segunda-feira, 6 de julho de 2009

Nostalgia eletrônica.

Deixe-me afogar meu café, ou afogar em café, quero dizer, beber meu café. Muito café é necessário para estas manhãs de segundas; em especial uma segunda 13, ainda mais ainda quando o inverno de repente resolve dar as caras. Sorvamos a negra infusão e tomemos coragem: há que se começar mais um dia de labuta, após um fim de semana extremamente proveitoso para o espírito ao menos. É sempre bom reencontrar velhos amigos, bons companheiros, e botar as conversas de tantas abobrinhas, passadas presentes e futuras em dia, não? Pois sim.

Este fim de semana em especial fez-me circular muito pela alameda das memórias passadas e de tantas coisas que aconteceram comigo por anos e anos. Torno-me nostálgico e ainda mais pensador todas as vezes que retorno daquele local, a saber, o Retiro das Pedras. Desde algum belo dia lá pros anos 90, creio que 1991 para ser mais exato, costumo visitar meu amigo Rafael naquele local, e sempre tenho boas lembranças de todas as vezes que o fiz. Sim, decerto existem memórias de um tom mais amargo, como sempre existem, em qualquer instância da vida, mas neste caso, prefiro ater-me às boas recordações.

E como disse, sempre ponho-me a recordar ecos do além, do passado. Geralmente as visitas ao Retiro sempre foram regadas a horas e horas de entretenimento eletrônico; muitos amigos reunido em volta de alguma tela de televisão ou computador, a passar horas e horas se degladiando em um ambiente virtual qualquer. Não nego que sou um nerd, sempre apreciei este tipo de moderno entretenimento. Tenho idade o suficiente para ter tido o privilégio de assistir a evolução deste tipo de diversão moderna, desde sua versão mais primitiva, lá na remota cidade de João Monlevade, onde residi até os 7 anos de idade, com o Telejogo, que continha 4 jogos em uma tela de televisão preto e branca, incluindo ali o famoso Pong, a versão eletrônica do tênis de mesa. Era uma josta, mas na época chava a atenção de alguma forma. Eu já sentia naquela época que era algo que iria me acompanhar para o resto da vida.

Quando surgiu o Atari, eu fiquei impressionado: jogos coloridos! E com realmente mais diversão inclusa, ao contrário de simplesmente ficar batendo um mega-pixel de um lado para outro na tela da televisão, "tum....tum...tum...tum-tum-tum". Ah, maravilhosos efeitos sonoros. O Atari, por outro lado, dispunha de jogos com mais jogabilidade, por assim dizer. Eu fiquei completamente absorvido no mundo daquele videogame, em especial quando me mudei de Janmonleva para Belo Horizonte. Aqui, eu era terminantemente proibido de sair sequer na esquina, até hoje não sei bem por que. No interior eu tinha uma turma de amigos e vivia correndo de cima para baixo fazendo merda, o videogame era algo que só de vez em quando era usado. Então, quando me mudei para cá, sem amigos, sem direito a sair de casa, eu me refugiava em uma pequena televisão preto e branca e o famoso Atari. Muitas horas foram gastas naquele console, muito dinheiro foi gasto com cartuchos. E me diverti, sim, muito me diverti.

Depois, eu e meu irmão descobrimos por acaso um nome que muito poucos devem se lembrar: era um "computador" denominado Expert, fabricado pela Gradiente, que só utilizávamos para jogos. A coisa era sofrida: os jogos eram gravados em nada mais nada menos que...fitas cassete. Alguns jogos demoravam meia hora para carregar, e que meia hora barulhenta aquela. Mas eram tão, mas TÃO mais superiores que os joguinhos de Atari, em que você se diverte até seu limite físico, que eu aguentava corajosamente aturar a barulheira e a espera. Valia a pena demais.

Anos mais tarde, começaram a aparecer dois nomes que me acompanharam muito tempo também: Nintendo e Sega, com o Phantom System e Master System. Nesta época que eu conheci o Rafael no colégio, e logo descobrimos que compartilhávamos desta afinidade pelos vidogames. Lembro-me até hoje a primeira vez que fui pro Retiro, ficamos horas e horas jogando joguinhos destes dois sistemas. E por anos a fio, continuamos a jogar e jogar e nos divertir horrores.

Alguns anos depois, surgiram mais upgrades da indústria: Super Nintendo e Mega Drive, os consoles de 16 bits das gigantes do ramo. Eu custei a conseguir um Nintendinho 8 bits, nunca consegui que me comprassem um destes consoles, e sofri muito com isso, eu me lembro bem. Rafael, no entanto, sempre me socorria, pois como éramos sempre companheiros no vício eletrônico, e como ele possuía um SNES, a gente carregava aquilo pra tudo quanto é lado, todos os fins de semana eram regados a jogatina.

Os anos passaram, os consoles continuaram evolluindo, mas nada conseguiu superar muito - em meu caso - a descoberta dos jogos de computador. Quando os computadores se tornaram mais acessíveis, descobri a imensa superioridade dos jogos de computador em relação aos consoles. E novamente, eu fui completamente absorvido. Lembro-me bem de um nome - Betrayal at Krondor - que foi o primeiro RPG de fato que joguei. Foi também meu melhor professor de inglês, pois o jogo contava com muito texto entre as passagens, e eu me forcei a aprender a língua, para jogar o jogo. O dicionário inglês-português nunca abandonava meu lado.

Eita, eis que este texto se tornou um monstro, pois é uma de minhas paixões desta minha vida de nerd incorrígivel. E acho que só cheguei na metade do caminho. Tenho necessidade de tornar a este tema, pois é algo que é necessário para a melhor compreensão de Marcos, o Buriol. Continuarei amanhã, então, pois eis que já cheguei levemente atrasado aqui hoje e já me olham torto.

Hasta mañana entonces.