quinta-feira, 2 de julho de 2009

Eu & eles.

Ele entrou no quarto, olhou ao redor: nada havia ali além do corpo de um asinino muar. Um pouco além dali, outro par de olhos espreitava, mas estes há muito estavam sem vida, eis que se tratava de um colar confeccionado com olhos, nervos óptico trançados e tudo o mais. Então, ao se virar para olhar para trás, houve um baque em sua esquerda. Seguindo o rumo do som, ele chegou a uma escada, tropeçou e caiu escada abaixo, morrendo em seguida.

Sim, ele morreu; não me importo mais com isso, eu sempre tenho que escrever sobre ele, tudo ele, e de vez em auando eles ou ela, e elas. Chega, é sempre assim. Eu escrevo e escrevo, mas sempre tenh oque falar deles, malditos sejam. Por que não poderei escrever eu sobre eu? Pois eu que sou eu, não sou eles, nunca fui eles. Mas mesmo assim, preciso escrever, bem sei disso. existem contas para pagar, em sua maioria atrasadas, mas mesmo assim. Meu editor irá me matar se eu não acabar com isso da maneira certa. Ai ai, pois bem.

Elke se ergueu, o tombo não havia sido assim tão terrível. Haviam algumas dores aqui e ali, mas no geral, estava bem. Maldito prego no meio da escada, entretanto: seu olho esquerdo ali havia ficado pregado. O que? Ele berrou de dor, atraindo os agentes zumbis da KKK que no quarto vizinho se encontravam. Juntaram em cima dele em um diabólico festim, esquartejando-o todinho. Fim.

Não, não! Não quero mais escrever nada sobre ele, ela, eles, elas, tu, vós, eles, blah blah blah. Eu quero falar sobre mim, nunca ninguém me pergunta como estou, se estou bem, se estou mal; só querem saber deles! Eu nunca quis saber deles e pronto. Não irei mais escrever sobre eles e...maldito telefone.

Maldito editor. Tenho que continuar, pois o combinado foram 600 páginas, não meio parágrafo.

Ele encontrou vida nalgum lugar escondido, em alguma reentrância vital por ele já esquecida, e incorporou o espírito reinante do Mestre Shaolin Negro da Holanda, gritando a plenos pulmões enquanto enforacava cada um dos integrantes da seita malévola com seus prórpios intestinos: Ani-Tofu!! Eu sou um Santo!! E então, um atirador de elite no prédio vizinho tomou coragem, fez mira com repugnância, eis que estaria mirando em uma escória da humanidade e fez fogo. Ele tombou morto no chão. Fim.

Eu me recuso a continuar. Desta vez estou falando sério! Quero que me valorizem, mas só sabem falar deles, deles, malditos personagens. E eu? Onde fico? Eu sou gente, eles são personagens, caralho, apenas personagens! Eu não pedi isso, droga. Mas eu não sei fazer mais nada de minha vida. Droga de drogas, eu deveria de fato ter ficado longe delas. Preciso de um valium. Um minuto.

Sim, sim, estamos calmos, muito calmos. E por que não escrever. Escrever. Tenho que tomar mais um gole de pinga. Um instante.

Zen. Tudo é zennnn. Eu souy szen e ekl. E tenho qujioe escrevfer./ poik,

Ekle foi despertdao por um instante, e qwue depois dali pra cá esteve, ele travoik ali, pois aqi não estava.

Bolo, eu preciso de bolo. Tenho tanta fome! Cale a bocva, telefon me !11

Editores. Tudo uns fedaputas. Estou com raiva! Não quieroi escrweopver nada sobre ele mais. Fodam-se vocês, fodam-se os editores, as gárfoicas e tudfo mais. Mai s um Valium? Doce pílula esta. Doce momento. Doce sono.

E eis que horas mais tarde, acordei na esquina, por cima de todas minhas tralhas. Havia sido despejado. E me roubaram meus calmantes! Calma?! Calma porra nenhuma, pois ontem eu matei dez coelhinhos! Eu vou lá! Vou destruir tudo, como é que se chama.

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E eis que aqui na cadeia, escrevo minhas memórias. Tive que lutar para conseguir um toco de cigarro hoje, que ainda tive o desprazer de ter que fumar com outros caras, eis que aqui todo cuidado é pouco, pois seu cu não é seu aqui; é do dono da cadeia. Merda, eu deveria ter ficado lá escrevendo sobre eles. Escrever sobre mim nessas circunstâncias é depressivo. Mas enfim, hoje, eu tive que fumar um "pavilhão" com o Cebola, o Goiaba e o Mão-Branca. Estes vacilões, deixaram que o chefe deles, o famigerado Tai se aproveitasse deles e mandasse eles pra cadeia. Eles dizem que irão se vingar dele, mas mesmo assim, vejo que eles têm medo do cara, eis que ele é conhecido como Sujera-Mor por aí. E eu, aqui estou, escrevendo isto. Quero um Valium. Preciso de um valium. Mas aqui só tenho cigarros. Droga. Não quero mais escrever sobre mim! Quero voltar lá pra fora! Quero falar sobre eles! Mão-Branca se aproxima e me manda calar a boca. Sim, tenho que escrever pro chefe, ele me mandou escrever pro chefe. Mas que merda! Será que eu não posso fazer nada que não seja falar de mim pra eles e...er, quero dizer, estou tão confuso, é tudo tão confuso. Como resolver isso?

Acho que já sei. O escritor sou eu. "E então o escritor sofreu um ataque cardíaco fatal no castelo de ARRRRGHHHHH...."