sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Idéia, nenhuma.

Idéia, nenhuma.

Estive uns quinze minutos digitando um certo poema aqui. Quando estou meio sem saber o que escrever, por vezes coisas versadas salvam, mas hoje, nem isso se salvou. A coisa estava ficando completamente ridícula. Selecionar tudo e apagar. Já era. Nem mesmo me lembro do conteúdo dos infames versos que foram atirados ao lixo virtual.

Acontece comigo mais que eu gostaria, infelizmente. Atirar coisas ao lixo.

Como eu disse em prévia narrativa sobre a famigerada faxina que realizei nas férias, por vezes é difícil fazer tal tarefa, especialmente quando se trata de algo que envolve todo um processo criativo, e não simplesmente algo em escrevi um recado, um papel onde fiz uma conta, coisas assim. Mas me espanto com a facilidade que é deletar uma coisa que não estou gostando de escrever. Tenho escrito algumas bobagens à parte quando posso, e me surpreendo com a facilidade infinitamente maior que tenho em lidar com o processo de descarte de coisas que estou escrevendo num editor de texto do que em se tratando de uma coisa que desenhei num papel.

E nem posso falar que é devido ao fato do papel ser uma coisa digamos, concreta, pegável, um objeto físico, etc. Quando faço alguns rabiscos me valendo de meios digitais, eu descarto a coisa facilmente. É só apertar uma tecla. Vai tudo embora.

Claro, existe a salvaguarda do processo digital, uma vez que uma ação em um computador geralmente pode ser desfeita apertando uma combinação de dois botões do teclado. Creio que tudo isto gera uma certa sensação de segurança sobre a obra em si. É o famoso Ctrl+Z, atalho este que deveria existir na vida. "Fiz merda! Ctrl+Z!"

Pena que nem sempre a realidade imita a ficção.

Mas é estranho de fato, esta sensação de "segurança" maior que tenho com meios digitais. Como não escrevo à mão desde os remotos tempos dos ditados no colégio, não saberia dizer se este receio de descartar as coisas se manifestaria na minha parte de criatividade escrita. Sei que ela existe com uma força descomunal na parte desenhada, esta quase desconhecida, esta tanto ocultada, tanto censurada por seu próprio autor.

Até hoje me pergunto o que leva uma pessoa a ser deste jeito, com esta obsessão. Perfeccionismo? Ou mera empáfia? Coluna do meio, eu diria.

Bem sei que estas análises auto-inflingidas podem levar as pessoas ao tédio absoluto e ao "xis" vermelho que geralmente fica no canto esquerdo superior da tela em que se leêm semelhantes escritos, mas sinceramente isto me intriga, por anos e anos. E tenho aqui a vã esperança que alguém possa ler isto e se identificar, ou no mínimo se pôr a pensar sobre a diversidade humana, este grande mistério que nos envolve. Tantas e tantas pessoas, mesmo pasteurizadas pela vida moderna e sua massificação de quase tudo, todas são diferentes umas das outras. Nenhuma pensa da mesma maneira, ninguém age da mesma forma.

É algo que me põe para pensar, mesmo em momentos mais inoportunos, como esta manhã de sexta feira em que deveria estar aqui escrevendo algo com mais valor, com mais essência. Mas como disse anteriormente, esta é somente minha opinião, e mesmo que não seja tão lisonjeira para comigo e minhas pequenas criações diárias, quem sabe? Alguém pode estar gostando.

Ou não.

Ah, o poder destas duas palavras me põe doido. Quer acabar com a seriedade de qualquer argumentação? Fale estas duas palavras assim que seu interlocutor encerrar seu pronunciamento. É uma certeza de debate instantâneo, caso os presentes estejam com dispor de discutir tais coisas ou simplesmente a fim de encher o saco. Acontece muito, ehehehe.

E como esta coisa aqui hoje está bem descabida e meio caótica, acho melhor encerrar a semana blogal aqui mesmo.

Deixo, entretanto, os protestos de elevada estima e consideração a todos que por aqui se aventurem, no meio das letras e dos devaneios deste Buriol. Bão final de sumana a todos e até mais um episódio das Segundas Nauseabundas, em cartaz na próxima segunda!