Eu prefiro as árvores.
De tempos para cá, percebi certa novidade no transporte coletivo de nossa metrópole, coisa que me causou certo espanto ao entrar num dos ônibus que costumo frequentar para cá no meu trabalho chegar. Duas telas de cristal líquido pendiam de suportes afixados àquelas "tubulações" que nos valem como suporte para que não capotemos dentro de tais veículos. Dois televisores.
Certo, não são bem televisores, destes que transmitem o ópio das massas brasileiras, o futebol e as novelas, tampouco o BBB 500000000000. Tais aparatos são dotados de uma programação à parte dos ditos canais abertos de televisão. Transmitem programas que provavelmente ficam armazenados em alguma espécie de computador dentro do ônibus. São fragmentos de programas, coisas curtas, de no máximo cinco minutos de duração. Depoimentos de médicos, professores, atletas, clipes de músicas estrangeiras ou não e bobagens como "horósco."
Creio eu que tal iniciativa deva estar em fase de teste, pois não são todos os coletivos que estão dotados de tais telas em seu interior. Presumo que a idéia seja entreter os passageiros dos ônibus enquanto se dirigem ao seus respectivos empregos e/ou destinos, amenizando assim a experiência nem sempre agradável de ser transportado por tais Mercedes. Mais uma distração que nos é impingida. Televisão, por todos os lados.
Como é de meu costume, sempre estou trajando meus infalíveis fones de ouvido de bloqueio externo, e não costumo escutar nada do que passam ali, inócuas são tais distrações para este que escreve. E sinceramente, eu prefiro sentar-me à janela e contemplar a rua, contemplar as árvores, ver a mudança de suas folhas devido à fria estação que estamos adentrando em tal época do ano. De entorpecentes visuais animados eu já estou cheio, por todos os lados, por todo meu dia de trabalho diante de uma tela de computador. Prefiro as árvores.
E, depois de meu dia de trabalho, quando estou um tanto quanto deprimido ainda diante de minhas coisas, minhas neuras e tudo mais, prefiro não entrar em um ônibus com tais teletelas. Prefiro que aconteça como aconteceu ontem. O acaso me presenteou com uma das melhores coisas que se pode acontecer em tais momentos de baixa moral. O acaso me fez encontrar com um amigo meu que nunca, jamais esperaria encontrar em meu caminho de volta para casa.
Estava cansado, moído, com nefastos pensamentos já corroendo meu humor e drenando minha energia, e de repente, ocorre tal fortuito encontro, inusitado, quase surreal. E posso afirmar, com toda a segurança - tal encontro, de certa forma melodrámatica ou simplesmente Buriólica de se dizer, salvou minha vida na noite de ontem. E de quebra, fiquei conheçendo mais uma pessoa digna de ser alcunhada segundo o jargão casual nosso de cada dia, um "chegado", um cara "gente boa até mandar parar."
Nós três nos sentamos no café onde nos encontrávamos, tomamos cervejas, tomamos cafés e fumamos cigarros - mau hábito que quase sempre me acompanha em momentos de fraqueza mental e emocional. Mas posso afirmar que tal consumo de substâncias não exatamente saudáveis foi irrelevante diante do benévolo efeito que tal encontro ao acaso proporcionou à minha alma, à minha conturbada mente.
Todos nós conversamos sobre os mais diversos assuntos, mas um fator nos era comum na conversa - todos nós estamos passando má fase me nossas vidas, todos nós tínhamos problemas e deles discutimos, ouvimos a opinião um dos outros, trocamos diferentes pontos de vista acerca dos assuntos por nós conversados durante a noite. Cada um de nós tinha a sua opinião, e por várias vezes elas foram por nós bem aproveitadas.
Tais encontros me fazem mais bem que qualquer droga, que qualquer artifício que nós humanos eventualmente fazemos uso para amenizar nossos problemas. Não me distraí dos problemas, mas sim ouvi opiniões alheias, que me foram mesmo de grande valia. E conversamos sobre bobagens, muito rimos de nós mesmo, do mundo e de todo o resto, contamos casos de nossos amigos em comum e trocamos experiências.
E, de minha parte, posso afirmar que tal encontro não somente me fez bem no quesito "pessicológico", mas também me ofertou certa....esperança, uma nova idéia, uma nova perspectiva surgiu dali. É cedo para saber se tal semente ira germinar e render frutos, mas é algo que me faz ficar menos desesperado em relação à minha situação atual. Fui dormir tarde e bem cansado, mas repetiria tal processo quantas vezes fosse possível, se possível, pois veementemente afirmo que não há melhor bálsamo para uma mente conturbada....que perceber que temos amigos, que eles são pessoas que, por vezes, salvam nossas vidas. Que não estamos sozinhos neste esférico hospício que orbita espaço afora.
E se na Europa não têm árvores nas ruas, cá as temos em abundância, e em geral pouco nos lembramos delas, mas se de repente algum déspota esclarecido resolvesse cortar todas, somente aí é que sentíriamos sua falta. Por isso, eu prefiro as árvores. O que está na nossa cara e que nos faz muito mais bem às vistas que olhar feito um paciente de lobotomia frontal para uma tela no ônibus, desativando meu cérebro quase que por completo. Das árvores nos esquecemos por vezes, assim como certas pessoas neuróticas esquecem que existem amigos. E tal esquecimento, às vezes nos leva a pensar que estamos sozinhos diante desta luta que é a vida.
Daí, em tais encontros fortuitos ocasionados pela mola arbitrária do acaso, um de nossos amigos nos faz ver a posterior afirmação de que a "a vida é uma luta" pode - deve - ser contemplada de outra maneira.
"Viver é uma arte."
Eu prefiro as árvores. Eu prefiro meus amigos. E preciso por vezes me lembrar de desviar meu olhar das televisões do mundo moderno e me lembrar que elas existem....e que delas sentimos falta quando delas nos esquecemos.
Bom fim de semana a todas minhas árvores de minha vida. Espero que de certa forma eu também possa ser igualmente "arvoral" para com vocês.
De tempos para cá, percebi certa novidade no transporte coletivo de nossa metrópole, coisa que me causou certo espanto ao entrar num dos ônibus que costumo frequentar para cá no meu trabalho chegar. Duas telas de cristal líquido pendiam de suportes afixados àquelas "tubulações" que nos valem como suporte para que não capotemos dentro de tais veículos. Dois televisores.
Certo, não são bem televisores, destes que transmitem o ópio das massas brasileiras, o futebol e as novelas, tampouco o BBB 500000000000. Tais aparatos são dotados de uma programação à parte dos ditos canais abertos de televisão. Transmitem programas que provavelmente ficam armazenados em alguma espécie de computador dentro do ônibus. São fragmentos de programas, coisas curtas, de no máximo cinco minutos de duração. Depoimentos de médicos, professores, atletas, clipes de músicas estrangeiras ou não e bobagens como "horósco."
Creio eu que tal iniciativa deva estar em fase de teste, pois não são todos os coletivos que estão dotados de tais telas em seu interior. Presumo que a idéia seja entreter os passageiros dos ônibus enquanto se dirigem ao seus respectivos empregos e/ou destinos, amenizando assim a experiência nem sempre agradável de ser transportado por tais Mercedes. Mais uma distração que nos é impingida. Televisão, por todos os lados.
Como é de meu costume, sempre estou trajando meus infalíveis fones de ouvido de bloqueio externo, e não costumo escutar nada do que passam ali, inócuas são tais distrações para este que escreve. E sinceramente, eu prefiro sentar-me à janela e contemplar a rua, contemplar as árvores, ver a mudança de suas folhas devido à fria estação que estamos adentrando em tal época do ano. De entorpecentes visuais animados eu já estou cheio, por todos os lados, por todo meu dia de trabalho diante de uma tela de computador. Prefiro as árvores.
E, depois de meu dia de trabalho, quando estou um tanto quanto deprimido ainda diante de minhas coisas, minhas neuras e tudo mais, prefiro não entrar em um ônibus com tais teletelas. Prefiro que aconteça como aconteceu ontem. O acaso me presenteou com uma das melhores coisas que se pode acontecer em tais momentos de baixa moral. O acaso me fez encontrar com um amigo meu que nunca, jamais esperaria encontrar em meu caminho de volta para casa.
Estava cansado, moído, com nefastos pensamentos já corroendo meu humor e drenando minha energia, e de repente, ocorre tal fortuito encontro, inusitado, quase surreal. E posso afirmar, com toda a segurança - tal encontro, de certa forma melodrámatica ou simplesmente Buriólica de se dizer, salvou minha vida na noite de ontem. E de quebra, fiquei conheçendo mais uma pessoa digna de ser alcunhada segundo o jargão casual nosso de cada dia, um "chegado", um cara "gente boa até mandar parar."
Nós três nos sentamos no café onde nos encontrávamos, tomamos cervejas, tomamos cafés e fumamos cigarros - mau hábito que quase sempre me acompanha em momentos de fraqueza mental e emocional. Mas posso afirmar que tal consumo de substâncias não exatamente saudáveis foi irrelevante diante do benévolo efeito que tal encontro ao acaso proporcionou à minha alma, à minha conturbada mente.
Todos nós conversamos sobre os mais diversos assuntos, mas um fator nos era comum na conversa - todos nós estamos passando má fase me nossas vidas, todos nós tínhamos problemas e deles discutimos, ouvimos a opinião um dos outros, trocamos diferentes pontos de vista acerca dos assuntos por nós conversados durante a noite. Cada um de nós tinha a sua opinião, e por várias vezes elas foram por nós bem aproveitadas.
Tais encontros me fazem mais bem que qualquer droga, que qualquer artifício que nós humanos eventualmente fazemos uso para amenizar nossos problemas. Não me distraí dos problemas, mas sim ouvi opiniões alheias, que me foram mesmo de grande valia. E conversamos sobre bobagens, muito rimos de nós mesmo, do mundo e de todo o resto, contamos casos de nossos amigos em comum e trocamos experiências.
E, de minha parte, posso afirmar que tal encontro não somente me fez bem no quesito "pessicológico", mas também me ofertou certa....esperança, uma nova idéia, uma nova perspectiva surgiu dali. É cedo para saber se tal semente ira germinar e render frutos, mas é algo que me faz ficar menos desesperado em relação à minha situação atual. Fui dormir tarde e bem cansado, mas repetiria tal processo quantas vezes fosse possível, se possível, pois veementemente afirmo que não há melhor bálsamo para uma mente conturbada....que perceber que temos amigos, que eles são pessoas que, por vezes, salvam nossas vidas. Que não estamos sozinhos neste esférico hospício que orbita espaço afora.
E se na Europa não têm árvores nas ruas, cá as temos em abundância, e em geral pouco nos lembramos delas, mas se de repente algum déspota esclarecido resolvesse cortar todas, somente aí é que sentíriamos sua falta. Por isso, eu prefiro as árvores. O que está na nossa cara e que nos faz muito mais bem às vistas que olhar feito um paciente de lobotomia frontal para uma tela no ônibus, desativando meu cérebro quase que por completo. Das árvores nos esquecemos por vezes, assim como certas pessoas neuróticas esquecem que existem amigos. E tal esquecimento, às vezes nos leva a pensar que estamos sozinhos diante desta luta que é a vida.
Daí, em tais encontros fortuitos ocasionados pela mola arbitrária do acaso, um de nossos amigos nos faz ver a posterior afirmação de que a "a vida é uma luta" pode - deve - ser contemplada de outra maneira.
"Viver é uma arte."
Eu prefiro as árvores. Eu prefiro meus amigos. E preciso por vezes me lembrar de desviar meu olhar das televisões do mundo moderno e me lembrar que elas existem....e que delas sentimos falta quando delas nos esquecemos.
Bom fim de semana a todas minhas árvores de minha vida. Espero que de certa forma eu também possa ser igualmente "arvoral" para com vocês.