terça-feira, 4 de novembro de 2014

Turn Blue.

In the dead of the night I start to lose control
But I still carry the weight like I've always done before
It gets so heavy at times but what more can I do
I got to stay on track just like paps told me to

I really don't think you know
There could be hell below, below
I really do hope you know there could be hell below, below

When the music is done and all the lights are low
I will remember the times when love would really glow
I could dream ahead before my world turned blue
And the light inside would only shine for you

I really don't think you know
There could be hell below, below
I really do hope you know
there could be hell below, below

I really don't think you know
There could be hell below, below
I really do hope you know
There could be hell below, below
(The Black Keys, Turn Blue, off "Turn Blue")

Acordei hoje escutando esta música em minha cabeça...aí foi só ligar o computador, na surdina da madrugada, "Gotta get up for work tomorrow," ouvi-la nos fones de ouvido e ela grudou em minha cabeça até agora. Coisa boa é isto - quando uma BOA música gruda em sua cabeça, e não aquelas coisas horrendas que a gente ouve por aí - que grudam feito cola em suas circunvoluções cerebrais.
 
[nota do editor: já foi aqui comentado sobre a genialidade deste CD. Reitero-a aqui. Ouça!]
 
Mas nem é disso que pretendia escrever. O título da música diz tudo, "Turn Blue," não como se eu fosse me transformar num dos Homens Azuis da Tim(ou sei lá qual operadora usa aqueles caras como vinheta), mas se...tornar triste. 

I've got the blues, baby.

Não que eu esteja como estava há uns meses atrás - suicida, auto-flagelador, a figura ilustrativa da depressão - mas eu sei que ainda há nódoas em mim. Em minha existência. Tudo vem do questionamento da semana passada - o que tenho eu a oferecer a alguém?

Foi o que ficou ondulando em minha cabeça estes dias, mesmo a Loba do Sul ouviu falar a respeito, em um de nossos emails. 

Quando não se tem nada, o que se tem a oferecer?

Nada...bem...eu tenho algumas coisas - mas a maioria nada...er...digamos, aproveitável por outrem, tipo minhas poucas posses materiais. Para mim, ela são o mundo - minhas guitarras, Gideon, meu computador...Mas o que estas coisas são para outrem?

Nada. Objetos. Alguns podem até ser interessantes, feito a Fender Strato '98. Mas somente para alguém como eu. 

Alguém como eu.

Existe alguém como eu, por aí? 

E de fato, iria gostar das minhas coisas? 

De mim?

Pois eu pensei e pensei, não tenho muito a oferecer...além de mim mesmo. Hence, the fucking blues. Porque o que tenho, eu, a oferecer, não é grandes coisas. Eu não acho, apesar de minha terapeuta insistir que sim, que eu é que fico me sabotando. Não sei. Tá, tenho as coisas que falei dantes - acho que sei ser fiel, companheiro, não sou burro a ponto de não ter conversa nenhuma, e, depois do tratamento com o Parnate, não sou mais o mesmo "curmudgeon" que eu era meses atrás. Quer dizer, eu acho graça nas coisas. Eu consigo rir de novo, gargalhar. Eu juro a vocês: por quatro anos eu não ri nem gargalhei hora nenhuma, enquanto estava naquele pesadelo das drogas erradas, médicos errados, tudo errado. Hoje em dia eu rio, e muito, se a coisa for engraçada. Me pego rindo feito imbecil nas ruas, me lembrando de coisas idiotas. 

Mas, continuo detestando locais públicos, gente aglomerada, música alta(e geralmente péssima)e quejandos. Então o que fazer? 

Internet?...bem, eu não sei. Eu sei, existem milhares de oportunidades de conhecer pessoas, mesmo a merda do livro faceiro, que eu tanto detesto. Chats e o caralho. Mas, fui advertido por "entendidos" do assunto, que chats em geral, é só putaria. 

Apps de celular? Ha ha ha. Mesma merda. Só putaria. E além disso, o pobretão aqui, com seu sálario infinitissimo de menos de 3 salários mínimos, nem tem plano de internet no celular. Nem pode ter, pois está devendo mais de mil reais na praça. 

"I feel trapped. Like a moth, in a bath."
 
Às vezes eu tenho a nítida certeza que acabarei apenas na companhia de Gideon...enlouquecendo, pouco a pouco, isolado em um canto qualquer. Tenho minha torre, mas até quando? Sei que, quando meus pais se forem, a batalha judicial será um inferno, especialmente contra meu irmão...e até mesmo minha irmã mais velha. E ficarei sem minha torre, lógico. 
 
Argh. É como eu disse. O Parnate me faz esquecer que existem problemas, e de montão ainda, em minha vida. Não resolvi nada, só mudei o humor. Não consigo ainda desenhar, não consigo me relacionar com ninguém...não consigo ter ânimo de sair desse "dead end job", preferindo me decair por aqui mesmo, lentamente. 

Acho engraçado algumas pessoas virem ter a audácia de me falarem, "mas pelo menos você é bonito..." Vai pra puta que o pariu; isto é bonito??

- Eu sou o Rei dos "selfies" -


Demais né. Ainda mais agora que me tornei um skinhead acidentalmente, depois de um infortúnio com a máquina de aparar cabelos no finds. Passei a 4, ficou ruim. Passei a 3, ficou melhor. Fui acertar, a porra do pente passou misteriosamente pro 2 - e fez aquele desastre. Aí eu apelei e passei a 1 mesmo. Agora estou assim, esta coisa que parece que tá fazendo quimioterapia(argh, não!). Mas estou economizando horrores com xampu. Uau! que grande vantagem. 

Bonito...como podem achar ISTO bonito?? E outra, este papo de "bonito" é tão balela, que em 38 anos de vida só atraí UMA pessoa pelo simples fato de ser como eu sou. E foi uma bela duma porcaria. Não a pessoa em si, mas a situação - ser "cantado", na tora por uma mulher em um casamento. Eu fui encurralado por ela, pois havia fugido de seus olhares furtivos durante toda a festa, mas no final, quando quase tudo estava acabado...Foi terrivelmente embaraçoso. Eu queria era ter soltado o verbo, "Olha mulé, eu sou viado. Então, sai fora!" Mas não, não era educado, não era apropriado, então ficamos num lenga lenga que não levou a nada e me fez passar uma vergonha miserável. Como "dar um fora" numa mulher, sem parecer um escroto? 

Ela ficou com cara de "Bem, eu tentei..." e eu com cara de idiota. Bonito né. Muito bonito. 

I've got the blues, Jen. I'm stagnating, Jen, like a packet of crisps on the roof.
 
É...eu diria que estagnei há uns dez anos. Alguém quer uma pessoa assim?

Eu diria que não.

Pensamentos dessa ordem me fazem "Turn Blue", então, o que fazer é seguir a ordem do medicamento...escondê-los em algum canto de minha cabeça e pensar em coisas mais amenas. Tipo, essa música mesmo, estou quase aprendendo na íntegra. E tem uma guitarra tão legal nela...

Bem, quem aguentou 38 anos de solidão pode muito bem continuar aguentando. Como eu disse prum amigo meu, na época desesperado porque...fazia uns 2, 3 meses que estava sem namorada e sem sexo. 

"Você acostuma."

Indeed, you do.