terça-feira, 6 de abril de 2010

A conversa.

Aconteceu-me ontem, e na verdade tem acontecido muito por estes dias. Ocasiões em que de repente nos flagramos conversando com pessoas as quais não necessariamente temos muito contato, mas que definitivamente fazem parte de nossas vidas, de uma forma ou de outra.

Ontem, após ter visitado meu sobrinho postiço, fui ofertado uma carona de volta para minha casa. Por mais que eu seja fã incomensurável do nosso transporte púbico - de pessoas e pêlos....er....tá, tosqueira tem hora(toda hora é hora) - eu aceitei prontamente, ainda que tivesse sido advertido que antes de irmos para os meus lados, teríamos que visitar um de nossos templos do moderno consumismo, ou xópis. Sem problemas, vamos lá.

O que aconteceu foi que fomos conversando, eu, meu sobrinho e sua mãe, mulher calejada na vida, destas pessoas que já viu muita merda, já fez muita merda e se mantém firme perante o caos reinante na vida. Eu a admiro, de certa forma. Não a tenho como uma dessas pessoas idealizadas, mas sinto definitivamente uma afinidade com esta pessoa.

Pois bem, conversamos muito, sobre os mais diversos assuntos, entre veementes devaneios vindo do banco de trás. Estes sobrinhos são muito irrequietos, por vezes. Mas a conversa fluía naturalmente, e falávamos dos mais diversos assuntos, e conversa gerava conversa. O tipo de papo que eu curto, pois o que incomoda mesmo é não ter assunto nestes momentos.

O que eu achei engraçado é que diversos tópicos da conversa pareciam voltados diretamente para mim, como se estivéssemos falando apenas de mim e minhas mazelas, sendo que não era o caso: as pessoas envolvidas na conversa eram conhecidos dela, gente que nunca havia ouvido falar dantes.

Acontece que muito do que foi dito ali parecia ser dirigido diretamente para mim, de fato. Não sei se acontece com outrem, mas tenho visto isto acontecer muito comigo nestes últimos tempos. Coisas que andam me atormentando, me atrapalhando, ecoando em minha cabeça; coisas as quais não costumo nem conversar com os outros, pois julgo ser meus problemas meio que "egoístas", ou seja, aqueles que eu deveria resolver por conta própria.

Muitos destes tais problemas mui particulares foram comentados ontem nesta conversa, como se aquela pessoa, aquela mulher com a qual tenho contato no máximo duas vezes por semana, às vezes nem isso, ela parecia que sabia destas minhas secretas mazelas, pois volta e meia lá estávamos novamente tratando de algum assunto que me dizia respeito - indiretamente.

Às vezes me parece que a vida tem destas coisas. Quando o caos começa a imperar, acontece algo como isto, uma conversa em que você de repente se vê diante de seus demônios pessoais, como se a vida estivesse mandando um recado. Aviso: isto ainda tem de ser resolvido.

Achei muito válido tal experiência, mesmo que seja ainda muito cedo para se pensarmos em resultados concretos acerca da resolução de tais mazelas. De certa forma, pareceu-me que tal conversa foi um aviso mesmo. Um sinal que eu não devo adiar a resolução destes problemas, que o tempo está passando e eles ainda imperam.

E o tempo sabe ser traiçoeiro. Quando você se espanta, dez anos se passaram e você não resolveu a coisa ainda. Já aconteceu mais de uma vez comigo. E por vezes me parece que estes avisos velados da vida estão aí justamente para - mais uma vez - alertar-nos que a coisa existe, e que deve ser repensada, redimensionada, reavaliada, resolvida.

Pensemos mais a respeito disto em nossos dias diários de diária labuta. Pensemos e pensemos.

E que a solução venha, nem que seja do caos.