. E irão me tachar de louco, de psicopata latente, de ameaça à sociedade. Quanto tempo mais levará para semelhante Noiado levar a cabo suas fantasias psicóticas, matar gente, fazer o caos na terra?

O tempo de uma vida, presumo. O tempo de minha vida. Não se apoquentem com pouca coisa. Já diz outro "velho deitado", cão que ladra não morde. E lá quero eu me acabar de tal forma? Quero eu ser caçado como um animal, quero eu tentar amenizar o inferno dos outros? Não consigo sequer amenizar minha própria existência inútil.

Não se preocupem. São apenas sintomas de excessiva insônia, de auto-censura e auto-cobrança em demasia. De uma vida toda que podia ter sido e que não foi. Apenas devaneios de um ser risível.

E continuemos, avançemos sabe-se lá para onde.