quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Vista-se!?

Mas que confusão este evento local de paralisação das Mercedes azuis e quejandos. Sim, estou falando da famigerada greve no nosso transporte púbico. Felizmente, tenho conseguido me virar desde a segunda feira; de uma forma ou de outra ainda consigo chegar onde quero. Tá certo, onde quero porra nenhuma né. Onde PRECISO estar. Gastei uma grana a mais na segunda, mas nem me importo tanto.

O que estou tendo que fazer muito mais que o normal estes dias também é usar de maneira mais intensa meus pés. Não que eu não esteja tão acostumado assim, pois ando no centro muito mais que a maioria das pessoas. Não é à toa que meu carao de créditos busonescos geralmente tem um acúmulo de créditos que me levariam de ônibus até meados das estepes e pradarias da Chechênia, se é que tal vegetação sequer existe neste local.

Eu não me importo muito de andar, especialmente antes de cá chegar, pois lá fora ainda tenho a liberdade de perambular trajando apenas roupas mais adequadas à estas temperaturas relativamente elevadas provenientes da estação corrente. O que significa bermudas e camiseta sem mangas. E ainda assim cheguei aqui besuntado de suor. O calor tá bravo, mesmo com essas nuvens todas no céu hoje cedo...

E ontem, quando voltava pra casa me peguei pensando a respeito de certas coisas relacionadas à certos hábitos estranhos que os humanos galináceos têm e que são geralmente atribuídos à uma dita maturidade, por assim dizer. Ou como dizem. Supostamente, se torturar com roupas completamente inadequadas ao nosso clima é ser maduro, é ter status social, ter cargo importante.

Ou simplesmente ser um imbecil completo.

Pensava eu que até hoje não tenho o costume de andar com "camisas de botão" enfiadas para dentro das calças, e me perguntava se isto era - mais um - sintoma de revolta adolescente sistêmica. Supostamente, você é um adulto caso se sujeite a usar tais trajes. E a coisa piora, pois me parece que quanto maior for o cargo, os encargos, o sálario e tudo mais, mais rídicula deve ser a roupa do cidadão detentor de todo este poder.

Não adianta, acho que nunca mas NUNCA entenderei qual é a vantagem de enfiar a camisa para dentro das calças. Jamais entenderei qual é o príncipio por trás de um terno, aquela redoma de cara costura, completamente inadequada paraum país onde no verão as temperaturas batem recordes. Infelizmente, bem sei que isto é sintomático mesmo de uma pessoa que vai ser um eterno questionador dos hábitos sociais da muderna zoociedade moderna, que nunca cessa de me espantar, e de quebra me fornecer material para todos estes textículos.

E esta questão das roupas sempre me fascinaram, pois considero uma extrema burrice ter que se vestir de forma completamente desrespeitosa para seu próprio corpo apenas para cumprir uma exigência social. Murro em ponta de faca falar disso? Pode ser, mas eu falo. Fiquei imaginando como seria chegar aqui andando o mesmo tanto que nadei hoje, mas trajando um terno completo. De duas uma, ou eu teria morrido no caminho ou teria me revoltado, arrancado o terno a gravavata o paletó e a camisa de longas mangas com botões e jogado num lixo. Teria chegado aqui só de cuecas. E teria cegado uma pá de gente no caminho, pois um bicho de goiaba feito eu reflete a luz matinal do sol que é uma beleza!

Mas de fato, eu queria saber quem foi o energúmeno que começou essa palhaçada de ter que se vestir de tal forma. Porra. Devia ser um direito poder usar bermudas ao menos, não é? Tá certo que iria ficar no mínimo engraçado ver aquele pessoal todo de bermudão por aí, mas acho que a galera iria passar muito menos aperto nesse calor. As gravatas eu nem comento. Nem em países frios eu vejo sentido naquela merda. E usar camisa pra dentro das calças me parece ser algo que só existe para dar emprego para passadeiras.

E é engraçado como um simples terno te faz imediatamente mais respeitável. Todas as vezes que me sujeitei a usar o meu terno que fica 363 dias por ano guardado, recebi elogios de como estava mais imponente, mais bem-afigurado, mais...sejá lá o que for. O que eu estava mesmo é com calor dos infernos.

Felizmente tenho um emprego que não me obriga a usar roupas demasiadamente agressivas. Tento aproveitar enquanto posso, pois bem sei que se aparecer algo que me pague mais mas que tenha por pré-requisito o uso de hediondas vestes, eu engoliria tudo em seco e me sujeitaria a usar a porra do terno. Não sou tão exaltado quando o que se está em jogo é meu poder aquisitivo, outra vil necessidade da zoociedade muderna.

E por falar em obrigações trabalhistas, esta cá não é exactamente uma delas, e já me olham de maneira estranha aqui, um dos seres que usam voluntariamente a camisa para dentro das calças sem que o emprego assim exija.

Quem está mais errado nesta história? Díficil dizer, creio eu.

Enfim, que voltemos ao trabalho e que as roupas nos sejam leves, pois o calor é grande.