terça-feira, 14 de julho de 2009

Musga para os zuvido!

Música e barulho, existe uma tênue diferença entre estas duas coisas. Tênue,? irão me perguntar. Por mais estranho que possa parecer, afirmo que sim, penso que esta diferença, por vezes é muito, mas muito sutil, de fato. Música em si, nada mais é que um arranjo de barulhos ordenados, para que façam sentido. Em termos rústicos, ao menos, creio que possamos definir música desta maneira. Evidentemente, puristas da música e/ou estudantes e/ou seres que habitam a faculdade de música da UFMG irão querer me arrancar o couro se isto lerem. Como bem sei que a grande maioria dos habitantes daquele local são bem chatos, e que puristas de qualquer coisa são grandes chatos, estou pouco me fudendo para eles.

Lembro-me que no primeiro período de minha longínqua faculdade de biologia, fomos forçados a conduzir um estudo dirigido sobre o tema de acústica. A matéria em si denominava-se Elementos de Física, e como TODAS as matérias cursadas por mim no prédio rosa maldito, também denominado ICEX, foi uma grande inutilidade. Não entrarei em muitos detalhes, mas basta saber que durante tal aula o professor conseguiu fazer um cálculo da diferença da temperatura da ágau de uma cachoeira, da parte superior e da inferior. Esta diferença, segundo ele, era de aproximadamente 200 graus. Ou seja, ele conseguiu evaporar a cachoeira 2 vezes. Pois sim, que espécie de diferença é esta? Que espécie de AULA é esta?

Enfim, o trabalho era sobre sons, e minha parte, que eu teria que apresentar seria sobre limites da audição, no quesito volume. O título em si de minha parte era "quando ouvir dói". Lembro-me que fize semelhante analogia quando fui apresentar minha parte: "para muitas pessoas, a diferença entre barulho e música são disparatadas. Enquanto para uns, uma canção das Spicy Girls é considerada música, se você pôr um treco destes para tocar perto de mim, você irá verificar que sairei correndo feito louco. Para mim, isto é barulho!"

E não é verdade? Ponham-se a pensar a respeito. O gosto musical das pessoas muitas vezes define se uma sequência de sons pode ser considerada barulho ou música. Se você puser para tocar perto de mim coisas tipo bossa nova, ou eu irei ficar reclamando no seu ouvido até você parar a coisa, ou eu irei sair de perto. Para mim é barulho, não faz sentido e incomoda. Bem sei que se eu pusesse algumas de minhas bandas preferidas perto da maioria das pessoas, elas iriam me internar num hospício ou destruir a fonte emissora de tais sons. Ou uma combinação de fatores, quebradeira do aparato sonoro e posterior internação em um asilo de loucos. Já comprovei isto de perto, em uma aula da Belas Artes em que levei meu CD da conhecidíssima banda Olivia Tremor Control, a saber, Black Foliage. As pessoas não pararam o aparato de primeira, deixando a coisa rolar por cerca de vinte minutos enquanto olhavam para mim com cara de "você é louco!" Em um dado momento, eles sulicaram para que eu parasse tal coisa.

Bem sei que é isto é muito pessoal, gosto é algo que raramente é compartilhado com algumas pessoas. Digo isto parecendo que estou me excluindo do restante da humanidade, como costumo fazer sempre, mas bem sei que no fundo todos têm alguma coisa de que gostam e é execrada pelo restante das pessoas. É quase algo que nos tornaria seres ímpares, por assim dizer, mas não sei se posso afirmar isto em se tratando de gosto musical, pois é algo não tão importante para a maioria das pessoas, ao menos no ponto de vista vital. Se você gostar de "fanque" carioca(me recuso a denominar aquilo como Funk, digno de James Brown), isto não será um fator de sobrevivência. Sua sobrevivência independe disto. A não ser, é claro, que vocÊ esteja tentando discutir música com caras "sujeras" de um favelão por aí. Você pode ser alvejado por um projétil de chumbo caso discorde com tal sujera.

Mas é estranho pensar como podemos diferir neste aspecto. No final das contas, parece-me que somos realmente sozinhos nas coisas que gostamos, nas coisas que apreciamos. E quantas e quantas vezes tentamos mostrar as coisas que gostamos, falando veementemente para nossos amigos, "Você tem que escutar isto! É muito bom!", e quando de fato mostramos tais coisas e aqs pessoas não gostam, sentimo-nos levemente traídos, ou desapontados. Por vezes, sinto-me mesmo muito solitário em meus apreços musicais. É um fator de exclusividade, que por vezes torna-nos alienados para o resto do mundo.

Lado outro, se tivermos consciência que a maioria das pessoas gosta de coisas abjetas, feito o tal do fanque, sertanejo, Jonas Brothers, High School Musical e quejandos, levo-me a congratular-me e congratular todas as pessoas que não gostem de semelhantes joças. Sou capaz de sangrar pelos ouvidos se me puserem para escutar estes parcos exemplos por mim citados.

Enfim, pessoas são todas únicas em si mesmas; é pena que tais fatores sejam imensamente discrepantes entre elas, mas é algo que nunca será mudado...e nem deve ser, pois como dizem, é a diversidade que torna o mundo menos tedioso. Ou não. Sei lá.

Enfim, voltemos à música capitalista. Eis que terei que refazer o livro de entradas por mim erroneamente preenchido. Sim. Tédio, tédio.