Quatrocentos e quatro,
não encontrado,
indefinido,
esquecido,
apagado.
Quatrocentos e quatro;
idéia não encontrada,
idéia rejeitada,
idéia com acento errado,
certo, certo. Idéia,
nenhuma.
404, não importa,
não deixo escrito,
nada vezes nada,
noves fora,
coisa nenhuma.
Quem fez disto uma idéia
um cerne, um assunto sobre o qual escrever?
Quem fez da desesperança sua moeda,
seu mais-valia, sua matéria do dia?
Quem disse que é legal escrever
sobre não ter idéias,
sobre não ter vida,
sobre ser o monstro do teto?
Quatrocentos e quatro monstros,
quatrocentos e quatro nóias
quatrocentos e quatro dias vezes nove anos
vezes todo o tempo do mundo
Dias e dias, quatrocentos e quatro é fichinha.
Dois mil cento e noventa para mais,
para menos, para cá, para lá,
sem ser, sem entender,
sem aparecer.
Quatrocentos e quatro, e cinco
cinco
cinco
cinco
Dez mil vezes eu, dez mil vezes dez mil vezes
Quatrocentos e quatro.
Quanto tempo, quantos anos, quanta década passada
repassada, desaprendida, desenganada?
Quantas vezes acordar para o nada?
Tentar escrever algo, e não dizer
nada
Quatrocentos e quatro.
Idéia não encontrada.
Estado rejeitado,
idéia proibida,
vida sem sentido,
acabada no nada,
quatrocentos e quatro vezes
vezes mil
vezes mim.
Quatrocentos e quatro coisas,
todos por mim,
eu contra mim
eu contra todos
quatrocentas e quatro vezes,
um milhão de vezes.
um bilhão de dias.
Sem me ver, sem saber,
sem acontecer, sem ser
sem querer saber,
sem sequer existir,
monstro no teto,
estranho no ninho,
estranho no mundo.
Quatrocentas e quatro vidas,
acabadas num só dia, num só instante.
Quatrocentos e quatro, erro fatal,
Aqui não estou, aqui nada acontece,
aqui vai tudo mal,
apesar de estar
tudo bem.
Bom dia.
Boa noite.
Como estás, como vai?
Que bom.
Quatrocentas e quatro lamúrias,
cale a boca,
volte a inexistir.