terça-feira, 19 de outubro de 2010

Escrita e dados perdidos.

Escreve, escreva, não me importo, escreva. Escrito na parede, no abismo da parede do quarto sem teto, sem forro, sem aquecimento, sem telhado, sem eu, sem você, escreva. Máquinas de escrever, estas não mais existem, mas funcionam como tal, estas máquinas modernas, conectadas aos tubos globais, internetais, que tanto unem as pessoas, mantendo-as distantes.

Existem, existem, seres como eu, como você, como nós, por aí, por ali, por este planeta? O que fazer para encontrá-los, além de aqui estar, digitar, fazer contabilidades, senos, co-senos, co-secantes, co-molhantes, parábolas, forças de Van der Waals, móleculas de trítio, sódio, deutério, deuterostômios, protostômis e quejandos.

Quantas palavras difíceis acumuladas de tempos remotos, nerd da pré-escola, pré-faculdade, pré-faz de conta ou simplesmente FAE de conta, como bem o verifiquei com estes olhos que a terra há de fagocitar.

Pois, os lisossomos combinaram-se ao retículo endoplasmático rugoso e seus tantos ribossomos, a fim de sintetizarem proteínas vitais ao funcionamento da célula eucarionte, para depois serem tolhidas ao direito da vida, fixadas em uma placa para o ensino medianamente estúpido de alguma aula de citologia e histologia geral, coradas com tantos corantes, anilinas deveras tóxicas, mas muito apreciadas pelas cores que fingíamos ver aos nossos microscópios. E quem falou que usaríamos os ultra-modernos artefactos de visualização tridimensional por varredura de elétrons ou o outro lá que esqueci o nome?

Frustrações logo estabelecidas às portas do curso superiormente inferior de biologia.

E vejam, são bactérias? O quê Não seriam sujeiras na lente desta megalupa envelhecida pelo tempo, imersa em óleo microscopal, e que tanto arranhamos, para o desespero de Maria Rita? E os esqueletos, estes tão limpos, tão normais, para depois darem lugar às aulas de cadáveres em si, mal-estar generalizado, o antigo e eterno Hulk que tem mais tempo de morte que tínhamos de vida, que dorme para sempre, todo aberto, em uma piscina de formol.

E porquê "O Max não vai ler"? Porque ele não lê, e é um pulha dos infernos do caralho.

Mais adiante, plantas e plantinhas, pepalantos e ecologia, picaretagem, picaretagem. Não é preciso saber fazer, é preciso ter o caô, esta arte tão necessária para qualquer universitário ser em formação formado por qualquer destas vis instituições. Pessoas, que pareciam ser tão legais e não bem foram, divertidas viagens, divertidos momentos, vômitos em panelas de chás de hippies, pois sim, torne-se para sempre o Buriol, terminação alcoólica tal e qual. Bem adequado.

Tente trabalhar como tal, frequente o laboratório de bíoquimica. FAIL. Vá para a microbiologia. 'Nother FAIL. Zoologia? Me pareceu ser o canal, ser o ideal, mas trabalhe ali, em meio às naftalinas peças, "avis raras" propriamente ditas, catalogue pássaros e acompanhe beija-flores na calada das frigidíssimas madrugadas, conte seus pios, tenha seu parceiro de pesquisa arrebatado, abandonando-me em meio a tal pesquisa, apenas para depois ser abandonado também pelos animais em si. Um ano e meio jogado no ralo, trabalhando de graça, de gratis, aturando um miserável orientador que só desorientava, filho da puta dos infernos, queime lá com toda sua incopetência e arrogância. FAIL.

O que fazer, como fazer. Sem chão, abandonar o curso, abandonar o diploma, depois de três anos? Não: existe a licenciatura, que não me deixa mentir, as aulas infames que me deixaram assustado, a formação de profissionais da educação que nada educavam, por assim dizer, ó FAculdade de Educação, FAE, FAE de conta que ali algo se aprende. Eu queria apenas pegar meu "diproma", abandonar o barco, elaborei trabalhos sarcásticos e com nenhum teor sério que foram idolatrados pelos professores, como assim?! FAIL, fail. Apresente sua "monografia" em dupla em um piquenique hippie, seja elogiado efusivamente, tenha um ataque de pânico em outra aula, retorne para casa escoltado por enfermeiros, em uma ambulância Federal. O que fizeste de sua vida enquanto biólogo?

Falhei, somente isto. E com a nota que passaria em um ves...prostibular para medicina, ou merdicina. Ao menos ali eu poderia ter acesso a fármacos relativament proscritos para não-doutores, me divertiria horrores em um universo papoular, doces opiáceos; com tanta morfina nas veias, e me acabaria no nada, ecá não estaria, enchendo a paciência de outrem.

Mas não aconteceu. Então, o que fazer?

Escrever e escrever, redigir e sorrir. Sorrir.

E voltar ao trabalho de contabilidade.