Manhã de segunda feira. O que acontece neste dia tão singular, que nos causa tanto assombro assim que o sinal de despertar ressoa em nossos ouvidos? Que agressão é esta que sempre está disposta a acabar com nossa semana....antes mesmo que a comecemos, por assim dizer?
Não sei eu dizer por que negras sortes nos vemos diante de tal dilema todo início de semana. É apenas mais uma semana, mais um dia, que diferença pode um simples pormenor "calendárico" causar em nossa vida, em nosso dia?
Existem etapas na gradação da incomodatividade das segundas feiras. Inicialmente, o despertador. Onde estava ele durante o final de semana, com sua voz grosseira e rudes maneiras ao despertar um honetsto cidadão de seus sonhos? Onde estava tal artefacto? Estava lá ao nosso lado, da mesmíssima maneira de sempre, no mesmo local usual.
Mas quedava-se silente por toda a extensão do final de semana; salvo raríssimas exceções, ninguém acerta seu despertador para acordar antes das seis da manhã em finais de semana. Todos dele se esquecem em tais dias, e não lhe fazem a menor falta. Passamos a manhã de sábado acordando preguiçosamente na hora que der na telha, frequentemente adiando ainda mais a hora de despertar propriamente dita, alternando períodods de sonecas com cochilos pelas manhãs afora, até que finalmente resolvamos de fato levantar.
Segunda feira é diferente. A voz do despertador surge no meio da escuridão como a sirene anti-aérea desperta os distraídos soldados para a iminiência da guerra. A guerra irá começar. A guerra. A semana acaba de começar.
Saia, portanto, de seu mundo de sonho. De sua cama quentinha. Enfrente o chão gelado e a necessidade de se fantasiar para exercer uma função a qual se odeia desde que ali primeiramente pisastes. É segunda, e antes que possa novamente da voz hedionda do despertador ficar livre, terás de enfrentar mais cinco ou seis dias de gritaria e desespero.
Antes que possas voltar ao saudável tédio repleto de boas vistas, boas visitas e bons ares, terás de acordar. Pagar impostos. Pegar ônibus/enfrentar o trânsito, de peito aberto e ouvidos despertos, acordados por uma voz mecânica e rudemente jogados ao rol das feras urbanas denominadas pessoas, sempre cruelmente despertas por artefactos semelhantes, por rotinas massacrantes, muitas vezes piores que a sua....e sem que você tome conhecimento, já é o pior inimigo deles, e vice versa: as "conversas" por entre todos os envolvidos no trânsito sempre são de baixo calão e alto volume. Todos contra todos, todos incitados à fúria eterna de sermos operários. Assalariados. Sem grana para comprar um carro. Espremidos em ônibus, cujos motoristas parecem estar transportando gado.
Aventure-se nesta selava por dez minutos a uma hora todos os dias, e verás por que o despertador é um reles vilão. Por que a segunda feira é o mais vil dos dias.
Durante todo o final de semana, agimos como reis em nossos domínios, como portentores de nosso destino, como se de repente fossêmos agraciados com a boa vida que seletos seres humanos mais abastados em seus extensos numerários bancários e eextra-bancários lhes permite viver. Nos sentimos como reis ao final de semana.
Somente para sermos atirados novamente à nossa realidade nua e crua de sermos o que somos...apenas seres humanos, eternos insatisfeitos, eternos pedintes por mais para entidades ilusionárias que de certa forma parecem tornar-se mais visíveis aos domingos para certos humanos, em certas congregações por aí.
Todos pedem que o domingo não termine nunca. Ou se não pedem, deveriam pedir. Pois o inferno existe, sim, de fato. É chamado de vida. E é ainda pior, mais palp´´avel, extremamente real, exatamente naquele instante trágico em que alguns elétorns partem de circuitos impressos, passam por uma infinidade de caminhos e temporizadores digitais, analógicos ou seja lá o que for...e geram aquele famoso alarme. "Bom, dia, esta é sua vida, e está acabando um segundo por vez. Em especial na data de hoje."
Mau humor tem vez e lugar. Pertence às segundas, nauseabundas por natureza e por profissão. Por necessidade de assim o ser, enfim, é a vida.
Sorvamos todos nós nossos cafézes, e tenho dó daqueles que não o fazem. Enfrentem suas segundas da forma abjeta que a ausência de cafeína em vossas secas vidas lhes permite. Se é que lhes permite, de fato.
E continuemos, até a sexta, até a sexta. O mais sagrado dos dias.
Adiante. Adiante. E que o café me dê energia. A nós todos, que dele fazemos uso.
Não sei eu dizer por que negras sortes nos vemos diante de tal dilema todo início de semana. É apenas mais uma semana, mais um dia, que diferença pode um simples pormenor "calendárico" causar em nossa vida, em nosso dia?
Existem etapas na gradação da incomodatividade das segundas feiras. Inicialmente, o despertador. Onde estava ele durante o final de semana, com sua voz grosseira e rudes maneiras ao despertar um honetsto cidadão de seus sonhos? Onde estava tal artefacto? Estava lá ao nosso lado, da mesmíssima maneira de sempre, no mesmo local usual.
Mas quedava-se silente por toda a extensão do final de semana; salvo raríssimas exceções, ninguém acerta seu despertador para acordar antes das seis da manhã em finais de semana. Todos dele se esquecem em tais dias, e não lhe fazem a menor falta. Passamos a manhã de sábado acordando preguiçosamente na hora que der na telha, frequentemente adiando ainda mais a hora de despertar propriamente dita, alternando períodods de sonecas com cochilos pelas manhãs afora, até que finalmente resolvamos de fato levantar.
Segunda feira é diferente. A voz do despertador surge no meio da escuridão como a sirene anti-aérea desperta os distraídos soldados para a iminiência da guerra. A guerra irá começar. A guerra. A semana acaba de começar.
Saia, portanto, de seu mundo de sonho. De sua cama quentinha. Enfrente o chão gelado e a necessidade de se fantasiar para exercer uma função a qual se odeia desde que ali primeiramente pisastes. É segunda, e antes que possa novamente da voz hedionda do despertador ficar livre, terás de enfrentar mais cinco ou seis dias de gritaria e desespero.
Antes que possas voltar ao saudável tédio repleto de boas vistas, boas visitas e bons ares, terás de acordar. Pagar impostos. Pegar ônibus/enfrentar o trânsito, de peito aberto e ouvidos despertos, acordados por uma voz mecânica e rudemente jogados ao rol das feras urbanas denominadas pessoas, sempre cruelmente despertas por artefactos semelhantes, por rotinas massacrantes, muitas vezes piores que a sua....e sem que você tome conhecimento, já é o pior inimigo deles, e vice versa: as "conversas" por entre todos os envolvidos no trânsito sempre são de baixo calão e alto volume. Todos contra todos, todos incitados à fúria eterna de sermos operários. Assalariados. Sem grana para comprar um carro. Espremidos em ônibus, cujos motoristas parecem estar transportando gado.
Aventure-se nesta selava por dez minutos a uma hora todos os dias, e verás por que o despertador é um reles vilão. Por que a segunda feira é o mais vil dos dias.
Durante todo o final de semana, agimos como reis em nossos domínios, como portentores de nosso destino, como se de repente fossêmos agraciados com a boa vida que seletos seres humanos mais abastados em seus extensos numerários bancários e eextra-bancários lhes permite viver. Nos sentimos como reis ao final de semana.
Somente para sermos atirados novamente à nossa realidade nua e crua de sermos o que somos...apenas seres humanos, eternos insatisfeitos, eternos pedintes por mais para entidades ilusionárias que de certa forma parecem tornar-se mais visíveis aos domingos para certos humanos, em certas congregações por aí.
Todos pedem que o domingo não termine nunca. Ou se não pedem, deveriam pedir. Pois o inferno existe, sim, de fato. É chamado de vida. E é ainda pior, mais palp´´avel, extremamente real, exatamente naquele instante trágico em que alguns elétorns partem de circuitos impressos, passam por uma infinidade de caminhos e temporizadores digitais, analógicos ou seja lá o que for...e geram aquele famoso alarme. "Bom, dia, esta é sua vida, e está acabando um segundo por vez. Em especial na data de hoje."
Mau humor tem vez e lugar. Pertence às segundas, nauseabundas por natureza e por profissão. Por necessidade de assim o ser, enfim, é a vida.
Sorvamos todos nós nossos cafézes, e tenho dó daqueles que não o fazem. Enfrentem suas segundas da forma abjeta que a ausência de cafeína em vossas secas vidas lhes permite. Se é que lhes permite, de fato.
E continuemos, até a sexta, até a sexta. O mais sagrado dos dias.
Adiante. Adiante. E que o café me dê energia. A nós todos, que dele fazemos uso.