Vamos lá, você consegue! Mantenha-se acordado e tente não se lembrar que hoje é segunda e...tarde demais. Já me relembrei. Maldição.
Ainda assim, adiante. Cumpra-se o dever de ser relator de trivialidades e acontecimentos nada incomuns na vida de um solitário ermitão muderno. Diante de mim, coca-cola e pães de queijo: decidi que se as segundas não podem ser naturalmente mais toleráveis e agradáveis, eu tornarei-as mais humanas me valendo de artificiais artifícios.
O feriado esteve bom, felizmente. Muito bom, apesar de eu nem ter saído ao portão de minha casa. E por mais que isto possa parecer um tédio eterno e absoluto, afirmo que não preciso muito mais para me dar por satisfeito. Estou com as pontas dos dedos da mão esquerda em frangalhos, e todas as teclas que teclo me doem, uma forma pulsante deles se me lembrarem que eles existem e que forma muito maltratados no feriado.
Não diria maltratados, para se falar a verdade. Foram muito usados, é verdade. Achei que já tinha eu calos o suficiente para aguentar longas sessões sonoras, mas parece-me que ainda há muito que se calejar, muito que se treinar. Muito que se fazer.
Lembrei-me hoje de finais de semana passados, em meados de 2002 ou 2003, época em que eu ainda tinha grandes desígnios artísticos envolvendo artes e partes desenhadas, e nem de longe imaginava o que viria em seguida, anos mais tarde. Mesmo assim, naquela época eu me divertia nos finais de semana de maneira quase igual a que me divirto hoje em dia, ou seja, de maneira muito nerd. Naquela época das internétis discadas, eu já era fissurado com essa joça, e somente tinha acesso à rede mundial em finais de semana, nas madrugadas, de meia noite às seis, de sexta para sábado e de sábado para domingo. No domingo havia aquele esquema da linha só contar um pulso, mas só tínhamos uma linha de telefone e esta não poderia ser ocupada o dia inteiro com inúteis navegações na internet.
Naquela época, eu nerdicamente sempre me conectava nestes infames horários para me entreter na rede, e lembro-me que sempre escutava nos finais de semana as gemas musicais por mim garimpadas durante a semana. Em suma, eu escutava no final de semana as coisas que havia baixado na precária internet durante a semana; eu sempre acordava meia noite para deixar baixando coisas até as seis. A internet era discada, lembrem-se.
Naquela época, eu sempre costumava emergir de meus finais de semana nerds com alguma música nova que realmente tocava minha alma, algo que me fazia arrepiar, algo que me fizesse muito mais sentido que qualquer outra éspecie de som normalmente veiculado publicamente. Se eu passasse um final de semana sem descobrir mais uma faixa para a trilha sonora de minha vida, o final de semana era incompleto.
Hoje em dia, tempo passado e tempo mudado, pouca coisa mudou, devo dizer. Ainda sou um nerd solitário que me entretém digitalmente em feriados, que ainda escuta muita música e sempre está em busca de sons que possam fazer parte de minha trilha sonora, e que ainda de certa forma sonha com aspectos gráficos, mas deles já não mais deposita quase nenhuma esperança.
O que mudou, então?
Emerjo deste feriado escutando novos sons, que podem facilmente fazer parte de minha trilha sonora para a vida, mas com uma diferença básica: são sons por mim inventados, coisas que até então nunca havia escutado em minhas madrugadas anônimas. Coisas que partiram destes calejados dedos, daquele violão arranhado pelo tempo e pelos pequenos acidentes da vida. Coisas que inventei ali em meu sótão e que registrei em meu computador, valendo-me de meus aparatos que levei tanto tempo para adquirir. Coisas que muitos me zoaram por estar gastando dinheiro erroneamente, uma vez que eu não usaria aquilo nunca; quando eu iria precisar de um som de um ebow plugado num pedal de volume ligado em um mini amplificador Vox? Quando?
Bem, neste final de semana, grande parte destes meus inúteis aparatos fizerma valer seu valor, por tantas vezes multiplicados pelos nossos queridos ladrões do comércio de aparatos musicais brasileiros, que têm coragem de cobrar 1500 reais num amplificador que custa aproximadamente 140 doláres em Miami. Eu diria que valeu a pena ter investido tanto nestas coisinhas.
Por que, de alguma forma, eu ainda busco algum objetivo na vida, maior que ser apenas um enfeite escrotorial, ganhando mal para fazer coisas que nunca quis fazer. E se falhei em aspectos gráficos de minhas afinidades, esperava eu ao menos não falhar nesta minha outra afinidade. Algo com que eu pudessejustificar minha existência, justificar minha presença incômoda de ser um eterno ser que em nenhum lugar se encaixa, em nenhuma parte deste imenso quebra cabeças de gentes e gentes e gentes, tanta gente, por Mitra.
E que venha mais notas sonoras, por mais descordenadas que sejam. Por mais teoricamente erradas que estejam. Que façam algum sentido. Que me devolvam a sensação de dever cumprido, e não aquele estorvo mental de saber que algo deveria estar sendo feito, com toda esta...coisa que em mim existe e que até hoje não sei a serventia.
Talvez seja esta: a de me justificar o gasto energético dispendiado em me fazer existir, quem sabe? Algo que não seja apenas um imbecil isolado em seu mundo à parte.
Esperemos. Enquanto isto, vistamo-nos e obedeçamos às ordems contabilistas que de mim exijem que sejam devidamente preenchidos os campos de impostos sobre o ICMS de tomates.
Adiante, adiante. Por uma vida menos ordinária.
Ainda assim, adiante. Cumpra-se o dever de ser relator de trivialidades e acontecimentos nada incomuns na vida de um solitário ermitão muderno. Diante de mim, coca-cola e pães de queijo: decidi que se as segundas não podem ser naturalmente mais toleráveis e agradáveis, eu tornarei-as mais humanas me valendo de artificiais artifícios.
O feriado esteve bom, felizmente. Muito bom, apesar de eu nem ter saído ao portão de minha casa. E por mais que isto possa parecer um tédio eterno e absoluto, afirmo que não preciso muito mais para me dar por satisfeito. Estou com as pontas dos dedos da mão esquerda em frangalhos, e todas as teclas que teclo me doem, uma forma pulsante deles se me lembrarem que eles existem e que forma muito maltratados no feriado.
Não diria maltratados, para se falar a verdade. Foram muito usados, é verdade. Achei que já tinha eu calos o suficiente para aguentar longas sessões sonoras, mas parece-me que ainda há muito que se calejar, muito que se treinar. Muito que se fazer.
Lembrei-me hoje de finais de semana passados, em meados de 2002 ou 2003, época em que eu ainda tinha grandes desígnios artísticos envolvendo artes e partes desenhadas, e nem de longe imaginava o que viria em seguida, anos mais tarde. Mesmo assim, naquela época eu me divertia nos finais de semana de maneira quase igual a que me divirto hoje em dia, ou seja, de maneira muito nerd. Naquela época das internétis discadas, eu já era fissurado com essa joça, e somente tinha acesso à rede mundial em finais de semana, nas madrugadas, de meia noite às seis, de sexta para sábado e de sábado para domingo. No domingo havia aquele esquema da linha só contar um pulso, mas só tínhamos uma linha de telefone e esta não poderia ser ocupada o dia inteiro com inúteis navegações na internet.
Naquela época, eu nerdicamente sempre me conectava nestes infames horários para me entreter na rede, e lembro-me que sempre escutava nos finais de semana as gemas musicais por mim garimpadas durante a semana. Em suma, eu escutava no final de semana as coisas que havia baixado na precária internet durante a semana; eu sempre acordava meia noite para deixar baixando coisas até as seis. A internet era discada, lembrem-se.
Naquela época, eu sempre costumava emergir de meus finais de semana nerds com alguma música nova que realmente tocava minha alma, algo que me fazia arrepiar, algo que me fizesse muito mais sentido que qualquer outra éspecie de som normalmente veiculado publicamente. Se eu passasse um final de semana sem descobrir mais uma faixa para a trilha sonora de minha vida, o final de semana era incompleto.
Hoje em dia, tempo passado e tempo mudado, pouca coisa mudou, devo dizer. Ainda sou um nerd solitário que me entretém digitalmente em feriados, que ainda escuta muita música e sempre está em busca de sons que possam fazer parte de minha trilha sonora, e que ainda de certa forma sonha com aspectos gráficos, mas deles já não mais deposita quase nenhuma esperança.
O que mudou, então?
Emerjo deste feriado escutando novos sons, que podem facilmente fazer parte de minha trilha sonora para a vida, mas com uma diferença básica: são sons por mim inventados, coisas que até então nunca havia escutado em minhas madrugadas anônimas. Coisas que partiram destes calejados dedos, daquele violão arranhado pelo tempo e pelos pequenos acidentes da vida. Coisas que inventei ali em meu sótão e que registrei em meu computador, valendo-me de meus aparatos que levei tanto tempo para adquirir. Coisas que muitos me zoaram por estar gastando dinheiro erroneamente, uma vez que eu não usaria aquilo nunca; quando eu iria precisar de um som de um ebow plugado num pedal de volume ligado em um mini amplificador Vox? Quando?
Bem, neste final de semana, grande parte destes meus inúteis aparatos fizerma valer seu valor, por tantas vezes multiplicados pelos nossos queridos ladrões do comércio de aparatos musicais brasileiros, que têm coragem de cobrar 1500 reais num amplificador que custa aproximadamente 140 doláres em Miami. Eu diria que valeu a pena ter investido tanto nestas coisinhas.
Por que, de alguma forma, eu ainda busco algum objetivo na vida, maior que ser apenas um enfeite escrotorial, ganhando mal para fazer coisas que nunca quis fazer. E se falhei em aspectos gráficos de minhas afinidades, esperava eu ao menos não falhar nesta minha outra afinidade. Algo com que eu pudessejustificar minha existência, justificar minha presença incômoda de ser um eterno ser que em nenhum lugar se encaixa, em nenhuma parte deste imenso quebra cabeças de gentes e gentes e gentes, tanta gente, por Mitra.
E que venha mais notas sonoras, por mais descordenadas que sejam. Por mais teoricamente erradas que estejam. Que façam algum sentido. Que me devolvam a sensação de dever cumprido, e não aquele estorvo mental de saber que algo deveria estar sendo feito, com toda esta...coisa que em mim existe e que até hoje não sei a serventia.
Talvez seja esta: a de me justificar o gasto energético dispendiado em me fazer existir, quem sabe? Algo que não seja apenas um imbecil isolado em seu mundo à parte.
Esperemos. Enquanto isto, vistamo-nos e obedeçamos às ordems contabilistas que de mim exijem que sejam devidamente preenchidos os campos de impostos sobre o ICMS de tomates.
Adiante, adiante. Por uma vida menos ordinária.