segunda-feira, 31 de maio de 2010

Garfield Buriol.

Quantas horas por noite ficamos em nossas camas, quanto tempo de nossas vidas gastamos em cima de colchões? Já me disseram ser algo em torno de um terço de nossas vidas. Ouço, mas nunca vi dados concretos sobre a coisa em si. E, por mais que alguns afirmem que gostariam de nem ao menos precisar de dormir, para pôr este tempo dito "perdido" em uso para coisas mais produtivas, afirmo eu que gostaria de poder ficar mais ali.

Em especial na data de hoje.

A velha e já batida afirmação, "odeio segundas feiras", proveniente mesmo do cartum cujo nome utilizei-me para alcunhar a coluna de hoje, não é somente minha, e todos que para seus empregos se dirigem nas manhãs de segunda feira bem disso o sabem. As caras das pessoas estampam expressões que variam do estado atônito, "estarei eu mesmo acordado?" até os mais fechados semblantes do mais puro ódio a esta data que procede das últimas horas mortas do domingo.

Observo alguns semblantes, procuro entre eles alguma face sorridente, e não a encontro. Digo isto por que apesar de saber que sou um ser carrancudo e pessimista - não tento enganar ninguém, muito menos a mim mesmo - estou sentindo certa necessidade de mudança no ar. Rever conceitos, se propor mudanças.

Não sei com certeza se isto acontece com todas as pessoas mundo afora, mas a lógica me parece indicar que sim. Por vezes, contemplamos nossa vida, em especial após passar por duros momentos, e se temos algum pingo de bom senso, chegamos à conclusão de que algo precisa ser mudado, se quisermos sair da dita "lama" que nos encontramos.

Mas nem sempre tais mudanças significam uma....bem, transformação completa da pessoa. Digo isto por ter experimentado esta sensação por estes dias, e por ter tido um confronto direto com opiniões alheias, de pessoas que tenho em consideração, mas que são bem diferentes de mim. Segundo eles, eu preciso ser de certa forma reinventado, transformado.

Concedo isto; todos sabemos que certas mudanças são necessárias de tempos em tempos, mas é preciso saber discernir tais mudanças....da corrupção absoluta, da deturpação de nossa essência. Cada um de nós, acredito eu, sabe o que é, de que gosta, e o que me propuseram, apesar de, de certa forma "abrasileirada" de se pensar, ao menos em minha opinião, ser algo absolutamente "normal" e saudável....para mim era simplesmente uma forma de agressão mental, contra tudo que acredito. Algo que soa tão absurdo para mim quanto o fato de que antigamente pais de filhos canhotos amarrarem os braços esquerdos nas costas deles, para que acostumassem forçadamente a serem destros.

Coisa que NÃO dá certo, além de ser uma prática absurdamente abusiva. Foi isto que senti que me propuseram na noite de sábado. Não recrimino meus companheiros e nem por eles nutri nenhuma espécie de ressentimento. Na ótica deles, é a coisa mais certa a se fazer.

Mas não na minha. Eu sei quem sou. Sei o que anseio. E tal coisa seria o mesmo que cometer um abuso mental que só me causaria mais danos que benefícios.

Ponham-se a pensar em algo que vocês acreditem veementemente, um valor seus que considerem inemovíveis, algo que vocês considerem até sagrado. Não importa o que seja: a prática infalivel de um futebol aos domingos, a liturgia obrigatória na mesma data....e agora tentem pensar em rechaçar tal coisa de uma hora para a outra, com todas as forças.

Certo, bem sei que não sou o dono da verdade, mas a verdade é que - ninguém é. E ninguém sabe com todos os detalhes o que se passa na cabeça de outrem. Pessoas são absurdamente diferentes umas das outras. E creio que a única pessoa que nós conhecemos com toda a certeza, com todos os detalhes...somos nós mesmos.

Certo, ficar do jeito que está não está dando certo? Que venha alguma mudança. Mas é preciso entender que tal mudança não deve desrespeitar a nós mesmos, não de forma a destruir nossa integridade enquanto seres humanos. Não deve ser uma agressão brutal a nós mesmos.

É somente minha opinião, mas fica aqui registrada. E fica aqui também proposto o exercício mental da segunda feira. Experimentem pensar a respeito.

E agora, para algo completamente diferente....café, red pills(insônia) e....trabalho. Segunda feira.