segunda-feira, 1 de março de 2010

Raporte Rapôncio. Reporte, reporte!

Final de semana. Ainda que seja mais ou menos, é ainda melhor que o restante dos dias. Basta se ter esta informação em mente em qualquer sexta feira para melhor emoldurar os dias vindouros, o sábado e o domingo. E com este foco, com esta mentalidade, é mais fácil se divertir nestes dias tão essenciais para a existência.

Bem sei que o final de semana esteve repleto de tensões internacionais, mais terremotos sul-americanos, mais tragédias, mais dias e dias de reportes sobre o número de mortos, o desespero familiar, a filhadaputagem alheia e tudo mais que aconteceu e que somente agora pela manhã eu fiquei sabendo, ainda que parcialmente: não me demorei muito a examinar os fatos ou as interpretações dos fatos sobre ditos acontecimentos. Bem sei que é só o começo de uma infinidade de reportes semelhantes. Este ano está bom para os salafrários, com tanta coisa ruim acontecendo lá fora, sempre existe a manchete trágica para distrair a galinhada de fatos mais escandalosos e mais próximos, como sempre acontecem em nossa capital da desonestidade, vulga Brasília. Vulga, de fato. Bem vulgívaga esta cidade e seus habitantes, enquanto funciuonários públicos, eu digo. Enfim.

Na medida do possível, esteve bão o final de semana. Sexta, fomos para aquele reduto noturno estranho denominado Savassi, onde algumas das mais bizarras tribos desta cidade se reúnem. E vimos que por mais que o tempo passe, as ditas "novidades" das gerações mais recentes se manifestam de maneira bem estranha àquele local, com direito até a uma certa invasão do batidão do fanque em plena noite de emos e emas que por lá circulavam. Se nos postarmos suficientemente longe desse povo, teremos nosso sossego para a conversa diversa e tranquila de uma noite que foi regada a rum, ainda que em pequena quantidade, mas que mesmo assim tonteou levemente este ser que tanto escreve. Nada de mais, felizmente: nenhum vexame dali saiu. Não passei mal nem fiz papel de idiota para a alegria de quem está na platéia. Não desta vez, me desculpem.

Boa conversa jogada fora de buteco, sempre salutar, sempre almejada, ainda que nem sempre chegamos a conclusões algumas ou pelo menos a alguma conclusão que preste para algo. Mas sempre é assim, presumo eu. E ainda que não seja atingido o objetivo sumo de perceber aquela coisa, fazer aquela mudança, achar aquela pessoa ou seja lá qual for a ambição reinante no momento - conversas de buteco são sempre salutares, de uma forma ou de outra.

Lembrei-me de outra saída ocorrida em outra passada sexta feira, data em que houve outra reunião butecal, esta em local mais centralmente localizado e com uma galera completamente diferente da envolvida nesta última patuscada do dia 26. Foi um encontro um tanto quanto mais tenso, pois os envolvidos no processo esiveram a discutir, mesmo acaloradamente, acerca de certas condições reinantes na vida deste escritor de araque que aqui está. Os ânimos chegaram mesmo a se exaltarem, porém não chegamos às vias de fato: felizmente tudo ficou entre amigos, pois me parece que estes também não estão isentos de discussões mais sérias e divergências mais agudas.

A grande conclusão da noite foi-me nada lisonjeira, mas foram daquelas coisas que a gente precisa ouvir, e mesmo coisas que precisamos "se ouvir" dizendo para os outros para verificarmos o quão loucos estamos nos tornando. Explico melhor. Certas idéias se formaram em minha cabeça durante este longo período de "pobremas" que estou passando, e por mais incongruente que possa parecer, tais idéias faziam pleno sentido dentro do campo mental em que foram concebidas ou desenvolvidas, melhor dizendo.

Mas, quando tais idéias são ditas a outras pessoas, em voz alta, quando as palavras sairam de minha boca e soaram no ar, elas chegaram a meus ouvidos como uma sequência de absurdos. É a hora em que parei para pensar e verificar que estou de fato ficando cada vez mais e mais doido. Me parece que a solidão em excesso realmente faz com que a nossa percepção da realidade seja altamente deteriorada.

Lado outro, se foi bom ter ouvido tais coisas, para se chegar a esta conclusão, isto em nada adiantou muito no processo de solucionamento de tais "pobremas". Você tem a informação mas não sabe o que fazer com ela.

Aparentemente, um passo certo a se dar é tentar não se tornar o campeão mundial de eremitagem. E se as sextas feiras forem dotadas de eventos assim, quem sabe. Pode ser que dê certo, pode ser que algo aconteça que vá a tirar do marasmo este ser.

Enfim, veremos. No momento, o tempo ruge e pede-se café. Avante, pois eis que hoje recomeça a labuta com o intuito de afastar mais um aspecto de minha velhice declarada.

Até lá, café. Café e mais café.