sexta-feira, 5 de março de 2010

Dulcíssimos doces.

Ontem foi-me um dia inicialmente estranho, que começou com um mau presságio, como se uma onda de chatices fosse tomar conta da totalidade do dia e tornar minha rotina de trabalho um inferno. Confesso que cedi para o mau-humor e comecei a crer que seria mais um daqueles dias infernais. Não sei bem em que momento resolvi debelar tal sensação, mas sei que certa forma funcionou, pois a partir do meio dia em diante as coisas melhoraram bastante. Aquela chuvinha mole e chata se foi, e a atmosfera reinante no trampo ficou mais leve.

Resolvi também, de última hora, comparecer num festival de música que irá acontecer no final de semana, com bandas que mal conheço, mas mesmo assim, estou disposto a ir mais em aglomerações como esta, pois sempre é bom ir num showzinho de rock, nem que seja para se reunir com os amigos e ficar lá xingando a banda. Eheheheh. Mas creio que não será bem o caso, pois uma das bandas que irá tocar neste semana-fim é das melhores que já escutei em terras nacionais brasileiras de nosso país e de nossa gente, redundantemente ou não.

Ao término do expediente, combinei com um de meus companheiros do rock de encontrarmo-nos para que eu fosse comprar os ingressos, eis que também financiei a ida de minha irmã ao evento. O engraçado é que lá nós fomos, batendo perna naquele labirinto chamado centro, com tanta e tanta gente, que teima em atravancar o caminho de um cidadão normal, isto é, não-lerdo. Andamos e andamos desviando de todas aquelas gentes bizarras que por ali se encontravam, e compramos a dupla de ingressos. A primeira etapa da missão foi cumprida. Agora é esperar até amanhã às 20h e verificar como vai ser a coisa em si.

Mas o engraçado, o fato que serviu de sustentáculo principal para que eu elaborasse agora o que estou a escrever neste exacto instante, foi o que aconteceu depois, e que agiu em conformidade com o restante da semana, ao menos em termos de transporte mental ao passado. Explico melhor: quando saímos da galeria da praça 7, meu companheiro se lembrou de passar em uma lojinha ali perto, estabelecimento este que nem sabíamos se estaria aberto. Enfrentamos por mais alguns minutos, algumas passadas, a turba errante que ali se concentra todos os dias e para a tal loja nos dirigimos.

Lá chegando, o júbilo tomou conta. Estava ainda aberta. E ainda existia do jeitinho que eu me lembrava. Sim, ali já havia estado antes, e há muito havia me esquecido daquele local, sendo transportado de volta para eras passadas apenas contemplando o estoque farto da lojinha.

Trata-se de uma daquelas lojinhas famosas do centro, onde se vende muito, mas muito...açúcar em sua forma mais tentadora. Doces. Balas. Chocolates.

Faziam ANOS que eu não entrava em uma loja como aquela, e confesso que gastei mais do que gostaria de gastar, mas fui transportado pelo entusiasmo do momento. Eu sempre fui muito fã de todas estas bobaginhas tão doces, tão saborosas, tão criminosas. Colorídissimas balas, sacos e sacos de mastigáveis cariáveis. Pirulitos, chocolates, toda aquela dulcíssima combinação de sabores azedos e doces, com cores "a la neon" por módicos preços. A mão coçou, a carteira se abriu e o dinheiro de lá saiu para pagar a baciada de balas e chocolates que dali levei. É fantástico. As balas são muito mais baratas do que aquelas compradas em qualquer outro local, e ainda por cima pode-se fazer um "pupurri"(sei lá como se escreve isso) de diversos tipos delas, pelo mesmo preço.

Eu, que sou um ex-gordo, conheci de perto o vício por tais coisas. Na época do colégio, eu juntava meu miserável dinheirinho e baixava em uma loja similar nas imediações de minha escola, e torrava tudo em drops, balas e quejandos. E passava a tarde inteira mastigando tudo aquilo, provavelmente sentado diante de um computador ou de um videogame. Não era de se estranahr que eu tinha aproximadamente de 20 a 25 quilos a mais de banhas espalhadas pelo corpo. Nerd, sedentário(estas palavras são quase sinônimos, creio eu) e com muito açúcar colorido nas mãos. O que mais pode dar errado?

Mas era muito bom, ficar ali se entretendo com alguma espécie de jogo eletrônico - o que mais poderia ser? - enquanto ficava ruminando incessantemente tanto açúcar colorido. Lembro-me de um final de semana que comprei um saco de 1 kg daquela famosa bala Soft - mais dura que uma pedra, apesar do nome - e ter ficado todo o final de semana jogando Ultima 7 e me "alimentando" do contúdo do saco. No término do final de sumana, o saco NÃO estava vazio, mas quase. Eis que sempre restam as balas de mau sabor, como menta, decorando o cadáver do recipiente. Inclusive um de meus amigos, sempre joselito, tinha um uso especial para tais inúteis confeitos, servindo de munição para se atirar em inocentes transeuntes à rua defronte à casa de outro amigo seu. Ri muito deste caso.

Ontem eu dormi até mais tarde porque tive que fazer o "test-drive" dos produtos ali adquiridos. Foram aprovados com louvor, e mesmo me assustaram, pois eu sentei-me defronte ao computador, e não resisti. Pus para rodar minha cópia ilegal do jogo Fallout 3, e me pus a jogar um tiquinho, enquanto saboreava o saco daquelas quase luminosas e radioativas balas de goma ultra-ácidas em forma de minhocas.

Eu não conseguia parar de comer as desgraçadas coisas. São muito, mas muito ácidas de fato, do jeito que eu gosto. Tive que me conter lá para a meia noite, pois ainda precisava dormir. Eu juro que misturam alguma espécie de crack naquela josta. Mas felizmente aquele ácido crack tem um efeito colateral que me impediu de continuar a glutonice: eu cortei minha boca toda, enchi de aftas a língua e a gengiva, e estas se levantaram quase de imediato, causando aquela excelente sensação ao se escovar os dentes e relar a escova nas raízes expostas dos dentes. Só quem já experimentou tal coisa sabe o quanto que é bããããooo. Sabe-se lá porque isto comigo acontece; presumo que seja um mecanismo de defesa contra a joselitice do controlador do corpo em questão.

"Pare de comer essa porra, miserável!"
"Pô! Tá tão gostoso! Só mais uma pontinha, digo, mais uma balinha! Deixa, deixa!"
"Vai doer na hora de escovar os dentes seu troncho!"
"Mas tá tão gostoso! Só mais uma . Ou sete."
"....Tá bom, vai lá."

De qualquer forma, lá estão a me esperar, todas aquelas coisas criminosas. O final de semana promete, creio eu. Ainda bem que não sou mais o gordo dantes, que conseguia dar cabo em tal quantidade imensa de doces químicos em questão de horas. Hoje em dia eu tenho que pensar não somente na aflição das gengivas levantadas, mas também nas cáries que possam vir a surgir de tal orgia açucarada. Creio que o inferno deve ter uma cadeira de dentista: não existe cadeira mais desconfortável e causadora de imediato tensionamento de TODOS os músculos de meu corpo.

Vamos ver. Amanhã tem rock, hoje tem doce. E guitarras e baixos e computadores e...

É, a vida de um nerd é quase sempre a mesma, eheheheh. Mas tá bão também.

E que venha o final de semana afinal. Segunda tem mais...Inté.