sexta-feira, 9 de abril de 2010

Bate-pernas!

Acho que eu nunca odiei tanto o corpo docente de Belo Horizonte tanto quanto o fiz ontem. Muitos que cá habitam devem ter percebido a zona que eles criaram no centro da cidade por conta da greve deles(aliás, que está acontecendo este ano? É ano nacional das greves??) Não quero saber de motivos, não quero entrar em discussões. Têm lá seus motivos e lutam por eseus direitos, mas a baderna por eles causada ontem me afetou diretamente na hora de ir embora.

Como é de meu hábito, saí andando daqui até a Afonso Pena. Levo muito menos tempo, passo muito 'menas' raiva e tenho que aturar muito menas gente do que se apanhasse um coletivo qualquer. Mas eu podia ver que a greve e sua manifestação, que partira da praça da Assembléia às cinco da tarde marromenos, estavam fazendo seu estrago no trânsito. Estava tudo parado, agarrado. Nenhum carro se movia e o buzinaço corria solto no ar, ainda que a regra universal da física e do trânsito dite que dois corpos NÃO ocupam o mesmo lugar no espaço, por mais que se buzine.

Cheguei à Afonso Pena e imediatamente vi que estava fudido: o ponto de ônibus estava absolutamente lotado daqueles maravilhosos seres que são os fumequeiros, aqueles seres tãããão inteligentes que teimam em lotar meu ônibus. Na hora já olhei e disse para mim mesmo: "é, estou na merda hoje." Pensei o quanto seria bom se tivesse que dar aula naquela quinta, pois até as nove a coisa deveria ficar mais tranquila. Mas não era dia de aula. Pensei em contactar alguns amigos meus para ver se animavam ficar em algum canto esperando o caos baixar, mas eis que meu telefone molecular estava irremediavelmente morto, sem carga.

O que fazer? Fui até a casa dos Quadrinhos, para ver se havia algum companheiro por lá, mas nada feito também. O que me restava fazer? Ir para casa a pé. Mesmo assim, ainda andei até a Savassi, com a esperança de ali encontrar alguém. Acontece que o caos dos professores parou a cidade quase inteira: não havia quase ninguém nas mesas dos bares da Savaca, coisa muito incomum para uma quinta feira, acredito eu. Nenhum conhecido ao redor, nada.

É. Voltar a pé para casa! Uhu!

Subir e subir, e andar e andar. Quando cheguei novamente à Afonso Pena, vi que a coisa estava mesmo feia. Ninguém descia, nada subia. Tudo estava parado. Fiquei de olho para ver se algum desgarrado busão subia a avenida, mas não. O lado que subia para o Mangabolhas estava quase deserto, os únicos veículos que ali existiam eram bem-aventurados carros que por algum motivo encontraram vias alternativas para ali chegar. Não havia um único ônibus subindo.

E como aquela avenida é longa. Ontem eu pude contemplar de perto, sentir na pele o tanto que aquilo é comprido e como é um morro gigantesco. Me senti um verdadeiro alpinista. Galgava tudo aquilo como se estivesse de fato escalando uma gigantesca montanha. O que de fato eui estava fazendo. Quando se olha o mapa de BH no Goooooooooooooogle maps, nem parece ser um trajeto tão árduo assim; longo, de fato, quase sete quilômetros, mas o que realmente mata ali, não é mostrado em mapas bidimensionais.

A subida, essa sim, mata. Inda mais que é praticamente interminável. Você sobe , sobe e sobe e não chega. E a subida vai piorando à medida que fui me aproxiamndo de casa: ali sim é a base da Serra do Curral, e a avenida que precede o bairro é das mais imperdoáveis para os andarilhos feito eu, especialmente quando se chega à base da praça do Papa. Ali, a inclinação do morro cresce uns quinze "degraus" ao menos. Minhas pernas já estavam pedindo arrego. E mesmo vencendo aquele morrão, ele NÃO é o último, maldito hábito dos homens em viver em locais elevados, por mais aprazível que seja para as vistas. Garanto que ninguém pensa nas pernas nestas horas.

Enfim, consegui chegar em casa, após uma hora e meia de marcha acelerada e quase initerrupta, partindo de um trajeto nada lógico para a distância transposta. Cá estou hoje, com as pernas surpreendentemente cansadas, porém sem aquelas dores causadas por excesso de ácido lático no tecido muscular estriado esquelético que...tá, irei me calar biologicamente falando. Hunf. Mesmo assim, fico feliz de ver que ao menos para isso serviu minha perambulação constante que costumo fazer todos os dias. Se eu fosse sedentário, hoje não teri aguentado nem me levantar da cama.

Mesmo assim, presumo eu que a população em geral ontem quis ver a caveira de todos aqueles professores, eu incluso. Não quero saber de nada, motivos, aumentos, porra nenhuma. Eles conseguiram foi é fuder tudo, avida de quase todos na cidade. Olho por olho, dente por dente, eu presumo. Danem-se. Causaram o caos, foi tudo que conseguiram.

Enfim, ao menos estava um tanto frio ontem, ou eu teria me desidratado por completo na empreitada. E ainda bem que é sexta feira, pois é o dia mais sagrado da semana. Só não é mais santo que as sextas que são feriados. E para o final de semana, a excursão para a capital regional do frio já está agendada. E eu dormirei novamente no quarto mais legal do mundo, lá na torre. Isto é bom, muito bom.

Enfim, vamos nos preparar para o descanso merecido. Esperemos que ao menos hoje estes revoltados profissionais não nos causem novamente o caos, ou estarão correndo sério risco de vida, creio eu. Não de minha parte, mas se existe um bicho mais arredio e perigoso que os Senhores Volantes de BH, eu ainda estou para conhecer. É um risco de vida mexer com tais seres, broncos e raivosos como o são.

Que todos tenham um bom final de sumana, então. Beijo na bunda, até segunda.