Encontro-me à frente deste monitor, deste computador, neste escritório, neste prédio, neste local e...estou meio que dormindo, creio eu. Por mais que algumas vezes mudanças de cenários sejam bem-vindas, por vezes, a gente estranha dormir fora de casa. Talvez seja como meu prórpio anfitrião(Hugo, o ex-doutor) me diz de tempos em tempos, agruras da idade que está vindo, todo dia está vindo. Mas ela que se dane também, quero mais é me divertir enquanto posso.
Pois, ontem saí do trampo mas fui ter com meu amigo em sua casa, onde verifiquei mais uma vez as maravilhas dos jogos eletrônicos modernos em ação. Tudo começou há alguns meses, quando Antônio, o gengiva, resolveu mais uma vez surpreender-nos comprando um Xbox 360. Como todo nerd que se preza, fui conferir de perto o tão afamado console, que já vinha arrancado uma profusão de elogios de Anônio, que dizia ser a melhor invenção de todos os tempos. Não o console em sim, mas outro brinquedinho que ele adquiriu juntamente com o console. Falo do kit completo do jogo Rock Band.
Eu, que já havia ouvido falar do jogo Guitar Hero, não pus muita fé. Sendo um guitarrista amador porém entusiasmado que sou, não via muito sentido em apertar botõezinhos numa guitarra de plástico enquanto um esquema feito Tetris ficava baixando na tela. O que uma outra versão deste jogo traria de diferença?
Quando Antônio me mostrou a coisa ele já deixou claro: a bateria. A bateria seria toda a diferença, o sinônimo de diversão garantida na terra. Eu, que já me aventurei em todas as funções em uma banda de verdade, mesmo a de vocalista(em um ensaio, e não mais que por uns 3 minutos seguidos. Sei que minha voz é um fracasso quando a escuto, eheheh), posso afirmar que os bateristas são seres de outro planeta. Mal tenho coordenação o suficiente em meus dois braços para tocar um instrumento de cordas, é pedir demais para mim tocar um negócio que você precisa coordenar TODAS as extremidades de seu corpo. Some-se a isso bateristas que cantam e apresentarei-lhes um autêntico alienígena.
Mas no caso de um jogo, a coisa muda de figura, pois é uma versão simplificada do instrumento, e devo admitir...os caras por trás deste projeto denominado Rock Band fizeram um senhor jogo divertido. Eu, que sou um péssimo baterista, me diverti bem batendo baquetas naquelas peles eletrônicas, mas ainda assim preferia mais ver os outros jogando do que jogar em si. O Hugo, que apanhou o console emprestado enquanto Antônio se aventura em terras européias, já está viciado no jogo em si. Ontem não me pareceu ser um bom dia para tocar, ao menos para mim, ao menos a bateria em si também.
Mas o grande diferencial da coisa não é somente a presença da bateria no jogo. Hugo me sugeriu pegar a guitarra de plástico e tentar um pouco de baixo. Faria mais sentido para mim, pois o que não entendo na função guitarra em si é como traduzir a melodia da guitarra para meros botõezinhos. E outro detalhe fundamental que só descobri ontem, apesar de toda sua obviedade, é o fato de você de fato ter que "tocar" a guitarra usando as duas mãos em sincronia, bem no esquema de um instrumento real, como se estivesse batendo em uma corda com uma palheta. Achava eu que era só ficar apertando os tais botõezinhos à medida que as "notas" desciam pela tela.
E me diverti, mesmo muito ontem com esta coisinha, ainda mais podendo-se tocar junto com seus companheiros. Imaginei aqui um requiem para aquela josta da humanidade, o malfadado karaokê. Descanse em paz, invenção dos infernos. Esta sim é uma diversão para animar qualquer festa, com muito mais diversão para quem participa e muito menos sofrimento para quem está de fora. Evidentemente, não vi a função de voz em funcionamento ainda, só a bateria e a guitarra. Imagino que um cantor desafinado será sofrimento para qualquer audiência.
Mesmo assim, eu "toquei" e "toquei" até cansar ontem. E sim, faço uma retratação pública perante meu preconceito anterior a este jogo. Com duas pessoas jogando foi extremamente divertido; imagino que em uma festa, este fator possa ser multiplicado muitas vezes. Recomendo. Matem os karaokês e enterrem. Viva la revolución de el Xbox!
Uma outra nota é que considerei o jogo um exercício muito válido para aspirantes a músicos, não só para jogadores casuais. Pelo menos a parte da bateria e do baixo, dão uma noção muito boa sobre ritmos e tempos, e pode ser uma forma bem mais divertida de praticar estes dois atributos essenciais para qualquer tipo de atividade sonora que se preze. E não osmente isto, conforme discuti com o Hugo, é uma excelente forma de divulgar boas músicas para esta garotada que está à mercê de um mercado fonológico bastante sofrível nestes últimos anos. Faço votos que muitos garotos descubram a boa música e fiquem com vontade de praticar suas habilidades do videogame em um instrumento de verdade. Imagino que talvez o simples convívio com este jogo possa desenvolver todo um interesse pela musicalidade em si nesta geração.
Quem sabe né.
O único senão da noite em si foi realmente o fato que não dormi bem. É estranho isto, e posso atéafirmar que não é de fato "velhice", por assim dizer, mas algo que me lembra um quadrinho que li na internet outro dia, falando a respeito de como travesseiros ão itens pessoais e intransferíveis. De fato, não somente o travesseiro em si, mas todo seu aparato dormitório, por assim dizer, faz diferença imensa na hora de dormir. Se você é acostumado com um colchão com dureza média, irá achar um colchão de molas uma merda. Sua cabeça não irá aceitar o travesseiro estilo "folha" se você estã acostumado a recostar sua cabeça em uma montanha de espuma. Sei lá. Me parece que muitas pessoas não têm problema algum quanto a isto, encostam e dormem em qualquer lugar por aí.
Entretanto, eu não sou assim. Dormi, mas dormi mal. Mas não arrependo de ter feito tal excursão. Estou realmente precisando de coisas como esta em minha vida.
E já estão dando muitas horas que estou aqui escrevendo abobrinhas em geral. Há que tornar ao mundo real e mais chato, não é?
Enfim, jogue mais Rock Band, mate mais karaokês e seja mais satisfeito, ou no mínimo mais bobo alegra. Faz bem para os rins, como diria o Hugo.