quinta-feira, 7 de abril de 2011

Nada.

Puta merda. Lá fora, bombas retumbam, o mundo urde, alguma coisa, algo acontece, em todos os lados, em todos locais. Dizer que a vida é estática é inútil; por mais parada que seja, tudo acontece, ao mesmo tempo, agora.

Problemas, todos temos, todos nos afligimos, todos sentimos.

Uns mais, uns menos, e a justiça, cega, surda, muda, parece agir contra nós, contra todos, a não ser aqueles que nunca sequer nem pensaram antes de agir, não pensam antes de agir, não vivem. Mastigam notas de cem euros, acendem seus charutos com folhas autênticas de fumo de Cuba, charutos da mais fina procedência, águas minerais que custam seu fígado, apesar dele não ser corrompido por tais aquáticas cousas.

Absurdos. Permeiam a vida, citam as leis do universo, científicas ou não. O que sabemos nós, a respeito da vida, se conhecemos apenas esta porção ínfima desta imensidão negra salpicada de pequenos pontos, brilhantes pontos, ofuscantes belezas, por nós nunca vistas, jamais avistadas. Deus? Ciência? Motivos? Alguém, ninguém saberá dizer, nada somos, nunca fomos, nunca seremos.

E vivemos, vivemos...sem saber para onde, para quê....sabendo unicamente que um dia não mais desempenharemos tal função...e tanto faz, tanto fez, para tantos; para outros, há que se fazer valer, o tempo emprestado, a razão de ser, viva! Alguns de nós, entretanto, nada sabem sobre a vida. Nada sabem sobre nada. A vida se torna algo inócuo, desprovido de nada, ainda que seja tudo. Dia após dia, nada parece ser aquilo que deveria ser. E passam, passam, não fazem nada, não podem fazer nada. O que é o nada por cima de uma fração tão infinitesimalmente pequena de tempo, o que é toda uma vida em relação a números tão absurdamente grandes que nos afirmam ser a existência de tudo mais...?

E por todos os lados, tudo acontece, tudo aquilo que não sabemos, e mesmo as parcas coisas que conhecemos e achamos entender. Acontece. E tentando entender, tentando ser os primeiros, os mais sabidos, entramos no maior rol de miséria jamais visto, tanta arrogância, tamanha necessidade de provar a estupidez alheia, ainda que ninguém entenda nada, saiba de nada.

O nada tomou conta do mundo, dos homens. Todos ignoram, todos tentam ignorar. Todos tentam provar que são eles os detentores da razão. Mas quem possui a razão diante do nada? Quem levará o troféu de detentor da verdade? Quem levará para a morte a glória que obteve na vida, efêmera vitória, o tempo, inexorável, passa. Passará. Tudo carregará, sabe-se lá para onde.

Dizem muita coisa, do que sabem?

Digo muita coisa, o que sei?