quarta-feira, 10 de março de 2010

Já pro banho!

Está uma dificuldade tomar banho lá em casa nesta semana. Desde domingo, algo indefinido aconteceu e impôs certas dificuldades técnicas para a realização desta necessidade higiênica de todos nós, ou pelo menos de todos nós que temos noção das coisas e dos odores provocados pela não-lavação das coisas.

Pois, domingo de noitinha, ia preparar-me para dormir, e como é de praxe, preparei antes um bom banho. Não sei quanto à maioria das pessoas, mas para mim, um banho é algo que prezo muito em meu dia, não apenas pela sensação de limpeza e alívio causado pela remoção dos sebos em geral, mas simplesmente por que...eu gosto de tomar banho, especialmente se a temperatura da água estiver agradável o suficiente. Banho frio nunca. Jamais. Não consigo entrar e ficar nem dois segundos debaixo dum chuveiro frio. Mas quando a temperatura da água é certa, eu me demoro um tanto a mais do que deveria debaixo daquela chuva quente - a única por este ser apreciada. Alivia muito a tensão do dia a dia, de facto. Deveras. Enfim.

Bem sei que muitos ecochatos irão apedrejar verbalmente esta fraude de biólogo, que cursou todas aquelas disciplinas de ecologia e "desperdiça" água desta forma. Mau biólogo, mau biólogo. Bem sei disso, e poderia ficar aqui defendendo meui nefasto hábito hediondo de banhar-me mais demoradamente, mas não irei o fazer. Se teve uma coisa que aprendi naquele curso é que odeio ecochatos e não lhes dou atenção.

Bem, acontece que no domingo eu inocentemente abri a torneira da água quente, e deixei que a coisa esquentasse - sim, existe um exemplar de aquecedor solar em minha casa, e sim, ele funciona e é dubão, mas temos sempre que esperar um tanto ate que a água fique boa. Ecochatos, regozijei-vos com a economia de eletricidade, ao menos. Pois, eu entrei no box antes que a água esquentasse em sua plenitude e comecei a me lavar. Em breve a água se tornou insuportavelmente quente, e então vi que deveria "temperar" a coisa com água fria para que ficasse tudo no jeito.

Acontece que, quando fui torcer a torneira de água fria, levei um choque que me deixou desnorteado. Não um choque térmico, feito se a torneira estivesse gelada ou algo assim, mas de fato havia uma corrente elétrica indefinida e inexplicável passando por ali. O choque foi digno de se enfiar os dedos numa tomada: 110 volts, 60 hertz. Fiquei alguns minutos achando que era viagem minha, mas assim que encostei a mão novamente na coisa, bem no estilo Bart Simpson sendo testado por sua irmã para o projeto de ciências, eu tomei outra descarga. Pondo meus escassos conhecimentos de física quase tísica que ainda possuo, estendi meu braço para fora do box e apanhei uma toalha, para isolar minha mão da ultrajante e indevida corrente. Com custo, consegui regular a temperatura da água escaldante e terminar meu banho, não sem antes tomar mais um choque, uma vez que a toalha se umedeceu na torneira molhada e fechou o pequeno circuito entre mim, o chão e a torneira eletrificada. Ai! E enquanto me secava, estendi o braço para secar debaixo dele e encostei a mão no cano do chuveiro. Ai, de novo!

Engraçado é que nem chuveiro elétrico eu tenho ali. O que existe na ponta daquele cano é um chuveiro queimado que nem está ligado à rede elétrica, que aliás nem existe ali. Os eletricistas que fizeram aquela parte da casa aparentemente se esqueceram de ligar uma fiação adequada a um chuveiro ali. Algo desnecessário, penso eu. Se existe um ponto de energia reservado a um chuveiro ali, nada mais lógico que NÃO ligar uma fiação adequada para um chuveiro num local onde haverá um chuveiro um dia, pois não. A lógica destes sujeitos me surpreende, por vezes.

Mas enfim, desde então tenho tido que tomar banho de chinelos e ainda assim a coisa dá choque. Tenho que usar uma dupla dinâmica para controlar a água - uma toalha para secar as mãos e a torneira e um pano seco para torcer a dita. E até hoje não sei o que foi que aconteceu, muito menos como irei fazer para resolver tal coisa. Ontem descobri que minha mãe e minha irmã foram vítimas de seus chuveiros também, logo existe um problema indefinido qualquer na casa inteira, e não somente no meu hospício, digo, sótão. Terei que chamar um eletricista, aparentemente.

Engraçado, que este episódio novamente me transportou para aquela viagem à Prado na Bahia, em 1985, e em tantas outras localidades praieiras que costumam ter este tipo de problema, não sei bem por que. Já fiquei em pelo menos uns três locais como estes, beira-mar e dotados de chuveiros chocantes. Para se tomar banho ali, tínhamos sempre que trajar chinelos e meu pai na época chegou a improvisar umas tiras de borracha por cima das torneiras, que resolvia o problema parcialmente, pois uma vez encharcadas pelos respingos do banho em si, se tornavam novamente condutoras. Era sempre uma aventura tomar um banho ali, e era mais engraçado ainda escutar as mulheres do clã gritando devido às fagulhas de eletricidade que dali saíam.

E agora, tenho que ver o que faço com isso, pois eu suponho que um acontecimento deste não deva passar batido. Algo de indevido aconteceu, para estarmos todos tomando choques em nossos banheiros. Não tenho a menor idéia do que possa ter sido, entretanto, e reluto em chamar um eletricista por sempre desconfiar destes caras, que tanto exploram nossa ignorância a seu favor. Verei se eu mesmo acho algum impropério nas instalações elétricas antes de chamar um cara desses. Nao sei bem se um choque desses possa vir a ser algo fatal, como aqueles exemplos que tanto escutamos quando crianças, de que a pessoa "gruda" na fonte de eletricidade e lá fica fritando até a mais última e definitiva morte morrida. Uma experiência eletrizante! E a última também.

Enquanto isso, devo eu retornar ao estudo das redes, não as de dormir mas as de computadores. Ah, os pesares de se ter uma "promoção" à vista: tenho eu que aprender muitas coisas que ainda não sei nem se conseguirei aprender. Veremos.

Enquanto isso, recomendo a todos que tomem banho. Sem choques, entretanto. Faz bem.

E vamos nessa que o tempo ruge.