sexta-feira, 31 de julho de 2009

Dúvida.

Onde você estava dez anos atrás?

Onde está agora?


É realmente aqui que você esperava estar? Era aqui que você queria chegar?

Perguntas dignas de terem sido tiradas de uma entrevista de emprego ou coisa assim, não? Hoje de manhã após breve conversa com minha mãe, elas foram impelidas a ficarem martelando em minha cabeça. Estas coisas acontecem, creio eu.

Bem, vejamos. Dez anos atrás...1999.

É, de fato. Eu estava no maelström final da biologia...uma época em que eu sabia que as coisas iam de mal a pior ali, e que o curso estaria fadado ao fracasso. Foi no ano seguinte que primeiramente ingressei nesta corporação "familiar" que é meu ganha-pão atual. Fiquei aqui até 2004, quando saí para conquistar o mundo...conquistando um vestibular para belas artes. Que abandonei em 2006, para entrar em um mundo virtual até o final de 2007, onde novamente voltei para esta empresa e onde estou até hoje.

Acho que de fato, não era aqui que queria chegar.

Coisas da vida. Falo de meu exemplo para incitar o pensamento alheio sobre este tema. Não sei se é um tema agradavél, ainda mais para uma sexta feira, mas...de vez em quando eu paro para pensar nestas coisas e fico meio que perplexo diante da vida em si.

Creio que meu caso não é exclusivo. Vi muito isto acontecer na faculdade de biologia...alguns de meus melhores companheiros ali não chegaram sequer a terminar o curso, ao notarem que realmente não era aquilo que queriam. E isto acontece em muitos cursos. Eu vi gente próxima a mim abandonar um curso na metade, ficar um ano de hiato tentando fazer vestibular para outra coisa, para no final...fazer um vestibular para o mesmo curso que tinha abandonado e recomeçar de fato, do zero. Outras pessoas desapareceram da biologia sem sequer começar.

É estranho como a vida transforma nossos ideais, nossas expectativas ao longo do tempo. Tudo bem, quando somos crianças, desprovidas da maldade necessária para a vida adulta, tudo parece sonho, e tudo parece que vai dar certo. E nossos "sonhos profissionais" nesta época são bem diferentes do que realmente nos vemos forçados a escolher no derradeiro momento de se entrar para uma faculdade, anos mais tarde.

Eu fiz 3 vestibulares na vida. O primeiro, para medicina, onde tomei um ferro fenomenal. Fiquei pertinho de ser chamado para excedente, com minha colocação de -2500(ou seja, para ser chamado, era necessário apenas encher alguns Boeings de aprovados e excedentes antes de mim e misteriosamente derrubar todos. Nada mais fácil, não?). No ano seguinte, fiz um cursinho extensivo, onde pensei e pensei, e não sei bem porque pensei que biologia pudesse ser mais interessante. E surpresa!, neste ano, eu passei em...quarto lugar na classificação geral da biologia. Dava pra passar em medicina. Ha, ha, ha. Ironias da vida.

Fico imaginando...eu que reclamo tanto da vida, que reclamo tanto de tudo, o que teria acontecisdo se tivesse feito medicina? O que aconteceria se tivesse entrado no curso?

É daquelas famosas perguntas sem resposta, típicas de minha pessoa.

Mas de fato, imagino se eu teria dado certo naquele âmbito da medicina. Doutor Marcos Burian. Ha! Sei lá viu. Um coisa eu tenho certeza...eu teria reclamado e esperneado do mesmo jeito, ou enlouquecido ao ter que lidar com um dos aspectos mais frágeis da vida, que é a vida em si. Eu creio que em 1999 eu estaria já viciado em algum tipo de droga qualquer, de mais fácil acesso para estudantes de medicina, e que em 31 de julho de 2009, o doutor Burian estaria ou morto de overdose de codeína ou um outro opiáceo qualquer.

Mas não adianta supor. Nunca saberei. Talvez eu tivesse dado certo e estivesse hoje com grana, com carro, casa, casado, com filhos...

...e estaria morto do mesmo jeito. Acho que no final das contas quem sempre vence é a morte mesmo. Merda de se ter consciência de ser finito. Merda de se ter que ganhar a vida com afinidades que não servem para nada. Mas foda-se, Buriol. É, tá certo.

No final, o que descobrimos é que a vida não pode ser planejada. Não dá para se adivinhar o que vai acontecer em seguida. E não dá para imaginar de fato o que uma escolha irá representar em nossas vidas. Não sei se estou sozinho em meu solilóquio diário...se este pensamento, estas linhas mal-traçadas irão atingir alguém de forma a gerar resultados positivos. Creio que não, pois pensar parece que causa depressão. Ainda mais se alguém tiver uma tendência a pensar e escrever merda em plena manhã de sexta feirta. Cale-se, maldito! Cale-se, cale-se! Deixa eu ver o futebol, eu ver a novela, eu jogar meu joguinho, beber minha cerveja, ler meu livro, navegar na internet, assistir horas e horas de vídeos estúpidos na internet, e...durar, durar, reproduzir, ranger, mofar...morrer.

Sei lá. Vai mal a coisa aqui dentro da cachola no momento. Alguém tem um pouco de codeína por aí?

Enfim, mal pelas linhas e linhas de nada de bom. É a vida, aminha vida. Minha missão, a de ser o chato da festa, o grande "encontrador de defeitos". É como eu disse ontem, eu daria muito certo num ramo como esse: me mostre qualquer coisa, QUALQUER COISA, e eu apontarei as falhas, os erros, os defeitos. Existe de fato alguma carreira deste naipe? Ha-ha. Qual seria a pegadinha? Fazer alguma faculdade horrenda, feito administração?

Sim, sim. Resigno-me a me calar. Até segunda, crionças. Perdoem este eterno pessimista...